Oito carneiros escrita por Rose


Capítulo 7
Cap. 7


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos por comentarem e acompnharem, espero que gostem desse capítulo
(desculpem, mas não estou conseguindo escrever as notas como deveria) :S



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Félix vagava pela sua própria mente sentindo que o veneno lhe dominava lentamente, talvez já estivesse morto e a caminho do inferno, quem saberia? Só que as lembranças do mundo dos vivos ainda o amarguravam, jamais saberia se o jovem humano haveria saído ileso da floresta...Talvez tivesse sido um erro em fazê-lo de moeda de troca, afinal sempre teria os carneiros. Tantos anos procurando Lupus e somente naquele momento com o humano conseguiu matá-lo.

Se seu plano original tivesse funcionado ele não estaria morrendo daquela maneira e com mais uma culpa pesando em sua consciência, o humano deveria ter partido para uma nova vida em sinal de gratidão. E mesmo que não fosse esse seu fim e conseguisse vencer o veneno do demônio, quando acordasse novamente todo o pouco que conhecia já haveria de ter morrido: Nereida e o humano de cabelos e olhos claros - Nicolas.

...
– Vem cá. Que ironia não é? Passaste o dia pedindo para conversar e eu estavas cego. Desculpe-me pois não sabias de sua história, quanto tempo fazia que não conversavas com ninguém? Há de ser muito triste não tem com quem conversar? Sinto que sim, aquele ser com rabo de peixe não me agradou em nada.

E foi assim, meio sem jeito por toda aquele situação que Nicolas começou a puxar Félix para ser limpo, para que se ao menos ele pudesse sentir algo, sentisse que estava sendo cuidado. Talvez limpo e em uma cama por mais simples que fosse seus murmúrios de dor e lamento cessassem por alguns instantes.

– Serás que me ouves? Com licença...
Nicolas nunca havia estado perto de outro homem daquela maneira, muito menos ao ponto de despi-lo; por um instante lembrou-se de sua adolescência quando se esforçava em espionar o banho de seu melhor amigo e hoje cunhado, Eron. Nada, definitivamente, nada, era pior do que viver naquela penumbra, afinal quem aceitaria um homem tocando outro por desejos mundanos e não por lutas e guerras.
– Não se preocupe, eu não vou machucar você... Espero que não doa... Espero que você não me machuque também. Errr...Sou eu, Nicolas, seu prisioneiro...
Nicolas pela primeira vez podia ver outro homem sem medo de ser descoberto, provavelmente a única coisa viva que poderia espioná-lo seria a sereia, mas graças aos céus ela já havia avisado que não poderia ajudar-lhe.

Ao remover a camisa rasgada e suja, Nicolas pode ver o vampiro com alguns arranhões de cor azulada que pareciam inertes, nem sangravam nem cicatrizavam, se não fosse pelo murmúrio constante de dor, qualquer pessoa diria que ele estaria morto.

Sem entender muito bem a melhor forma de limpar alguém, o jovem humano se posicionou para remover-lhe as botas e por consequência as calças.

“Como alguém pode ser tão bonito assim? Deus me perdõe, eu deveria cuidar de seus ferimentos, mas mesmo com tantos arranhões...Meu Deus como ele é bonito! Não, não é certo pensar assim. Deixe-me limpá-lo...”

“Quem está me tocando? Quem é? Quem está nos mundo dos vivos mexendo no que sobrou do meu corpo? Nereida, se eu despertar para seu mundo ou você vier me visitar eu lhe matarei por não cuidar que eu ficasse escondido no fundo do rio. Não, não são os peixes ou a ninfa que me tocam...Por um instante até poderia até gostar...Inferno! Que criatura ousa me tocar? Agora já não dói tanto, talvez seja a morte chegando...”

Com a pouca água que possuia e as folhas aromáticas que conseguiu com a sereia Nicolas o esfregava delicadamente, primeiro o rosto ajeitando-lhe as sombrancelhas que nos últimos dias havia aprendindo que sempre deveria estar alinhadas pois o vampiro sempre as ajeitava com as pontas dos dedos e agora eram seus dedos que se preocupavam em deixá-las simétricas.

– Sabes que sou eu?

Apesar da água estar tão fria quanto a noite, Félix permanecia imóvel enquanto Nicolas continuava a percorrer agora seus braços e peitoral na angústia de limpá-lo; quem saberia se ele estaria agradecido pelo asseio? Os gemidos de dor haviam cessado. Não parecia morto, apenas descansando enquanto era massageado, já que o humano tentava ser o mais delicado possível com medo de lhe causar mais sofrimento.

– Você me perguntou das moedas, lembras? Pois bem, eu não quis me deitar com a prostituta pois eu sonhava com o que as cantigas ecoavam nas noites de festa do meu vilarejo, um amor de verdade. Eu achava que esse amor era meu melhor amigo, hoje meu cunhado, e na esperança de ser correspondido eu aceitei acompanhá-lo em uma noite aos arredores da cidade...No caminho ele revelou que pagaria uma prostituta para que me fizesse homem, pois assim seria mais fácil que eu desposasse alguém...Como se isso fosse mudar o que eu sinto...O que mudou foi que depois desse dia eu nunca mais consegui olhar para ele, não bastasse ter casado com a minha irmã ainda queria se livrar de mim como se eu fosse um estorvo na vida deles...Eu iria embora de qualquer maneira, sabia que se ficasse lá uma hora seria exposto em praça pública pelo pecado de não ser homem como eles esperavam...Acontece que eu só gostaria de conhecer meu sobrinho antes de partir. Aceitei tudo apenas para esperar minha irmã engravidar. Se você não tivesse aparecido na aldeia eu iria embora na próxima manhã para qualquer lugar longe dali.

– Eu sinto muito pela sua história, se o que a sereia me contou é verdade você vem sofrendo por séculos...Eu não sei se eu suportaria o mesmo...Ela me disse que você matou vários demônios dessa floresta para livrá-las dos males causados por uma bruxa...Estranho que ela não mencionou quantos humanos você já atraiu e matou.

Nicolas evitava olhar a região da pelve, havia se decidido a deixar essa parte por útlimo, não por vergonha, mas pelo medo do que poderia sentir. Félix não aparentava ser tão forte ao ponto de matar um demônio, era relativamente magro de pele alva constrastando com seus cabelos negros. Seria aquele negro oriundo de quando ele era vivo ou todos os vampiros teriam aquela beleza ofuscante?

Finalmente o que Nicolas mais desejava limpar mesmo que toda sua razão dissse que não, delicadamente limpou-lhe a virilha e o membro que sempre teve curiosidade em ver em seu cunhado. A lembrança que tinha é que (não comparando com o seu, obviamente) nada poderia ser daquele tamanho. Mas, independente de qualquer toque, algo lhe dominou ao ponto dele não se reconhecer:

– Ela me disse que você enfeitiça as pessoas para que seja mais fácil matá-las. Por quê fizestes isso comigo? Que faço eu agora que estás totalmente limpo? Quantas mulheres há seduzido assim? Foste intencional comigo? Ou viste em meus olhos quando aceitou a minha vida pela do meu sobrinho que não modo que eu deseje uma mulher e quiseste brincar testando seus poderes de sedução? Pois bem, há conseguido, veja como estou?

E sem pensar no risco que corria Nicolas apenas segurou a mão de Félix para que ela o tocasse onde era mais urgente, onde era mais necessário, ao menos uma vez poderia ter uma vaga noção de como seria....

– Mas acontece que você nunca me desejarás, não é? Eu vi, ou melhor ouvi, como a sereia gritou, como você a fez feliz....

Perdido entre o desejo e o ciúme de ao menos uma vez na sua vida ser desejado por alguém Nicolas o soltou, não teve tempo de perceber que Félix voltou a gemer de dor no instante que foi solto, já que ele saíra rápido da cabana com uma taça na mão para sentir o frio da noite na esperança de acalmar-se, voltar ao controle de si. Por fim, virou-se em direção aos carneiros, talvez eles pudessem ajudá-lo na sua busca.

Escolheu aquele que lhe pareceu o mais forte e lhe disse:

– Eu sinto muito, mas precisarei machucar você. Prometo que será por uma boa causa.

Com uma faca que trazia no bolso fez um pequeno corte em uma das pernas do carneiro, colheu o máximo de sangue em uma pequena taça encontrada pouco antes na mesma cabana. O sangue cessou.

– Agora é a minha vez!

Num único corte certeiro, também cortou seu próprio braço e colheu seu sangue.

De volta a cabana, delicadamente ele ergueu a cabeça de Félix e fez com que ele tomasse aquele líquido ainda quente, talvez funcionasse, talvez o ajudasse a despertar.

Trancafiado na sua própria mente Félix estava desesperado, algo estava acontecendo e ele não tinha a mínima idéia do que seria, por um instante mágico estava tão absorto que dormiu dentro de seus pensamentos.

Nicolas o deitou novamente com o cuidado de limpar seus lábios e o cobriu com a capa que ele trazia desde que sairam da aldeia. Ele parou de gemer novamente.

Precisava descansar.


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Notas finais do capítulo

(desculpem pelos erros de português...) (é que ou publico agora ou vai ser uma semana pra conseguir revisar... :( )



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