Killer escrita por Every Simple Plan


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Diminuta, como sempre. Espero que gostem.
Não há ironias nessa historieta.



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O horror estava a solta, apavorando a pequena cidade rual, espantando forasteiros, alarmando os cachorros. O pecado havia voltado, destruindo lares, espalhando o medo e o ódio. Era imoral e devasso. Que Deus tenha piedade daquelas almas perdidas na mácula. Tudo era trevas novamente. Todos os habitantes tinham medo de sair de casa. As escolas fecharam até que a onda de pânico acabasse. As crianças não brincavam mais nas ruas de terra cinza, os galos não cantavam de manhã, as donas de casa nem ao menos saiam para estender a roupa que se acumulava em pilhas no banheiro. Os vigias noturnos estavam paralisados e os quintais imundos. A rádio não funcionava mais e a padaria não abria. O céu parecia sentir o que estava acontecendo, e as nuvens fugiram. Dois meses sem chuvas se completavam naquele sábado. Até nos portas-retratos as famílias mantinham a expressão de medo. Carrinhos de madeira estavam abandonados, nem as aranhas queriam sair para tecer suas teias. As moscas morriam de fome porque ninguém arriscava por o lixo para fora.

Na casinha da esquina, aquela amarela desbotada, com a cerca mal pintada e com o gato magro que outrora miava no telhado, Floriano dormia, sonhando que a peste havia passado e que todos eram felizes novamente. Rostos sem sorrisos que desfilavam sem graça para cima e para baixo, assim como Deus havia planejado. A felicidade plena não se diferenciava em nada do tédio. As pessoas que passavam na frente da paróquia se ajoelhavam e faziam o sinal da cruz. Os que se atreviam a entrar enrolavam um Pai Nosso decorado. Ninguém tinha pecados. Tudo era vida no sonho, e a vida era um bafo quente que descia sem ânimo.

Seu erro? Deixar a janela aberta. Estava quente e o ventilador havia quebrado. Era só uma noite, o que de mal poderia acontecer? N manhã seguinte ele levantaria cedo e procuraria alguma chave de fenda enferrujada no porão abafado. Sair para comprar peças novas não era uma opção.

A cortina voava fraca ao sabor do ar pesado que não ventava, a Lua se escondeu e a noite era escura. E então ele surgiu. A figura escura se delineou dentre a luz fraca dos lampiões da rua que foram acessos as presas. A capa que escondia todo o corpo beirou no parapeito e se inclinou para dentro do quarto. Um corpo sem forma entrou e pairou como fumaça. Floriano sentiu a respiração úmida em seu rosto e despertou. Viu um rosto sorrindo sádico, mas estava muito escuro para saber quem era. Do lado de fora pode-se ouvir um grito de pânico. O terror do jovem amedrontou os vizinhos que acalentavam as crianças. Todos tremiam, batendo os dentes e os joelhos. Era o terceiro ataque daquela semana. A mão do rapaz pendia ao lado do corpo imóvel e ainda morno. A aparição despareceu assim como tinha surgido.

No dia seguinte os policiais se aventuraram covardemente para longe da delegacia e investigaram o lugar na procura de pistas. Descobrir a identidade do agressor era vital. Os médios, formados em outras cidades, examinaram o cadáver duro. O motivo da morte? Um beijo roubado.


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Notas finais do capítulo

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