– Paulo, você é simplesmente insuportável! – reclamou ela jogando os pés encima do colo dele, enquanto ele jogava videogame.

– Você que é insuportável! Acha que todos devem pensar como você. – respondeu.

– Deve ser porque meu modo de pensar é o correto!

– Correto? Só se for para um hospício. – ironizou.

– Não quero mais falar com você! – ela removeu os pés de cima dele e sentou–se de lado, dando–lhe as costas.

– Não seja por isso... – ele voltou sua concentração totalmente no jogo.

– Nós brigamos mais do que um casal de namorados. Se fôssemos namorados, tenho certeza que não brigaríamos tanto. – resmungou ela, sem olha–lo.

– Se você, Mariana, não tivesse uma cabeça–dura, brigaríamos menos. Ou até, nem brigaríamos.

– Deveríamos ser namorados!

– O quê? Perdeu o resto dos neurônios? E olhe que já tens pouco. – ele riu, achando que ela estava zuando.

– Vamos, o que está esperando para me pedir em namoro? – nesse momento, ela estava totalmente virada para ele, o olhando fixamente.

– Você ficou completamente louca, né?

– Já sei! Está com vergonha de mim, né? Não quer me apresentar para os seus pais, seus amigos e família! Você me acha feia!!! – começou fazer uma cena, com direito a biquinhos e braços cruzados.

– Deixa de ser ridícula! Você conhece meus pais e meus amigos. E eu não te acho feia!

– Então, o que é?

– Não vou te pedi em namoro só porque teve uma ideia absurda!

– Eu li em um livro que amigos são quase–namorados. Eles sabem tudo sobre você. E estão sempre do seu lado.

– Se disserem a você que amigo deveria ser morto, aposto que viria aqui e me matava. – ele continuava a jogar, sentindo aquele olhar fuzilante em sua direção.

– Sabe qual é seu mal? É não assumir seus sentimentos. Você sabe que sou a mulher da sua vida, todos sabem. Quem mais te aguenta por todos esses anos?

– Não seria o contrário?

– Não!

– Mas..

–Mas nada! Não quero mais conta com você! Está tudo terminado entre a gente! Quero divorcio! – cortou ela, levando–se e jogando uma almofada nele.

– Divorcio??? – ele pausou o jogo.

– Exatamente! Amanhã meus advogados viram falar com você. Adeus. – disse ela saindo revoltada sem olhar para trás.

– Aonde eu arranjei está garota? – se perguntou ele incrédulo.

No dia seguinte na escola...

– Bom dia, Mariana.

– Quem é você? De onde te conheço?

– Vai fica nessa? – ele não acreditava que ela estava mesmo levando à sério aquele papo.

– Vou continuar no meu lugar moço.

– Ontem eu andei pensando no que você disse e acho que até tem algum fundamento a sua história.

– Como sempre, claro. – gabou–se ela.

– Você é a única garota que conto meus lances e levo para sair comigo e meus outros amigos. Meus pais te adoram e não posso dizer que não sinto um certo lance por você... Porém, isso não quer dizer que devemos ser namorados. Amigos, são assim.

– Eu pensei ter ouvido que estava certa. – irritou–se ela, dando–lhe as costas novamente.

– Não, eu disse que sua história tinha um certo fundamento.

– Se não veio aqui me pedir em namoro, moço. Pode ir andando.

– Ah, fala sério! Mariana, deixa de ser infantil!

– Vai á merda.

Passaram as aulas todas sem ela falar com ele. Nesse tempo, Paulo ficou muito irritado com o comportamento de Mariana. Que parecia está flertando propositalmente com todos os colegas de sala. Não sabia exatamente, o motivo, porém não estava gostando do comportamento dela.

Então, Paulo imaginou a Mariana namorando alguém. Eles nunca namoraram alguém à sério. Por isso, não estavam acostumados a ideia. Mas Paulo teve que admitir para ele mesmo que Mariana não era qualquer garota. Sim, tinha outras amigas, mas ela era única. Dizia o que pensava, tinha comportamento impulsivo, cantava mal, era bonita mais neurótica... Tudo isso, suas qualidades e defeitos o agradava. Quando percebeu notou, que ele realmente era apaixonado por Mariana. Por isso dava–lhe mais atenção que as outras amigas. Ou sentia ciúmes imaginando ela com outros garotos. Decidiu encerrar aquele assunto de uma vez por todas. A puxou para o terraço da escola, assim que as aulas terminaram.

– Aí, o que você quer, moço grosso! – reclamou ela.

– Você sabe meu nome, pare de me chamar de moço, e pare de ficar paquerando os meninos na sala! – berrou irritado.

– E por quê devo obedecer você?

– Porque... porque... Por que amigos é quase namorados! É isso. E como minha namorada eu não te dou autorização para seduzir mais ninguém que não seja eu!

–

Eu não sou namorada de ninguém! Que conversa estúpida! Além do mais, eu não recebi pedido de namoro..

–Quer namorar comigo? – ele perguntou na lata. Ela ficou boquiaberta, sem saber o que responder. Depois balbuciou algumas palavras.

– Ver...verdade? Tipo... de verdade... verdadeira?

– Claro, idiota.

–Sim! Sim! Eu quero. – e pulou em seus braços o beijando.

Desde então ou dois são oficialmente namorados. Porém, eles continuam brigando. E muito.

Fim