— Boa noite, meus filhos. – disse Maria Marta, a Imperatriz, subindo as escadas rumo aos seus aposentos.

Já estava virando rotina, todas as noites eram assim: jantava com os filhos, netos e noras, subia para seu quarto, passava seus cremes, lia um pouquinho do seu livro e adormecia. As vezes mudava um pouco: chamava seus netos para ficarem bagunçando seu quarto (ela passou a adorar isso!), ouvia uma música, ou simplesmente chorava. Ultimamente ela mais sofria do que fazia... gente sofrer. E tudo é culpa daquele marido cangaceiro dela: José Alfredo Medeiros, o Comendador.

No outro dia, quando acordou, ouviu logo o choro dos seus netos. Não gostava de vê-los assim. Mandou Silviano pedir à Du que levasse as crianças até seu quarto. Logo depois, estavam os netos no quarto da Imperatriz, que já tomara seu banho.

— Bom dia, meus amores! Por que vocês estavam chorando? Posso saber?

Os gêmeos, que já estavam com 4 anos, olharam pra mãe e riram. Cínicos. Como a família Medeiros de Mendonça e Albuquerque.

— Não querem ir pra escola hoje, Marta.

Marta conseguiu os convencer de ir pra escola e prometeu um passeio no shopping após a aula. Alfredinho e Martinha eram muito apegados na morena. Depois de relutar muito, a Imperatriz até permitiu ser chamada de vó.

Semanas depois....

Depois do jantar, Marta ficou conversando com a família na sala de estar, e por isso foi para seu quarto um pouco mais tarde. Quando estava chegando na cama, ouviu a porta do quarto do Comendador batendo. Sentou pensativa em sua cama, encostou a cabeça na parede e, involuntariamente, uma lágrima foi deslizando pelo seu rosto. Quanto tempo não via seu homem. Na verdade, foi ela que optou por isso. Pensou que se não visse, não iria sentir. De fato, ela estava conseguindo aproveitar mais a família, tinha estreitado uma relação muito grande com todos. E o tempo passava tão depressa que não tinha espaço pra pensar em José Alfredo. Mas, especialmente naquele dia, ela tava com uma saudade danada do cheiro daquele bode teimoso. Percebeu que estava tão silêncio e decidiu ir ao quarto do marido.

Zé estava saindo do banheiro pronto para dormir quando se esbarra em Marta. – Shit!!! Quem deixou... – foi aí que olhou no rosto de Marta e sentiu suas pernas bambas. Só não sabia por quê, ele nunca ficara assim. Fitou os olhos em seu decote acentuado. – Marta... O que vo-você está fazendo...aqui?