Flowers with Bicycles escrita por A Veggie Dreammer


Capítulo 1
A Hit for Love - oneshot


Notas iniciais do capítulo

Hoiii! Lá vem eu trazendo outro conto. Percebi que contos são bem mais fáceis. Eu tinha feito um outro noite passada, mas eu fiz pelo Ipad e acabou que perdi tudo. Lágrimas, lágrimas. Mas não se preocupem que ela ainda vai vir pra cá. No dia que eu parar de ter raiva do Ipad eu posto, eu prometo. Espero que gostem!



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Eu já estava um pouco estressada. Não que tivesse acontecido algo pra que eu estivesse assim, só estresse rotineiro do trabalho. Eu estava do lado da impressora, ouvindo aquele som irritante enquanto ela estava trabalhando, e estava pensando em minha vida, algo perigoso nessa altura do campeonato. Eu havia passado por uma separação traumática recentemente. Ele tinha me traído e teve a decência de trazer a vagabunda pra nossa casa. Então eu cheguei do trabalho e encontrei os dois lá, se pegando ardentemente no sofá. No fim, eu fiquei com a casa e nosso cachorro, Puppy, e ele foi morar com ela. Dois anos de casamento pra terminar dessa maneira.

As vinte folhas que Tony me pediu para imprimir estavam quase prontas e tudo o que eu queria era sair daquela sala pequena e desconfortável. Antony, ou Tony, era o meu chefe. Eu trabalhava no prédio de uma revista de moda. Quando eu fiz faculdade de Moda nunca pensei em trabalhar em uma revista, eu queria ser estilista, mas acabou que eu vim parar aqui e acho que estou mais feliz do que eu seria como estilista. Eu trabalho com as fotografias, pra ser mais específica com o design das fotografias na revista digital. Tenho prazos longos, relativamente, já que é um trabalho fácil e rápido e eu preciso entregar isso em duas semanas, muito prazeroso eu diria.

Aí você pergunta o por que de eu estar imprimindo vinte folhas para o meu chefe se isso não tem nada a ver com o meu trabalho. Simples, eu pedi um trabalho extra para o Tony, algo para ocupar minha mente um pouco mais. Ele me concedeu, mas não o tipo de trabalho que eu esperava. Eu queria algo que eu tivesse que levar para casa e ficar horas em frente ao computador digitando, com meus óculos no rosto, meu chá de camomila na mesa ao lado e Puppy nos meus pés. Mas o que ele me deu? Entregas. Como assim? A revista possui dois prédios na cidade, um no lado norte que cuida do departamento de admissão, publicitário e econômico, e outro no lado sul que é a redação propriamente dita. Eu fico na redação e algumas vezes alguns documentos referentes aos gastos e despesas precisam ser entregues ao outro prédio e como o cara que fazia isso antes está hospitalizado ele me colocou nisso, por dois meses.

Finalmente a máquina apitou informando que as vinte folhas estavam prontas. Peguei todas elas e grampeei para organizá-las. Coloquei elas dentro de uma pasta que havia ali e sai daquela sala, graças aos céus. Caminhei até a sala de Tony e bati na porta esperando que ele dissesse para eu entrar. Ao invés disso, ele abriu a porta e saiu do escritório. Notei que ele estava um pouco suado e seu cabelo estava bagunçado. Estranhei um pouco mas deixei passar. Tony era um homem baixinho e um pouco rechonchudo, ele tinha uns 45 anos, não muito velho e nem muito novo. Mas ele não era casado, a vida dele era namorar uma pessoa bem mais nova que ele, ficar com a mesma pessoa por um mês era um sacrifício pra ele. Acho que Tony nunca passou da fase “pegador” de adolescente.

– Oi... oi Lila, algum problema? – perguntou, usando o apelido que só ele usa. Meu nome é Lilian, a maioria me chama de Lili.

– Ahn...eu já posso levar isso aqui? – perguntei levantando a pasta.

– Ah, sim, sim! Já está na hora. – disse ele olhando em seu relógio de pulso.

– Ahn...você está bem? Parece um pouco....atrapalhado. – disse apontando para a cabeça dele.

– Ah, sim, estou bem. Só estou com uma...pessoa especial. Ela tem a sua idade, 22 não?

– 23, na verdade. – corrigi-o. – Então tudo bem, vou pegar minha bicicleta e já estou indo. Acho que perto das 11:00h eu volto.

– Tome cuidado, ouvi dizer que tem um protesto na cidade hoje.

– Não se preocupe, eu tenho os meus caminhos. – garanti sorridente.

Saí antes que ele dissesse alguma coisa. Chamei o elevador e assim que ele chegou apertei o botão do térreo. Aguardei pacientemente os 11 andares passarem até que o elevador finalmente parou. Saí para o lobby do prédio e dei um rápido “oi” para o recepcionista. Minha bicicleta estilo anos 70 estava estacionada na frente do prédio presa ao poste que eu a deixara. Destravei o cadeado e tirei a corrente, coloquei a pasta, o cadeado e a corrente na cesta na frente da bicicleta. Sentei no banco e destravei a bicicleta, e finalmente saí pelas ruas.

Durante o caminho decidi que passaria por dentro do parque da cidade, já que ele tem ciclovias e tem uma saída para o meu caminho. Pensei na tal pessoa especial de Tony e conhecendo-o como eu conheço sei que é uma namorada. Sinceramente, as vezes acho que ele é mais infantil do que todos nós que trabalhamos lá, que somos, na maioria, mais jovens do que ele. Virei a esquerda em uma rua que dava para a avenida principal, o parque estava próximo.

Realmente uma manifestação estava acontecendo. A avenida estava tomada por pessoas com faixas, bandeiras e megafones, gritando por melhoras no governo e por melhores preços no país. Eu acho isso muito bonito de uma pessoa, ela conceder seu tempo para dizer o que ela acha errado e como isso deve melhorar, já que a nação escolheu um candidato ela também precisa dizer quando algo está errado e pedir por um ajuste. Felizmente os manifestantes estavam apenas na avenida e não na ciclovia, então pude seguir com meu caminho tranquilamente.

E finalmente eu passei pelo portão de entrada do parque. Respirei fundo o ar puro que exalava das flores e das árvores do local. Pessoas rindo e cantando, fazendo piqueniques apesar de ser apenas 10:00h da manhã, andando de bicicleta com os amigos, fazendo corridas e seguindo seus caminhos. Todos pareciam muito calmos e sorridentes, assim como eu estava agora. Acho que eu realmente precisava sair daquele prédio.

O sol escaldantes brilhava no alto de nossas cabeças, fazendo um calor infernal por aqui, apesar da grande quantidade de verde no parque. Tirei minhas mãos dos guidões e tentei tirar meu casaco de lã azul que eu estava usando, já que no escritório estava muito frio por conta do ar-condicionado e aqui estava um inferno. Rapidamente consegui tirar o casaco e coloca-lo na cesta da bicicleta. Pude sentir a brisa bater em meus braços nus por conta de minha blusa ser uma regata, vermelha caso queira saber. Fechei os olhos por um breve momento e virei minha cabeça ao sol, aproveitando o momento. E foi então que senti o impacto.

Fui jogada longe de minha bicicleta e dei de cara com a grama verde e macia, não tão macia agora. Meu chapéu coco preto saiu de minha cabeça e foi parar perto de um hidrante. Senti uma dor no lado do meu rosto que foi direto na grama. Me sentei com cuidado e coloquei a mão na maçã do meu rosto. Fiz uma careta e emiti um som de dor quase imperceptível pela altura de minha voz. Olhei em volta e fui atrás de meu chapéu. Coloquei-o na cabeça e dei uma olhada em minha roupa. Minha calça jeans branca estava totalmente suja e meu All Star preto também. Bufei. Era o meu tênis favorito. Procurei por minha bicicleta e vi que ela estava estirada na ciclovia, com tudo que estava na cesta jogado no chão.

Notei que um rapaz, muito bonito por sinal, estava na mesma situação que eu. Sua bicicleta estava no chão ao lado da minha e ele estava imundo. Acho que ele estava pior do que eu já que estava de terno. Aproximei-me de minha bicicleta e levantei ela, travando-o e deixando ela parada. Os papeis que antes estavam dentro da pasta estavam todos separados pelo chão. Com o impacto, o grampo que segurava as folhas foi estragado e então as folhas voaram. Recolhi todas elas e coloquei dentro da pasta, felizmente nenhuma delas tinha sido estragada. Coloquei a corrente, o cadeado e meu casaco na cesta e finalmente fui falar com o rapaz.

– Ei, você está bem? – perguntei.

– Sim, obrigado. E você? – disse, se levantando e tentando ajeitar seu palitó.

– Acho que sim. Me desculpe por ter batido em você.

– Não, a culpa foi minha. Eu estava perdido em meus pensamentos e não te vi.

– Então somos dois. – disse sorrindo. Ele sorriu para mim e ofereceu-me um aperto de mão.

– Sou Nicholas, ou você pode me chamar de Nick.

– E eu sou Lilian, mas todo mundo me chama de Lili. – disse pensando em Tony, então tecnicamente nem todo mundo de chama assim, mas tanto faz.

– Não se machucou? Eu vi que você foi parar longe e também...sua roupa não está muito boa.

– Meu rosto está doendo um pouco mas nada grave. E você, se machucou? Aliás, por que você está de terno andando de bicicleta? Acho que isso é um pouco raro hoje em dia. – comentei. Peguei o elástico que estava em meu pulso e amarrei meus cabelos loiros em um rabo de cavalo. Desisti do chapéu e coloquei-o na cesta também.

– É, acho que não é muito comum ver um executivo andando de bicicleta por aí. Estava indo pra empresa onde trabalho e hoje optei por algo mais saudável. Acho que vou ter que voltar pra casa agora, não posso aparecer assim por lá. – e com isso me ocorreu uma coisa.

–Ah, droga! Vou ter que voltar, não posso aparece assim também para onde eu estava indo. – disse, analisando minhas roupas novamente.

– Trabalho? – perguntou franzindo o cenho de uma maneira engraçada.

– Mais ou menos. A revista em que trabalho tem dois prédios. Eu estava indo entregar algo para o outro prédio mas ai...

– Você bateu em mim. – concluiu sorrindo.

– Sim. – concordei, sorrindo também.

– Me desculpe por qualquer coisa. Eu estava planejando algo para hoje mas acho que não vou te tirar da cabeça pelo resto do dia. – disse, deixando-me corada. Ele mexeu nos cabelos castanhos e olhou intensamente para meus olhos azuis. – Então, posso pegar seu número?

– Ah, claro. Tem aonde anotar?

– Sim. – disse retirando o celular do bolso.

Passei meu número para ele rapidamente. Assim que terminou de anotar ele guardou o celular no bolso e olhou para mim.

– Fui muito descarado ? – perguntou, fazendo-me rir.

– Acho que sim, mas não me importo.

– Então...seria demais se eu te chamasse para sair um dia desses? – perguntou levantando as sobrancelhas.

– Não. Seria legal. Eu acho. – assenti sorrindo.

Ele andou até um canteiro de flores e pegou duas, acho que as maiores que tinham.

– Não costumo ver mulheres e não entregar flores a eles. – admitiu, entregando as duas flores para mim. Eram bem bonitas até.

– Então você vê muitas mulheres? – questionei curiosa. Ele colocou a mão na testa.

– Não, claro que não. Eu sou muito idiota mesmo! – disse, fazendo-me rir de novo.

– Tudo bem, Nick. Então...você me liga mais tarde?

– Ligo. E se eu não ligar posso estou morto ou louco.

– Ok, vou levar isso em consideração. – disse, já voltado para perto de minha bicicleta e colocando as flores na cesta.

– Tchau Lili, te vejo por aí. – disse, subindo em sua bicicleta e destravando-a.

– Até Nick, espero sua ligação. – disse fazendo o mesmo que ele.

E assim partimos. Cada um em sua direção, ele para o sul e eu para o norte. Que seja a maneira que vou chegar no prédio da revista, agora não me importo tanto. E assim segui, com as roupas sujas, a mente limpa e o coração mais leve e cheio de expectativas de uma única pessoa. Algo que eu não sentia a quase dois anos atrás. E devo admitir que não há sensação melhor do que essa. Acho que finalmente minha vida está tomando jeito. E no final, eu nem tive que arrumá-la sozinha, não totalmente pelo menos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Comentem, favoritem e acompanhem a história, por mias que ela seja oneshot, porque isso dá uma certa publicidade á ela.
E caso algum dia a minha professora de redação queira ver isso aqui, Oi professora Miriam! Viu como sou eu, sua aluna Vitória, que está escrevendo isso aqui? Me inspirei daquele conto que a senhora contou pra gente no primeiro dia de aula. Valeu!
Até a próxima! Bjs



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