Planos e Promessas escrita por Mi Freire


Capítulo 24
Felipe.


Notas iniciais do capítulo

FELIZ DIA DOS NAMORADOS, MENINAS! Mesmo pra quem não tem namorado(a) e não pensa em ter tão cedo. Ou até mesmo pra quem já é casada(o) ou está morando junto. O que vale é o amor. Nunca desacreditar que ele existe, mesmo que pareça distante, ou mesmo que a vida dos desanime em alguns momentos. Enfim... Também queria aproveitar esse espaço para dedicar esse capítulo a austenD pela recomendação PERFEITA que ela fez para história. Obrigada ♥



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Bianca me ligou na sexta-feira de manhã em pleno feriado.

Fiquei mais do que feliz com a ligação dela, porque de fato não esperava que ela entrasse em contato tão cedo após pedir um tempo para refletir sobre seu próprio comportamento e atitudes.

Imaginei mil coisas ao ver o nome dela piscar no visor do meu celular.

A primeira coisa foi que ela já tivesse pensando em tudo e agora estava pronta para nós.

A segunda coisa foi que ela estivesse morrendo de saudade de me ver e quisesse me encontrar o quanto antes.

Bom, ela não admitiu nenhuma das duas coisas. Na verdade, segundo ela, ela só ligou mesmo pelo Toddy. Ela o levou ao veterinário na semana e o médico disse que o Toddy estava sofrendo de Síndrome da Separação de Ansiedade desde a minha partida, o que justificava o comportamento estranho dele nas ultimas semanas.

Então ela achou que seria bom pra ele poder me ver algumas vezes por semana. Já que o médico disse que cachorros são como filhos e que assim como os filhos eles não têm nada a ver com os nossos problemas de adultos. O médico disse também que se não parássemos para sentar e conversar a respeito, o caso dele só se agravaria ainda mais.

Eu concordei com a proposta dela, claro. O médico do Toddy tinha toda razão. Eu e a Bianca tínhamos nos separados, mas isso não significava necessariamente que o Toddy estava se separando de mim também. Ele não merecia ser prejudicado por escolhas nossas.

Depois que ela desligou, fui correndo tomar um banho. Minha mãe estranhou a minha atitude repentina e minha mudança súbita de humor, mas não perguntou nada. Acho que ela já podia imaginar o que estava acontecendo.

O dia lá fora estava ensolarado, apesar de não estar muito quente. Pelo menos aquele friozinho e aquela garoa haviam se mandado de vez. Sendo assim, coloquei uma bermuda jeans preta, uma camiseta vermelha gola V e meu All Star.

Saí de casa as onze e meia e fui de carro me encontrar com a Bianca e o Toddy.

Tive que parar pelo caminho para abastecer o carro, então aproveitei para passar em uma floricultura e comprei um buquê de azaleias de um rosa bem clarinho para a Bianca.

Mesmo dando um tempo a ela, eu estava disposto a reconquista-la um pouquinho mais a cada dia.

Não sei o que seria de mim se eu acabasse a perdendo.

Não queria correr esse risco.

Então me sacrificaria de todas as formas possíveis pelo seu amor.

Toquei a campainha antes de sair entrando, afinal, eu não estava mais morando ali.

Bianca abriu a porta pra mim em poucos minutos e ela estava usando um vestidinho muito bonito em tom pastel e uma rasteirinha simples, além dos cabelos loiros soltos.

— Isso aqui é pra você. – digo, entregando o buquê a ela.

Bianca sorri timidamente.

— Obrigada, Fê. É muito gentil da sua parte. – ela me agradece passando a mão delicadamente no meu rosto.

Ficamos nos entreolhando por alguns segundos, encantados um com outro. Até que o Toddy apareceu de repente e veio correndo e latindo em minha direção, pulando na minha perna, implorando por atenção.

— Ei, amigão. – abaixou-me e afago seus pelos escuros.

Ele lambe os meus dedos e o meu braço.

Vejo quando a Bianca se afasta, indo em direção à cozinha com suas flores em mãos. Sigo-a mesmo sem ter sido convidado para entrar. O Toddy vem atrás, todo contente.

No armário ela pega um jarro transparente, enche com um pouco de água e coloca as flores dentro. Ela inala o perfume das flores antes de coloca-las em cima da bancada.

Quando se dá conta de que eu continuo ali, ela sorri sem graça. Afasta-se novamente e vai até a dispensa, depois volta com a coleira azul do Toddy em mãos.

Ela me entrega a coleira.

O Toddy rapidamente entende o recado, alternando o olhar entre nós dois. Ele começa a pular e latir outra vez.

— Vamos passear? – pergunto, olhando pra ele.

— Bom passeio para vocês dois. – ela diz de pé ao meu lado, enquanto coloco com cuidado a coleira no Toddy.

— Você não quer vir junto? – pergunto, ao me levantar. Nossos olhos se encontraram outra vez. — Poderíamos ir à ferinha, comer alguma coisa por lá. Vamos, vai ser legal.

Ela pensa por um momento.

— O.K. Eu vou com vocês. Só me deixa ir pegar minha bolsa. – então ela sobe correndo em direção aos quartos.

Dois minutos depois ela desce com uma bolsinha de lado perdurada no ombro. Toddy e eu esperamos por ela lá fora.

Como o dia está lindo, dispensamos o uso do carro e optamos por ir caminhando mesmo. Enquanto caminhamos até a saída do condomínio, pergunto a ela como foi sua semana e se teve bastante trabalho.

Há uma feirinha há dois quarteirões dali. Uma feira simples, daqueles onde se vende de tudo: desde artesanato, frutas, legumes a comidas de todos os tipos e sabores.

Bianca e eu caminhamos em meio aquela gente toda, com o Toddy à frente, nos guiando.

— Você tem alguma preferência em especial? – pergunto a ela, quando chegamos à parte onde há barraquinhas de comida.

— Hm, não. Prefiro que você me surpreenda. – diz ela com um sorriso imensamente estonteante.

Fico um tanto indeciso. Sei que assim como eu ela gosta de tudo um pouco: pastel, churrasco, churros, cachorro-quente, crepe, salgados, massas, tapioca e doces em geral.

Mas então tenho uma grande ideia.

— Que tal batata-frita? – pergunto com um sorriso, imaginando se ela vai ou não deduzir meus pensamentos.

Na barraquinha de batata, peço uma porção grande, com muito ketchup, mostarda, maionese, cheddar e catupiry e um refrigerante de 600 ml.

Já com a porção de batatinhas nas mãos e o refrigerante, sentamos na primeira mesinha livre que encontramos ali próximo. Toddy está comportadinho e deita-se no chão para descansar um pouco.

— Lembra-se do inicio do meu tratamento? Quando você me levou na Lapa num lugarzinho que tinha acabado de inaugurar para comer batata-frita? De inicio eu não queria, estava muito receosa em comer tanto, mas você me convenceu de que essa meleca toda era a melhor coisa do mundo, então eu acreditei em você e experimentei. Isso marcou muito o inicio no nosso namoro, há tantos anos atrás. – disse ela, me fazendo sorrir.

— Inacreditável! Eu estava pensando na mesma coisa. – digo, sorrindo de admiração por ela ter se lembrado.

Pego uma batatinha toda melecada com os dedos mesmo e levo até a boca dela, exatamente como eu fiz, há anos atrás.

Ela não se surpreende com o meu gesto e abre a boca no mesmo instante para receber a batatinha. Depois de mastigar ela rir, por estarmos revivendo os velhos tempos.

Enquanto devoramos o resto das batatinhas, conversamos sobre assuntos paralelos: com vão nossos pais, como está o trabalho, sobre uma programa engraçado que passou na tevê, sobre o noivado da Gabi e o Rafa e sobre o novo bebê da Duda e do Pedro. Mas nunca conversamos sobre nós mesmos.

O que é bom, pois nem tudo se baseia em nós dois. Há muito em volta para se admirar também. E ruim, porque não saberíamos definir que tipo de relação estamos tendo agora. Se somos apenas bons amigos, namorados ou coisa do tipo.

Mesmo sendo uma porção grande, a batatinha é pouca para nós dois. Então pedimos também dois pastéis para complementar: um de pizza para ela e um de queijo pra mim.

À tarde, já de barriga cheia, vamos com o Toddy até uma pracinha pertinho dali, onde um pessoal faz caminhada e pratica exercícios físicos. O Toddy adora correr, então logo faço questão de soltá-lo da coleira e deixa-lo mais livre por um tempo.

— Podemos nos sentar em um algum lugar? – pergunta ela, parecendo muito cansada.

— Claro! Vamos nos sentar ali. – aponto para um banco livre próximo a nós.

Bianca e eu sentamos em um banco para conversar, mas sempre de olho no Toddy.

— Eu não sei o que está acontecendo entre nós e também não quero apressar as coisas, mas seja lá o que for isso, ou o tempo que você precisar, saiba que eu sempre estarei aqui. – coloco minha mão sobre a dela. – E farei qualquer coisa para reconquistar seu coração e te provar que somos melhores juntos.

Bianca não diz nada, mas depois de sorri pra mim ela deita a cabeça no meu ombro e aperta firme a minha mão, o que já é muito mais do que eu esperaria vindo dela.

No final da tarde resolvemos voltar para casa, com o Toddy já preso na coleira. Penso em ir embora e dar um tempo para a Bianca descansar, ela parece bem cansadinha e noto pela primeira vez durante todo o dia que ela também tem dado uma engordadinha sutil. Nada de mais, ela só parece com o rosto mais redondinho. Mas nada que a deixe menos atraente ou bonita.

Bianca é do tipo de mulher que fica bonita de todo jeito.

— O dia foi ótimo, mas eu vou indo. – digo, indo em direção à porta.

— Não, não vai. Não agora. – ela pede praticamente implorando, o que me surpreende bastante. — Fica. A não ser que você tenha algo mais importante pra fazer agora.

— Na verdade, não tenho não. Só se você considerar dormir uma coisa importante. – ela ri com o meu comentário.

— Ah, você dorme depois. Ainda é cedo. – diz ela, risonha. Sentando-se no sofá. — E se nós assistíssemos a um filme?

— Seria bom. – digo, voltando a me aproximar. O Toddy está deitado no carpete, tirando um soneca após uma tarde agitada. — O que você tem em mente?

— Não sei... – ela liga a televisão, conectando a internet. Não demora muito para ela entrar no Netflix. — O que você sugere?

— Uma boa comédia seria bom agora. – sugeri e rapidamente ela vai até a categoria de Comédia.

Após uma longa discussão, colocamos em um filme aleatório, desses que a gente já assistiu uma centena de vezes, mas que nunca perde a graça.

Bianca da pausa antes que o filme comece e corre para fazer pipoca. Ofereço a minha ajuda, mas ela dispensa.

Cinco minutos depois ela volta para o sofá com um balde cheio pipoca com manteiga.

Apagamos as luzes e apertamos o play.

Durante todo o filme ficamos calados e concentrados. Algumas vezes damos risada com a boca cheia de pipoca. Fazia tempo que não fazíamos um programa legal e simples assim.

Estamos sentados um perto do outro. Mas não muito perto. Algumas vezes penso se deveria ou não diminuir essa distancia entre nós. Estou tenso, como se esse fosse nosso primeiro encontro. Por fim acabo não me aproximando mais do que deveria, com medo de assusta-la e estragar tudo.

Quase duas horas depois, quando o filme já está chegando ao fim e já não tem mais pipoca a Bianca se queixa de algo.

— O que foi? – pergunto, preocupado. Virando-me para ela.

— Não sei. – diz ela com um careta. — De repente senti uma tontura e uma sensação estranha de mal estar.

— Feche os olhos e respire fundo. – digo, como se por acaso eu fosse algum especialista.

Ela faz como eu sugeri.

— E aí, se sente melhor? – pergunto um minuto depois.

— Não muito... – antes que ela possa continuar, ela simplesmente apaga, desmaiando na minha frente.

Minha primeira reação é espanto. Penso que talvez ela esteja só brincando comigo. Mas demora alguns segundos e... Nada. Isso é sério. Ela realmente desmaiou assim, de repente.

Minha segunda reação é desespero. Não sei se a pego nos braços e saio correndo com ela pelo meio da rua em busca de ajuda ou se telefono para a emergência.

Meu Deus, o que eu faço?

Me ajoelho diante dela, passando a mão em seu rosto para ver se sinto algo de diferente. Ela está gélida e olha que aqui dentro de casa até que está quentinho e confortável.

Pego meu celular e disco um dos números de emergência: Luiza.

— Alô?

— Luiza, socorro.

— Felipe? Meu Deus, o que aconteceu?

Coloco na viva-voz e pego a Bianca nos braços, deixando o telefone sobre o sofá.

Bianca está mole com uma boneca.

— Luiza, a Bianca desmaiou. Ela não parece nada bem. Vou leva-la ao hospital mais próximo agora mesmo.

Digo tudo isso muito rápido.

— O.K. Eu encontro vocês lá. – então ela desliga.

Deito com cuidado a Bianca no banco de trás do meu carro. Não tenho tempo de trancar as portas de casa e saio em disparada com ela para hospital.

Por sorte, devido ao feriado, a cidade mesmo em plena sexta-feira está vazia e não há trânsito.

Chego ao hospital mais próximo em cinco minutos e com ela ainda nos braços entro na ala de emergência.

Algumas enfermeiras correm em minha direção.

— Ela desmaiou de uma hora pra outra. – explico, deitando-a em uma maca que surgiu. — Eu não sei o que aconteceu! Estava tudo tão bem e...

— Não se preocupe, senhor. – uma das enfermeiras mais velha e experiente me interrompeu. — Vamos cuidar dela.

Então a levaram de mim um segundo depois.

Fui conduzido até uma sala de espera muito grande e cheia de gente. Mas nenhuma delas importava para mim. Eu estava preocupado demais com a Bianca para me importar com qualquer coisa. Então comecei a andar de um lado pro outro.

Passando as mãos no cabelo de frustração, comecei a imaginar o que tinha acontecido para a Bianca apagar assim.

Se bem que não fora a primeira vez que ela reagia de forma estranha nas ultimas semanas.

Primeiro aquela crise de vômito no chá de bebê da Maria Eduarda que não tinha nada a ver com seus problemas alimentares do passado, segundo ela. E agora esse desmaio repentino. Sem contar que ela estava parecendo mais cansada, mais cheinha e meio abatida.

Será que a Bianca estava com algum problema e não me contou?

Fora o passado, quando ela sofria com seus distúrbios, ela nunca foi do tipo que adoece fácil.

Sinto uma súbita vontade de chorar.

Estou muito preocupado com ela e frustra não ter respostas imediatas.

Eu nem se quer sei o que estão fazendo com ela lá dentro.

— Felipe! – Luiza veio correndo até mim, seguida pela Natália. — O que aconteceu, Felipe? Cadê a Bianca? Ela está bem?

Rapidamente explico a situação a elas duas, as melhores amigas da Bianca.

— Vocês não têm porque se preocupar. Fiquem calmos. – disse a Nati para nos confortar, sempre sensata e calma. — Talvez não seja nada. Vamos aguardar por noticias.

Elas se sentam para aguardar, mas eu não consigo ficar parado, esperando por respostas.

Estou aflito.

Me sinto sozinho e desolado, além de perdido.

Luiza tem a Nati para abraça-la e eu não tenho ninguém além da Bianca e meus pais, por isso não posso perdê-la.

— Ei, senta um pouco. Vamos esperar. – Luiza se aproxima meia hora depois e coloca a mão no meu ombro. — A Nati tem razão. Não vamos pensar no pior agora.

— Eu sei, eu sei. – sinto as lágrimas nos olhos. — Será que devemos ligar para os pais dela?

— Não, não. Não vamos preocupar mais ninguém. Não até sabermos o que de fato está acontecendo.

Assinto de cabeça baixa, mas isso não é o bastante. Não consigo conter as lágrimas que escorrem dos meus olhos.

— Ei, não chora. – Luiza me abraça.

— Eu... Não consigo. Estou com um medo danado! – digo entre lágrimas. — Não sei o que faria se algo acontecesse com ela.


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Notas finais do capítulo

O que será que acontece com a Bianca? Vocês terão a resposta no próximo capítulo!