Transcendente escrita por Wina Hayate


Capítulo 10
Capítulo 10 - Pizza e Promessa


Notas iniciais do capítulo

Booooooooa tarde meus lindos! *-*
Aqui mais um capítulo para vocês! Espero que não se decepcionem com ele e_e qq
Não há muita revelação, mas espero que gostem :3
See ya!



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O caminho para casa estava completamente silencioso, era como se alguém tivesse tirado todo o ar do ambiente e deixado apenas o vácuo. Anne estava muito envergonhada pelo o que aconteceu, tinha beijado Ethan, sentiu os lábios macios contra os seus.

Balançou a cabeça rapidamente afastando os pensamentos daquela cena e pegou o celular para jogar algo. Vasculhou e encontrou um joguinho de ligar símbolos iguais, agradeceu mentalmente por ter algo para distraí-la.

Ethan dirigia prestando atenção na rua e viu os primeiros pingos de chuva caírem sob o vidro do carro. Praguejou mentalmente, não tinha guarda-chuva no quarto, o sinal ficou vermelho e ele deu uma rápida espiada na direção de Pontier. Sorte a sua é que conseguiu segurar o riso, viu ela intrigada com o jogo procurando os símbolos. Ele estava sem jeito, estava com medo de ser rejeitado, de ela o odiar por causa do beijo e sem perceber apertou suas mãos no volante acionando a buzina.

Anne pulou do banco com o barulho da buzina e olhou para ele assustada, trocaram olhares por poucos segundos e caíram na risada. Fazia um longo tempo para os dois que aquilo não acontecia, rir era algo quase impossível. Para senhorita Pontier, após a morte de seus pais, a tristeza tomou conta de seu coração e para Ethan era a solidão que assombrava seu ser.

– Que susto! Quer me matar do coração? – Anne tentava para de rir.

– Foi sem querer – ele respondeu ainda olhando para ela, se inclinou na direção da mesma fazendo-a prender a respiração, mas tudo o que fez foi deslizar o dedo na tela unindo os três símbolos que ela estava procurando.

– Ahh... Obrigada – ela soltava o ar e o viu voltar para o lugar olhando para o vidro, sentiu o carro andar.

– Vi que estava quase jogando o celular pela janela.

– Esse jogo é difícil!

– Hum... Não acho – ele sorriu de canto e ela fingiu que tinha ficado irritada.

– Ethan... Sabe, estava me perguntando – ele girou o volante adentrando na garagem de casa – O que aconteceu com suas roupas de roqueiro louco?

– Roqueiro louco? – Ethan acionava o freio de mão e tirava a chave guardando em seu bolso, olhou ela achando aquilo divertido.

– É, queria saber a loja que você comprou aquilo – ela sorria brincando.

– Então eu parecia um louco do rock n’ roll? – um riso ecoou pelo carro, já tinha entendido que ela estava brincando – Sinto muito princesse, mas acho que a Hell’s Gate não é para moças como a senhorita.

– Hell’s Gate? Você ta brincando comigo não é? – Anne olhava incrédula.

– É uma loja de roupa, não leve ao pé da letra – ele franzia o cenho.

– Sei que é! Quase todas as minhas roupas são de lá! – os olhos dela brilhavam de alegria, nunca imaginou que Ethan comprasse roupas em uma loja daquela.

– E eu achando que você compraria roupas no Retiro das Fadas – ele ria e tirava o próprio cinto saindo e fechando a porta do carro.

– Eu compraria, se pelo menos as meias de lá tivessem unicórnios empalando pessoas com seus chifres reluzentes – o riso foi abafado pelo carro e ela tirou o cinto olhando Ethan dar a volta no carro.

– Ia ser uma meia bem interessante.

A porta do carro foi aberta por ele que estendeu a mão, com toda certeza as anáguas do vestido não ajudavam em nada, mas por fim conseguiu levantar, a chuva piorava a cada minuto deixando os dois encharcados. Morgan retirou seu paletó e colocou na cabeça dela e juntos correram pelo jardim sentindo a chuva bater neles até entrarem em casa. O celular que Anne usava foi deixado na mesinha ao lado da porta, eles se olharam, estavam molhados como se estivessem saído do chuveiro.

– Vem cá – disse ele puxando-a levemente pelo braço, suas mãos passaram por sua cabeça e tiraram os prendedores que enroscavam o cabelo dela, alguns estavam difíceis de sair.

– Odeio esse cabelo fino, embola à toa – disse ela um pouco sem jeito deixando-o retirar as presilhas, ouvia o som de cada um ser depositada na mesinha, próximo ao celular.

– Seu cabelo é bonito – Ethan retirou o último e soltou os cabelos dela – É melhor tomarmos um banho logo.

– Verdade, não quero ficar gripada – ela assentiu olhando para ele séria.

– Gripada? Acho que você não precisa se preocupar com isso não – ele a pegou pela mão e a levou para o andar de cima – Vou te emprestar uma roupa minha, está bem frio hoje, acho que as da minha irmã não vão dar em você, espera aqui que já venho.

– Ta bom – ela olhou para o corredor e reparou que estava de frente para seu quarto. Não esperou muito para que Ethan saísse do quarto dele com uma muda de roupas para ela.

– Obrigada – Anne pegou a roupa sorrindo, mas logo desviou o olhar um pouco sem jeito – Bem... Eu tive uma dificuldade enorme pra levantar o zíper do vestido, se importa de só abrir pela metade? Aí consigo puxar o resto.

Nenhuma resposta veio dele, seus passos foram curtos até ficar de frente para as costas dela, desabotoou o primeiro botão delicadamente e desceu o zíper até onde ela havia pedido.

– Pronto – a sua voz saiu um tanto rouca – Quando terminar desce que vou preparar algo para comermos.

Anne concordou com a cabeça um tanto envergonhada e entrou no quarto. Tirar o vestido foi algo tenebroso, estava pesadíssimo por estar molhado. Finalmente conseguiu tomar seu merecido banho, lavando seus cabelos. Assim que terminou colocou a roupa que tinha recebido, não era exatamente do seu tamanho, teve que dobrar várias vezes a calça e a blusa batia quase no meio de suas coxas. Conteve um riso quando se viu no espelho, a blusa estava escrito: “ Sorry, I don’t shine”. Pegou seu pesado vestido e colocou na lavanderia que ficava no mesmo andar.

Se sentia leve e livre, desceu as escadas pulando e correu para a cozinha sentindo um cheiro agradável. Era tudo oq eu ela mais queria.

– Pizza! – o sorriso tomou conta de suas feições.

– Está quase pronta, vamos pra sala o forno desliga sozinho.

Ela o acompanhou e sentou-se no chão, gostava de sentava naquele tapete felpudo e ele sentou-se ao lado dela pegando o secador de cabelo. Os cabelos negros já estavam secos, porém os dela não. Fazendo um carinho Ethan secava os cabelos dela enquanto a mesma olhava sem jeito. Após algum tempo já estava completamente seco e ele apoiou o braço no sofá largando o secador de lado.

– Está com fome? – Anne olhou para ele na mesma hora.

– Pra falar a verdade não, mas a pizza parece estar gostosa só pelo cheiro – ela sorriu deixando-o constrangido.

Com seu polegar ele acariciou o rosto dela, só assim ela percebeu como estavam próximos. Sua mão grande e firme se encaixou no rosto dela perfeitamente e se aproximou, sussurrando:

– Me desculpa – Ethan tinha o olhar carregado de tristeza – Eu te obriguei a me beijar lá no baile.

– Desculpa? Me obrigou? – Anne o olhava incrédula – Você não me obrigou e nem precisa pedir desculpa.

– Não? Achei que estivesse chateada.

– Não, não estou Ethan, eu só... – os dentes dela morderam sutilmente o lábio inferior.

– Só? – ele cravou o olhar ali, queria poder senti-la outra vez.

– Só estou com um pouco de vergonha – seu rosto de impregnou de um tom vermelho.

Um suspiro de alívio saiu dele e no outro instante os lábios se encontraram novamente, somente um simples toque e se separaram.

– Não resisti, sinto muito – os olhos dela estavam brilhantes, embriagada por um simples toque de lábios.

– Eu que sinto muito.

– Pelo o q-

Ethan não completou a frase, ela o havia beijado dessa vez, não um beijo simples, mas um beijo daqueles de tirar o ar. Ele conseguiu corresponder ao beijo e tomou as rédeas da situação, sua outra mão parou na cintura dela puxando-a para si, sentando-a em seu colo. Sentiu-se ser abraçado pelo pescoço e os dedos dela afundarem na sua nuca puxando um pouco do seu cabelo. O gosto doce que ela tinha invadiu sua boca novamente, era realmente viciante. Sua língua acariciava a dela em total rendição, estava completamente submissa a ele.

Separou os lábios por alguns segundos, mordendo levemente seu lábio inferior, ouviu um suspiro da parte dela e sorriu de canto, investiu novamente na mordida. Porém acabou passando seu canino, tirando um pouco de sangue dos lábios dela.

– Pardon – sussurrou ele rente aos lábios dela encostando os lábios de novo sentindo o sabor do sangue dela na sua boca.

Anne não esperava aquilo dele, mas sentiu que algo estava diferente, o beijo se tornou mais selvagem e sentiu seus cabelos sendo tirados do pescoço, ele havia largando seus lábios descendo os beijos até o alvo. A respiração de Ethan batia em seu pescoço enviando respostas por todo seu corpo e estremeceu arfando sentindo a língua dele no local. Ele iria mordê-la, pôde sentir a ponta dos seus caninos afiados rente a pele, mas em um movimento súbito ele se afastou a olhando assustado.

– Me perdoe – ele sussurrava a olhando desolado.

– Pelo o que? O que você tem hoje? – Anne o olhava sem entender – Não quero que fique me pedindo desculpas.

–Eu quase te mordi – uma de suas mãos saiu da cintura dela e passou no próprio rosto.

– E? Qual o problema? – estava constrangida pela situação, sabia que a troca de sangue era algo que criaria um vínculo maior entre eles. Suas feições se entristeceram, pensou que Ethan estava apenas brincando com ela, pensou que era apenas um brinquedo.

– O problema é que vão sentir seu cheiro em mim – os olhos azuis refletiam puro terror – Vão saber que é você e vão tomá-la dos meus braços.

A tristeza tinha sumido de seu rosto agora a surpresa é que tomava conta de si, em um movimento rápido ele a abraçou com força deitando a cabeça em seu ombro. Ethan não viu, mas ela sorria acariciando os cabelos negros.

– Então... É isso?

– Como assim? –sua voz saia abafada.

– Sabe... É isso? Você não quer tomar meu sangue por isso?

– Principalmente por isso – ele aspirava a fragrância que ela exalava.

– Tem outro motivo?

– Tenho, é que você sabe que a troca de sangue é algo bem íntimo não é? – Ethan levantou a cabeça o suficiente para vê-la pelo canto dos olhos.

– Eu sei – ela corava.

– E mesmo assim quer? – os olhos dele eram uma mistura de alegria e preocupação.

– Claro que sim, eu t- Ethan a interrompeu com um rápido beijo em seus lábios.

– Não diga, não ainda – ele sussurrou próximo aos lábios dela – Droga, eu sou um imbecil tenho que fazer as coisas direito.

– Faz direito? Fazer o que direito?

– Quer sair comigo amanhã de noite? – ele pigarreava desviando o olhar – É um encontro.

– Ah esse fazer direito – um sorriso iluminou seu rosto – É obvio que sim.

– Pensei que não fosse aceitar – ele fingia suspirar em alívio.

– Ethan ainda não te perguntei, mas quanto tempo vai demorar pra sair o seu cheiro de mim? – os olhos lilases encararam os azuis.

– Três dias, é tão ruim assim?

– Não é ruim – ela riu – Só para que eu fique alerta e não vá para o jardim.

– Pode ficar tranqüila, não vai ficar presa por causa do cheiro, sempre que precisar é só pedir – pela primeira vez ela viu um sorriso malicioso nos lábios dele, era novidade e aquilo havia deixado seu rosto vermelho, ao longe o barulho do fogão deixou ele em alerta – As pizzas, me deixa ir lá pegá-las.

Pontier saiu do colo dele e sentou-se no aconchegante sofá branco cheio de almofadas, em pouco tempo ele trazia uma pizza bem grande e colocava na mesa de centro dando um pedaço a ela. Comeram em silêncio toda a pizza.

– An – ela olhou para ele comendo sua última fatia, seus dedos colocaram uma mecha de seu cabelo atrás da orelha olhando-a com ternura – Eu te prometo que vou conseguir resolver esse problema com o Keita, pedirei ajuda de Londres e em breve você estará livre dele.

Engoliu o pedaço que mastigava e o olhava atônita, tinha vontade de pular nele e abraçá-lo, dizer infinitas vezes obrigada. Confiava no que ele dizia e sorriu recebendo em troca um sorriso também.


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