Legítimo escrita por Giulianna Valadares


Capítulo 3
"We don't talk anymore like we used to do"


Notas iniciais do capítulo

Como diria aquela música do Wiz Khalifa, "it's been a long day without you, my friend"
hahahaha, depois de mais de um ano se atualizar a fic, cá estou dando uma segunda chance para a mesma.
Dessa vez, com um capítulo curtinho, apenas para ver como vocês reagem. Me contem nos comentários se querem continuação ou se desisto de vez :)

Música: We Don't Talk Anymore - Charlie Puth ft. Selena Gomez
Link: https://www.youtube.com/watch?v=3AtDnEC4zak



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Ana já tinha sua rotina: acordar cedo, ir à aula às 7:30, passar o intervalo com Bruna e Paula, sair às 13:00, ir pra casa com Fernando, almoçar e fazer guerra de comida com ele, fazer ele cochilar antes de estudarem, fazer os deveres junto com o garoto depois do cochilo, e ter o resto do dia para passar com ele, que se tornara seu melhor amigo em muito pouco tempo.

A ligação que ela tinha com Fernando era algo raro, os dois não precisaram nem de três meses para se tornarem inseparáveis. Mesmo sendo de séries diferentes, eles davam sempre um jeito de estarem juntos. Pareciam irmãos, bricavam, riam, tudo do lado deles parecia festa. Não demorou muito para rolarem os rumores de que os dois estavam namorando.

— Ah, Ju, você quer enganar a quem? Vive andando com o cara mais gato do colégio e vem falar pra gente que NUNCA rolou nada ente vocês? Conta outra! - exclamava Paula, indignada.

Era a primeira tarde que Ana não estava com Fernando. Tinham começado os treinos de futebol e ele era o capitão do time, então tinha que dar exemplo, o que significava nada de matar os treinos. Por mais que ele quisesse. Ela fora com as amigas para a soverteria perto da casa de Bruna.

— Credo, gente, vocês levam tudo pro lado sexual da coisa! - ela ria - Sabiam que existe amizade entre homem e mulher sem necessariamente ter pegação?

— Mas estamos falando de Fernando Casagrande - Bruna entrou na discussão - o cara mais TUDO do Colégio Fernando Sabino! Quem ia perder a chance de pegar um cara desse, amiga? Só você!

Ana ria, mas, no fundo, era de nervoso. Ela até que sentia algo por ele, mas sabia que ele jamais ia ver ela com outros olhos. Não que ela fosse feia ou sem graça, mas ele a tratava como uma irmã e ela sabia que, uma vez assim, ele nunca a trataria diferente.

— Gente, por mais que eu gostasse dele, ele me vê como uma irmã mais nova, alguém de quem ele cuida e só...

— Então me explica - Paula disse, entre risadinhas - por que ele está entrando aqui com esse buquê de rosas vermelhas, vindo na sua direção?

***

— É, Bruna, meu novo chefe não é nada mais nada menos do que Fernando Casagrande, o grande filho da puta da minha vida.

Ana se jogou no sofá. Assim que saiu do escritório, não via a hora de chegar em casa e ligar pra melhor amiga. Só ela entenderia o que aquele dia tinha sido para Ana.

— Mas amiga, você não disse que tinha outros convites pra trabalhar? Por que lá?

— Serei chefe no setor financeiro, com o melhor salário do mercado. Isso sem contar com o plano de saúde, a estabilidade, e tantas outras vantagens que a empresa dele tem. Não é à toa que a sala de candidatos estava lotada...

— Mas será que vai valer à pena? Quer dizer, você deixou sua vida aqui pelo que aconteceu...

"Ah, como eu queria apagar tudo o que acontecera" Ana pensava. Mas precisava também ter uma desculpa pra si mesma. Aquilo fora apenas o estopim, o ruir do castelo de cartas. No fundo, ela sempre soube que a história dela com Fernando estava fadada ao fracasso.

— Não foi só por isso, você sabe. Sempre quis fazer faculdade aqui e as oportunidades de emprego são melhores pra minha área...

— Aham, sei... - Bruna suspirou. Ela conhecia Ana bem demais para ser passada para trás daquela forma - Você esqueceu com quem está falando, Ana Júlia?

Ana bufou. Não conseguiria convencer Bruna tão facilmente. No fundo, não estava conseguindo convencer nem a si mesma com aquela história.

— Ai, amiga, tenho que colocar isso na minha cabeça de alguma forma, não posso remoer o passado pra sempre... - suspirou, sentindo uma pequena pontada no coração, causada pelas lembranças - Por isso, vou me jogar dentro da banheira e tomar um bom banho pra aproveitar o último dia de moleza.

— Ok, Ju, vou me dar por vencida... - Bruna soltou e as duas riram da declaração - Mas qualquer coisa, me liga, tá? E não esquece de ligar pra sua mãe, amiga! Encontrei ela hoje e ela está morrendo de saudades!

— Tá bom, mamãe dois! - Ana disse, fazendo Bruna rir mais ainda. No fundo, sempre foram um pouco mães uma da outra.

Assim que se despediu da amiga e desligou o telefone, entrou na banheira e tentou relaxar. Enfrentar um ex melhor amigo/"quase" namorado talvez não fosse tão difícil assim...

***

Fernando passou o dia de mal humor. E, pra piorar, nada parecia funcionar na empresa durante todo o expediente. A entrevista com sua melhor candidata à funcionária acabara se tornando um encontro com um passado que ele jamais entendera: por que a Ju havia o deixado?

Pra piorar, o trânsito estava infernal. Isso não era novidade, mas naquele dia, tudo o que Fernando não queria eram duas horas parado em um lugar que não fosse sua cama. Tentou não pensar em Ana, mas era inevitável. Ele sempre achou que não teria como ela ficar mais bonita, mas o tempo provou que ele estava errado. Ela se transformou numa mulher maravilhosa, dessas que deixaria aquele engarrafamento parado por outras duas horas, mas faria dos motoristas os homens mais enbasbacados da cidade.

Além disso, ela tinha um currículo perfeito e trazia consigo uma maturidade que Fernando nunca achou que veria naquela que sempre fazia palhaçadas pelo corredor, se vestia com cores chamativas e que o fazia rir por qualquer coisa. Não, agora ela era uma executiva. Jovem, bonita, inteligente, poderosa. O emprego que ele a deu agora só reforçava essa imagem. "E por que não contratar outra pessoa?" ele pensou. Mas no fundo, sabia que o tinha feito não apenas para mantê-la por perto. Ela era a melhor e ele procurava exatamente por isso.

Uma buzina o despertou de seus devaneios e ele percebeu que os carros finalmente se movimentaram. Acelerou e continuou seu caminho, tentando evitar pensar em Ana. Não demorou muito para que ele chegasse em casa. E quando o fez, foi direto para o quarto e se jogou na cama do jeito que estava, ainda com os sapato.

Ele sentia como se estivesse de volta àquela época, quando ainda podia chamar Ana Júlia de "sua", e se permitiu chorar. Chorar porque a garota que ele amava não existe mais, ou pelo menos, seus sentimentos não exitem mais. Porque ter que ver a mulher a qual ele se tornou todos os dias irá doer como jogar ácido em um corte profundo. Mais do que isso, chorar porque ele sabia exatamente porquê ela o tinha deixado e porque talvez nunca a recupere novamente.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Continuo?
Me contem nos cometários!
Bjssss ♥



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