Sinais Apaixonados escrita por MariEntei


Capítulo 9
O Joelho Ralado




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Ela fechou seus dedos nos meus e assim descemos os 3 degraus do onibus, assim que o onibus deu a partida, Anna deu um aceno caloroso para o onibus como uma criança faz dizendo "tchau onibus!!", ela me deu um puxãozinho pela jaqueta e assim fomos, mas o primeiro passo dela não foi tecnicamente um passo, pareceu mais um tropeção, assim ela foi de joelhos no chão, coitada, tratei de ajuda-la, mas quando levantou percebi que a calça dela havia rasgado e seu joelho direito estava ralado, a levantei e perguntei a ela:

"se machucou?"

Desta vez perguntei em linguagem de sinais, é mais fácil quando você esta conversando com alguém que pode corrigir se esta errado ou não, mas isto não importa no momento, ela tocou para assim responder a minha pergunta, soltou um gemido meio fanho seguido de uma careta, assim ela fez que sim com a cabeça com um rosto de que parecia que iria chorar, pude ver onde ela tropeçou e era uma pedra bem pontiaguda, ela precisaria de um certo cuidado agora, a ajudei a apoiar no meu ombro e no primeiro banco que eu vi a sentei e pedi para colocar a perna do joelho ralado sobre a minha, como sou da área de saúde (saúde animal, mas alguns cuidados são os mesmos que os humanos) carrego comigo um kit de primeiros socorros, com a pinça tirei os pedaços do tecido que estavam grudados na área exposta, já que estava limpo agora seria a parte de limpar para preferir infecções, molhei um pedaço de gaze em um liquido desinfetante para feridas, olhei para ela, parecia assustada, peguei na mão dela, isso foi meio sem pensar, mas ela estava realmente com medo, assim que ela olhou pra mim sorri pra ela e peguei meu caderno:

"vai arder um pouco pois preciso limpar, seja forte, se arder muito aperte minha mão"

Ela ficou mais corada, e me fez um sinal para continuar, assim eu o fiz, apliquei a gaze no ferimento, ela não gritou, mas apertou minha mão com muita força, pude ver uma lagrima começar a se formar em um de seus olhos, tirei a gaze e logo substitui por uma com liquido cicatrizante e fiz o curativo, ela continuou apertando a minha mão, mas já tinha acabado já havia uns instantes, eu a cutuquei, assim que ela abriu os olhos e viu que já tinha acabado, ela fez sinal de desculpas, pareceu nervosa, logo pegou o caderno, mas deixou cair a caneta, provavelmente estava constrangida, logo a acalmei e fiz sinal de que estava tudo bem, eu entendia bem como era aquilo, já ralei muito o joelho quando era moleque e parece que a dor continua mesmo que já tenha passado, peguei a caneta e entreguei para ela, assim ela o pegou e o guardou na mochila:

"Obrigada"

Foi o sinal que ela fez, assim a ajudei a levantar e ela conseguia andar normalmente, mancando um pouco, mas provavelmente não sentira tanta dor quanto sentiria se não tivesse limpado a ferida, assim fizemos uma boa caminhada, é estranho como o pessoal da parte de humanas são tão de bem com a vida, parece que vida universitária não existe, estão sempre sorrindo, comendo, ouvindo musica, provavelmente não estão em período de provas, dizem que o pessoal de humanas some quando é semana de prova pois é muito texto e precisa ler bastante para compreender e dar uma boa resposta pois todas elas são interpretativas, não é como a parte de biológicas que é tudo questão de decorar e nem exatas que você tem a formula e é apenas aplica-la ao problema, acho que eu particularmente não conseguiria estudar na parte de humanas, admiro Anna por isso, ela se dedica tanto pra uma coisa que é de difícil entendimento para pessoas deficientes auditivas, bom, chegamos perto do bloco dela, Anna parecia um pouco apreensiva e se despediu de mim um pouco longe da entrada do bloco dela, estranho, assim ela foi e eu fui indo atrás dela com passos mais lentos, pude ver uma moça loira, bonita até mas meio sem sal, parecia aquelas meninas de filmes de princesas no qual o titulo é esta princesa mas ela só aparece por 10 minutos, tipo de pessoa clichê que não me importa, pude ver Anna passando do lado dela, ela abaixou a cabeça, a moça loira olhou pra ela com um sorriso que tirou toda a beleza dela, era mal e cheio de ódio, até que ela disse:


"Ei surdinha, porque não vai pedir dinheiro no semáforo para comprar roupa que não esta rasgada?"

Por isso se despediu, ela não queria que eu visse isso, como alguém pode ser tão cruel com uma deficiente? Ainda existem pessoas com este pensamento tão medieval? Mas o que me preocupa é, será que os outros alunos tratam ela desta maneira? Não é possível uma coisa dessas, ela é uma pessoa tão boa, como alguém pode trata-la desta maneira, vi ela acelerando a passada até encontrar uma moça de cabelo bem curtinho e castanho claro, conversaram em linguagem de sinais, mas era muito rápido então não pude compreender muito o que falaram, eu entendi o bom dia, mas o resto nada, preciso realmente estudar mais, provavelmente esta moça de cabelos curtos seja interprete dela, pelo que eu li por lei instituições de ensino são obrigadas a oferecer um interprete para deficientes auditivos para assim não perder matéria nem nada. Algumas horas se passaram e fiquei matando o tempo no refeitório, vi Anna chegando e se servindo, ela estava escolhendo um lugar para sentar, então levantei e acenei para ela, ela parecia um pouco triste e abatida, mas quando me viu logo recuperou o sorriso e veio até a mesa onde eu estava com uns amigos de outros cursos, quando ela viu que tinha mais pessoas ela parou e me olhou com um olhar meio amedrontado, sorri pra ela e dei um espaço para ela sentar do meu lado, assim que ela sentou meus amigos a observaram curiosos:

"Quem é sua amiga Kris?"

Perguntou um deles, Tadashi, um cara que mora a alguns anos no país, morou por alguns anos no Japão antes de vir morar aqui, mesmo no frio insistia em usar boné, ele faz Engenharia Mecatrônica, infelizmente não sei do que o curso dele se trata, mas tem um irmão gênio que ano que vem começa a estudar aqui também, pelo que sei ele tem 13 anos.

"É Kris, sua amiga é bonitinha, e aí, qual o seu nome?"

Perguntou meu amigo Flynn, ele prefere este nome do que o nome dele de Batismo, ele faz Ciências Politicas, ele é brincalhão fora da sala de aula, mas ouço relatos de que ele é muito serio e respeitado dentro da sala de aula. Anna se encolheu ao galanteio do Flynn e colocou o cabelo pra traz para mostrar o aparelho auditivo, Tadashi riu enquanto Flynn voltou a sentar normalmente no acento e pediu desculpa em linguagem de sinais, Anna não deixou de sorrir.

"Como sabe linguagem de sinais?"

"Eu to conversando atualmente com uma interprete que trabalha na faculdade, aí por conversar com ela acabei aprendendo algumas coisas basicas"

Anna pegou o caderninho e escreveu para mim:

"Já o vi de longe, ele é namorado da Zel"

Olhei pro caderno, e então olhei pro Flynn, ele era um cara que não gostava de manter compromisso ou tinha medo de se apaixonar, nao sei direito, então imaginei que ele estivesse mentindo.

"Anna disse que o nome da sua "amiga" é Zel, e que vocês não são só amigos, ela disse que você é namorado dela"

Só pude ver ele ficando envergonhado e tentando balbuciar coisas para se explicar, mas eu e tadashi ja tinhamos caido na gargalhada, Flynn Rider namorando? Isto é uma coisa que eu nunca imaginaria que aconteceria enquanto estivessemos na faculdade, talvez ele comecasse a namorar depois de formado ou depois de ter arrumado um emprego, a hora do almoço foi bem animada, e meus amigos quizeram saber mais sobre a Anna, eu havia contado meio por cima o acontecido um pouco antes da Anna chegar, eles convesaram normalmente com ela escrevendo nos cadernos e assim puderam se entender bem, flynn arriscou usar linguagem de sinais, foi engraçado Anna o corrigindo, assim como eu, Flynn precisa de mais treinamento, depois do almoço nos despedimos e assim cada um foi para seu bloco. No fim do dia eu estava no ponto de onibus, queria fazer uma surpresa pra Anna, o onibus assim passou e perguntei ao motorista se Anna ja havia embarcado, com uma resposta negativa eu pude ficar tranquilamente no ponto a esperando, Anna chegou poucos minutos depois, antes de eu dizer que a acompanharia no trajeto do onibus, ela pegou o caderno:

"Vem comigo, tenho uma surpresa pra você"

Não estava muito tarde então decido segui-la, demos uma boa caminhada até depois do campus da faculdade, me veio até uma ideia maluca de que ela iria me assaltar, mas acho que ela não o faria, estava escuro e sem iluminação, até que chegamos em um lugar, um café que ficava a poucos metros da faculdade, ja tinha ouvido falar deste lugar, era um lugar onde o pessoal que queira se concentrar mais nos estudos ficavam, ela era uma menina inteligente, imaginei que frequentaria este tipo de lugar, o interior era muito bonito, tinha varias prateleiras baixas com livros de diversos assuntos, mesinhas com um acento confortavel que daria para ficar horas, e em alguns cantos haviam puffs de varias cores e texturas para não grudar depois de algumas horas sentado nele, porque sinceramente, se dormir em alguns desses puffs em dias de calor, você só sai de la se for tirado por uma espátula, e ainda sim, não é garantia de que saia inteiro, assim anna colocou a mochila em um dos cantos e se acomodou em um dos puffs, ela era tão pequenininha que podia afundar livremente no puff, eu fiz o mesmo, mas como sou bem maior que ela, ainda deu para encostar os pés no chão, ela ficou deitada por alguns minutos, até que um dos garçons chegou e deu a mão para ela "desafundar" do puff, pelo jeito ja se conheciam, pois ela o cumprimentou com um "oi" e assim eles estavam conversando em linguagem de sinais, ele era deformado, talvez fosse portador de algo pois era corcunda mas parecia ser bastante forte, até pensei que talvez ele fosse surdo também, mas ela fez o pedido e ele perguntou para mim:

"O que o senhor vai querer? Anna disse que paga o seu"

Eu não deixaria Anna fazer isso, então eu prontamente desafundei um pouco mais do puff e fiquei em uma posição mais séria:

"Não não, eu mesmo pago o meu..."

Anna então o puxou, então ele traduziu o que ela disse:

"Ela disse que é em agradecimento por ontem e por hoje mais cedo"

Percebi então que eu estava a salvando toda a vez que nos viamos, fiquei envergonhado, eu fiz varias coisas para ela e quanto ela vai fazer algo por mim eu recuso, Anna então pegou na minha mão, eu a olhei nos olhos e ela sorriu, e fez sinal de tudo bem, pelo jeito não teria problema, então tratei de fazer logo um pedido:

"um Capuccino gelado por favor"

Sinto que esta noite será bem divertida e reveladora, mas isto ainda teremos que esperar para ver.


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