Suitai Monogatari - O Declínio do Conto escrita por Ketsura


Capítulo 2
Parte 1 - Capítulo 1.1 - Visão de Tokki


Notas iniciais do capítulo

Sinopse da Parte 1: Há séculos atrás, a humanidade passou uma crise em escala mundial pela falta de pessoas. Visando diminuir os empregos e dar mais tempo livre as pessoas para reproduzirem, houve uma tentativa de por robôs, o que fracassou completamente.

Sem os robôs, surgiu uma descoberta que mudaria tudo: Para solucionar o problema da população, toda a humanidade viraria hemafrodita, assim qualquer pessoa poderia reproduzir com quem quisesse.

Séculos depois disso, por causa de ligeiras diferenças corporais e de comportamente, a humanidade começou um novo preconceito que gerou um novo conceito de sexo: Os Novos Homens e as Novas Mulheres.

Esses dois conceitos de sexo iniciaram uma guerra, onde dividiu-se o mundo em duas partes, uma dominada pelos Novos Homens e outra pelas Novas Mulheres.

Nesse contexto, existe um grupo rebelde que deseja que acabe com essas fronteiras e tudo volte a ser um só. Nisso temos Octavius, mas que é dado como morto, mas reaparece como nosso protagonista, que precisa achar uma solução para esse conflito.



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Hoje já faz uma semana desde que aquilo aconteceu.

Há sete dias, durante uma luta, o nosso grupo perdeu um membro importante. Ele era Octavius.

Octavius era um amigo importante para a gente, ele era nosso líder e filosofo, ele que nos dava motivação para continuar nessa luta. Foi ele quem me trouxe a essa luta.

A nossa história começa há muito tempo, quando o grande cientista galês, Stuart Miyamoto, descobriu algo que salvaria a humanidade.

Naqueles tempos a humanidade estava em crise, o mundo cada dia tinha menos pessoas e algo precisava ser feito, as pessoas se importavam mais com o trabalho que com o sexo. Políticas de redução da carga horária foram feitas. A situação ficou tão complicada, que até a China, que já foi conhecida por ter 1 bilhão de habitantes, acabou com a lei que proibia os casais de terem mais de um filho.

Surgiram os robôs, algo naquela época considerado o salvador da humanidade, eles vinham para literalmente nos substituir. Com eles fazendo todo o trabalho, teríamos tempo para poder namorar, fazer sexo e, consequentemente, fazer filhos. Era essa a teoria na prática, se ela tivesse dado certo.

Uma bug gravíssimo atingia todos os robôs e não havia solução, eles mais ajudavam a criar mais dores de cabeça aos humanos que ajudar a nós a fazer o que eles foram feitos para fazer.

O projeto foi abandonado em apenas 10 anos, que foi quando surgiu Stuart, um mero otaku conseguiu combinar ambos os cromossomos X e Y de forma perfeita, e assim surgiu o que na época era um terceiro sexo: os hermafroditas. Apesar delas já existirem desde os tempos antigos, pessoas assim nunca foram capazes de reproduzir na maior parte dos casos.

Capazes de reproduzir, a ideia aos poucos foi sendo aceita e, aos poucos, essas novas crianças se tornaram capazes de salvar a humanidade. A população logo voltou a crescer e com o passar dos séculos, o terceiro sexo na época se tornou o único sexo existente.

Com a combinação de ambos, a aparência da grande maioria se tornou andrógena, mas na visão de um grupo de pessoas, não era bem assim.

Apesar de todos serem capazes de reproduzir, haviam diferenças corporais que, apesar de na prática não mudarem em nada o que eramos, começou a ser vista com preconceito.

Fomos divididos em dois sexos novamente, dessa vez chamados “Novos Homens” e “Novas Mulheres”.

As tais Novas Mulheres iniciaram uma extensa guerra que quase pôs tudo a perder, o acordo de paz foi a divisão do mundo em Nações que passariam ser de cada um dos novos sexos. Era um apartheid futurista que era visto como uma “solução”.

Evidentemente, as Nações foram divididas pelas riquezas naturais, países como Brasil caíram nas mãos das novas mulheres e se tornaram o chamado primeiro mundo, enquanto boa parte da África e Ásia que sempre foi pobre, continuou pobre e ficou como território dos Novos Homens.

Não era um acordo muito bom para a gente, afinal, elas ficaram com todas as riquezas e nós com toda a miséria, mas estávamos perdendo aquela guerra sem sentido, era melhor que sermos exterminados.

Cansados de ser quase impossível entrar no primeiro mundo, uma nova briga começou. Não era uma guerra mundial, já que nem todos brigavam por ela, mas era uma guerra, iniciada pelo pai do Octavius em busca de igualdade.

As diferenças entre nós era minúscula, na maior parte das vezes não passava da ordem que os genitais ficavam em nosso corpo, era uma ideia ridícula discriminar alguém apenas por isso, mas era assim que nosso mundo estava naquele momento. Nossa causa, que nos livros de história se assemelhava ao feminismo dos tempos antigos, era acabar com essas ideias retrógradas que estão imperando pelo mundo faz tempo.

Em uma ofensiva que nos daria um ponto chave para avançar na nossa luta pela igualdade, fomos vendidos. Um dos nossos informantes no outro lado abriu o jogo e contou todo o plano. O exercito inimigo, bem preparado e sabendo tudo o que faríamos, atacou com tudo.

Foi um massacre total, não tínhamos como manter a briga naquele momento, estava tudo perdido. Eu e Octavius sabíamos disso e tentamos recuar. Muitos de nossos companheiros voltaram, pois nossa vida valia, se morrêssemos ali, tudo seria jogado fora, nada que fizemos até aquele momento valeria para algo.

Naquela noite daquela semana, um drone inimigo localizou onde os principais membros do nosso movimento estariam, e não deu outra, uma bomba que não prevíamos nos atingiu em cheio. Momentos antes do míssil inimigo atingir onde estávamos, eu e Octavius ali, passando ordens via rádio para que nossos amigos recuassem, as casualidades daquela noite já passava da casa dos mil.

Quando o sinal começou a ofuscar, eu fui até a porta tentar ver se conseguia algo, sem sucesso eu tentei fazer igual fazíamos com celulares antigos, o levantei ao ar para ver se aparecia o sinal, foi naquele momento que eu vi o míssil. Não havia como salvar nós dois naquela hora, mas, mesmo assim, eu corri, eu precisava tentar salvá-lo a todo custo.

No desespero para que não morresse, ele correu até onde eu estava. Era um pequeno banheiro, o míssil atingiria as paredes, mas provavelmente ele não sobreviveria. Com pouco tempo sobrando, eu tentei gritar, mas sem sucesso.

O míssil atingiu o local, o impacto me jogou para trás e eu desmaiei, quanto ao Octavius, foi faltal, os escombros atingiram sua cabeça e ele morreu na hora, sem chance de ser salvo.

Quando eu acordei todos estavam chorando, eu sem entender direito ainda o que aconteceu, logo tentei levantar da cama em que estava quando me impediram, não tardou de me explicarem o que aconteceu.

Um míssil tinha atingindo onde ele estava e o impacto havia destruído o local completamente, ele como sabia de nada, não conseguiu se desviar do que o destino havia decidido, ou melhor, o que as Novas Mulheres decidiram.

Houve um grande funeral para Octavius, ele era nosso líder querido e amado, ele jamais seria esquecido por tudo que ele fez pela gente. Após o funeral, apesar de todo o clima de luto, alguém precisava ser o novo líder. E o escolhido era eu.

–Dada as fatalidades que ocorreram, você, Tokki, você jura perante esse manto nos conduzir no lugar do nosso querido Octavius em nossa briga pela justiça, que agora será em dobro?

–Eu juro.

Naquele momento, eu me tornei o líder. Abalado com tudo que aconteceu, eu não conseguia, mesmo tendo jurado. Apenas fingi ser forte no momento que passaram o manto de ser líder. Era peso demais para mim. Eu sei que o Octavius confiava em mim, mas eu não acreditava em mim e entrei em depressão, aquela uma semana foi complicada demais.

Eu não tinha mais forças, apenas estava recebendo comida em meu quarto. Não tinha mais forças para nada. Eu nunca precisei tanto do Octavius antes, eu estava sendo uma bela merda de líder, um líder depressivo que não conseguia superar a perda do grande amigo.

E estava assim, até que eu ouvi uns comentários no corredor próximo ao meu quarto. Naquele momento eu tive uma curiosidade gigantesca, eu não podia ignorar aquilo, me parecia uma última brecha de esperança para aquela fatalidade. Assim, me levantei e pela primeira vez eu sairia daquele quarto.

–Ei, você pode repetir o que você tava comentando? - perguntou Tokki a pessoa que estava conversando.

–Ah, tem uns rumores que capturaram o Octavius no Japão.

–Mas que merda é essa?! Eu vi o velório dele! - disse Tokki enfurecido.

–Eu não sei te explicar, pergunta pro vice-comandante que ele deve saber melhor. - respondeu a pessoa.

Naquele momento uma explosão ocorreu dentro de mim. Uma energia que eu não tinha fazia tempo surgiu e me deu forças. Eu tinha que saber que história era essa do Octavius ter sido capturado no Japão, isso não podia ser real nem fodendo. Naquele momento eu corri como eu teria corrido se soubesse do míssil com mais antecedência. Mesmo sabendo que ele morreu, uma esperança acendeu em meu coração, eu precisava saber o que estava acontecendo.

O quarto do vice-comandante era dois andares abaixo do meu, eu cheguei lá ofegante, ele não entendeu nada quando perguntei que história era aquela, era novidade para ele também. Como nenhum de nós sabia o que se passava, ele sugeriu ligar a TV para saber se tinha algo, e eu falei que era para ligar.

Estava lá, no nosso sinal pirateado da televisão do primeiro mundo (que não incluía o Japão, apesar deles serem aliados), vimos a notícia. “Chefe de membro de grupo extremista é capturado no Japão.” E lá estava, era o Octavius sem sombra de dúvidas, nitidamente era ele, e o vice-comandante concordou comigo.

Naquele momento eu entrei em uma euforia interna, não conseguia acreditar naquilo que eu via. Olhei nos olhos do vice-comandante e pedi para ele que reunisse toda a tropa naquele exato momento, ele havia entendido, nós iriamos em uma missão para resgatar essa pessoa que noticiaram como Octavius na televisão. Ele emitiu o comunicado a todo o esquadrão enquanto eu fui ao meu quarto. Tinha que mostrar confiança aos meus homens, mostrar a eles que o velho Tokki estava de volta e que precisava da ajuda deles. Vesti o uniforme de comandante e fui para o salão de reuniões. Como o esperado, todos atenderam ao pedido, então me dirigi ao microfone e falei.

–Eu queria começar pedindo desculpa a todos, faz uma semana desde que eu me tornei o comandante de vocês e tudo que eu fiz foi dar uma de Shinji em vez de encarar a responsabilidade que eu tenho com vocês. Eu peço desculpas por essa semana conturbada desde que o Octavius morreu e eu estive apenas em meu quarto deprimido, mas eu peço a vocês mais uma chance. - disse Tokki, enquanto ligava o projetor para mostrar o que queria.

–Faz apenas alguns minutos desde que eu recebi uma notícia, eu não vou precisar mais ser o capitão de vocês, tudo porque esse homem foi capturado no Japão. Sim, ele se assemelha ao nosso velho Octavius, e eu realmente quero acreditar que essa pessoa é ele, eu tenho fé que de alguma forma milagrosa, ele não morreu para aquele míssil, e foi de alguma forma parar no Japão. Se vocês me perguntarem se eu acho que pode não ser ele, sim, eu acredito que não possa, mas eu quero acreditar que sim. Por isso eu peço que vocês me deem uma chance de tentar de novo ser seu comandante pelo menos uma vez e que vocês me ajudem a tirar esse homem das mãos das Novas Mulheres. Todos nós sabemos que se elas colocarem as mãos nele, será fatal, ele será morto como um aviso a todos. Mas nós podemos ir lá e trazer ele, e mostrarmos que não perdemos essa batalha, que ainda temos ânimo e determinação para vencer. - finalizou Tokki ofegante.

Discursando como nunca discursou antes, usando um tom de voz mais alto que o comum, Tokki pela primeira vez parecia um real líder. Era uma missão suicida, ele só teria uma chance de fazer aquilo dar certo, mas ele tinha que parecer forte perante seus companheiros de luta. Não podia ser o Tokki choroso que ficou uma semana isolado, mas sim se mostrar forte, e foi o que conseguiu. O esquadrão ficou meio desconfiado no começo, mas com o passar do discurso, sentiu que Tokki estava sendo sincero quando pediu ajuda. Eles no fundo queriam acreditar no que Tokki acreditava, e eles sabiam que se aquilo fosse bem-sucedido, seria um belo golpe nessa guerra.

E não deu outra, o esquadrão logo começou a apoiar a missão, eles gritavam o nome de Tokki que chorava pela confiança dada a ele pela equipe toda. Ele não sabia se merecia toda aquela confiança que emanava no ar, mas não se importava, sabia que devia se esforçar agora, era um tudo ou nada, não podia perder e havia pouco tempo até que as Novas Mulheres fossem pegar o ser que identificaram como Octavius. A operação foi planejada em algumas horas e logo eles partiriam da Ilha Independente de Okinawa até o Japão, onde resgatariam Octavius.


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