Legítimo escrita por Giulianna Valadares


Capítulo 1
"You're gonna wish you never had met me"


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi gente!
Como expliquei nas notas da história, estou repostando. Por que respostando e não apenas dando continuidade? Porque queria mudar algumas coisas, revisar outras... Enfim, queria recomeçar, fazer melhor dessa vez. Espero que tenha conseguido meu propósito e que vocês gostem.

Boa leitura!

Música: Rolling In The Deep - Adele
Link: https://www.youtube.com/watch?v=rYEDA3JcQqw



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Ana tentava pela quadragésima vez, se acalmar em frente ao espelho. Já arrumara a sua saia de corte reto preta e abotoara e desabotoara o blazer que formava o conjunto. Passara semanas pensando no que vestir, no que dizer. Era sua primeira entrevista de emprego após a formatura, há apenas dois meses. E acabou se decidindo por esse conjunto preto e uma camisa branca com detalhes vermelhos e o discurso que sempre usara em entrevistar de estágio. A diferença é que, dessa vez, era pra valer.

Porque agora era uma economista formada, e esse era apenas um dos convites de emprego que recebera desde então. Não fora a primeira da turma, mas sempre se sobressaiu nos trabalhos que participou e nos estágios que fez. Era competente, sabia trabalhar e comandar uma equipe como ninguém. Como qualquer coach diria, "uma líder nata". Além disso, era bonita. Não dessas belezas óbvias, sejamos sinceros, que fazem a sua auto estima querer se enterrar a sete palmos abaixo da terra, mas havia algo em seu olhar, nos belos olhos castanhos, que era hipnotizante, como se ela soubesse exatamente quem era, de onde vinha e aonde pretende chegar. Os cabelos negros, cortados num chanel alongado, emolduravam a áurea elegante, mas os lábios grossos e rosados, que escondiam um sorriso tímido, traziam jovialidade à imagem dela, criando o constraste perfeito para fazer dela uma mulher imponente, com uma postura poderosa, mas ainda muito feminina e sedutora.

Mas nem toda essa certeza podia acalmá-la naquele dia. Era como se soubesse o que estava por vir.

***

Fernando terminara sua corrida, e já estava correndo para se arrumar para trabalhar. Dono de uma das maiores empresas de estatística e marketing do país, ele, por incrível que pareça, era um cara simples, que gostava do seu trabalho bem feito. Chegava cedo ao trabalho, ficava até tarde, se preciso fosse. Não era à toa que estava se tornando um dos caras mais influentes no país. Apesar de continuar sendo um cara humilde, característica que manteve de seu passado, Fernando gostava de se vestir bem. Ternos sob medida, sapatos de marca, cabelo bem aparado, ele era o tipo de cara que andava muito bem composto. Era dia de entrevista no escritório, e, talvez por isso, Fernando resolveu fazer um marketing pessoal, tirando o novo Armani do armário. Os sapatos Hugo Boss e o CKOne terminaram de compor o belo rapaz de cabelo louro e olhos azuis claríssimos.

Estava calmo, mas algo dentro dele se remexia constantemente. Era como se soubesse o que estava por vir.

***

Ana dirigia com pressa pelas ruas, odiava estar atrasada para o que quer que fosse. Ainda mais uma entrevista! Era uma das melhores empresas a qual foi convidada, queriam oferecer um cargo de chefia no setor financeiro, de cara. Não é o tipo de oferta que se recebe todos os dias. Por sorte, não pegara o rotineiro engarrafamento e, rapidamente, chegou ao moderníssimo Sovereign Building, prédio onde funcionava a Casagrande & Soares Estatística e Marketing. "É aqui" ela pensou "aqui começa a melhor parte da minha vida".

***

Fernando dirigia calmamente até sua empresa, sabia que antes das entrevistas pessoais, haveriam dinâmicas de grupo que já selecionariam os melhores candidatos. Sua curiosidade, no entanto, se recaía sobre uma candidata. Ana Júlia Oliveira. Formada com honras em uma das melhores universidades do país, recomendada por todos os estágios em que passou, ganhadora de vários prêmios acadêmicos. Um currículo invejável para uma novata. Mas não era isso que o intrigava. Era a insistente impressão que conhecia aquele nome e, consequentemente, aquela mulher.

***

Ana esperava em uma sala chique, com paredes brancas e móveis em mogno, os sofás com estofados em um marrom chocolate, uma iluminação perfeita, que combinava a luz solar com as laminárias, criando um ambiente confortável, mas também de aparência eficiente e de classe. Ela tentava se concentrar nisso e no que poderia dizer durante a entrevista, mas ia ficando cada vez mais difícil quanto mais outros candidatos chegavam. Logo ela se viu arrumando uma caixinha de clips que estava totalmente jogada na mesinha de centro à sua frente. Colocou um a um, calmamente, enquanto enumerava suas qualidades e ponderava seus defeitos. "Esse maldito perfeccionismo vai acabar me matando" pensou, quando colocou o último clips na caixinha. Tentou puxar assunto com alguns candidatos ao lado, mas todos a olhavam como se fosse um tipo de alienígena. Por fim, quando sentia que estava a ponto de arrancar os cabelos e sair dali gritando, uma bela mulher ruiva saiu de uma das portas próximas de onde ela estava com seus concorrentes.

— Bom dia, meus caros, meu nome é Marieta Andrade, sou uma das chefes do setor de Recursos Humanos da Casagrande e Soares e estou aqui para iniciar o processo seletivo da empresa com vocês. Por favor, se apresente em minha sala a candidata Ana Júlia Oliveira Casadeval.

O mundo de Ana parecia rodar devagar, mas sua cabeça parecia borbulhar. Era bom ser a primeira? Será que ela não devia ter conversado com os possíveis colegas? Não devia ter arrumado os clips? Todas as suas teorias sobre entrevistas iam por água abaixo e a coisa toda parecia estar indo muito mal, pela maneira como todos a olhavam. Pareciam saber que ela estava ferrada. Será que estava mesmo?

***

Assim que Fernando chegou, foi chamado à sala de reunião do RH, onde sua equipe monitorava os candidatos que estavam na sala de estar à frente. Teve que entrar pela porta secundária, do lado contrário de onde estavam, para não atrapalhar a dinâmica.

— E então? Como estamos? Algum selecionado até agora, Marieta? - disse, enquanto observava a tela onde podia ver os possíveis futuros funcionários.

— Lembra-se da tal Ana Júlia, chefe?

— Sim, o que há de errado com ela? - Fernando já se sentia decepcionado, mas nem ele sabia porquê.

— Na verdade, quero saber o que não tem de certo nela. - Fernando ficou surpreso - A garota foi a primeira a chegar, arrumou a caixinha de clips, demonstrando sua organização, tentou interagir com os colegas e parece bastante calma diante da situação de ter sido mal recebida pelos mesmos. Acho que podemos apostar nela de olhos fechados, ela é até mais do que esperávamos. - Marieta deu um sorriso torto, algo raro para ela.

Já Fernando não podia esconder seu contentamento.

— Quero entrevistá-la pessoalmente, mande-a à minha sala.

E encaminhou-se para lá, feliz por saber que seu faro para bons empregados ainda era capaz de trazer os melhores para as suas equipes.

— Mas senhor, tem certeza? Podemos fazer isso, sem problema algum, o senhor não precisa perder tempo com isso...

— Não é todos os dias que encontramos alguém como ela querendo entrar para a equipe, Marieta - ele disse - devo dizer, portanto, que ela merece meu tempo - e deu uma piscadela para a ruiva.

***

—Bem, Ana, devo dizer que você se saiu muito bem em nossa dinâmica de grupo - Marieta falava enquanto encaminhava a outra moça à sala de seu chefe - e, por isso, passou para a fase da entrevista pessoal.

Ana não conseguia acreditar. "Dinâmica de grupo? Que diabos eu fiz lá fora que deu certo? Foram os clips?" era tudo que ela conseguia pensar. Mas não estava em condição de reclamar. Estava praticamente dentro!

— Pelo satisfatório resultado, o sr. Fernando irá entrevistá-la por si mesmo.

— Você quer dizer, o presidente e dono da empresa? - Ana agora estava em choque consigo mesma

Marieta concordara com a cabeça, um pouco irritada. Não gostava da atenção que Fernando estava dando àquela garota. Logo chegaram à porta da sala dele.

— Pode entrar, ele está à sua espera - Marieta disse e logo se retirou.

Ana respirou fundo. "É tudo ou nada, garota, vamos lá!"

Abriu a porta para o que pensava ser seu futuro, mas, sentado à mesa de seu pretenso chefe, tudo o que viu fora seu passado.

— Julinha? - disse Fernando, incrédulo - É você?


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Notas finais do capítulo

Reviews? :)
XO, Giu.



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