Disse a mim mesmo que você era certa para mim

Mas me sentia tão solitário na sua companhia

Maldosa, extravagante, estonteante e cruel ao extremo: Quatro palavras que definiam perfeitamente a figura de Ridley Ravenwood. A primeira garota que havia amado (ainda amo?), mas não a primeira a me rejeitar.

A verdade veio, cruel e arrebatadora, em um momento comum. O vento soprou mais forte, e virei-me para olhar em seus olhos, que me encaravam através da fumaça do baseado que ela sempre fumava na cama de dossel, depois que transávamos. Foi como se uma lâmpada houvesse se acendido acima da minha cabeça: Não era mais paixão. Era amor.

E, do mesmo modo espantoso com o qual essa certeza veio, outra a acompanhou. Ela não me amava. Era o mesmo que masturbar-se sozinho, trancado no banheiro e encarando sua coleção de velhos gibis, enquanto a sua mãe reza por sua alma no andar de cima.

É vazio.

Meu amor não tem calor.

Você pode ficar viciado em um certo tipo de tristeza

Como renúncia ao fim, sempre o fim

Ridley é como uma droga que eu não consigo parar de usar (pensar), transar.

Errado, Link.

Errado de novo.

Parava, usava, pensava, transava.

Ridley era o fim de tudo, e o início também.

Ela me fazia (faz?) sofrer, e eu adorava (adoro?) isso.

Todo o seu corpo e a sua voz e o seu pirulito vermelho berrante e suas falsas promessas de amor me enlouquecem.

Chega de mentir, eu ainda a amo.

Eu ainda amo aquela vadia.

E quando terminamos, bem, ela disse que ainda poderíamos ser amigos, e, de certa forma, fiquei feliz que tudo acabou.

Talvez eu pudesse recomeçar.

E, risos, namorar a Emily, casar com ela, trabalhar em uma lanchonete local e ter filhos loiros e enxeridos como ela.

Pestes.

Como um Incubus, nem consigo imaginar como ter filhos com a Ridley poderia ser.

E é claro que isso é mentira, também, porque não foram poucas as vezes em que escondi camisinhas.

Com o tempo, eu parei, porque ela não transava sem os malditos preservativos.

Mas você não precisava me cortar

Fingir como se nunca tivesse acontecido

E Ethan Wate é um péssimo amigo conselheiro. Ou talvez eu só seja um péssimo amigo idiota, porque não o ouvi e fui atrás dela duas horas depois.

Seus grandes olhos dourados tinham um toque de desdém e desprezo por quem quer que ttivesse interrompido seus amassos com um babaca qualquer.

Apertei os punhos, lembro bem.

Só bastou uma palavra dela para que minhas pernas (e o coração?) entendessem que estava na hora de voltar pra casa e repetir todo o ensino fundamental.

Acabou, Shirinky Dink.

E eu nem preciso do seu amor

Não, você não precisava descer tão baixo

— Emily? — Chamo, odiando todos aqueles enfeites da entrada da casa.

— Quem é? — Uma voz que dá náuseas faz-se presente. Seu sorriso brilhante aumenta assim que vê meus novos músculos. — Oh, Link? Por favor, entre! Há quando tempo não nos vemos! — Emily exclama, embora eu tenha topado com ela no dia anterior, no supermercado.

— Ã... É. Serei direto: Quero te namorar. Estou perdidamente apaixonado por você, e não posso esperar nem mais um minuto para ficar contigo. — Falo rapidamente, tentando não soltar nenhum tom de desdém. A expressão embasbacada e interesseira da loira me enoja e diverte, fazendo-me sorrir verdadeiramente.

— Mas... Você tem certeza, Jeff? — Ela pergunta, usando meu primeiro nome. Trinco os dentes, mas minha voz sai bem confiante.

— Absoluta.

— Então sim! Sim, sim, mil vezes sim! — Ela pula em meus braços de repente, afundando seu cabelo com um perfume adocicado demais na curva do meu pescoço.

E eu sei, quando vejo um par de olhos dourados e brilhantes, quase lacrimosos, eu poderia jurar, se não estivesse chorando, que realmente acabou.

Não é preciso palavras.

Aquela simples troca de olhares poderia significar muitas coisas para um término, mas, no final, a palavra que eu escolheria para aquele momento seria equilíbrio. Viveríamos nossas vidas normalmente agora. Ela com seus baseados em alguma cama de hotel e eu aguardando Emily arrumar-se, como agora, só que, dessa vez, para o nosso casamento.

Às vezes penso em todas as vezes que você me ferrou

Mas me fazia acreditar que era sempre algo que eu tinha feito

E eu não quero viver assim

Interpretando cada palavra que você diz

Você disse que poderia deixar passar

E eu não iria pegá-la comprometida

Com uma pessoa que você conhecia

Agora você é apenas alguém que eu conhecia

Alguém

Que eu conhecia

Ela disse:

“Você esqueceu? Eu sou uma Sirena.

Eu não amo ninguém.”