7 Meses Antes

Depois de ter vivido tantas aventuras junto aos seus amigos, Percy pensava que jamais poderia viver uma vida normal.

Felizmente, ele estava certo.

Ser um semideus em um mundo infestado de monstros e Deuses nunca seria fácil, mas permitira a ela conhecer seus melhores amigos, sua família e a mulher de seus sonhos.

Faltava pouco menos de um mês para completar um ano e meio morando junto com Annabeth em um apartamento confortável em Manhattan, e aquela era sem dúvidas a melhor época de sua vida. Ele a conhecia há mais de dez anos, e, portanto já era hora de darem um passo adiante.

O casal viajaria para São Francisco durante aquele final de semana, após receberem o convite da família de Annabeth para se reunirem para celebrar o aniversário de Mathew, irmão mais novo dela.

A relação da filha de Athena com seu pai e madrasta fora conturbada por muitos anos, por tudo que acontecera na época em que Frederick se casara, provocando a fuga de Annabeth.

Percy sabia o quanto ela sofrera por tudo que tinha passado, mas a distância também nunca a fizera se sentir melhor em relação a seu pai.

Era a quarta vez que Percy visitava a casa dos sogros como namorado de Annabeth, mas nem assim ele conseguia conter o nervosismo crescente, principalmente por planejar pedir a mão da namorada a seu pai nesta ocasião. Uma tradição antiga e ainda pouco usada, mas que ele queria seguir.

Annabeth apertou sua mão entrelaçada a dela quando pararam na soleira da porta, tocando a campainha logo em seguida.

Não demorou muito até a Sra. Chase atende-los com um sorriso agradável iluminando seu rosto.

– Annabeth, Percy! Que bom que vieram! – Ela disse simpática, abraçando-os e dando espaço para entrarem.

– Nós não poderíamos deixar de vir para o aniversário do Mathew! – disse a loira, sorrindo em resposta.

– Seu pai ficará feliz em ter vocês aqui. Venham, entrem, estávamos esperando vocês.

Ela os guiou até a sala de jantar, onde o resto da família se encontrava, junto a alguns amigos dos dois adolescentes.

– Annabeth! – falou Frederick, se colocando de pé para abraçar sua filha.

– Oi pai... – ela falou levemente constrangida pela reação dele.

– Sr. Chase, como vai?! – Percy o cumprimentou com um aperto de mão animado.

– Tudo bom, Percy, obrigado. Como estão as coisas em Nova York?

– Tudo na mais perfeita ordem. – ele sorriu, vendo os cunhados descerem as escadas e abraçarem a irmã.

– Annabeth, Percy! Vocês vieram!

– Hey Mathew, ficando mais velho hein?! – brincou Percy bagunçando os cabelos do garoto, depois que o Sr. Chase se afastou para ajudar a esposa a arrumar a mesa.

– Trouxeram presente?! – ele perguntou, encarando Percy ansioso.

– Trouxemos Mathew. – riu Annabeth - Espero que goste, Bobbi falou que você estava procurando por eles. – disse ela, entregando a pesada caixa ao irmão, que rapidamente rasgou o embrulho, revelando seu conteúdo.

– A edição limitada de Harry Potter com capa dura! Eu achei que estavam esgotados! – ele exclamou, com os olhos brilhando para os livros em sua mão.

– Bom, eu tenho meus contatos. – ela sorriu, piscando para o mais novo.

– Obrigado Annie! Obrigado Percy! – ele agradeceu, chamando Bobbi para irem mostrar a mãe o presente que havia recebido.

– Annabeth Chase! – chamou um rapaz loiro, que chegava junto a outro garoto moreno.

– Magnus?! – ela sorriu, aproximando-se e abraçando ele apertado – Deuses, há quanto tempo!

– Pois é priminha, você nunca mais me fez uma visita. – ele disse, fingindo estar magoado.

– Sabe como é Magnus, a vida tem estado um tanto corrida nos últimos anos. – ela sorriu.

– Isso é quase um eufemismo, amor. – riu Percy, chamando a atenção.

– Pode ser. – ela concordou logo se lembrando de que o namorado ainda não conhecia o outro lado de sua família, e os apresentando - Percy esse é meu primo, Magnus. Magnus esse é meu namorado, Percy.

– É um prazer conhece-lo Percy, meu tio fala muito de você.

– Bem, eu espero. – brincou Percy.

– Isso eu já posso garantir cara. Esse aqui é meu amigo, Tomas. – ele disse, apresentando o garoto moreno, que chegara junto a ele.

– Prazer. – ele disse, apertando a mão de Percy e em seguida, encarando Annabeth por algum tempo, deixando o filho dos mares um tanto incomodado suficiente para fazê-lo abraçar Annabeth um tanto possessivamente, e encara-lo com os olhos tão revoltos como o oceano.

– Vamos almoçar então? O Sr. Chase está nos esperando.

– Claro, estou faminto! – concordou Magnus, alheio a situação que não passou despercebida por Annabeth – Vem Tomas.

Quando os dois se afastaram, e Percy fez menção de segui-los, Annabeth segurou sua mão, puxando-o para perto.

– O que foi isso?

– Isso o que? – ele se fez de desentendido.

– Você sabe muito bem do que eu estou falando, Cabeça de Algas.

– Annabeth, pelo amor de Poseidon, ele quase comeu você com os olhos! – ele sussurrou nervoso, fazendo biquinho sem encara-la.

– Percy, amor, para com isso. – ela riu com a infantilidade dele, segurando seu rosto – Não precisa ficar com ciúmes, seu bobo. Não confia em mim?

– Claro que sim, Sabidinha. Mas se ele olhar para você daquele jeito de novo, sou capaz de provocar um tsunami aqui. – ele riu, beijando-a longamente – Vamos lá, seu pai está mesmo esperando.

Eles seguiram para a mesa, onde todos já se serviam. O Sr. e a Sra. Chase, sentaram-se nas cabeceiras, com os outros sentados lado a lado, deixando assim os lugares na frente de Tomas e Magnus para os dois.

Todos conversavam animadamente, Annabeth e Percy respondendo as perguntas de um interessado Sr. Chase sobre o apartamento e o trabalho de cada um deles.

Em alguns momentos, Percy percebia Tomas encarando Annabeth e sorrindo descaradamente para a loira, fazendo-o se retesar na cadeira, segurando-se para não explodir as tubulações da casa.

Quando a filha de Athena percebia, ela apenas entrelaçava seus dedos aos dele naturalmente, lançando lhe um pequeno sorriso que acalmava seu coração.

Depois que almoçaram a Sra. Chase trouxe o bolo e todos se colocaram de pé para cantar parabéns para Mathew.

Enfim, quando terminaram, Bobbi e Mathew arrastaram todos para a sala de TV, loucos para assistir ao jogo dos Red Sox.

– Eles vão ser campeões esse ano Annabeth!

– Nem nos seus sonhos Magnus. Os Yankees vão vencer essa temporada mais uma vez.

Aproveitando a oportunidade, Percy chamou o sogro disfarçadamente para conversarem a sós, seguindo-o até seu escritório no andar de cima.

– Sobre o que quer falar comigo Percy? Algum problema com Annabeth?

– Não, não – ele sorriu – Pelo contrário Sr. Chase.

– Nesse caso, o que é então?

– Eu... – ele tremia um pouco, tentando diminuir seu nervosismo, por fim suspirando fundo antes de perguntar - Eu e Annabeth estamos juntos há muito tempo, Sr. Chase, e tudo o que eu mais importo nesse mundo é a felicidade dela, e por isso eu queria saber se o senhor me concederia a mão dela em casamento.

– C-Casamento? – ele engoliu em seco.

– Sim senhor.

– Esse é um grande passo, uma grande responsabilidade você sabe.

– Eu sei Sr. Chase, mas se tem alguém com quem eu quero passar o resto da minha, seja por apenas mais um segundo ou por todo um século, esse alguém é Annabeth.

– Percy, eu sei o quanto minha filha gosta de você e que esse mesmo sentimento é recíproco... Então, o que eu posso dizer, se não, sim?! – ele disse feliz, percebendo o grande sorriso se formando no rosto do jovem - Mas eu quero que me prometa uma coisa.

– Claro senhor, o que quiser. – falou Percy, completamente extasiado.

– Cuide dela ok? – ele sorriu triste – Eu não pude fazer isso quando ela era uma criança, mas eu amo minha filha mais que tudo nesse mundo. Então prometa que será bom para ela.

– Eu prometo Sr. Chase, eu... Eu amo muito sua filha. – ele admitiu.

– Eu sei que sim rapaz. – riu Frederick – Agora dá aqui um abraço no seu sogro! – completou, puxando Percy e batendo em suas costas.

– Obrigado Sr. Chase. – disse, retribuindo o abraço sincero.

Um pouco emocionados, os dois desceram para a sala de TV prontos para assistirem ao jogo junto aos outros, quando Percy notou que enquanto Mathew e Bobbi estavam estirados no chão, Annabeth estava sentada ao lado de entre Magnus e Tomas, sendo que o este últimos, tinha o braço nas costas dela, que se mostrava totalmente inconfortável com aquilo.

Os olhos de Percy brilharam de raiva, e ele pode sentir o sistema de água vibrando em seus ouvidos. Mas ele não podia estragar tudo agora, e respirando fundo, ele se aproximou com um sorriso no rosto, abrindo espaço a força para se sentar entre os dois, agarrando a mão de Annabeth, e beijando-a demoradamente.

– Eu amo você Annabeth.

Ela riu ao ver Tomas se levantar e sentar-se emburrado ao lado de Magnus, para então encostar sua testa a dele e acariciar levemente a barba em sua bochecha

– E eu amo você... Principalmente esse novo jeito de lidar com seus ciúmes. – disse, fazendo-o rir para então beija-la de novo.

– Ei! Se os pombinhos não se importarem, a gente quer ver o jogo!

– Ah Mathew, os Sox já perderam mesmo.

– Vai sonhando Jackson! – o garoto disse autoritário, levantando-se em um pulo – E pode chegar para lá, eu não te dei essa liberdade com a minha irmã perto de mim! – completou, empurrando-o para se sentar entre ele e Annabeth.

– Mas já não se pode nem ficar perto da namorada meus Deuses! – ele falou, discretamente passando o braço ao redor dela para segurar sua mão delicadamente.

– É isso ai! Respeito na minha presença.

– E depois eu que sou ciumento... – Percy gargalhou, trocando um olhar cúmplice com Annabeth.

Voltando seu olhar para a televisão, ele refletiu percebendo o quanto aquele exato momento ali era perfeito.

Casamento.

O Sr. Chase estava certo, esse era um grande passo a ser dado.

Mas Percy sabia que, juntos, ele e Annabeth poderiam fazer qualquer coisa. Afinal, ele não precisava de mais nada desde que tivesse Annabeth segurando sua mão.