Used To Love Her escrita por Gabi Jagger


Capítulo 2
δυο




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–É, cara, eu to te falando! - Dipp tentava me convencer pelo telefone.

–Como você sabe? E, além do mais, ia sair muito caro!

–Eu tenho informantes. Verdade, o preço total fica mais alto, mas tudo para deixar as novatas bem bêbadas! E esse ano caprichou, hein! Só tem novata gostosa.

–E como!

Desligamos após alguns outros minutos de conversa. Jessica queria falar comigo na outra linha.

–Oi, Max.- Falava ela com sua típica voz de puta. –Você vai a festa no sábado, certo?

–Claro, Jessie. Sabe que sempre vou.

–Ok. Então nos encontramos lá ou prefere passar aqui em casa antes? - Lê-se comer ela.

–Pode ser.

–Nossa, Max, você está tão desanimado, tão frio! Não me trata assim! - Realmente, eu estava desconectado de tudo fora de mim.

–Relaxa, gata, estou um pouco preocupado com as provas, só isso.

–Max, estamos na primeira semana de aulas e você nunca foi de se importar com notas.

–Estamos no terceiro, Jéssica. - Menti para que ela calasse a boca e, para evitar o contrário, logo desliguei o telefone sem me despedir.

Mas que coisa! Eu nunca fui assim, que saco! Parece uma novela. “O popular pega a garota nova e eles viram o casal mais fofo”. Não, isso é história. Não tenho isso. Vou descobrir o que essa garota tem de diferente e depois vou ficar com as amigas dela também, como sempre fiz.

Já era quinta-feira e não havíamos nos falados desde segunda. Resolvi ir dormir e desligar de tudo, afinal a festa seria em dois dias e eu precisava estar preparado para tudo o que ela me traria.

Acordei assustado no dia seguinte, atrasado mais uma vez. Me xinguei mentalmente por ter esquecido de ativar o despertador. Minha mãe costumava dormir até mais tarde, então não podia me acordar. Ok, tinha doze minutos para me arrumar. Coloquei uma calça jeans e a primeira blusa que achei na gaveta. Calcei um par de tênis e corri para o banheiro para escovar os dentes. Ajeitei os cabelos no maior estilo bagunçado, o qual já era minha marca registrada. Desci para o primeiro andar e peguei uma fruta aleatória na fruteira.

–Não, manga não. - Ri de quão sem sentido seria se eu chegasse no colégio comendo uma manga. Preferi pegar uma maçã para evitar quaisquer constrangimentos.

Catei dinheiro da gaveta da sala, aonde minha mãe costumava guardar. Saí voado em direção a escola, que, por mais que ficasse perto de minha casa, não levaria menos que dez minutos andando. Eu só tinha três. E nenhuma pretensão em correr.

Cheguei atrasado, a turma já tinha entrado em sala de aula. Tecnicamente, quem chega nesse horário deve esperar até a próxima aula para entrar, mas eu não. Como era amigo de todo o corpo docente daquele colégio, o qual estudava desde pequeno, os inspetores liberaram minha entrada, causando confusão entre os outros alunos comuns que também esperavam para entrar.

Corri para aula, não por ser interessado em matéria, mas pelas novidades. Queria saber o que ela estaria vestindo, como seria o cabelo dela e se o perfume de hoje era forte ou doce. Queria saber mais sobre a festa, sua organização e quais são os planos de ação. Bati na porta e entrei pedindo licença a professora de português, que já havia começado a aula. Ela me recepcionou com um largo sorriso, talvez pelo fato de eu já ter namorado a filha dela há uns quatro anos atrás. Ela me adorava.

–Com licença, professora. Posso entrar?

–Claro, Max! Fique à vontade, escolha um lugar.

Mandei meu sorriso galanteador e fui sentar-me no meu lugar de costume. Opa. Algo errado. Ela não estava ali. O lugar dela estava vazio. Mas eu não tinha a visto lá fora, só alguns outros alunos que eu reconheci serem da minha turma. Ela iria faltar? Como assim?

De repente, outras batidas na porta e a classe se vira para encontrar Alanis pedindo permissão para entrar por ela.

–Me desculpe o atraso, professora. Sinto muito.

–Tudo bem, sente-se. - Amélia era muito educada, e por mais que não gostasse de ser interrompida enquanto explicava algo, continuou sendo cordial e liberou a entrada de Alanis, que foi direto para o seu lugar.

Mas como ela passou pela entrada? Afinal, os outros alunos não entraram. Ela também convenceu os inspetores a deixarem entrar. Será que usou alguma história dramática, ou enganou eles? Ou até mesmo entrou de fininho, sem ninguém ver.

Minha nossa, eu estou ficando obcecado. Chega. Fui conversar com Dipp sobre quais bebidas seriam servidas e qual a quantidade de cerveja teríamos na festa.

–Muita vodka! - Me respondia meu melhor amigo.

–Muita mesmo! De vários tipos, muitos litros! - Complementava Arthur, que também estava envolvido. –Um dia nós passamos por isso, agora nós pregamos a peça!

Ri da conversa boba e sem sentido deles. Era exatamente assim que eu gostava de ser. Louco. Sem sentido. “Curtindo A Vida Adoidado” seria um bom filme para me descrever, mesmo que eu nunca tenha o visto e esteja me baseando apenas pelo nome. Isso também faz parte de mim.

A sexta passou como um furacão. Todas as aulas foram muito rápidas, o que eu estranhei pelo fato de ser a amada sexta-feira! O sinal da saída tocou e todos corremos para nos ver livres daquele tormento.

Encontrei Alanis no pátio se despedindo de uma das amigas novas.

–Alanis! - Gritei de longe para que ela ouvisse e me esperasse.

Ela virou e sorriu simpática ao me ver.

–Oi. Como vai?

–Bem e você?

–Incrível. – Ela não parava de sorrir. Isso poderia soar assustador se não fosse tão bonito.

–Você vai a festa amanhã?

–Mas é claro! Vai ser super divertido! Não é mesmo? – Mal sabia o que a esperava. Ou sabia? Hesitei um pouco a responder.

–Sim, com certeza! Vai adorar. Mas me diga uma coisa, como você entrou na sala depois do horário? Eu também cheguei atrasado e não te vi na entrada. Consegui passar porque os inspetores gostam de mim.

–É segredo! – Ela riu irônica da própria gracinha.

–Então conta! – Ri para socializar, porque estava realmente curioso para saber como ela fez isso.

–Ah, talvez eu tenha transado com o diretor, ou com o inspetor. Ou com os dois. – Ela riu de novo como se fosse isso tranquilíssimo.

–Eu também! – Entrei na brincadeira.

–Você já transou com o diretor? – Disse ela, em tom confuso ainda me zoando.

–Não! Com a inspetora. – Gargalhei pelo pequeno mal entendido.

–Tenho medo de ser verdade!

–Segredo.

Ela sorriu pra mim e se virou para ir embora. Segurei-a pelo braço e puxei de leve de volta pra mim.

–Pois não? – Ela nem estava surpresa. Nem nada. Como se esperasse aquilo.

–Não vai dizer tchau?

–A gente se vê amanhã, Max.

Com um último sorriso ela se soltou e saiu do colégio.

–--x---

–Vamos, Dipp! A gente não pode se atrasar! – Fui buscar meu amigo na casa dele. Ainda faltavam algumas semanas para eu completar a maioridade, mas meu pai me emprestava o carro dele mesmo assim. Afinal, eu sabia dirigir muito bem, só não era habilitado.

–To indo! – Ele dizia enquanto trancava a porta da casa e jogava a chave num vaso de plantas.

–Espero que você lembre dela aí quando voltar bêbado pra casa!

Ele finalmente entrou no carro e seguimos para o evento, que seria na casa do Arthur. Felizmente, os pais dele são muito legais e cederam o espaço para gente, concordando até em passar a noite na casa de amigos.

Deveríamos ter chegado mais cedo, mas estávamos lá quase no horário combinado para os convidados.

–Que demora! – Arthur reclamou quando nos viu sair do carro.

–Essa boneca que demora horas pra se arrumar! – Respondi, zombando de Dipp.

–Entrem, ainda tem algumas coisas pra ajeitar.

Outros nossos amigos já estavam lá organizando a festa. Fui checando tudo para ver se estava no conformes, tudo tinha que dar certo. Coloquei as bebidas à amostra no bar, liguei o som na melhor música e no volume mais alto o possível. Empurrei os sofás pros cantos, para ter mais espaço de locomoção na sala.

As pessoas começavam a chegar, normalmente em grupos. Novatos e veteranos iam se misturando enquanto conversavam, bebiam e dançavam. Iam se soltando aos poucos, efeito da bebida, a qual colocamos lá para deixar todos mais alegres.

–Não é possível. – Dipp comentou comigo.

–O que? – Virei para ele e vi sua cara de queixo caído até olhar em direção ao que tirava esses suspiros dele.- Uau.

Era Alanis. Ela usava uma blusa branca suficientemente decotada e uma minissaia que julguei ser longa demais para o que eu queria ver. Seu salto preto e maquiagem a deixavam muito mais bonita que qualquer sonho e fantasia minha poderiam imaginar.

–Eu disse que nos veríamos! – Ela disse, chegando perto de mim.

–Sim...

Não tive reação ao vê-la assim, tão de perto. Seu olhar provocante também não ajudava, só me deixava mais insano. Cada vez mais louco. Louco por ela. Louco pra ela. Louco com ela.


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