The Swan Sisters Saga escrita por miaNKZW


Capítulo 73
Capítulo 21 - Damon Salvatore, a seu dispor...




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Eu não pude acreditar no que vi e senti. O rosto de Dorian mudou completamente e eu não o reconheci, seu sorriso terno havia sumido e o desejo que antes estava claro em seus olhos deu lugar a algo como ódio e... repulsa. De inicio eu não entendi muito bem, mas quando Dorian me soltou, ou melhor, quando Dorian me empurrou e eu caí na areia dura e molhada tive um vislumbre do que estava para acontecer. Estúpida e ingênua como sempre, eu ainda não podia acreditar, tentei perguntar o que eu havia feito de errado, mas era inútil. Dorian se levantou num salto, se recompôs ajeitando as roupas.

_ Isso não vai acontecer. – me informou indiferente e sem emoção alguma em sua voz.

Nesse momento uma catástrofe aconteceu. Parecia que o chão se abria bem debaixo dos meus pés. A sensação foi de incredibilidade, porque não dava para conceber que a mesma pessoa que há menos de dois minutos me beijava, sussurrava confissões no meu ouvido, simplesmente havia mudado de idéia assim de repente.

_ Mas... – sibilei ainda incrédula.

Ele apenas estendeu uma de suas mãos, obviamente gesticulando para que eu me calasse.

_ Já disse que isso não vai acontecer. Não piore ainda mais esta situação, Ivy.

A frieza em suas palavras, a indiferença estampada em seu rosto me irou. Isso mesmo, num instante a dúvida deu lugar a ira e eu me levantei tão rápido quanto pude. Me levantei ignorando a tremedeira nas pernas e a tontura que me fazia acreditar que um desmaio estava prestes a acontecer, e o encarei decidida. Queria ver se ele tinha coragem de me rejeitar olhando bem dentro de meus olhos.

E bem, ele teve.

E mais uma vez, minhas emoções me traíram, quando olhei dentro daqueles maravilhosos e profundos olhos castanhos, não pude resistir e pedi, insisti e implorei vergonhosamente:

_ Não vá! – murmurei sentindo o duro golpe da rejeição subindo pela garganta – Eu te amo!

E esse foi o meu fim. O estopim da maior humilhação que eu já havia passado. Dorian riu e, a gargalhada foi aumentando a medida que a crueldade aumentava naquele rosto perfeito, calmo, sereno e de pedra. Então o Deus Grego, o homem mais perfeito do mundo não me quer?

_ Mas eu não te amo! – meu estoque de “coisas idiotas para se dizer quando se está levando um fora” parecia não acabar.

Mas ele não. Ele não me quer. A mensagem foi clara como o dia. Ivy, sua tonta, é claro que ele não me quer! E como poderia? Ivy, sua tonta!

Como se não bastasse a humilhação da própria situação em si, as lágrimas vieram para acabar com o resto de dignidade que havia sobrado em mim. Lágrimas, soluços e até grunhidos eclodiram explodindo em meu peito involuntariamente. A rejeição dói. Dói, dói demais... Faltou o ar, a força, o apetite, faltou o sorriso, e aquela alegria de saber que estaria ao lado dele já nem me lembrava mais... O cheiro, a voz, a pele... Dorian, meu Dorian...

_ Você não acha mesmo que eu ficaria com alguém como você, acha? - então o tiro de misericórdia veio firme e certeiro, frio e cruel me atingiu sem dó e eu desabei. Literalmente desabei. Mas Dorian ainda não havia terminado – Olhe para mim. – deitada no chão, não tinha forças para sequer levantar a cabeça, eu não olhei, não respondi, não sabia como – Olhe para mim, Ivy! – insistiu – Você sabe quem eu sou? Sabe o que já fiz? – a crueldade aumentava a medida que o tom de sua voz subia – Sabe quantas mulheres eu já tive nessa vida? Menina, - e agora nem meu nome ele se lembrava mais – eu conheço o mundo! Conheço o mundo e tive mais mulheres que minha memória é capaz de lembrar. E dei mais prazer do que sua mente infantil e seu corpo inocente é capaz de imaginar. Fui desejado, cobiçado e disputado mais vezes do que posso contar. Mas, se você ainda não percebeu, estou sozinho até hoje! Como é que você pensou que eu poderia me interessar por você? O que eu poderia querer com você? O que você pensou? Que nos beijaríamos, trocaríamos juras de amor e depois eu a levaria ao altar para confessar meu amor eterno a você em frente dos amigos e familiares que você sequer tem? E depois? O que aconteceria depois? Núpcias? Filhos? Mágica? Amor eterno e então um “felizes para sempre” no final? Você é realmente tão ingênua assim?  

_ Chega, Dorian! – eu não podia ouvir mais – Pare! Você não me quer, eu já entendi! Pare... – implorei porque naquele exato momento era tudo que eu conseguia fazer.

Quando eu já não esperava mais nada, não acreditava em mais nada, o cafajeste Dorian pareceu sumiu por alguns minutos e o doce, gentil e educado Dorian voltou. Ele se inclinou até mim e com meu rosto entre suas mãos sussurrou:

_ Não é você... – mesmo que parecesse impossível, vi uma ponta de dor em seus olhos – Eu só... só prefiro mulheres mais maduras... – mas a dor desapareceu tão rápido como havia surgido e o rosto de pedra voltou ainda mais satírico que antes, mais maldoso.

“O que? Será que meus ouvidos estão me pregando uma peça? Estou louca mesmo ou ele acabou de dizer que não me quer porque sou VIRGEM?”

Balancei a cabeça incrédula, ainda não podia acreditar no que acabara de ouvir. Minha boca obviamente estava aberta, não porque tinha algo para dizer, simplesmente porque eu estava literalmente boquiaberta com o que Dorian insinuara. Mas ele não entendeu, certamente achou que eu tinha forças para continuar a me humilhar. “Tolo Dorian, não sou tão forte assim...”

_ Não tenho tempo e nem vontade de te ensinar como é a vida, menina. – ouvi ele dizer, mas as palavras já não chegavam até meu cérebro, continuei inerte – Não me procure, não tenho tempo para você. – fechou com chave de ouro– Adeus – então Dorian Gray partiu e destroçou o que restava da minha alma e coração.

Então, logo após o “tapa na cara” veio o cruel e inevitável auto questionamento "O que foi que eu fiz de errado?" acompanhado da famosa sensação de “Ninguém me ama!”.

Não só me senti rejeitada, senti-me pouca, senti me nada. Precisava de mim mesma, mas não ouvi resposta. Procurei acalento e, não havia ninguém para me dar abrigo. Perdi o senso e a força. Senti-me só. Profundamente só.

E ele? Sim, até me deu uma bolinha, mas EU não sou o tipo de recheio que ele mais aprecia, o perfume que mais lhe agrada, tampouco a música que mais ele gosta de ouvir... Então, o que me resta? Chorar litros de lágrimas? Mas eu sei que é pura perda de tempo ficar esperando que ele se compadeça das minhas lágrimas sofridas e venha correndo para os meus braços chamando-me de "amor da minha vida, vamos esquecer tudo que aconteceu". Ele não fará isso.

O fato é que eu me apaixonei por alguém que não me quer, fantasiei demais, envolvi-me demais, me entreguei de corpo e alma sem ao menos saber quem ele realmente era.

Mas é verdade também que mesmo diante de tanta indiferença, mesmo depois da humilhante rejeição, eu ainda o desejava. Eu ainda amava Dorian Gray, amava mais do que minha própria vida. E eu ainda o queria. Eu sabia que me jogar no chão, chorar até não agüentar mais não era a solução, até porque se desistisse, se eu caísse naquele momento jamais me levantaria novamente. Mas eu amava Dorian! O que eu vou fazer agora?

“Quando a novelinha mexicana terminar você me avisa?” – já estava demorando para ele aparecer.

_ Uhhhhh... Salvatore! Cale a boca, seu idiota! – eu precisava extravasar, descontar a raiva em alguém – Saia da minha cabeça agora!

“Nossa, de onde saiu tanta violência?”

_ Me deixe em paz!

“Se fosse tão fácil assim, você realmente acha que eu ainda estaria aqui?”

_ Que parte de vá embora e me deixa em paz você não entendeu? Ah, já sei! Você não existe, não é? É só a minha imaginação, a parte louca da minha cabeça falando, ou melhor, me enchendo o saco o tempo todo, não é?

“Huf...” – ele suspirou entediado despertando ainda mais ira em mim.

_ Vá embora, já disse! Pegue essas suas duas pernas imaginárias e suma daqui!

_ Imaginárias, hum? – senti um toque por trás do ombro e me virei, dei um pulo quando vi Salvatore em carne e osso bem na minha frente, ou pelo menos era o que parecia.

_ O... voc... quem... – gaguejei estendendo a mão para tocar seu braço - ele estapeou minha mão sem pensar duas vezes e se materializou do outro lado no mesmo instante - Como... Ivy, você definitivamente está ficando louca! – balbuciei para mim mesma.

_ É... agindo desse jeito é o que todos vão pensar mesmo. – disse, passando os braços ao redor da minha cintura como se fôssemos velhos amigos – Então, me diga Ivy, você sempre fala sozinha? – satirizou.

_ Cala a boca! – gritei, empurrando-o para longe – Quem é você? De onde saiu?

_ Hey, calma! – disse, gesticulando as mãos como se tentasse acalmar uma multidão – Primeiro, as primeiras coisas – virou a mão direita – Acho que ainda não fomos apresentados propriamente; Damon Salvatore a seu dispor... – estendeu a mão aguardando pela minha e se curvou como um verdadeiro cavalheiro. Falso e irônico, é claro!

_ Sai daqui! – eu dei o tapa na mão dessa vez.

_ Ora! Mas que falta de educação, Nosferatus! Temos que nos dar bem, afinal, seremos uma equipe em breve! E eu estou aqui para te ajudar, lembra?

_ Do que você está falando? Eu não preciso da sua ajuda! E não me chame de Nosferatus! Você nem sabe o que isso quer dizer!

_ Como não, se eu SOU um Nosferatus?

Parei. Boquiaberta com a declaração.

_ Nosferatus não existem mais... quer dizer, eu sou uma Nosf... ou... uma tentativa de recriar um Nosferatus, obviamente fracassada, porque... porque... os Nosferatus não existem mais.

_ Tem certeza?  - disse e desapareceu no ar.

“Você tem certeza disso, Ivy?” – perguntou novamente, fazendo sua voz soar dentro da minha cabeça como antes.

_ Acho melhor repensar seus conceitos, querida. – continuou seu discurso em voz alta enquanto se materializava ao meu lado novamente - Os livrinhos de história do papai nem sempre contam a verdade...

_ Vo... você... você conhece Jean?

_ Jean... Giácomo... Tia Maggie... – ele fez uma careta infantil - Theodore e até Nathan! Você se lembra do Nathan, não é? – ele perguntou e irritantemente passou os braços pela minha cintura novamente – E outras pessoas que... bom, isso fica para outra hora...

_ Do que você está falando? E quem é você?

Ele suspirou, tirou os braços de mim dando alguns passos e parando bem na minha frente. Cruzando os braços sobre o peito e revirando os olhos em um gesto claro de impaciência, ele se inclinou deixando o rosto a apenas alguns milímetros de distância do meu.

_ Damon Salvatore, já disse. Você não está escutando? Tem algum problema com os seus ouvidos? – ironizou enfiando um dedo na minha orelha – Foi a água? Entrou água nos ouvidos naquele dia em que EU te salvei?

“Água? Água?” então aquela noite macabra voltou a minha memória e as imagens horrendas daqueles dois homens gritando finalmente fizeram sentido. Eu me lembrei da minha primeira noite aqui, a noite em que cheguei a La Push. A carona de Jim, o ônibus, os dois homens bêbados que me atacaram e depois... depois me lembrei do que eu fiz com eles e o nojo que senti me causou náuseas.

_ Hey! Calma! – Damon pediu – Não vai começar a passar mal bem agora, vai?

_ O que... por que... por que você não me impediu? – eu quis saber mesmo sentindo as contrações do estômago aumentar a medida que a palavras saiam – Por que você me deixou fazer aquilo?

_ Vamos esquecer isso, sim? Você tem um passado negro, eu tenho um passado negro... e quem não tem? Todo mundo sente fome e um pouquinho de sangue aqui, outro ali, não faz mal a ninguém! – Damon continuou falando como isso fosse a coisa mais normal do mundo – Aqueles pediram pelo o que aconteceu e... essas coisas acontecem, é inevitável, na verdade. Digo, para criaturas como nós e...

_ Eu não sou assim! – gritei e não pude mais me segurar, vomitei bem nos pés dele.

_ Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!! – ele gritou – O que você fez?

_ A culpa foi sua! Eu disse para você parar... – mesmo com aquele gosto horrível na boca, ainda consegui rir com a expressão no rosto dele.

_ Droga! – xingou contorcendo a boca – Tudo bem, vamos esquecer isso – longa arfada - E vamos logo ao que interessa, - ele hesitou por alguns segundos, examinando meu rosto cuidadosamente e continuou – bem, como eu disse antes, muito em breve eu vou precisar da sua ajuda e... como sou um cara que acredita no “é dando que se recebe” estou aqui para te ajudar.

_ Já disse que não preciso da sua ajuda!

_ Hum... – torceu a boca pensativo – Então, Dorian Gray não gosta de menininhas inocentes, hun?

_ E o que você tem a ver com isso?

_ Bem... você sabe... eu posso dar um jeito nisso, sabe?

_ Ah, é? Como? – respirei fundo e resolvi entrar no jogo dele – Vai hipnotizar ele e fazê-lo se apaixonar por mim?

_ Até poderia, mas tenho uma solução mais prática e que requer menos energia... – fez uma cara estranha e ainda mais irônica - Estou precisando guardar as energias ultimamente, sabe? Uma promessinha tola que fiz ao meu irmão há alguns séculos atrás, mas isso não vem ao caso agora. O que quero dizer é que eu posso te ajudar a conseguir o coração do sonsinho do Dorian em dois minutos se você quiser, meia hora talvez... ou mais... vai depender de você, na verdade...

_ Como? – perguntei eufórica, é claro que eu estava interessada.

_ Como você é devagar, não?

_ Você vai ficar brincando com a minha cara ou falar seu plano de uma vez?

“Dorian Gray não te ama porque você é inocente demais? VIRGEM demais?” – a voz de Damon ecoou dentro da minha cabeça e plantou a semente. E posso dizer que eu perdi a razão completamente porque eu estava pronta para aceitar, eu entendi o que Damon estava me oferecendo e estava decidida a aceitar.

_ Damon? – chamei, mas ele já havia desaparecido de novo – Daaaaamon?


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