Save me escrita por Vany Myuki


Capítulo 11
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Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoas!
Então, mil e uma desculpas pela demora.
Recebi algumas MP's reclamando da demora em postar e peço, sinceramente, desculpas.
Ando meia ocupada com faculdade/trabalho/estágio/voluntariado, em suma, eu meio que virei um zumbi humano ;D
Mas, agora, de verdade, eu peço desculpas pela grande demora :/
Agora, sobre a linda recomendação que recebi: Laura eu sei que já te agradeci muito, mas, ainda assim, me sinto em dívida com você. De verdade. Eu simplesmente amei a recomendação, foi uma das coisas mais lindas que já li. Muito obrigada mesmo ♥
Sobre os capítulos: meninas, eu agradeço imensamente o carinho de vocês, sem o auxílio e o apoio de vocês eu e essa fic não seríamos nada, meu muito obrigada ♥
Agora, para finalizar, eu espero que vocês não me matem.
O capítulo não tá tãooo bom assim e está cheio de pequenas perguntas.
tenho certeza que vocês vai terminar o capítulo com uma ou duas perguntas as quais as respostas serão esclarecidas nos próximos capítulos ;D
Um beijão meninas, muito obrigada por tudo ;*



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P.O.V Autora

_Queria falar comigo?

Os dedos de Lexa acariciavam a espada em sua mão com sutileza, seus olhos presos na cor metálica do objeto.

_Eu vou perguntar uma vez apenas e, para o seu próprio bem, eu espero que esteja sendo sincera._declarou a líder, os olhos ainda fixos no metal cortante.

A mulher se empertigou um pouco mais, o rosto inexpressível como sempre, uma fúria guerreira impregnando sua imagem.

_Deixou que nosso prisioneira escapasse, não é mesmo, Indra?_Lexa se levantou de seu trono e, com a espada em mãos, caminhou despreocupadamente até Indra, seus olhos verdes adentrando a dureza dos traços da mesma.

_Sim._respondeu a guerreira com coragem, embora soubesse que sua traição pudesse lhe custar a própria vida.

Lexa a encarou por alguns segundos, estudando-a, tentando entender o que se passava na mente de sua subordinada.

_Não me parece algo que você faria. Não você.

Indra levantou o queixo desafiadoramente, seus olhos negros encarando sua líder com ousadia.

_Lincoln era um dos nossos, mas não por opção, a vida o fez um terráqueo. E agora ele fez a escolha dele.

O rosto de Lexa estava compenetrado, absorvendo as palavras proferidas por Indra.

_Acredita em livre arbítrio._não fora uma pergunta, mas uma afirmação sarcástica.

_Ele não nos pertencia. Não mais._enfatizou.

Indra não se moveu ou recuou quando a lâmina nas mãos de Lexa se aproximara perigosamente de seu pescoço, enquanto a líder manuseava o objeto com destreza e indiferença.

_E por isso achou que cabia à você decidir o destino dele?!

A afirmação era revestida de sarcasmo e raiva sutil, uma amostra perfeita do sangue frio o qual uma líder deveria possuir para reinar com destreza.

Indra não se abalou quando o metal afiado foi pressionado contra a pele de seu pescoço, não emitiu som algum enquanto uma linha de sangue tingia sua pele.

_Sou uma terra-firme. Faria qualquer coisa para proteger meu povo. Mas não vivo apenas disso. Tenho ideologias e abandonar os companheiros em uma guerra, à mercê dos inimigos, não faz parte delas.

A lâmina contra o pescoço da guerreira estagnara no mesmo local por segundos, enquanto o choque nos olhos da líder ia se diluindo.

Indra sabia qual seria o desfecho daquela conversa.

Sabia que seu fim estava próximo. Apenas uma pressão maior e sua cabeça seria arrancada de seu corpo e sua guerra enfim terminaria.

A mulher esperou com uma coragem excessiva a morte rápida e indolor, mas a líder continuava com a espada sobre o corte em seu pescoço, incapacitada de continuar.

_É o que a diferencia de mim._a voz de Lexa era baixa, traiçoeira_Eu não tenho ideologias.

A mão da líder se moveu, rápida como uma serpente, precisa como um flecha...

O corpo da guerreira caiu no chão.

***

_O que há com Tristan hoje? Ele parece tão distraído._comentou Selenia ao lado de Lars, enquanto o mesmo trançava uma rede, auxiliando nos serviços da aldeia.

O rapaz olhou para onde Tristan estava e viu seu olhar perdido, assombrado com o sangue de Clarke.

_Deve estar com insônia._mentiu Lars, sorrindo para a jovem ao seu lado, os cabelos escuros trançados no alto da cabeça, ressaltando a estrutura firme e delicada de seu rosto.

Selenia lhe sorriu com igual fervor, ruborizando por detrás de toda a pintura negra de seu rosto.

_Você não apareceu mais. Anda ocupado ultimamente..._começou com cuidado, temendo que Lars fizesse o que sabia fazer de melhor: se esquivar de qualquer assunto íntimo que envolvesse relacionamentos.

_Eu ando meio ocupado resolvendo uns problemas com Tristan, mas..._o rapaz virou-se totalmente para Selenia, esquecendo o trabalho artesanal e envolvendo seus braços na cintura da mesma_Se você não estiver ocupada hoje nós poderíamos fazer algo..._acrescentou com um sorriso malicioso, embutido de muitos sentidos.

Selenia sabia que sua face expressava a confusão que estava sentindo.

Lars nunca convidava-a para "fazer" algo juntos, ele apenas aparecia na calada da noite e executava o que ambos desejavam.

Ele jamais demonstrava afeto na frente dos outros.

_O que está havendo com você?_perguntou embasbacada, embora a sensação de estar nos braços do rapaz fosse, sem dúvida alguma, a melhor possível.

Lars sorriu de forma afável, algo muito incomum se tratando a quem o sorriso se dirigia.

_Apenas retribuindo anos de cuidado e paciência que você teve comigo._esclareceu, beijando-lhe o rosto com carinho.

A garota estava paralisada com toda aquela situação, mas percebeu sua falta de controle no segundo que os lábios de Lars contornara os dela com fervor.

Era pura explosão.

Larva sobre rocha, derretendo-se na junção perfeita.

Mas logo, tão rápido quanto Selenia pôde imaginar, Lars a soltou e, com um sorriso travesso, se foi. Deixando a promessa daquela noite parar na forma de sorriso na face da garota.

***

_Jasper...você precisa me salvar!_gritava Maya, estendida no chão. O rosto em carne viva, enquanto a radiação fazia sua parte em sua pele suave.

O garoto estava em pânico, seus pés não conseguiam se mover, enquanto ele assistia a vida da namorada se esvair.

_Jasper!_choramingava a garota, rolando no chão, possuída pela dor.

De alguma forma Jasper conseguiu mover as pernas de forma hesitante, mas, antes que pudesse chegar até Maya algo o deteve pelos ombros, prendendo-o no mesmo local.

_Eu não faria isso se fosse você._comentou uma voz conhecida.

Jasper se virou devagar, torcendo para que seu palpite estivesse errado.

Mas era claro que não estava!

Segurando seus braços, a face amigável como sempre, estava Finn. Seu cabelo desgrenhado estava alinhado para trás. Suas roupas, antes sujas de sangue, estavam limpas e intactas, o oposto da situação natural desde que desembarcaram em solo.

Ele parecia o mesmo Finn que Jasper um dia vislumbrou pelos corredores da Arca. Estava sorridente, tranquilo, em perfeita paz...

_Preciso ajudá-la._cochichou Jasper, sua voz tão inaudível quanto podia.

Finn assentiu, olhando rapidamente para a figura encolhida de Maya.

_Eu sei que você precisa, mas não deve, Jasper.

O garoto olhou Finn confuso, sua mente trabalhando para entender o significado das palavras do rapaz.

_Mas é a Maya._argumentou com veemência, como se estivesse falando a mesma frase uma centena de vezes para a mesma pessoa.

Finn largou os braços de Jasper e suspirou devagar, analisando a figura do amigo.

_A vida é feita de escolhas, Jasper. Você precisa saber quais são suas prioridades._declarou o rapaz, seus olhos amendoados transmitindo preocupação e, ao mesmo tempo, compreensão.

_Do que você...

A frase de Jasper foi interrompida por um grito.

Jasper virou-se num salto, os olhos esbugalhados.

Bellamy estava estirado no chão segurando o ombro com força, a face contorcida em dor.

_Jasper, me ajude!_gritou sem, de fato, olhar o mesmo.

O ombro de Bellamy estava tingido por um vermelho vinho, quase negro. O sangue do rapaz.

_Jasper!_urrou Belamy mais uma vez, os dentes trincados.

Jasper deu um passo, mas foi impedido pelo grito ensurdecedor que saíra dos lábios de Maya.

A garota se debatia, histérica, enquanto a radiação consumia sua vida.

Jasper virou-se para a figura de Finn.

_Ajude-os!_ordenou em desespero.

O olhar de Finn era de pura compaixão, mas havia uma resistência viva ali.

_Eu não posso, Jasper. Essa é sua guerra. A minha já acabou._anunciou tranquilamente.

As mãos de Jasper começaram a tremer, um pouco de desespero e raiva inflando-se dentro dele.

_Você precisa!_sibilou o rapaz com amargura, os punhos cerrados ao lado do corpo tentando controlar os tremores do mesmo.

_Sua guerra, amigo._repetiu Finn_Pese na balança suas prioridades. Esse é o único conselho que posso lhe dar.

E, tão rápido quanto um abrir e fechar de olhos, Finn sumiu, deixando Jasper com os gritos de Maya e Bellamy.

_JASPER!_a voz esganiçada de Maya atingiu o rapaz com intensidade.

Opções.

Ele precisava decidir.

O grito rouco de Bellamy sobressaltou Jasper, sufocando-o.

Sua namorada ou seu amigo?

Opções.

Ele precisava decidir.

Bellamy era jovem e forte.

Maya era vulnerável e fraca.

Opções.

Jasper fechou os olhos e tentou organizar os pensamentos em meio as vozes exaltadas de sofrimento de ambos.

Finn havia aconselhado-o.

Pense.

Pese na balança.

Como o girar de uma chave na maçaneta tudo pareceu tomar lugar dentro da mente conturbada de Jasper.

Bellamy estava vivo.

Maya estava morta.

Opções.

Maya não teria uma segunda opção.

Bellamy poderia ter, só dependia dele.

Os gritos cessaram e Jasper se viu imerso na floresta, a arma em mãos, enquanto Bellamy lutava pela vida, enquanto seu sangue jorrava de maneira assustadora.

Opções.

Não precisou pensar muito.

Um tiro certeira nas costas de um terra-firme foi sua opção.

Salvar Bellamy fora sua opção.

Em algum lugar dentro dele os gritos de Maya ecoavam, quebrando-o ainda mais, dilacerando-o.

Opções.

Embora vivo, sua única opção ainda baseava-se em vagar pelo mundo, oco, vazio, morto...

Bellamy, do outro lado, segurava o ombro com força, numa tentativa de estancar o sangue.

Seu olhar se cruzou com o de Jasper e suas palavras vieram carregadas de repreensão e raiva:

_Que diabos você estava fazendo?!

***

Era difícil distinguir o dia da noite dentro daquela cabana.

Mas Clarke, depois de sete dias, totalmente entediada, começou a notar que a temperatura caia um pouco antes de Lars voltar e subia antes dele sair pela manhã, o que se tornou seu relógio mental para definir o raiar e o anoitecer do dia, principalmente quando Lars não voltava.

Na última semana o rapaz havia mantido-a amarrada e amordaçada na maioria das vezes, salvo as horas que ele lhe trazia comida e ficava de vigia, estudando cada movimento da garota.

Clarke mal se lembrava do sermão que Lars lhe passou assim que ela recobrou a consciência, mas, em sua mente, era vívida a imagem dos olhos furiosos de Tristan e o sangue manchando sua camiseta.

Certa noite, enquanto Lars limpava seu machucado e trocava suas ataduras, Clarke mencionou o nome de Tristan, perguntando onde havia se metido ele. Num tom rude, perguntou se ela havia conseguido feri-lo antes de cair desacordada ou, melhor ainda, se ele havia sido morto em alguma expedição pela floresta.

A resposta de Lars foi uma carranca. Ele mandou que ela se cala-se e não tocasse mais no nome de Tristan.

Esse foi o segundo sermão que Lars passara à ela.

Naquela noite, Lars havia lhe alimentado e saciado sua sede. Ele limpou seu machucado, onde uma cicatriz horrenda começava a se formar, e avisou que não dormiria na cabana aquela noite, alertando que aproveitar o momento para fugir seria suicídio, uma vez que hoje a aldeia estava em festa.

Clarke, sempre curiosa, questionou o por quê, mas Lars apenas lhe deu um sorriso genuíno antes de sair porta afora.

O silêncio enlouquecedor começou a se propagar pela cabana mais uma vez, tentando-a, encaminhando a garota para a insanidade certa.

Clarke queria poder mexer os braços, queria ao menos tentar se soltar, mas sua exaustão era algo incrível e ameaçador. Lars explicara que ela havia perdido muito sangue. Que se recuperaria, mas que isso levaria algum tempo.

Um tempo que a garota não estava disposta a esperar.

Contando pacientemente os segundos, Clarke esperou o que parecera em torno de uma hora sem se mover. Do lado de dento da cabana dava para ouvir os zunidos do pátio, indicando que uma celebração estava acontecendo. Ela já havia calculado suas probabilidades de escapar incessantemente na última semana. Mas com os pés, joelhos e pulsos amarrados com força era quase inevitável não sentir frustração.

Antes que pudesse cogitar tentar se levantar a porta da cabana se escancarou, tornando a fechar novamente.

Estava muito escuro para distinguir a figura que adentrara o minúsculo espaço.

Os olhos de Clarke tateavam em pânico qualquer movimento que fosse, mas a pessoa era muito sutil, tão sutil que a garota mal notara a aproximação da mesma. Num segundo Clarke estava afogada na escuridão e no medo excruciante, no outro uma luz pequena e febril iluminava os traços do rosto de Tristan.

A garota, automaticamente, se encolheu, esperando os golpes certeiros do rapaz.

Mas, conforme os segundos se arrastavam, Clarke percebera - na verdade se deixou observar cuidadosamente a expressão de Tristan - que ele estava pálido e abatido, com grandes roxos contornando seus olhos azuis.

Os cabelos do rapaz, sempre tão alinhados em conformidade em seu coque firme, estavam uma bagunça desengonçada, deixando as madeixas loiras emoldurarem de forma desgrenhada seu rosto rígido.

O rapaz arrancou a mordaça que cobria o rosto da menina com habilidade.

Clarke teria dito algo, mas Tristan foi mais rápido, irrompendo o silêncio sem delongas.

_Por que fez isso comigo?_sua voz era fraca, nem um quarto da voz imponente que Clarke se recordava. Seus ombros estavam curvados e, pela primeira vez, Clarke percebeu a culpa crescente que repousava sobre o mesmo.

_Não planejei nada disso._respondeu com a voz seca, incapaz de demonstrar indiferença.

_Eu poderia tê-la matado!_afirmou Tristan sem fôlego, os olhos mergulhados num desespero quase palpável.

Clarke engoliu em seco.

Por algum motivo se sentia culpada, embora sua cabeça gritasse que o rapaz não merecia ser objeto de pena.

_Você teria me feito um grande favor._disse com veracidade, seus olhos o encarando com dureza, culpando-o por ainda estar viva, por ainda ter ar entrando em seus benditos pulmões e fazendo-a se lembrar que ainda não havia acabado.

Tristan se acomodou no chão, do lado da garota, as costas contra a madeira da cabana.

O rapaz levantou a cabeça, encarando o teto do cômodo, mas não vendo nada além de uma escuridão sem fim.

_Você pode ser uma assassina._disse, virando o rosto para encarar os oceanos dos olhos de Clarke_Mas eu não sou e nem quero me tornar um._respondeu com simplicidade, atacando os muros de proteção que a garota havia erguido tão meticulosamente nas últimas semanas.

Tristan observou lágrimas irromperem pelos olhos azuis da líder.

_Não existem mocinhos!_rosnou ela, repetindo as palavras que Abby lhe havia dito em Mount Weather.

_Talvez sim, talvez não. Mas a questão é: eu escolhi ser o mocinho. Ter seu sangue manchando minhas mãos teria acabado comigo mesmo. Teria posto abaixo tudo o que construí durante anos.

_Não me importo com seu caráter ou com o peso em sua consciência!_Clarke estava em chamas, a raiva escapando de seus olhos como raios.

_Mas devia._continuou Tristan tranquilo, ignorando o estado da garota_Porque você é a mocinha, Griffin.

As palavras foram como socos certeiros em Clarke, direto em seu coração, sufocando-a.

Ela não era a mocinha.

Ela matara.

Matara Finn.

Matara Maya.

Matara centenas de homens e mulheres.

E, principalmente, fora responsável pela morte de crianças inocentes as quais não tinham nada a ver com essa guerra sangrenta que se tornara a vida na Terra.

_Não. Você não pode dizer isso._respondeu com o rosto manchado pelas lágrimas, a raiva dando lugar ao desespero, a dor e a agonia de ainda carregar o fardo de tantas mortes.

_Não sou seu fã, Griffin. Eu nem sequer a conheço, mas, por favor, não tente me tornar o vilão e nem tente assumir o papel do mesmo, porque, embora negue, você ainda é a protagonista boa da história. Entendeu?

Tristan encarava Clarke, oceano sob oceano, mergulhando e mergulhando.

_Apenas pare de agir como uma fracote. Esse papel de vilã frustrada não lhe cai bem.

E, sem nada mais a dizer, Tristan se levantou e saiu para a noite fria, deixando para trás os destroços do que um dia fora Clarke Griffin.

***

_Eu não posso acreditar que ele me deixou!_a voz de Octavia era ressentida, amargurada pela atitude do irmão.

Raven ajustava alguns rádios de comunicação à pedido do chefe de segurança, enquanto Octavia lhe fazia companhia.

_Você deveria dar mais crédito à Bellamy. Ele finalmente tomou uma atitude._acrescentou Raven, um sorriso pequeno nos lábios.

Octavia olhou-a com desprezo.

_Arriscar a própria vida pela Clarke não me parece uma atitude muito inteligente._ironizou a Blake.

Raven largou os rádios com um baque, assustando a Blake.

_Você deveria parar de agir como uma garotinha Octavia, Seu irmão dedicou uma vida toda à você! Deixe-o livre agora para tomar as próprias decisões!_falou Raven atônita, encarando uma Blake perplexa.

_Eu nunca pedi para que ele cuidasse de mim!_defendeu-se.

_Ele o fazia porque a amava.

_E o que isso tem haver com a Griffin?_indagou Octavia, os punhos cerrados com força, evitando perder o controle.

Raven jogou os braços para cima, exasperada.

_Não me diga que você não percebeu, ou ao menos não prestou a devida atenção no que aconteceu com Bellamy?!

Octavia digeriu as palavras de Raven com cuidado, estreitando os olhos.

_Do que você está falando?

_Do Bellamy!_falou Raven com impaciência_Ele mudou, Octavia. Não é mais o mesmo que viveu na Arca, não é o mesmo que comandou com rigidez o grupo. Você não percebe?

_Ele mudou, sim. Eu sei que mudou. Mas ainda não entendi o seu ponto._argumentou a Blake com toda a paciência que ainda lhe restava, memorizando o quanto adorava Raven para evitar dar-lhe um soco.

Raven suspirou pesado.

_Ele mudou porque a ama._respondeu Raven com simplicidade, um sorriso minúsculo contornando seus lábios.

_À mim?_questionou Octavia confusa.

Raven negou.

_Clarke.

A boca de Octavia escancarou, enquanto sua mão corria para cobrir a mesma.

_Impossível._murmurou, encarando uma Raven triunfante.

_Nada é impossível quando o assunto é amor, O.

_Mas é a Clarke! Ela matou pessoas!_rugiu Octavia inconformada, se sentindo traída por Bellamy.

Raven a olhou espantada, o cenho franzido em total descrença.

_Octavia, Clarke é nossa amiga! Ela fez isso para nos salvar!_garantiu Raven com lealdade.

Algo dentro da Blake se rompeu.

Estava cansada de todos pensarem que Clarke era boa, que se importava com outros se não com ela mesma.

Eles precisavam saber.

Deviam saber da traição dela!

_Ela finge e vocês acreditam!_urrou ela, apontando o dedo ameaçadoramente para Raven._Ela sabia que o grupo de Lexa seria atacado! Ela sabia e fugiu! Fugiu e não avisou ninguém! Podíamos ter morrido! Todos que estávamos lá poderíamos estar mortos!_as palavras saiam de sua boca com amargura e raiva contida, algo ácido, que a corroía por dentro.

A face de Raven era branda, inalterada.

_Não importa. Ela deve ter tido seus motivos para fazer o que fez._defendeu-a a morena.

Octavia deu um murro na mesa, causando um estrondo.

Raven não se moveu, continuou no mesmo lugar, a postura ereta.

_Por que é tão difícil vocês entenderem que ela não é quem diz ser! Ela é tão ruim quanto Lexa!_sibilou Octavia com fúria.

_Escute a si mesma Octavia. Escute bem o que está falando._falou Raven indignada_Ela poderia ter nos abandonado lá em Mount Weather. Poderia ter seguido Lexa e se afiliado aos terra-firmes ou, apenas, salvado a própria pele._Raven fez uma pausa, recuperando o fôlego_A questão é: ela não o fez! Não podemos concertar nossos erros, mas podemos tentar não errar novamente. Clarke matou homens, mulheres e crianças. Isso ela nunca vai esquecer, eu lhe garanto. Mas ela salvou à todos nós e isso, isso eu não vou esquecer._garantiu a morena, os olhos úmidos.

_Você não sabe o que está falando.

_Eu sei a quem minha lealdade pertence e, mais ainda, eu sei quem é a Clarke que conheci. Conheço o caráter que molda a personalidade dela e isso é tudo o que me interessa.

Octavia umedeceu os lábios, encarando Raven, sua raiva se esgotando.

_Você disse que mudou. Por meros segundos acreditei que a Blake, mimada e egoísta que existia havia partido, dado lugar a uma mulher forte e guerreira.

_Não ouse dizer que não mudei, eu...

_Você_interrompeu Raven, aproximando de forma insinuosa_continua a mesma Octavia de antes. Julgando e etiquetando as atitudes alheias! Deixe-me esclarecer algo Octavia: estamos em guerra! O sangue que corre nas suas mãos mancham as minhas também!

Raven calou-se, buscando sua mochila.

Octavia continuou parada, observando Raven andar pela oficina, enchendo a pequena mochila com aparelhos incompreensíveis para a Blake.

_Apesar de todos termos nos tornado os vilões_falou Raven se aproximando de Octavia, a mochila nos ombros, enquanto fazia aspas na última palavra_ainda acredito que estamos fazendo nosso melhor. Ainda acredito que somos os mocinhos.

E, sem mais para falar, Raven deu as costas a Blake e seguiu seu caminho, sem olhar para trás.

***

Lexa disfarçou seu choque ao ouvir as notícias proferidas pelos seus homens.

_Vivos?_pronunciou com o coração acelerado, ouvindo cada batida ecoar em seus ouvidos_Todos?_uma palavra tão pequena com um significado tão amplo.

Call, um dos mensageiros de confiança, enviado para investigar o desfecho da batalha em Mount Weather, assentiu.

_Não sei como eles fizeram isso, minha senhora. Mas não pouparam ninguém. Nem mesmo as crianças. Eu mesmo vi os corpos. Não sobrou ninguém._garantiu com os olhos esbugalhados.

Lexa assentiu e o dispensou com um aceno de cabeça.

_Vivos._repetiu, os olhos vidrados no vazio_Todos._um sorriso bobo tomou-lhe a face, enquanto o ar parecia fluir com facilidade por seus pulmões, acalmando-a.

A líder mal conseguia acreditar no que seus ouvidos escutara.

_Chame Jared, ordenou ao soldado de prontidão na porta de sua cabana.

Em menos de dez segundos o soldado que atendia por nome de Jared estava a postos na frente da líder, esperando as ordens da mesma.

_Espalhe a notícia aos nossos homens e convoque grupos. Preciso que descubram o paradeiro daquela que chamam de Clarke._ordenou com maestria.

O soldado assentiu.

_Se encontrá-la..._os olhos de Lexa eram duros_traga à mim sem demora.

_Sim, senhora._apressou-se em falar o rapaz, a cabeça abaixada levemente em obediência.

Antes que o rapaz pudesse sair Lexa acrescentou com firmeza, deixando claro que não tolerava falhas:

_Viva. Traga ela viva.

O soldado se foi, deixando Lexa e suas esperanças contornarem o aposento.


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Notas finais do capítulo

Comentem!
Recomendem!
Leiam e se emocionem!
Beijos e abraços ;*