– O que é isso?

– O que você acha que é?

– Sei lá. – o loiro deu de ombros, realmente não fazendo idéia do que aquilo pudesse ser. Ato esse que irritou o moreno.

– Pegue logo essa droga, antes que eu resolva jogar no lixo! – estendeu mais uma vez a caixinha, que desta vez foi pega.

– O que tem aqui? – perguntou, já começando a rasgar o papel simples e barato que embrulhava a caixinha retangular.

– Veneno! – respondeu, num misto de irritação e sarcasmo, cruzando os braços em frente ao corpo enquanto o outro finalmente abria a caixa.

– Chocolates...? – encarou, confuso, o moreno, não compreendendo o porquê de estar recebendo chocolates. O menor, ainda irritado e de braços cruzados, virou o rosto para o outro lado, porém, era possível identificar um leve rubor em suas bochechas. Shizuo piscou, levando cerca de três segundos para ligar os pontos e finalmente entender o porquê de ter ganhado aquilo – Oh.

Era quatorze de março. White Day, mais precisamente. O dia em que os que receberam chocolates no Valentyne’s Day retribuíam a gentileza, presenteando quem os presenteou. E era isso o que Izaya estava fazendo, retribuindo os chocolates que havia ganhado de presente do namorado um mês antes naquele conturbado dia regado a ciúmes, quase destruição de armários, canivetes arremessados, descoberta de fã-clubes e apaixonados beijos com sabor de chocolate. Shizuo sorriu. Izaya não tinha como característica fazer aquele tipo de coisa naturalmente, mas ainda assim havia feito. Por ele. Aquilo era uma clara amostra do que ele sentia. Aquele simples gesto, para Shizuo, soava como se ele tivesse gritado aos quatro ventos que o amava, por que era assim que o loiro se sentia, como se tivesse recebido a maior declaração de amor de todos os tempos. E na verdade havia mesmo, afinal, todo amor é único pra quem o sente, e pra eles, jamais haveria sentimento maior, mais forte ou mais bonito no mundo.

O loiro pegou um dos quadradinhos simples e um tanto disformes da caixa e pôs na boca, sentindo o sabor do chocolate, obviamente caseiro, adoçar seu paladar, notando que era atentamente observado pelo canto do olho do moreno que ainda mantinha o rosto um pouco virado, não querendo dar o braço a torcer.

– Mm. São os melhores chocolates que eu já comi! – disse, após engolir o doce.

– Mesmo?! – o moreno perguntou com indisfarçável ansiedade, se chutando mentalmente quando notou o que havia demonstrado. Pigarreou, ignorando a própria reação de segundos antes – Mas é claro que são bons, não são como as porcarias que você costuma comer por aí. – desdenhou, contudo, sua pose desmanchou-se completamente perante o sorriso que recebeu do loiro.

Ah, aqueles sorrisos... Aqueles sorrisos claramente apaixonados que Shizuo lhe dava eram seu ponto fraco, sentia suas defesas caírem por terra quando o loiro lhe sorria daquela forma, seu coração batia forte contra o peito, parecendo prestes a explodir, inundado com todo aquele sentimento.

– Obrigado, Izaya. – agradeceu, se aproximando mais do moreno e acariciando suavemente seu rosto antes de erguer-lhe o queixo e colar seus lábios aos dele, beijando-o com todo o sentimento que possuía.

No instante em que seus lábios se tocaram vários “click” foram ouvidos, não que não tivessem percebido antes que as stalk- quer dizer, as integrantes do fã-clube Shizaya, estavam escondidas atrás de um canteiro de flores no canto daquele pátio nos fundos do colégio ao qual os dois se encontravam, elas definitivamente não eram muito discretas. O loiro sorriu em meio ao beijo e enlaçou a cintura do outro, intensificando ainda mais o beijo e dando bastante material para as fãs. Mais tarde, ele se lembraria de pedir algumas cópias daquelas fotos... Mas isso só mais tarde. Bem mais tarde.