The Swan Sisters Saga escrita por miaNKZW


Capítulo 61
Capítulo 9 - Uma Última Chance


Notas iniciais do capítulo

 
O presente capítulo pretende mostrar a história de Ivy sob seu ponto de vista. Na verdade, a grande aventura de nossa heroína se inicia aqui e será contada com suas próprias palavras a partir de agora. Os leitores mais atentos notarão uma alteração na narrativa, antes em terceira pessoa. Isso se fez necessário para explicar toda a origem da protagonista e da Fanfiction em si.
Esperamos que entendam e apreciem.
 
Com carinho,
Mia e Sarah.



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Last Chance

Eu não podia dizer quanto tempo havia se passado. Os últimos dias haviam sido estranhos e estavam distorcidos em minha memória. Tudo que eu conseguia me lembrar era do rosto de tia Maggie me consolando e de suas lindas canções de ninar que eu tanto adorava. Mas nem mesmo suas palavras de consolo estavam claras para mim agora. Tudo parecia distante e distorcido. E de repente, em meio à escuridão em que eu havia me perdido, pude ouvir a voz de tia Maggie novamente. Por algum motivo ela parecia ainda mais urgente dessa vez.

_ Ivy? - ela suplicava – Você consegue me ouvir?

_ Oh! Desista Sra. Maggie, ela não está mais conosco e não pode ouvi-la! – disse uma segunda voz que eu levei alguns segundos para reconhecer. Era Jonas, o chofer de Jean – Como era mesmo a palavra que o médico usou? Ah! Sim, catatônica! É isso mesmo, ela está em estado catatônico e não é capaz de entender o que dizemos! Então é melhor desistirmos agora, antes que o mestre suspeite e descubra tudo! Isso nunca teria dado certo de qualquer forma...

A familiaridade daquelas vozes trouxe um estranho sentimento de segurança dentro de mim, e aos poucos, elas começavam a ficar cada vez mais audíveis.

_ Não! Eu não posso desistir, Jonas! – gritou tia Maggie – Eu não vou desistir de você., está me ouvindo, Ivy? – ela então beijou minha testa e sussurrou – Se você me ama, você vai acordar... eu preciso que você acorde e me escute Ivy! Por favor...

O amor que tia Maggie sentia por mim despertou algo dentro de mim. E eu tentei lhe dizer que estava bem, eu queria confortá-la como ela sempre me confortou. Mas meu corpo não me respondia mais; e na impotência de minha fragilidade, tudo que eu pude fazer foi deixar que uma lágrima escorresse de meus olhos.

_ Olhe Jonas! Ela está chorando!

_ Isso não quer dizer nada Sra. Maggie...

_ Você me ouviu! Me ouviu, não foi, filha? Agora acorde! – tia Maggie dizia em desespero enquanto acariciava meu rosto – Eu quero te ajudar, mas não vou conseguir sozinha!

Ajuda? E como alguém poderia me ajudar? Eu estava condenada, meu destino era passar o resto da eternidade ao lado de um psicopata doentio e inescrupuloso, e não havia nada que eu pudesse fazer. Ninguém poderia me ajudar. Então, eu agradeci pelo branco em minha memória. Eu agradeci pelo fato de não ser mais capaz de sentir nada, ouvir nada. E era somente assim, catatônica, que eu suportaria aqueles dias que estavam por vir.

_ Acorde Ivy! Por favor??

Com a dor que emanava nas súplicas de tia Maggie, eu vasculhei dentro de mim. E nas profundezas mais escuras de minha alma, eu finalmente encontrei forças para uma última tentativa.

_ T... T... Tia Maggie? – apesar dos esforços, minha voz saiu fraca e lamentosa.

_ Srta. Ivy! - Jonas se virou do banco do motorista e exclamou com olhos esbugalhados.

_ Ah! Você finalmente voltou! – tia Maggie me apertou num abraço – Eu sabia! Eu sabia que eu não tinha te perdido!

_ Voltou de onde tia Maggie?

_ Da fortaleza que você mesma construiu ao seu redor...

_ A srta. não se lembra de nada? –Jonas perguntou um pouco mais calmo.

_ Ahn... – eu tentei forçar minha memória, mas tudo que eu conseguia me lembrar eram de imagens e vozes que não se encaixavam, lembranças vagas e disformes dos últimos dias – Não... eu não... onde nós estamos?

_ Em Londres. – tia Maggie informou – Estamos em Londres para o seu ritual de purificação. Eu te expliquei tudo ontem à noite, você não se lembra?

_ Não... – respondi, ainda tentando forçar a memória, e então me dei conta - mas já? Que dia é hoje?

_ Quarta-feira, filha. Estamos a apenas três dias do casamento...

_ NÃO!!!!!! – eu chorei. Mesmo resignada eu não podia suportar a idéia que a tragédia estava tão próxima – NÃO! Não pode ser...

_ Ivy! Acalme-se. Por favor, acalme-se.

_ Estamos quase chegando Sra. Maggie, não temos muito tempo agora! – Jonas alertou - A senhora precisa se apressar!

_ Ivy! Você... vai... fugir... – tia Maggie disse pausadamente, segurando meu rosto com firmeza.

E ainda que parecessem impossíveis, aquelas palavras acenderam um chama dentro de mim.

_ E... eu... fugir?

_ Ou ao menos tentar... – Jonas afirmou.

_ Oh, Ivy! Nós temos um plano, mas eu preciso que você se acalme e preste muita atenção.

_ Mas...

_ Ouça-me com atenção, não temos muito tempo. - tia Maggie me interrompeu antes que a aflição me tomasse novamente. Eu acenei e tentei me manter calma enquanto ouvia o tal plano de fuga - Jonas vai nos deixar no hotel e depois irá até Essex buscar Hilda, a xamã. Isso levará cerca de quatro horas ou mais – ela trocou um olhar apreensivo com Jonas que acenou em afirmação – Enquanto isso, eu irei até o centro para comprar alguns itens que Hilda solicitou... e é aí que entra a sua parte.

_ Minha parte? O q...

_ Você vai aproveitar minha ausência para fugir! Mas preste muita atenção, pois Jean alugou a suíte principal, fica no último andar e existem dois seguranças que foram contratados especificamente para não tirarem os olhos de você!

_ Oh!

_ Tudo bem, tudo bem... temos um plano para isso também. Eles só chegarão aqui as 14h00min e tivemos sorte, pois nosso vôo chegou no horário. Então temos pouco mais de três horas! Bem mais do que havíamos planejado, não é Jonas?

_ Sim, mas não poderemos contar com a sorte novamente Sra. Maggie! Vamos, a hora é essa!

_ Calma, Jonas. Dê mais uma volta pelo quarteirão, sim? Preciso de mais alguns minutos.

 

 

Eu estava no quarto e a ansiedade não me permitia ficar parada. Eu liguei a TV, mas não fui capaz ouvir o noticiário. Olhei para o relógio, 12h16min. “Vamos, tia Maggie, vamos!”. Um leve ruído na porta indicou que minhas preces haviam sido atendidas.

_ Obrigada, meu bom rapaz! – ouvi a voz polida de tia Maggie – Pode deixar que agora eu mesma me acomodo.

_ Tia Maggie!

_ Shhh... Alguém pode nos ouvir...

_ Ah, me desculpe... mas já são quase 12h30min!

_ Eu sei, eu sei! Venha. – ela me puxou e nos sentamos na mesinha da varanda – Pronto! Acho que aqui é mais seguro e ninguém poderá nos ouvir.

_ Eu estou com medo tia Maggie! – eu disse antes que ela pudesse continuar – Eu não quero que nada aconteça com você, ou com Jonas! E se Jean...

_ Eu também estou com medo! Mas você não deve se preocupar, vai dar tudo certo. – tia Maggie então me abraçou forte, e as lágrimas começaram a chegar, turvando minha vista – Ah, filha! Eu te amo tanto! Já deveria ter feito isso há muito tempo atrás, mas sempre me faltou coragem. Você me perdoa por isso, Ivy?

_ Perdoar? Tia Maggie! Você foi a única pessoa que sempre cuidou de mim, - eu disse entre os soluços - a única que me amou de verdade! Eu não teria sobrevivido todos esses anos sem você!

 

Na verdade, o plano era bem simples, mas Londres era imensa e eu nunca tinha andado sozinha por aquelas ruas.

Aguardei alguns minutos depois que tia Maggie saiu e, seguindo suas instruções desci até o térreo, utilizando o elevador de serviço. Uma vez no estacionamento, procurei pela porta de ferro que levava até um beco nos fundos do hotel e, exatamente como tia Maggie havia dito, ela estava destravada. Andei duas ou três quadras até avistar uma ponte imensa, a Westminster Bridge; e do outro lado do Rio Thames, avistei o prédio do Gherkin, a Prefeitura da cidade.

Eu estava aflita, meu coração batia tão forte que cheguei a acreditar que teria um enfarto antes de chegar à estação de trem. Mas eu persisti, tia Maggie e Jonas haviam arriscado suas próprias vidas por mim e eu só tinha uma chance. Então, guiada por esse pensamento, eu atravessei a ponte e cheguei até a Victoria Station. Não foi difícil de achar, a entrada ficava bem ao lado da Prefeitura e havia muitas placas indicando o local, mas já passava do meio dia e o tumulto do horário do rush já havia começado. Tentei vasculhar o local a procura dos guarda bagagens, mas eu não conseguia me desvencilhar da massa de pessoas, eles pareciam se mover todos juntos em direção aos vagões que não paravam de chegar. Forcei-me nas pontas dos pés e assim consegui avistar as inúmeras portinhas que cobriam toda a parede do fundo do saguão. Então, respirei fundo e comecei a forçar minha passagem. No início, até tentei me desculpar, pedindo licença e tentando não esbarrar em ninguém. Mas aqueles rostos inexpressivos e indiferentes me deixaram furiosa, e não levou muito tempo até que eu começasse a agir como eles.

“C – 4242, meu número!” Eu pensei, caminhando em direção aos guarda volumes enquanto pressionava os dedos no bolso da calça, sentindo a pequena chave que guardava mais instruções de tia Maggie. Abri o armário enferrujado ainda sem saber o que esperar e me deparei com uma mochila de viagem e três envelopes brancos. Eu sorri satisfeita quando reconheci a letra nos dois que estavam destinados a mim. No menor havia um recado “Para quando você estiver sobre o Oceano...”, e no outro as inicias T.L., então parti para o que restava. Havia dois tickets dentro dele, alguns dólares e um passaporte. “Evangelina Mcpherson” era o nome que constava no documento ao lado de uma foto minha, além de alguns números e outros dados. “Evangelina...” eu pensei sorrindo e apanhando a mochila.

_ Olá, eu me chamo Evangelina Mcpherson! – ensaiei baixinho e rumei em direção aos banheiros.

O cheiro era horrível e eu tinha medo até de pensar nas doenças que aquela imundice poderia me causar, mas eu precisava me trocar e me desfazer daquelas roupas que estava usando; meu cheiro certamente estava impregnado nelas e eu não podia deixar qualquer rastro ou pista que indicasse meu destino.  Deixei as roupas velhas no lixo do banheiro, guardei o dinheiro, o envelope endereçado a T.L. e o “Para quando você estiver sobre o Oceano...” dentro da mochila, mas deixei o passaporte e a carta com o resto das instruções de tia Maggie ao alcance da mão e bem pertinho do coração, no bolso interno da minha jaqueta.

Então, muito mais confiante e munida com o ticket que tia Maggie havia comprado para mim, peguei o primeiro trem em direção a Gatwick. Foi uma viagem pequena, com cerca de quarenta minutos, no entanto, cada segundo parecia durar uma eternidade. O lugar estava lotado e eu mal podia me mover, mas me senti mais segura “camuflada” em meio à multidão.

Quando o metrô finalmente parou, eu desci e logo me deparei com uma porta de vidro enorme, me aproximei e ela se abriu. “Sensores de movimentos... que chique!” eu pensei antes de ver o mega saguão branco lotado de pessoas que iam e vinham apressadas. Enquanto eu admirava as inúmeras lojas, quiosques e escadas rolantes que enchiam ainda mais o local, o auto-falante anunciava os embarques iminentes. Foi quando as palavras de tia Maggie ecoaram em minha mente: “Você vai para a América, filha! América!”.


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