Planos e Promessas escrita por Mi Freire


Capítulo 26
Felipe.


Notas iniciais do capítulo

MENINAS, MIL PERDÕES. Nossa, estou até tremendo de nervoso hahaha Eu não sei se vocês perceberam, mas o ultimo capítulo foi postado por engano. Eu cometi um grande erro, nem tive tempo de responder o comentário de vocês, porque assim que vi a cagada, eu corri pra deletar o capítulo imediatamente. Esse capítulo vai ser postado sim, mas só daqui um tempo e algumas de vocês já leram, então, eu peço mil desculpas pelos spoilers. Estraguei tudo com esse deslize. Finjam que nada disso aconteceu. Pois nada ainda está definido. Eu preciso me decidir em muitas coisas ainda. Inclusive, apesar de eu já ter deixado aquele capítulo para postar automaticamente daqui um tempo, algumas coisas ainda estavam em aberto. Eu gosto de deixar tudo ajeitadinho para vocês. Mas em breve vocês saberão de mais. Enfim... Aqui vai o capítulo de verdade.



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Quando acordei no outro dia os olhos verdes delas estão voltados para mim.

Ela estava séria, mas seus olhos pareciam sorrir.

— Você está bem? – pergunto, espreguiçando-me. Dormi tão bem essa noite e tudo isso porque eu estava aqui com ela. Na nossa casa, na nossa cama. — Aconteceu algo?

Pelo jeito que ela estava me olhando, algo parecia muito errado. Mas eu estava cansado de tudo dar errado entre nós.

— Eu sonhei com meus pais. – disse ela, ainda muito séria e olhando pra mim de uma forma hipnotizadora. — E isso me fez pensar em umas coisas.

— Que tipo de coisa? – perguntei, tranquilo. Sonhar com os pais era uma coisa boa, não era?

— No quanto as coisas estão complicadas por aqui e no quanto eu sinto a falta deles.

Não soube bem o que dizer em seguida. Sim, eu sabia que ela sentia falta dos pais. Quem não sentiria se eles estivessem tão distantes? Mas o que eu não entendi o que é que eles tinham a ver com isso aqui, com nós.

— Acho que quero passar um tempo com eles, sabe? Tirar umas férias de tudo isso aqui, do trabalho, dos problemas, das preocupações e passar um tempo indeterminável com eles.

Fiquei surpreso. Não esperava que ela tomasse uma decisão assim da noite para o dia. Não depois de tudo que aconteceu nos últimos dias com a gente.

Mas não era como se eu pudesse fazer algo a respeito para impedi-la de ir, se ela queria tanto ir, ela iria. Eram seus pais! E através de seu olhar eu vir que ela queria muito ir, ela precisava ir. Eu só esperava que não fosse por minha causa, pra ficar longe de mim e me fazer mudar de opinião quanto a nós.

Porque eu não mudaria. Nada no mundo me faria mudar de ideia.

— Entendo. – passo a mão no seu rosto iluminado pela claridade da manhã que entra pela janela. — E quando você pensa em ir?

— Hoje mesmo. – ela sorri com ternura. — Talvez a noite se houver voos disponíveis. Quero chegar de surpresa.

A ideia parece maravilhosa, mas novamente me pega de surpresa e desprevenido.

— Nossa... Legal. Mas porque assim? Porque tão depressa?

— Não sei, Felipe. Talvez sejam as circunstâncias. Algo de momento. Eu realmente não sei. Eu só acho que devo muito ir.

De repente ela parece prestes a chorar, então eu a puxo rapidamente para mais perto, abraçando-a com carinho.

— Me desculpe. – diz ela com uma voz de choro. — Eu estou sempre estragando tudo, atrasando as coisas entre nós. Eu sinto tanto, de verdade. Mas eu realmente preciso desse tempo que eu pedi. E quando eu voltar quero estar pronta para tomar a decisão certa, seja lá qual for.

— Tudo bem. Não tem problema. Você sabe que não tem. – agora estou olhando dentro dos olhos dela, torcendo pra que ela não chore. Não quero vê-la chorar de novo. — Tudo em você, estando certa ou errada, me faz te amar mais.

Então ela me beija. Um beijo profundo, daqueles que parecem sugar a alma. E é tão bom saber que mesmo não sendo em palavras, ela me corresponde de alguma forma e ainda está conectada a mim, assim como estou a ela.

Agora é uma questão de tempo e paciência.

Até que ela enfim se dê conta que seu lugar é ao meu lado, que nada é mais certo do que nós dois juntos.

Enquanto ela toma um banho, desço e faço questão de preparar um café da manhã especial para nós como despedida.

Só espero que essa viagem seja curta e que ela rapidamente volte correndo pra mim, louca de saudade. Porque eu acho que não vou aguentar mais de três dias.

Quando ela desce está vestindo uma saia floral de cintura alta, uma regatinha branca e um casaquinho escuro por cima, além de sapatilhas. Os cabelos estão soltos e ela quase não usa maquiagem.

— Você preparou tudo isso só pra gente? – pergunta ela com um sorriso bobo nos lábios ao se sentar a mesa.

Sento-me pertinho dela.

— Claro. Você merece.

Tomamos nosso café da manhã juntos como só mais um casal feliz. Depois saio para levar o Toddy para fazer xixi. Quando volto, Bianca já está lá em cima, sentada na cama com o notebook no colo, pesquisando se há voos para hoje.

Ela encontra e quando acerta a passagem, começa imediatamente a arrumar as malas.

— Quer que eu te ajude com isso? – sugiro, mesmo com esse aperto no coração.

— Não, obrigada. Não vou levar muito. Não quero carregar muita bagagem.

Então fico apenas de lado, observando enquanto ela age com rapidez, como se tivesse muita pressa para fugir logo daqui.

Não aguento por muito tempo ficar apenas olhando, então resolvo me aproximar e toco suavemente os ombros dela, fazendo uma rápida massagem antes de vira-la totalmente de frente para mim.

— Eu já vou indo. Vou deixar você cuidar disso sozinha, já que insiste tanto. Mas acho que devemos nos despedir agora.

Ela me dá um sorriso de lado.

Aproximo-me devagar e colo meus lábios nos seus. Cuidadosamente deito-a na cama, no espaço vazio, enquanto toco a no rosto e intensifico ainda mais aquele beijo.

Primeiro, passo minhas mãos por suas pernas, sentindo a maciez de sua pele. Subo um pouco de sua saia, fazendo ela se arquear quando sente minhas mãos percorrem sua pele sensível.

Desço meus lábios por seu pescoço. E ela leva suas mãos até meus cabelos, puxando-os de leve e bagunçando um pouco mais.

Agora desço meus lábios até o seu colo, depois até seus seios e puxo sua regata para cima para tocar sua barriga. Ela treme quando me sente ali, puxando devagar e puxando sua blusinha para cima, deixando-a mais visível para mim.

Mordisco sua pele a fazendo soltar alguns risinhos e algumas gemidinhas. Isso me faz sorrir. Minha mão finalmente entra de baixo de seu vestido e toca a região mais sensível entre suas pernas por cima da calcinha.

Bianca não se aguenta por muito tempo e então puxa minha camiseta para cima, tirando-a de mim. Ela passa a ponta das unhas por meu peito, barriga e costas. E em seguida passa a beija-los e morde-los.

Deito no pequeno espaço vazio ao seu lado – que sorte a nossa essa cama ser tão grande apesar de uma mala estar ali do lado – e a coloco sobre mim. Sozinha ela tira a blusinha, ficando só de sutiã e saia.

Voltamos a nos beijar e as coisas entre nós só intensificam cada vez mais. Rapidamente estamos os dois já sem roupa, movimenta-nos sobre a cama em um ritmo acelerado.

No meu ouvido ela geme baixinho o quanto me ama e logo em seguida nos dois chegamos ao orgasmo.

Ficamos deitados assim por um tempinho, calados e fazendo carinho um no outro. Até que o tempo passa e ela se dá conta que a hora para a viagem está se aproximando.

— Quer que eu te leve até o aeroporto? – pergunto, enquanto ambos colocamos nossas roupas de volta ao corpo.

— Na verdade, eu adoraria.

Ela termina de fazer a mala e depois eu a levo até lá em baixo, colocando-a dentro do carro.

Bianca se afasta para telefonar para a Luiza e quando volta para perto de mim cinco minutos depois ela me abraça.

— Quero que você fique aqui em casa e cuide do Toddy por mim, tem problema?

— Claro que não! Na verdade, seria ótimo voltar pra cá. Assim não vou sentir tanta sua falta, já que você está presente em todas as partes dessa casa.

Ela me beija, sorrindo.

As seis e meia eu a levei até o aeroporto. Onde nos despedimos com beijos e abraços. Não posso evitar me sentir um pouco sentimental demais quando a vejo partir dentro daquele avião rumo a Paris.

Vou para a casa dos meus pais sentindo um aperto no coração. Não faz nem uma hora que ela partiu e eu já estou louco de saudade. Eu só quero agora que o tempo passe depressa e ela volte morrendo para os meus braços e assim possamos recomeçar de vez.

— Felipe, para onde você vai? – pergunta a minha ao entrar no quarto. Já estou com as malas em cima do beliche e pronto para voltar pra casa, mesmo que agora a Bianca não esteja mais lá.

— Estou voltando para casa, mãe. – sorrio, por apesar de não entender porque a Bianca age assim, como se preferisse dificultar as coisas, eu estou animado por ela ter sugerido que eu volte pra casa pra cuidar das coisas e do Toddy. E que só pode significar que quando ela voltar estará pronta para mim.

— Mas porquê, meu filho? – rebate ela, com um misto de surpresa e curiosidade. — Você e a Bianca se resolveram?

— Pode-se dizer que sim, mãe. – me aproximo dela e beijo sua testa com ternura. — As coisas voltarão a ficar bem. Eu acredito. Acredite você também.

Depois que está tudo organizado dentro das malas, despeço-me dos meus pais e agradeço pela paciência e pelo carinho por terem me abrigado aqui todo esse tempo.

Chego em casa vinte minutos depois. O Toddy esteve me esperando por todo esse tempo e quando me ver faz aquela festa. Pula e late sem parar, com o rabinho balançando de um lado para o outro.

Peço pizza para o jantar. Enquanto espero pela pizza, resolvo desfazer as malas e colocar as minhas coisas no lugar onde elas sempre estiveram.

Depois de comer, tomo um banho e visto uma camiseta velha para dormir, além do meu samba-canção, claro. Me reviro na cama por algum tempo. Sem conseguir dormir. O Toddy a essa altura já deve estar até sonhando. Eu, por outro lado, só consigo pensar na Bianca.

Será que ela está bem?

Será que já chegou?

Com os pais a receberão?

Quando ela pretende voltar pra casa?

Será que algum dia ficaremos bem?

Com todas essas dúvidas, penso em ligar. Mas não quero dar uma de chato, então deixo essa ideia de lado. Levanto-me e desço para tomar um copo de leite. Lá em cima, de volta ao quarto, fico andando de um lado para o outro. Sentir a Bianca em todos os lados: na decoração, nos pequenos objetos, em alguns de seus pertences, na bagunça e até mesmo nos pequenos detalhes. Tudo ali me lembra ela.

Fico pensando se algum dia eu iria conseguir continuar vivendo naquela casa sem tê-la por perto.

Tudo ali me faz lembrar ela. Tudo.

Com certeza não, eu não conseguiria.

Acordo no domingo de manhã e por um bom tempo fico esperando um telefonema da Bianca. Mas ela não me liga e eu também nem fico mais na expectativa. Porque sei que ela precisa de tempo e espaço, além de estar ocupada desfrutando da companhia dos pais.

Depois do café da manhã dou uma saidinha com o Toddy e corremos pelo parque do condomínio mesmo. Passo o resto da tarde jogado no sofá, assistindo aqueles programas comuns que passam na televisão e me enchem de lágrimas.

Sim, eu também tenho meu lado bobo e sentimental.

Ao cair da noite o Rafael me liga me convidando para tomar uma cerveja e comer alguma coisa na casa da Gabi. Como não tenho muito o que fazer, aceito o convite. Depois de um banho, vestir uma roupa melhorzinha, chego em vinte minutos na casa da Gabi onde os dois me recebem com carinho.

Além de tomarmos uma cervejinha gelada e comermos uns salgadinhos que a Gabi fritou, conversamos sobre os planos para o futuro, sobre a viagem repentina da Bianca e também sobre o desmaio dela e algumas mudanças estranhas em seu comportamento que todos notaram no dia da festa de chá de bebê da Maria Eduarda.

Os dois pareceram bem preocupados, mas como não tínhamos respostas precisas, eu disse a eles para não se importarem tanto, afinal, nesse momento ela deveria estar feliz da vida em Paris, pertinho dos pais. Tirando merecidas férias.

Na segunda-feira acordei cedinho, pronto para trabalhar, apesar de ter dormido muito pouco. Dou aluna normalmente, ou pelo menos tento. Mas alguns dos meus alunos são muito mais observadores do que eu gostaria. E algumas vezes, quando me aproximo para tirar dúvidas, eles perguntam se eu estou bem.

Com um sorriso pequeno digo que sim.

No intervalo, quando já estou almoçando, um prato grande com arroz, feijão, batata-frita, bife e salada, além de um copo grande de Coca-Cola; a Bianca me liga pela primeira vez.

— Oi. Só liguei pra avisar que estou bem.

— Oi. – meu coração bate forte só de ouvir a sua voz. — E como você está? Está com os seus pais? Eles estão bem? Como eles te receberam? Diga que eu mandei um beijo.

— Ah, eu estou bem. E sim, eles estão aqui. – ela ri do outro lado. — Quer você mesmo mandar um beijo para eles? Espera aí, vou chama-los.

Ela realmente os chama e ao colocar no viva-voz para podemos conversar todos juntos.

Os dois perguntam se eu estou bem, como está o trabalho, porque eu também não fui lá e dizem estar morrendo de saudade de mim, de todos e principalmente do Brasil.

Depois que também digo que estou com saudades, que as coisas estão ótimas – apesar de não ser totalmente verdade –, que adoraria estar lá também e mandar um beijo, nós desligamos e eu mal pude conversar direito com a Bianca. Mas sei que teremos outras oportunidades mais para a frente.

Termino meu almoço bem rapidinho e volto para dar mais aulas, agora no período da tarde.

— Oi, professorzinho. Que saudade! – antes de ir para a próxima aula, esbarro com a Valéria pelos corredores. E ela me abraça, pegando-me de surpresa. Nem tive com agir.

Quando ela se afasta, me avalia com um olhar curioso e um sorriso brincalhão.

— Nossa, você está diferente. Parece mais bonito.

E como sempre ela estava usando todo o seu charme para tentar me seduzir, mesmo que estivéssemos no meu do corredor, cercado por outros milhares de alunos que poderiam estar olhando para nós nesse momento e considerando essa relação íntima entre aluna e professor muito estranha.

O que certamente colocava minha carreira em risco.

— Era a sua mulher no telefone na última vez? – perguntou ela, de repente, deixando o sorriso malicioso morrer nos lábios.

— Sim. – menti. Porque se eu me lembro bem, foi a Gabi que a chamou de vagabunda ao arrancar o celular das minhas mãos. — Acho que o fato de eu ser um cara comprometido já está muito claro para você.

— Pode ser. – ela deu de ombros, voltando a sorrir daquele jeito irritante. — Mas quem se importa? Porque eu não dou a mínima. Desde que eu tenha você, nada disso me importa. Afinal, uma hora ou outra você vai perceber que eu sou tudo que você precisa.

Essa garota é... Maluca?

Antes que eu pudesse perguntar – como se isso fosse ajudar muito – ou antes que eu pudesse rir da situação bizarra, ela me puxou pelo braço, me arrastando para algum lugar.

Segundos depois me encontro em uma sala cheia de tralhas velhas e muito escura. Valéria tranca a porta e como um soldado se coloca diante dela, impedindo a minha saída.

— Você ficou doida? Eu preciso dar aula agora.

— Não antes de nós conversamos. Acho que os outros não se importaram que você se atrase alguns minutinhos.

Ela deu um passo na minha direção.

Eu dei outro passo para trás.

Mas a sala era pequena e uma hora ou outra eu ficaria verdadeiramente encurralado.

— O que você quer, Valéria? Eu já não te disse um milhão de vezes que eu sou casado? Eu tenho uma mulher! Sou mais velho e bem resolvido. Não preciso de mais problemas na minha vida, nem mesmo cuidar de garotinhas como você. E nem se eu quisesse poderia ficar com você. O que não é o caso. Porque isso é crime! Você não entende?

— Poxa, profê, assim você me magoa. – ela faz beicinho. Mas rapidamente muda de expressão e agora parece bem furiosa. Talvez ela seja bipolar. — Que se dane a sua mulher! Que se dane o seu casamento! – ela estava praticamente berrado, nos denunciando para toda a faculdade. Porque certamente estava todos ouvido por causa da histeria dela. — Eu amo você. – então ela deixou a fúria de lado e começou a chorar. — Eu amo muito você. Por favor, só me dê uma chance.

Ela enterrou o rosto repleto de lágrimas dentro das mãos.

Fiquei sem reação, mas isso não importava. Eu não tinha um pingo de dó dessa garota. Ela só queria ferrar com a minha vida. Então porque eu teria?

Por outro lado, sinto que ela é só uma mocinha ingenua e sonhadora...

Ouvi um barulho. Olhei para todos os lados e não vi nada. Ela continuava chorando feito uma criancinha, para que eu sentisse dó, para eu fizesse alguma coisa. Talvez eu só estivesse ouvindo coisas. Barulhos que estavam vindo do lado de fora.

E só.

Mas então a resposta veio em questão de segundos. A porta foi totalmente aberta. Praticamente escancarada. O que fez a Valéria dar um pulo de medo e se afastar para trás, vindo na minha direção, na esperança que eu a protegesse seja lá do que fosse.

Era só a Mariza.

— Mariza? Olha, não é nada disso que você está pensando. Me deixe explicar. – começo a me explicar, apesar de achar que estou encrencando novamente. Afinal, ela está vendo a situação com os próprios olhos. Não há nada que eu diga ou faça que mude isso.

— Não precisa explicar nada, Felipe. Eu já entendi tudo. Faz um tempo, desde a última vez, que venho acompanhando esse caso mais de perto, na tentativa de descobrir o que realmente estava acontecendo. E esse dia chegou.

Eu não entendi nada do que ela acabara de dizer.

— Srta. Mantovani, por favor, me acompanhe até a minha sala.

Valéria apesar de muito assustada e ainda chorosa, apenas assentiu de cabeça baixa e a seguiu.

Eu fui atrás, mesmo não sendo convidado. Eu precisava de respostas.

Mariza abriu a porta de sua sala permitindo que a Valéria entrasse primeiro e se acomodasse na cadeira em frente a sua mesa. Ela não se importou quando entrei logo atrás.

— Eu não entendo... – digo, confuso. — O que foi que você entendeu?

— Podemos ter essa conversa depois, Felipe? Porque agora eu preciso ter uma conversa muito seria com a srta. Mantovani. Então, por favor, pode nos dar licença?

Meio sem opções apenas assenti com a cabeça e saí.

Não fui dar a próxima aula, então corri até a sala dos professores em busca de um substituto. Minha explicação foi dizer que precisava resolver alguns problemas. Depois disso, voltei a sala da Mariza e fiquei esperando do lado de fora.

Meia hora depois Valéria saiu chorando, com a cabeça baixa e ao passar por mim ergueu a cabeça e me deu um sorriso pequeno como se quisesse dizer que sentia muito.

Entrei às pressas na sala.

— O que aconteceu?

— Sente-se, Felipe. – eu estava muito eufórico e curioso, mas ela parecia tão calma, tão serena... porque ela sempre mantinha a compostura independentemente da situação? — A srta. Mantovani acaba de ser expulsa da nossa instituição.

Antes que eu perguntasse, ela continuou a dizer:

— Não admitimos esse tipo de comportamento aqui. Não é certo que uma aluna aja dessa forma com um professor. Eu entendo que ela seja só uma criança perdida e confusa, mas não é certo. Isso é crime! O que será que tinha na cabeça?

Então eu entendi tudo e por fim pude respirar mais aliviado, porque finalmente eu estava livre daquela garota.

Pelo menos assim espero.

— É uma pena, Mariza. No fundo, ela era uma boa aluna. Só não tinha foco, não tinha orientação.... Eu tentei. Juro que tentei. Tentei afasta-la, tentei colocar um pingo de juízo na cabecinha dela. Mas sempre que eu tentava ela dava um jeito de inverter a situação e tentar me atingir de alguma forma. De qualquer forma, te agradeço por ter entendido. E me desculpe pelo transtorno, eu não queria causar nada disso...

— Não tem porque se desculpar, Felipe. Essa não é a primeira e nem será a última vez que algo assim acontece. Infelizmente existe muito disso não só aqui, mas também em todo lugar. Eu quem agradeço você e tenho por não ter nem por um momento cedido, se envolvido, ou aumentado as expectativas dela.

Fui para casa aquela noite me sentindo estranho. Por um lado, eu estava bem, as coisas estavam resolvidas. Eu continuaria com o meu trabalho, tentando sempre evoluir, progredir. Mas também estava triste, mesmo sabendo que eu não tinha culpa, me sentia mal por isso ter acontecido, justamente comigo. Eu realmente não imaginava, não previa.

Como se tivesse entrando na minha mente, no momento que entrei em casa e coloquei minha pasta de trabalho em cima da mesinha, meu celular começa a tocar no bolso da calça.

É a Bianca.

— Oi. – atendo rapidamente, sentando-me no sofá, enquanto o Toddy alegremente sobe em cima de mim.

— Oi. – ela parece sorrir do outro lado, o que me faz sorrir também. — Desculpa ter ligar pela segunda vez em um único dia...

— Não, não. Não precisa se desculpar. Na verdade, eu gostei da surpresa. Gostei de ter ligado. Eu adoro ouvir o som da sua voz. Precisava te ouvir.

Ela não diz nada por um momento.

Parece envergonhada pelo o que acabo de dizer.

— Você está bem? – ela pergunta um bom tempo depois. — Acho que.... Estou com saudade.


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Notas finais do capítulo

Bom, depois dessa confusão toda, o que acharam da expulsão da Valéria? Comentem!