Sexta 17:35 da tarde.

Estava sentada na penteadeira do meu quarto. Segurando o modelador de cachos em uma mão e na outra uma colher de brigadeiro.

Esperei mais cinco minutos e prendi o cabelo até a hora de sair.

Joguei o vestido em cima da cama e sorri.

–Se ele quer jogar...nós jogaremos. –Aquilo soou psicopático e eu gargalhei.

O vestido preto de seda com detalhes em dourado na cintura pareciam a isca perfeita pra pegar o peixe que eu queria, mas se outro pegasse a isca primeiro? Eu recusaria?

Combinei de passar na casa da Regina às 19:30 e estar no apartamento do Killian às 20:00.

Tirei o roupão e peguei a lingerie que estava em cima do meu travesseiro. Não que eu quisesse usar ela para algo especial ou para mostrar a alguém. Não, claro que não.

A lingerie era preta com renda azul marinho e pedrinhas brancas em algumas partes.

Coloquei e vesti o vestido. Fiz a maquiagem, nada de chamativo. Ou não poderia rir das secretárias que colocavam um arco-íris na cara para chamar atenção do MEU chefe. Soltei o cabelo e organizei os cachos. Peguei uma jaqueta de couro azul marinho e uma bolsa pequena.

Desci as escadas com os sapatos de salto na mão, me sentei e os coloquei. 19:40h estava caralhamente atrasada.

Regina chamando.

–Oi desculpa, eu tô indo, é que houve uns, é uns...problemas. –Disse assim que atendi.

–Emma, calma, eu acho que vou com o Robin, você ficaria chateada? –Sua voz estava tensa e parecia culpada.

–Claro que não, bom menos mal por que eu ainda estou no sofá da minha casa. –Coloquei os pés no centro que havia na frente do sofá.

–Sempre atrasada.. –Ela riu. –Já vou querido, Emma Robin está me chamando para ir, nos vemos lá. E eu espero do fundo da minha amável alma que você não esteja com suas inseparáveis calças jeans.

–Até lá. –Gargalhei e levantei pegando minha bolsa e saindo de casa.

////////////////////////////// POV KILLIAN///////////////////

–Nick disse que já está chegando. –Bob disse dando um tapinha em meu ombro.

Eu estava ferrado. Enquanto considerava sair correndo de lá, ouvi Graham chegar.

–Onde estão as garotas? –Ele gritou assim que apareceu na porta. Sua voz humorada e em seguida várias risadas da parte de nossos colegas.

–Eeeeentão Jones –Ele começou me dando um empurrão de lado. –Está animado para a festinha?

O encarei com um olhar cético. Graham era o único que eu conhecia muito antes de trabalhar na delegacia, estudamos juntos e nossos pais eram amigos.

–Acho que sim –Respondi, todo causal. –Acho que vamos nos divertir.

–Você é tão metido. Quero só ver quando o Nick começar a flertar com a Emma na frente de todo mundo. Isso pode tornar a noite muito interessante, você não acha?

Ele estava servindo um copo de vodca da mesa que estava na varanda, quando Regina apareceu e deu um tapa em sua mão.

–Mal chega e já vai beber Graham? Ah e eu ouvi o nome da Emma? Nada de provocar ou fazer piadinhas com ela. Deus sabe que ela já tem que aguentar o bastante com esse aqui. –Ela disse apontando pra mim.

–Do que você está falando? –Ótimo o fã clube para Emma Swan estava presente. –Eu nunca fiz nada para ela. –Regina me encarou e revirou os olhos.

Enquanto conversávamos Nick chegou, ouvi sua voz animada cumprimentando todo mundo e seguido de um : “A Emma já chegou?’’

Esperei um pouco para me virar, mentalmente me preparando para o resto da noite.

Eu tinha uma boa amizade com Nick, ele era um bom colega e apesar de trabalhar mais em outro departamento do que em NY sempre conversávamos. Ele era um pouco mais baixo que eu, cabelos castanhos escuro, olhos verdes eu diria que quase alaranjados. Acho que algumas mulheres o considerariam bonito.

–Killian! –Aperto de mão, abraço másculo. – 1 ano? O departamento estava mesmo precisando de um delegado igual a você.

–Obrigado, e se sinta à vontade. –Respondi apertando sua mão com firmeza.

O olhei e o imaginei abraçando Emma.

Que babaca.

Olhei as horas e eram 20:07h, observei que meu celular estava quase sem bateria então subi para meu quarto para o colocar na tomada.

Pensei em como me sentiria se Swan realmente se envolvesse com Nick. Ele era sim um cara legal e, apesar de odiar admitir, definitivamente havia uma chance deles de darem bem. Muito bem.

Ouvi uma nova rodada de cumprimentos e a voz de Nick no andar de baixo, a música não estava tão alta, então decidi que era hora de descer e encarar a realidade.

Quando pisei no ultimo degrau, eu a vi. Estava de costas para mim...e o ar sumiu de meus pulmões. Merda.

Seu vestido era preto e de seda. Com a barra pouco acima do joelho. No meio das coxas.

Por que tinha que ser tão justo?

Tudo o que eu podia pensar era no quanto eu adoraria vê-la tirar aquele vestido e o observar cair ao redor de sua cintura. Ou talvez até o chão.

Merda eu estava completamente ferrado.

Nossos olhos se encontraram e ela sorriu de uma maneira tão genuína e feliz que, por um segundo, eu acreditei.

–Olá Killian. –Ela disse sorrindo e arqueando uma sobrancelha.

–Olá Emma. –Respondi e ela veio em minha direção. Meu Deus, o que era aquela mulher?

Ela me abraçou com as mãos leves sobre meus ombros. Coloquei minhas mãos em suas costas, na curva de sua cintura.

–1 ano já? Pensei que eu não te aguentaria nem um mês. –Ela disse e depois riu.

Nossos olhos não se separaram, mesmo quando Regina a chamou para uma mesa que estava na varanda.

–Está com aquele sutiã que eu vi na delegacia? –Ela olhou para minha boca e sorriu.

–Você adoraria saber não é? -Ela passou por mim e senti meu corpo inteiro se arrepiar. Merda. Merda. Merda.

Ela se virou para a varanda onde Regina estava. O apartamento era grande, muito grande. Havia pessoas nas 3 mesas que estavam na varanda e haviam pessoas na sala. Aproximadamente 12 colegas bêbados de trabalho.

Parei e meu queixo caiu quando Nick a abraçou de lado ela passou um de seus braços pela nuca dele. Cada músculo do meu corpo de contraiu. Graham me chamou para me juntar a eles na mesa e eu me sentei à frente de Emma. E não pude evitar seguir cada movimento dela com o canto de meus olhos.

–Então Emma, que tal sair para um almoço qualquer dia desses? –A voz de Nick interrompeu outra de minhas fantasias (que desta vez era do meu punho acertando a cara dele) Olhei e o vi sorrindo para ela.

–Eu adoraria, Nick. –Emma falou sorrindo e Graham me deu uma cotovelada. Limpei a garganta.

Pare de flertar com ele. Pedia isso mentalmente.

A noite parecia se arrastar e tudo que eu escutava era a música, risadas na sala, a porta da casa se fechando quando alguém ia embora e a voz insuportável de Nick ao meu lado.

Emma ria das piadas de Nick, todos riam, só eu que não achava a menor graça?

23:30h só restava, eu, Emma, Nick, Graham e sua acompanhante, Regina e Robin que estavam se agarrando em alguma parte da minha casa.

Nick colocou o braço atrás da cadeira de Emma.

Apertei os punhos enquanto eles continuavam conversando. Emma ria e Nick não parava de flertar e falar merda.

Respirei fundo, eu estava arruinado.

Mas, alguns minutos mais tarde, eu congelei. Será que eu senti...? Soltei um sorriso enquanto tomava um gole do meu drinque. Sim, definitivamente o que eu estava sentindo era o pé dela subindo pela minha perna debaixo da mesa. Ela era atrevida.

–Uau, você estava entre os policiais que prenderam aquela quadrilha de franceses ano passado? –Disse Nick, que se virou e olhou para mim. –Aposto que você está contente em ter uma pessoa tão corajosa e esperta trabalhando para te satisfazer, não é? Emma pode ir em qualquer operação que o departamento mandar.

Ela engasgou, levantando um guardanapo para cobrir a boca. Eu sorri e olhei ligeiramente para ela e depois de volta para Nick.

–Sim, é absolutamente incrível ter a Emma trabalhando comigo. Sempre fazemos um ótimo trabalho. Juntos.

Emma chutou minha perna por debaixo da mesa. Caralho. Foi a minha vez de engasgar.

–Você está bem, Killian? –Ela perguntou com uma preocupação fingida e eu assenti.

–Killian, você lembra da Lisa? Estava falando com ela semana passada. –Emily a moça que estava praticamente sentada no colo de Graham perguntou. Fazendo Emma me olhar com uma rapidez fora do normal.

–Vinte poucos anos, morena, olhos castanhos. Enfim, ela pediu desculpas por não ter vindo mas pediu seu número. Você está interessado? –Emily terminou a frase e pude sentir os olhos de Emma me fuzilando.

Olhei para Emma e ela praticamente parou de respirar esperando a resposta.

–É claro. Você sabe que eu adoro morenas, pode ser uma boa mudança de ares para mim.

Tive que abafar um grito quando ela apertou o salto do sapato com toda a força em meu pé.

–Com licença, preciso ir ao banheiro –Ela disse.

Assim que ela saiu todos da mesa menos Nick se voltaram contra mim.

–Killian –Graham disse secamente –Porque você disse isso?

Peguei meu drinque e levei até a boca.

–Não sei do que vocês estão falando.

Me levantei e a segui.

Nick resmungou alguma coisa. Mas foda-se.

Andei com passos duros pela casa, procurando pelos banheiros, até finalmente chegar ao segundo andar da casa, onde a porta do banheiro estava fechada.

De pé do lado de fora, com a minha mão pousada na maçaneta, comecei um debate em minha mente. Se entrasse lá, o que aconteceria? Havia apenas uma coisa na qual eu estava interessado e com certeza não era pedir desculpas. Pensei em bater na porta mas tinha certeza que ela não iria me convidar para entrar. Então finalmente, virei a maçaneta, e me surpreendi por não estar trancada.

Ela estava sentada no banco em frente à mesa da pia, olhando para céu pela janela.

–Você veio para continuar sendo um idiota? –Ela perguntou. Então tirou a tampa de um batom vermelho e o aplicou cuidadosamente nos lábios.

–Vim ver como estão os seus tão delicados sentimentos. –Estiquei o braço para trás e tranquei a porta. O clique ecoou no silêncio do banheiro.

Ela riu e olhou em meus olhos pelo espelho. Emma parecia plenamente calma, mas eu podia enxergar o subir e descer de seu peito; ela na verdade estava tão nervosa quanto eu.

–Posso garantir que estou muito bem. –Colocou o batom na pequena bolsa e se virou para mim se encostando de costas para a pia. Suspirou e começou a andar para a porta. Seus olhos verdes eram uma espécie de hipnose para mim. –Nick está lá, é melhor eu descer.

–Eu acho que não. –Minha barba raspou levemente sua orelha, e ela estremeceu. –Veja bem, ele quer uma coisa que é minha, e ele não pode ter isso.

Ela me encarou.

–Por acaso estamos no século passado? Eu não sou sua.

–Você pode até pensar assim –Sussurrei, com meus lábios sobre a base de seu pescoço –Mas seu corpo –Eu disse levantando seu rosto para que me olhasse nos olhos. –Pensa de outro jeito.

Seus olhos se fecharam e ela sorriu.

–Vá se foder Killian.

–Não mande duas vezes.

Ela soltou uma risada trêmula e eu abracei sua cintura.

–Uma trégua Swan.

A prensei contra parede e a beijei.

–Oh, Deus..não podemos fazer isso aqui. –Ela me empurrou rindo.

–Me prometa que quando a festa acabar você ficará aqui.

–Eu o quê? –Ela engoliu seca.

–Mando todos embora se você disser que sim.

–Killian, não! Não mande ninguém embora, há não ser que você queira procurar alguma morena para mudar seus ares.

–Isso é por causa da Lisa?

Ela pareceu ficar furiosa quando falei o nome da secretária e deu um passo em minha direção.

–Não se atreva a tocar nesse assunto. Eu nunca agi como uma pessoa ciumenta. –Ela balançou a cabeça em desgosto antes de se virar para pia. –Filho da puta, vai lá dar seu número e mudar a porra do seu ar.

–Eu estava brincando.

Ela riu claramente não acreditando.

–Emma? Está tudo bem? –A voz de Regina ecoou pelo banheiro e Emma gritou para que ela escutasse.

–Estou bem, apenas resolvendo uns problemas. Pode ir se quiser. –Ela falou olhando nos meus olhos.

–Tem certeza que quer ficar sozinha com o insensível aí? –Regina perguntou de fora do banheiro, o tom de sua voz parecia que eu era o lobo mau que engoliria a chapeuzinho vermelho Emma.

–Pode ir sossegada Regina, eu não sou o monstro e não vou comer a Emma. –Emma me olhou furiosa e começou a me dar tapas, no ombro, peito, braço.

Regina abafou o riso.

–Sozinha? E Graham, Emily e Nick?- Emma perguntou me dando um último tapa.

–Graham já foi com a Emily e mandou dizer ao Killian que ligasse para ele amanhã, Nick iria te esperar mas Graham não deixou e eu estou indo, qualquer coisa é só me ligar Emma.

–Depois eu falo com você. –Ouvi a porta da casa bater e o silêncio ocupou o banheiro.

–Abre a porra dessa porta. –Emma falou e assim que abri ela saiu apressada. Alcancei-a justo quando estava abrindo a porta para ir embora.

–Quer parar de correr de mim?

–Mas é o certo.

–Vamos declarar trégua por uma noite, esqueça que sou delegado daquela merda. –Eu disse e tomei seu rosto entre minhas mãos, a puxando para mim. Dei três pequenos beijos em seus lábios, um em cada lado e um mais longo no centro. Ela sorriu.

O beijo parecia mais amoroso e menos apressado ou hesitante, como os antigos.

A puxei pela mão e levei até meu quarto. Ela olhou em volta e depois colocou as mãos nos meus ombros.

–Você é linda. –Ela sorriu e sacudiu a cabeça.

–Gostaria de devolver o elogio mas você ainda está vestido. –Ela disse em tom malicioso.

Suas mãos percorrera meu corpo freneticamente, puxando minha camisa. Com as mãos trêmulas ela começou a desabotoar, arrancando alguns botões apressadamente antes de tirar o tecido de meus ombros e jogá-lo no tapete do quarto. Nossa respiração estava descompassada.

Desejando ver mais dela, agarrei a barra de seu vestido. Com um único movimento, puxei-o por cima de sua cabeça e quase tive um infarto com a visão do que estava oculto. Meu Deus. Ela estava tentando me matar. Eu, em toda minha vida, não tinha visto uma mulher tão bonita.

–Oh, Deus, Emma. –Disse colocando as mãos em sua cintura novamente.

Ela estava com uma lingerie preta com renda azul marinho e com algumas pedras brancas.

–Merda, Emma, você é tão linda. –Eu disse correndo a ponta de meus dedos ao longo dos seus seios. Um visível temor surgiu em seu corpo e minha mão começou a subir, passando pelo peito, pelo pescoço e finalmente chegando no queixo.

–É o que você acha? –Ela arqueou uma sobrancelha, provocando.

–Eu tenho certeza.

Meu coração acelerou ao pensar que tínhamos uma noite inteira pela frente. Não era preciso ter pressa ou nos esconder. Nada de brigas ou culpa. Não hoje.

Tomei seu rosto em minhas mãos a beijando demoradamente, deslizando minhas mãos sobre seus quadris.

Tropeçamos desajeitados na cama que estava atrás de nós e arrancamos o que restava de nossas roupas. Guiando-a a deitei na cama. Sem afastar nossos lábios por um segundo.

O quarto estava escuro, a única iluminação vinha de uma fresta de luz que escapava da porta do banheiro e da lua que pairava no céu noturno. Beijei sua barriga e ela riu.

–Cócegas Emma? Eu não acredito.

–Cala a boca. –Ela me puxou e me beijou.

Fiz uma trilha de beijos, de sua barriga à sua boca, passando por pescoço, seios e costelas enquanto suas mãos estavam nos meus cabelos, os acariciando.

Seus suspiros e gemidos se misturavam com os meus.

Eu a queria mais que qualquer coisa nesse mundo, mas precisava saber se era isso que ela queria também.

O brilho de seus olhos verdes era uma coisa que eu dificilmente esqueceria. Eu não sei o que sentia no momento, mas por toda a noite eu prometi deixar as preocupações e brigas de lado. E era isso que eu ia fazer.

–Você tem certeza?

–Sim. –Ela me abraçou.

Abaixei minha cabeça até nossas testas se encontrarem. Nossos corpos se encaixaram como se estivessem sob medida. Polegada por polegada.

A sensação mais emocionante que já experimentara. Exceto quando ela começou a mover-se e aquilo ficou melhor ainda.

Entrelacei nossos dedos acima de sua cabeça. E a beijei, a abraçando em seguida. Um abraço tão apertado que não se podia dizer de quem era a batida do coração.

...

Passados aqueles momentos intensos, eu movi meu rosto para mais perto dela, nossos narizes se tocaram e ela sorriu. Tirei uma mecha de sus cabelos que cobriam seus olhos. Nossa respiração se encontrava, quente e rápida. Puxei-a para mim, com suas costas contra meu peito, e envolvi meus braços ao seu redor, entrelaçando nossas pernas. Ela murmurou alguma coisa mas adormeceu antes que eu pudesse perguntar.