Oito carneiros escrita por Rose


Capítulo 4
Cap. 4


Notas iniciais do capítulo

(eu preciso arrumar as notas de todos os capítulos, desculpem)



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Nicolas antes de oferecer-se como moeda de troca àquele ser fazia trabalhos menores no vilarejo, nunca conseguira fazer trabalhos considerados de ‘homem’ e essa era uma das grandes precoupações de sua irmã na época que ela se casou, já não haviam quem cuidasse de seu irmão e ela teria que aguentar os comentários maldosos que na verdade Nicolas não desgrudaria da presença de seu grande amigo Eron...Agora tudo aquilo era passado, ele tinha certeza que não sairia vivo daquela floresta e se um milagre acontecesse ele gostaria de seguir para Paris ou a Terra Santa. Só não se arrependia de ter saído antes pois queria conhecer seu sobrinho. Agora tudo estava perdido, nem mesmo conseguira se declarar a seu grande amor que jamais seria correspondido.

Nicolas havia percebido que se mantivesse uma distância razoável de seu algoz podia ao menos pensar na sua vida sem que fosse interrompido, ele não tinha nenhuma experiência com vampiros além das poucas lendas que ouvira de sua mãe quando era criança e nenhuma delas se mostrava verdadeira.

– Criatura? Criatura?

– Errr..Sim...

– Você não vai reclamar que está com fome?

– Err...Sim.

– Você só sabe falar sim além de pensar em comida?!

O loiro não se segurou e deu uma gargalhada que devía ter ecoado por toda a floresta, desde que adentraram na floresta aquele ser mal humorado só reclamava e agora ou estava sendo irônico ou estava tentando puxar algum assunto.

– Cala-te! Que audácia em rir da minha pergunta! Não se assuste criatura...Há uns passos daqui haverão algumas árvores frutíferas e eu pedirei a Nereida outro peixe para você assar.

– Quem é Nereida? – Os olhos claros de Nicolas buscavam resposta na escuridão do olhar daquele homem que se não lhe contassem quem era, jamais poderia imaginar

– Nereida é uma ninfa do rio, uma sereia, ela não admite que invadam suas águas sem pedir licença, você quase morreu hoje ao amanhecer por causa disso, não se lembra?

– Eu lembro do banho e de seus braços... – E ele fica rosado, pois também se lembrou que estava despido e para piorar ele tinha certeza que Félix sabia o que ele havia pensado já que não houve nenhum disfarce naquele sorriso

– Se você quiser se banhar me avise que eu pedirei permissão a ela, hoje sua higiene me custará algo muito caro...

– Se o senhor deixar-me vivo por mais dias eu posso trabalhar e pagá-la.

– Ela não quer suas moedas rapaz. Não se preocupe que eu cuidarei disso. Falando em moedas, por que uma vez pagaste uma meretriz para que não lhe servisse? – Félix ajeitou a sombrancelha esquerda num movimento característico de impaciência, há muito ansiava por alguma resposta

– Eu não entendo a pergunta. – Novamente ele sabia que não adiantaria mentir, mas não custava tentar.

– Há duas ou três primaveras você não se deitou com uma jovem, ao invès deu-lhe dinheiro para que mentisse a todos q ue sim. Por quê?

– Eu não preciso falar, o senhor já sabe a resposta.

– Não discuta comigo, apenas me responda! – Nessa hora os olhos negros se tornaram amarelados indicando que sim, por trás da bela feição jazia um monstro hostíl que talvez não pensasse duaz vezes para agir.

– Quer saber? Não respondo! É minha privacidade que você até já deve saber, e já que vou morrer mesmo, já pode fazer seu trabalho agora. É no pescoço que você deve me morder, não é?

E ele se aproximou de um vampiro mais que surpreso pela oferta , ninguém jamais o havia desafiado daquela maneira mesmo nos instantes finais, aquela atitude lhe impressionou profundamente.

– Não tens medo de mim, criatura? – Os olhos já estavam negros de curiosidade como a noite que inexerovelmente viria novamente.

– De que adianta ter medo se meu destino está nas suas mãos. Quer parar de me chamar de criatura? Meu nome é Nicolas.

– Prazer, o meu é Félix! Meu deus , o que estou falando? Sim, eu sei a resposta, mas eu gostaria de conversar um pouco. Fazem décadas que não converso com humanos. Eu sempre sei a resposta.

– Por quê?

– Eu prefiro não te explicar.

E não era preciso, essa explicação Nicolas já imaginava que sabia, todos morriam antes de terem tempo de dizer qualquer palavra.

– Eu não quero conversar das moedas, a não ser que você me conte porque não conversa com ninguém a décadas.

– Felix não negocia! Mas que inferno você é!

– É mentira, você negociou a vida do meu sobrinho comigo. Eu sou uma exceção, logo podemos negociar essa conversa? Eu não quero conversar com alguém que já sabe todas as respostas.

Para um simples morador de uma vila, aquela criatura estava se saindo muito melhor que experientes monstros e demônios que Félix estava acostumado a lidar, estava surpreso e de uma certa maneira feliz, ele seria corajoso o suficiente para qualquer desafio. Não haveria mal que lhe atormentasse quando sua missão chegasse. Respeitou a decisão Talvez isso tornasse a noite que se aproximava mais fácil. Ele tinha certeza que estavam sendo observados pela sereia...Assim que atingiram a clareira de parada um peixe saltou da água em direção a margem. Era o jantar de Nicolas.

A seria queria ter certeza que receberia seu pagamento.

Com o anoitecer Nicolas foi instruído a amarrar melhor os carneiros para que não fugissem e após o seu jantar, deveria permanecer trancado dentro da pequena cabana de caça não importasse o que acontecesse. Ele estaria há uns duzentos passos da margem do rio, distãncia suficiente para que Félix pudesse conversar com Nereida sem ser ouvido.

– Mais pontual que o nascer do sol, devias ter um pouco de amor pelas poucas escamas que ainda possui sereia.

A sereia levantou-se da margem do rio, já não possuia o rabo de peixe e sim formas humanas de uma linda mulher que desejava seu pagamento.

– Depois conversamos, como é que você diz? Ah sim, criatura!

E antes que Félix pudesse reagir, ela o despiu para que ele deitasse sobre ela, não havia o que temer, não era a primeira vez que se encontravam daquela maneira, sempre que o vampiro necessitava de favores ou ajuda era a Nereida que ele recorria já sabendo qual seria o preço.

– Não me queres mais?

– Não seja tola, eu nunca quis você. O que tens agora não seria nada perto do que sentiria se eu a quisesse de verdade.

E os movimentos dele enlouquecia a sereia , que ainda assim solicitava mais e mais:

– Não queres que o rapaz saiba? É isso que lhe causa desconforto hoje?

– Não seja tola criatura, o rapaz não nos ouve.

– Eu não perguntei isso...Mais forte...

– Você não veio aqui para que conversassemos, criatura!

Félix queria ser breve sem ser percebido, não sabia o porquê mas em especial nessa vez o pagamento estava lhe incomodando muito mais do que em outras vezes. Infelizmente ele não sabia disfarçar e a sereia invadida de desconfianças pois não conseguia entender o que acontecia com ele, apenas se entregou a luxúria de gritar tão alto quanto pudesse para testar se seu instinto estava certo.

– Contenha-se Nereida, ou paro agora....- Feliz não demonstrava cansaço apesar de estarem naquele jogo por quase uma hora e não conseguindo satisfazer a ninfa do rio.

– Não quer que ele escute? Qual o problema? Ahhhhhhhhhrrrrrrrr....

E ele a largou sentindo-se enojado por tudo aquilo, do que ela ousava falar?

– Se ainda me quiser, nunca mais fale comigo nesse tom....Já lhe fiz o pagamento pelo qual fui cobrado ao longo do dia. Agora podes ir.

– O que o humano tem que lhe faz tão importante?

– Nereida! Eu não admito ser interrogado – Virando-se bruscamente ele lavava o corpo nu para que se fosse claro que não adiantaria insistir por qualquer pagamento .

A sereia o admirava com um certo remorso, afinal ela estava certa e talvez ganhasse algumas décadas de frieza por causa daquela encenação; o humano não duraria tanto quanto eles já haviam permanecido naquela floresta.

– Félix?

Ele não respondeu.

“Félix?”

“Mas será que nem em meus pensamentos você me deixa em paz, ainda lhe devo algo?”

“Desculpe.”

“Não há do que se desculpar, apenas vá.”

Eles não se olhavam, ela permanecia sentada na água esperando que sua forma de ninfa se fizesse novamente enquanto Félix estava com o olhar perdido em direção a outra márgem do rio.

“Tome isso.”

– Quantas vezes eu terei que repetir que você deve ir!...Mas o quê é isso?

– Peça que o humano use isso quando quiser conversar, não deixará que você invada os pensamento dele. Aceite como um pedido de desculpas. Não seja mais orgulhoso do que você já é. Humanos são frágeis e duram tão pouco...Eu estarei por perto se precisar.

Félix segurou a corrente de pedras e se voltou em direção a cabana, melhor não chegar perto, mudou a direção de sua caminhada em direção aos carneiros. A sereia entrou na água novamente confirmando que estaria por perto.

Fechado na cabana Nicolas escutou a sereia ao longe, reconheceu que os gritos não eram de dor e sim de prazer. Na manhã seguinte seu rosto não enganaria ninguém. Havia chorado com todo o desgosto que o gosto um dia poderia ter sido.


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Notas finais do capítulo

meu muito obrigada a todos os comentários aqui e no facebook, sentei hoje pra escrever dias melhores mas foi esse capítulo que apareceu...espero que gostem...volto em breve pra essas duas fics.



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