Eu sei que fui abençoado só por ter nascido no clã Inuzuka, afinal existe coisa melhor que estar rodeado de cães? Eu sempre estive vivendo num ambiente de completa felicidade. Claro, quando algum tinha de ir embora, era um dia muito triste, mas não podíamos fazer nada além de orar para que ele ficasse bem no paraíso dos cães. E hoje eu rezo para que Akamaru seja mais do que feliz, onde quer que esteja.

Quando eu era criança e o ganhei de minha irmã, Hana, hesitei um pouco, porque achei que um cachorrinho daquele tamanho não poderia me acompanhar em missões, treinar comigo, ser forte. Com o tempo, entretanto, vi que ter sido presenteado com Akamaru era o melhor pra mim. Mesmo ele sendo minúsculo, sua coragem era maior que um bijuu; Akamaru nunca desistia. Aquela era a maior prova de que não existia nenhum outro cão que poderia ser meu companheiro.

Apesar do seu latido fino, por dentro, Akamaru estava em chamas, isso quando bravo. Quando estava feliz ou só precisava se comunicar, aquele jeitinho delicado era só para mostrar o quanto ele me respeitava e gostava de mim. E eu aprendi a retribuir tudo da melhor forma. Ele gostava de correr pra lá e pra cá, pular pelos troncos das árvores, treinar novos jutsus, e mais do que tudo, ele gostava de brincar!

Nunca existiu outro que pudesse substituir o “cargo” de Akamaru, ele era único para mim! Mas eu nunca tinha parado para pensar que eu poderia perdê-lo para qualquer coisa, se não tomasse cuidado. A desvantagem de carregá-lo comigo sempre, era que eu vivia por dois, meu medo de morrer valia por dois também. Até hoje me lembro do quão apavorado fiquei quando Akamaru correu risco de ser sacrificado. Ou então de quando lutei contra Sakon e quase nós dois morremos.

Passamos por obstáculos juntos, crescemos juntos, fortalecemo-nos juntos, nascemos para sermos melhores amigos. E sempre seremos. Hoje, depois de tantas vitórias e fracassos, batalhas e brincadeiras, Akamaru amanheceu fraco, amuado, com as orelhas mais caídas que o normal, o olhar sem vida, e eu tive a pior sensação que um ser humano pode ter. Se eu pudesse fazer um pedido, pediria que os cães só morressem quando nós morrêssemos, para que fôssemos embora do jeito que permanecemos a vida toda, juntos.

Akamaru estava bastante velho, eu devia ter me preparado para que aquilo acontecesse. Sua audição já não era tão boa quanto antes, a visão estava bem comprometida, até mesmo o faro falhava vez ou outra, mesmo que aquela fosse a característica marcante dele. Desde a manhã até o fim da tarde fiquei ao seu lado. E dane-se quem quisesse minha atenção. Eu só queria passar o dia inteiro ao lado do meu melhor amigo.

Pouco antes do sol se pôr, ouvi seu último latido, que foi manso e brincalhão ao mesmo tempo, pude entender como “Até mais, Kiba”. Eu não me importo de ter chorado mais que uma mulher, muito menos se todo mundo viu, só me importo em saber se Akamaru vai estar bem no tal paraíso dos cães, se vão recebê-lo bem, se ele vai ter espaço pra brincar e se algum cão vai dormir com ele, já que ele é carente e não gosta de ficar sozinho. Espero que sim.

E espero também que o que ele me disse seja verdade. Quero reencontrá-lo, seja aqui na Terra, noutra encarnação, seja no paraíso dos cães – porque com certeza eu vou pra lá –, eu só preciso reencontrá-lo! A certeza é que até lá, não importa quanto tempo demore, eu e Akamaru sempre seremos melhores amigos. Sempre.