Save me escrita por Vany Myuki


Capítulo 17
Ciclo da vida


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!
Sentiram saudades?
Eu espero que sim ;)
Enfim, passando para postar um capítulo curto, mas bemmm importante.
Preparem os lencinhos: nada de afiar os machados na minha direção, ok? kkk
Bjs e aproveitem o capítulo o/



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P.O.V Callen

Hercu e Nayda se aproximaram da balaustra, no intuito de retirar o corpo inerte de Tristan da mesma, mas, antes que o fizessem, me antecipei.

A cabeça de Tristan pendia, o corpo sem vida marcado pela tortura, enquanto o sangue gotejava de cada ferimento.

Quem o visse acharia que estava vivo, embora muito machucado, mas eu sabia a verdade.

Não deixei que as lágrimas trilhassem meu rosto.

Não me deixei desabar pelo peso da culpa.

Não demonstrei nada.

Não podia conceder-lhes esse triunfo.

Minhas mãos desamarraram o corpo de meu irmão e o seguraram com cuidado, uma demonstração de carinho e honra que eu gostaria que ficasse marcada em meus pequenos gestos.

Os olhos de dezenas de pessoas queimavam às minhas costas, incapazes de nos darem um momento de privacidade. Um momento de adeus.

O silêncio reinava em toda a parte, com exceção de um murmúrio ou outro, lamentando o ocorrido.

Mas, no geral, as pessoas estavam contentes por mantermos a tradição.

Nossos ancestrais fariam isso.

Meu avô faria isso.

Meu pai, com toda certeza, não hesitaria.

E eu, como novo líder tinha que fazê-lo também, não importava o quanto aquilo me dilacera-se por dentro. Eu precisava fazê-lo. Tristan não aceitaria outra coisa se não minha submissão ao nosso povo.

Com cuidado levantei o corpo de meu irmão e com ele desci o palco que servira de atração as almas ávidas por sangue.

No meio do acampamento um círculo calculado meticulosamente para repousar um corpo se abria, tão bem ornamentado que nos remetia a um sepultamento e não ao desfecho de um traidor.

Acomodei o corpo da melhor maneira que pude, lutando para sufocar o monstro que rugia dentro de mim.

Algo na expressão de Tristan me dizia que, apesar de tudo, ele parecia finalmente estar em paz.

Em algum momento de meu transe, Hercu se aproximou com um galho sendo consumido por labaredas multicolores e incendiou o círculo de madeira.

Na maioria das vezes, quando éramos obrigados a agir dessa forma, as pessoas se dispersavam, deixavam que o corpo da vítima fosse consumido pelo fogo sem que nenhum espectador conseguisse ficar até o fim.

Mas, naquele dia, todos os presentes não arredaram o pé até que nada mais restasse de Tristan, até que seu último osso virasse pó.

Por mais terrível que possa parecer eu sabia que, aquele gesto, era uma espécie de agradecimento pelo guerreiro e amigo que ele havia sido.

Uma homenagem pelo homem que havia partido.

***

P.O.V Bellamy

Minha garganta estava seca.

Água.

Eu sabia que precisava de um pouco de água.

Sem que eu sequer abrisse os olhos o líquido magicamente começou a fluir pelos meus lábios entreabertos.

A água corria pela minha garganta feito larva, queimando e arranhado-a, efeitos da febre insistente que parecia não querer abandonar meu corpo.

Após alguns segundos de dificuldade eu já me sentia saciado.

A mão que me ofereceu água também soube a hora de retirá-la de meus lábios.

Minha mente procurou lembranças, quaisquer que fossem.

Mas não necessitei me empenhar muito.

A voz dela me trouxe a realidade e me concedeu o ar novamente.

_Você parece melhor.

Minhas pálpebras se abriram numa velocidade assustadora.

Se antes eu tinha problemas em sentir algo, agora eu sentia tudo.

Sentia meu coração se ritmar de forma frenética, sentia o sangue correndo impetuoso por minhas veias, enquanto todo os sentimentos ruins eram deixados de lado, jogados para o fundo de um poço inexistente, fadados ao esquecimento.

_Não tem noção do quanto me assustou, Bellamy._admitiu Clarke, os olhos tão cheios de angustia que me senti um lixo por fazê-la se sentir assim.

Minha mão se ergueu devagar, tão debilitada quanto o resto de meu corpo. Meu toque encontrou a pele macia de sua bochecha e ali repousou, sem pressa para se afastar.

Os olhos azuis se fecharam, enquanto alívio e tristeza tomavam a expressão de Clarke.

_Eu disse que não podia perder você também._murmurou ela como repreensão, embora tenha saído tão sofrível que nem pensei em considerá-la.

_Eu poderia estar morrendo e você, ainda assim, não perderia essa postura autoritária, não é mesmo?_não pude evitar esboçar um sorriso ao fim da frase.

Vi ela rir contra a minha mão, seus olhos se abrindo com uma leve alegria que poderia contagiar o mundo de tão pura.

_Não se esqueça que sou Clarke Griffin: nada nunca vai me mudar._e não precisava, eu a amava do jeito que era, com todos os seus defeitos e qualidades.

Quando tentei me erguer ela fez menção de me impedir, mas algo em seus olhos demonstrou que ela vira a chama forte e decidida que brilhava nos meus.

Com o corpo protestando eu me levantei e a prendi em meus braços, tão ansioso por tê-la ali, segura e protegida, que nada no mundo poderia me fazer mais feliz naquele momento.

_Preciso saber, Clarke._minhas palavras saíram enroladas de tão afobadas._Eu preciso que você me dê todas as esperanças agora ou as destrua de uma vez por todas. Fique tranquila, sou um homem forte, aguento o que for._brinquei, embora soubesse que se o pior fosse dito eu tampouco me recuperaria.

Pela primeira vez eu me sentia completo, sem frustrações, problemas ou o terrível sentimento de algo corrompido. Mas eu sabia que, grande parte disso, se devia ao que eu sentia por ela. Pela coleção de sentimentos que adquiri nos últimos meses desde que a conheci.

Tudo isso, toda essa felicidade excessiva, se devia única e exclusivamente à ela. Eu temia as próximas palavras proferidas, mas não podia conviver com a dúvida um único segundo mais.

Os olhos da princesa me analisaram por alguns segundos, tão profundos quanto os próprios segredos mais obscuros da Terra. Suas órbitas me circundaram com cuidado, analisando cada linha do meu rosto.

Em outro momento eu me sentiria vulnerável, próximo demais para deixá-la se aproximar, mas agora, enquanto a tinha junto ao meu corpo, tão perto do meu coração, eu sabia que meu pior erro seria fingir que não a amava.

_Quando eu disse que eu não poderia perdê-lo eu não estava brincando._suas mãos acariciaram a lateral de meu rosto, tão entretidas que me fizeram estremecer_Eu realmente não podia perdê-lo porque, entre todos, você é o único que me faz querer viver cada segundo intensamente.

_Você me ama?_era tudo o que importava.

Clarke sorriu e senti meu coração fraquejar ao gesto.

_Acho que nem em mil vidas eu poderia amar alguém como eu o amo._haviam lágrimas em seus olhos, mas não ousei limpá-las, porque, naquele momento, nada importava, exceto a junção de nossas almas seladas pelo impacto de nossos lábios.

Não existia mais Clarke.

Não existia mais Bellamy.

Éramos um.

Éramos mil.

E, naquele instante, éramos todas as esperanças e medos existentes. Tão em conformidade quanto o próprio ciclo da vida.


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Notas finais do capítulo

Comentem!
Recomendem!
Apreciem!
Favoritem!
E o mais importante de tudo: acompanhem!!!
Bjs de chocolate, pq chocolate é vida ;D



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