Ruin escrita por Cabbie


Capítulo 8
Seven


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! Muito obrigada à todas que comentaram o capítulo anterior. Aqui está o capítulo. Tenham uma boa leitura. O próximo é o meu favorito :3



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Capítulo Sete

– Você não pode me espiar pela janela – eu franzi a testa, observando o quanto nossas casas eram próximas – Isso vai contra todas as regras.

Tobias apoiou o cabeça nos braços.

– Ficamos um dia nos beijando – ele começou, recusando-se a sair da janela – e você já fica toda mandona.

Eu sorri, sabendo que nossas conversas sempre estariam sendo ditas da forma mais sarcástica possível. Essa era, possivelmente, uma das coisas que eu mais gostava em Tobias – não que eu fosse dizer isso a ele em voz alta.

– Ah, veja isso como uma forma de descontar a minha raiva – eu retruquei – Você sabe, minha melhor amiga decidiu tornar minha maré de azar um pouco pior.

– Posso ajudar nisso – Tobias refletiu – Quero dizer, em tornar sua maré de azar infinitamente pior do que já está.

– Que amor.

Apesar de estar brincando sobre isso, eu estava começando a ficar chateada com Christina. Desta vez, ela era a única a me ignorar por toda a semana, e eu duvidava que poderia passar mais alguns dias sem que pudesse conversar com a minha melhor amiga sobre tudo o que estava acontecendo.

– Você está pensando sobre isso de novo – falou Tobias, observando minha súbita mudança de humor começar a surgir – Ignore isso tudo. Uma hora ou outra, ela vai voltar a falar com você.

– Conselheiro Tobias Eaton – eu brinquei, sentindo um sorriso surgir em meus lábios.

– Eu tento.

Novamente, saí da janela, embora eu soubesse que voltaria, porque Tobias estava tendo um terrível efeito de persuasão sobre mim. Ainda assim, deixei-me afundar na cama, com a cabeça cheia e o coração quase pulando para fora de minha garganta. E era isso que mais estava me incomodando: eu não queria que ele tivesse nenhum efeito sobre mim. Depois de alguns beijos e meras escapadas no armário em frente à escada do colégio, quando tudo isso acabasse, nossa relação não deveria passar de meros conhecidos.

Meu celular tocando foi o que me tirou de meus devaneios. Rapidamente, corri para atendê-lo, na esperança de que fosse Christina me ligando, mas era apenas minha mãe, que queria saber se estava tudo bem comigo, já que Caleb havia saído e ela se recusava a entender que eu podia muito bem tomar conta de mim mesma sozinha.

– Não cometi nenhum suicídio – eu avisei, já sabendo o que ela perguntaria – Estou bem, juro.

– Tem certeza? – Ela perguntou, soa voz soando preocupada – Se quiser que voltemos...

Mãe! – Minha voz saiu mais alta do que eu pretendia – Não precisa fazer isso. Eu juro que irei ficar bem.

Depois de ter convencido ela de que eu estava bem, mamãe desligou o celular. Logo em seguida, voltei para a janela, encontrando Tobias no mesmo lugar em que estava antes.

– Então, você está vindo para cá ou ainda acha que estou querendo fazer isso com o pretexto de agarrar você? – Perguntou ele, ainda me observando.

Eu sorri, pegando meu caderno e os livros que estavam sobre a mobília perto de minha cama.

– Sinto muito em lhe decepcionar, mas você pode me agarrar depois. Preciso dessa nota.

– Como você é má – ele brincou.

Quando fui ver, eu estava parada em frente à porta de Tobias, esperando que ele a abrisse. Em menos de um minuto, eu estava em sua casa, sentindo a tensão em meu corpo voltar.

Trabalho, trabalho, trabalho.

Eu estava lá para terminar um trabalho estúpido para a escola, e nada mais do que aquilo.

– Seja muito bem-vinda, madame. O sofá real está à sua espera – disse Tobias, fazendo uma referência forçada.

Me joguei no sofá, sustentando todo o peso dos livros ao cair. Tobias também se jogou no sofá, pendendo sua cabeça para trás. Por um momento, as lembranças começaram a surgir, uma após a outra, e eu me recusei a ser idiota o suficiente para deixar que ele me agarrasse naquele lugar, mais uma maldita vez.

Tobias deu um sorriso torto.

– Caso você esteja se perguntando, minha mãe saiu com alguém hoje à noite, por isso... se a ideia ainda estiver de pé, podemos nos beijar agora mesmo.

– Há, há, há – eu franzi a testa, irritada – Será que você não ouviu o que eu falei? Eu preciso dessa nota, Eaton.

– E voltamos para o uso do sobrenome – retrucou ele, abrindo o livro para que pudéssemos terminar aquilo logo.

Durante esse tempo, ficamos presos em um estranho silêncio. A única vez em que nos comunicávamos era quando tínhamos algo para dizer referente ao trabalho. Fora isso, tudo o que dizíamos um ao outro era bem pouco, como se fôssemos mesmo meros conhecidos.

– Você está tensa – observou Tobias, quando eu apoiei minha cabeça em uma das mãos para conter o sono – E entediada.

– Algumas matérias me deixam assim – eu disse, endireitando-me em uma postura mais adequada.

– Nunca pensei que escutaria isso de uma aluna certinha – ele sorriu – Me sinto em um mundo paralelo.

– E eu nunca pensei que você pudesse ser inteligente, mas, como dizem, sempre há uma primeira vez para tudo.

Ele fechou o caderno e colocou a mão no peito, fingindo estar ofendido.

– Tris Prior, você está se mostrando muito pior do que imaginava. Como se não bastasse, você está questionando meus métodos de aprendizagem?

Deixei escapar uma gargalhada. Tobias parou tudo e olhou para mim, ele mesmo com um próprio sorriso em seu rosto.

– O que foi? – Eu perguntei, sentindo-me meio estúpida.

– Nada – ele deu de ombros – Você só deveria sorrir mais. Fica bem mais bonita assim.

Eu dei um empurrão em seu ombro, meio divertida. Achei que, fazendo aquilo, eu poderia disfarçar o quanto eu estava constrangida com o elogio.

Ele me acha bonita.

– E além de tudo, você está partindo para o seu lado agressivo – ele comentou – Quantas faces obscuras Tris Prior têm?

Naquele momento, pude escutar o som da garagem do lado de fora. Como Tobias havia dito que a mãe dele não apareceria, deduzi que fossem os meus pais chegando. E, olhando no horário na tela do celular, descobri que estava mais do que tarde.

Tobias entendeu e me levou até a porta, carregando meus livros durante o percurso.

– Seu sinal de cavalheirismo está alto hoje – eu sorri para ele – Devo desconfiar que você está tramando alguma coisa?

Tobias me prensou contra a parede. Puxei-o pela blusa e ele colou seu corpo ao meu.

– Sim – ele sussurrou, muito perto de meu ouvido – Sim, você deve.

– Ótimo – eu disse, antes de jogar meus livros para longe e encostar seus lábios com os meus.

Tobias me levantou com facilidade e eu pude enlaçar sua cintura com minhas pernas. Novamente, perdi o ar, coisa que acontecia toda a vez que ele estava perto de mim. Desta vez, minha própria razão havia mandado que toda aquela resistência poderia ir muito bem se foder, e eu não podia concordar menos.

Ora ele explorava meu pescoço, ora se concentrava em meus lábios meio entreabertos. Sua língua estava enlouquecendo-me lentamente, fazendo com que eu me sentisse derreter com o seu toque áspero e faminto. Deixei com que o nome de Tobias saísse de meus lábios através de um gemido e movimentei minhas mãos até o cós de sua calça jeans, pensando o quanto seria maravilhoso se eu pudesse tirá-la naquele exato momento.

Ele me segurou mais firmemente do que achei que fosse possível. Em meio às respirações entrecortadas e o desespero de manter nossos lábios colados, agarrei sua bunda, fazendo com que ele gemesse meu nome. Não deixei de pensar, é claro, no que os vizinhos poderiam pensar de nosso comportamento depravado naquele exato momento, mas não consegui ligar muito.

E eu também sabia que, àquela altura, meus pais já teriam entrado em casa há muito tempo, por isso, não deixei de me aproveitar da situação para beijar Tobias tanto quanto possível.

Seus dedos tocaram brevemente a alça de meu sutiã e eu acabei optando por me separar dele em busca de um pouco de ar. Mas, antes que eu pudesse pensar em ficar um pouco mais longe dele, Tobias me beijou novamente. Torci sua camisa violentamente, meus dedos passando por toda a extensão de seus ombros.

Merda – ele grunhiu – Merda.

Eu sei – sussurrei em seu ouvido – Isso é tão...

Uma última vez, eu o beijei, desprendendo minhas pernas de sua cintura. Meu corpo escorregou lentamente pela parede, assim que senti meus pés tocarem o chão.

– Até amanhã, Tobias – eu disse, notando que nossos dedos estavam entrelaçados.

– Até amanhã, Tris.

Recolhi meus livros no chão com um sorriso. E, então, corri para minha casa, sentindo a leve brisa em meus cabelos. Cumprimentei meus pais rapidamente e fui até o meu quarto, jogando-me na cama.

Mesmo sabendo que eu não estava em um relacionamento com Tobias, eu não podia negar a estranha felicidade dentro de mim. Naquele exato momento, por exemplo, eu me sentia como o típico clichê de ter “borboletas no estômago” pela primeira vez na vida.

E aquela sensação era inevitavelmente boa.

Assim que fechei meus olhos, ainda com aquele sorriso estúpido no rosto, escutei o som irritante do meu celular soar pelo quarto. Em um gesto rápido, desbloqueei o aparelho e atendi a chamada, sentindo-me ainda melhor em ver o Christina estampado na tela.

– Em uma escala de um a dez.... – Começou ela, sua voz soando terrivelmente arrependida – O quanto você está brava comigo?

Fingi pensar antes de respondê-la.

– Que tal... oito e meio? – arrisquei, sabendo que aquilo seria bem melhor do um dez – Você sabe, acho que isso nos deixa meio quites, considerando que eu também já ignorei suas chamadas.

Identifiquei que Christina estava com um sorriso no rosto pelo tom de sua voz.

– Ai, droga, como eu senti falta dessa sua voz irritante.

– Te digo o mesmo – eu também sorri, sentindo-me cada vez mais leve – Mas você me deve uma. Não consegui diminuir toda a minha raiva de você em um zero.

– Te encontro naquela cafeteria perto da escola amanhã, então. Sei que posso comprar sua felicidade com muitos muffins e cafeína.

– Fico contente por você me conhecer tão bem.

~ • ~

– Então quer dizer... – começou Christina, com os olhos arregalados e dando uma mordida em seu muffin – que você está presa em uma espécie esquisita de amizade colorida?

– Algo como isso – eu dei de ombros – Se bem que, acho que não podemos chamar isso de amizade colorida, considerando que nem sequer somos amigos.

– Justo – ela tomou um gole de seu café –, mas isso não torna as coisas menos estranhas.

– Pode apostar nisso – eu concordei.

Pelo vidro da loja, pude ver a silhueta de Al no lado de fora. Arregalei os olhos e me permiti prestar atenção na cena que se desenvolvia à minha frente. Eu quase nem podia acreditar no que estava vendo... de tão chocada que eu estava.

– Tris? – Perguntou Christina, alarmada – Tris, o que aconteceu?

Christina virou-se para onde eu estava olhando e quase derrubou a cadeira, de tão irritava que estava.

– Que idiota! – Ela grunhiu, puxando-me pela mão e saindo da loja às pressas – De todas as pessoas, ele vai passar a andar com o Peter agora?

Achei que meus olhos tinham traído a minha visão. Eu não podia acreditar que Al, uma das pessoas mais dóceis e agradáveis que eu já havia conhecido, estava andando com Peter, o ser mais desprezível que eu já tive a infelicidade de ter contato.

Peter não era idiota. Ele era uma pessoa . Por trás da máscara dele, o cara não passava de um idiota, querendo intimidar os outros para se sentir melhor. E eu podia muito bem afirmar isso, já que, durante muito tempo, eu era o alvo preferido dele.

E Al sabia disso. Então, por que ele...?

– Você é um babaca! – Exclamou Christina, dando um empurrão em Al, assim que alcançamos ele.

– Você está louca?! – Al perguntou, enquanto Peter observava a cena apenas com um sorriso sádico no rosto.

– Eu não sabia – eu comecei, sentindo minhas pernas subitamente fracas – Eu não sabia o quão baixo você podia ser, Al ...

Ele me olhou, com raiva.

– Você não está com muita moral para julgar alguém ultimamente, Tris. Já que, de todas as pessoas, você foi a que mais me decepcionou.

– Isso é por causa do Tobias?! – Eu perguntei, com muito mais raiva do que ele – Você é uma criança, Al! Só porque não tem o que quer, fica com raiva e faz birra? Meu Deus, eu não posso nem acreditar que eu já fui sua amiga!

Observei a raiva de Al dissipar-se em um instante. No lugar dela, seus olhos refletiam apenas tristeza e remorso. A culpa me consumiu, porque eu sabia que, depois disso, ele nunca mais olharia para a minha cara.

– Você já disse tudo – cuspiu Al, andando com Peter para longe de nós.

E, pelo sorriso de Peter, eu sabia muito bem que ele não deixaria aquele episódio passar em branco.

A minha sorte era que, ao menos, eu teria Christina para me consolar até o caminho para casa.

~ • ~

Depois de ter conseguido acalmar Christina e certificá-la de que eu ficaria bem, fiquei o tempo inteiro do lado de fora de casa, sabendo que eu teria de colocar os pensamentos em ordem. E, apesar de tudo, não me permiti chorar nem um instante sequer. Sabia que, se eu tivesse de encarar meus pais, eles me perguntariam o que aconteceu, e eu não estava pronta para responder a nenhuma pergunta.

Mas é claro que, como nada era como eu queria, Tobias tinha de me avistar do lado de fora da casa e caminhado silenciosamente em minha direção, parecendo preocupado com o estado desemparado em que eu me encontrava.

– O que eu disse a você sobre sorrir mais? – Ele sussurrou, assim que eu me joguei em seus braços e deixei com que ele acariciasse meu cabelo.

– Ainda estou trabalhando nisso.

O aperto ficou ainda mais forte, mas eu não reclamei.

– Vai ficar tudo bem, Tris – ele tentou me confortar, não parecendo saber quais palavras seriam boas o suficiente para fazer com que eu me sentisse melhor – Vai ficar tudo bem.

E, naquele momento, eu quis mais do que tudo acreditar nas palavras dele.

– Obrigada – eu sussurrei de volta, com a voz embargada.

– É para isso que eu estou aqui – e beijou minha testa, antes mesmo que eu pudesse cair no choro.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Recomendações, comentários, críticas, favoritos...? Enfim, gente, até o próximo domingo!