The Swan Sisters Saga escrita por miaNKZW


Capítulo 6
Capítulo 5 - A Verdade




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Forks – Washington. Um lugar que não queria ter de voltar. Um lugar que me trazia tantas recordações tristes de uma época que quase me destruiu. A culpa, a vergonha pelo que fiz quando raptei Angel e a tomei para mim. E ainda havia a possibilidade de encontrar Renée novamente. Será que ela e Charlie ainda viviam em Forks? E se vissem Angel eles a reconheceriam? E se Angel descobrisse o que fiz e resolvesse ficar com sua família? Eu não podia deixá-la com simples humanos! Fracos e indefesos e que não seriam capazes de protegê-la, se fosse necessário. Eu tinha que tomar muito cuidado para não cometer nenhum erro e correr o risco de ter o ódio de minha filha para o resto de minha existência.

Fizemos uma parada em Port Angeles para descansar. Angel precisava comer qualquer coisa que não fosse batatas fritas e refrigerante, e estava realmente precisando de uma boa noite de sono. Port Angeles era um lugar seguro, longe o suficiente de Charlie e Renée e perto o suficiente para que eu pudesse me transformar e correr a procura de Theodore.

À noite quando Angel finalmente adormeceu, eu decidi que era hora de ir para Forks. Transformei-me e segui o caminho pelas matas que ligavam as duas cidades. A floresta que cercava Forks era realmente muito antiga e certamente abrigava um ar místico que entoava muito bem com as antigas lendas de lobos gigantes que faziam parte da crença local. Para a minha sorte e surpresa, Forks não tinha mudado em nada. As mesmas ruas, as mesmas casas, continuava sendo a cidade úmida e nebulosa de minhas memórias.

Encontrar o hospital da cidade não foi difícil. Mas encontrar coragem para encarar Theodore novamente foi torturante. Eu havia roubado o bebê de alguém, alguém que jurei amar e proteger. E assumir meu crime não seria fácil. Ainda mais quando visse a decepção nos olhos de Theodore. Mas Theodore e Janet haviam me perdoado. Eu tinha certeza, pois essa era a única explicação plausível para a mentira que contaram aos Loup Garou. Eles disseram a Jean que eu havia matado Renée e fugido de vergonha. Theodore e Janet mentiram para me proteger, arriscaram suas próprias vidas para me proteger. Eu não merecia sua piedade, sua amizade. Eu havia mentido, roubado e destruído uma família. Mesmo sabendo que eu não era digno de tamanha lealdade, eu estava disposto a pedir sua ajuda mais uma vez. Angel era minha vida agora e eu faria qualquer coisa para mantê-la segura.

Uma forte nevasca havia atingido Forks há algumas semanas atrás, mas aquela noite em particular estava clara e amena - o que resultou em menos movimento no hospital. Após um longo momento de hesitação, eu finalmente consegui entrar na sala de espera. A recepcionista estava ao telefone e achei de bom tom me sentar e aguardar até que ela pudesse me atender – talvez se fosse gentil ela estaria disposta a me ajudar e ceder as informações que eu procurava. Enquanto aguardava avistei o jornal do dia e um alivio percorreu meu corpo ao ler a manchete do dia:

 

“SEATTLE SEGURA DE NOVO. A CIDADE DESFRUTA DE DUAS SEMANAS COMPLETAS SEM OS BRUTAIS ASSASSINATOS”.

 

Eu nunca quis salvar o mundo. Mas não me agradava saber que pessoas eram assassinadas com tamanha crueldade e em tão pouco tempo. Aqueles crimes em Seattle despertaram minha curiosidade. Pelo curto período de tempo em que ocorreram e também pela aparente “limpeza” nos locais em que supostamente ocorreram. Aquilo era tão familiar para mim, pois sabia que essa era a forma como nós lobisomens deixávamos os restos de nossas refeições.

— Posso lhe ajudar, senhor? – disse a recepcionista interrompendo minha concentração.

— Sim, srta.?

— Strauss. Beth Strauss

— Bem, srta. Strauss estou procurando um velho amigo que já trabalhou neste hospital e gostaria de saber se você poderia me ajudar. Eu realmente lhe ficaria muito grato – eu continuei num tom polido insinuando um flerte – Ele se chamava Theodore. Doutor Theodore Leaf, você o conhece?

— Humm, Leaf? Doutor Leaf? Sim, sim, eu acho que me lembro dele. Eu estava estagiando aqui quando ele partiu sem dar explicações. Lembro-me da tristeza e da decepção de todos nesse hospital quando ele nos deixou. Ele realmente era um ótimo homem. Mas não ficamos na mão por muito tempo, sabe? O doutor Carlisle logo se mudou para Forks e começou a trabalhar aqui. Doutor Carlisle foi mesmo uma dádiva de Deus! Um santo homem! Acho até que melhor que o doutor Leaf. Mas você deve entender que algumas dessas informações são confidencias, não é mesmo?

— É claro! Eu não gostaria de lhe causar problemas... absolutamente e de forma alguma eu poderia prejudicá-la, srta. Strauss, mas veja bem...

Um odor pungente invadiu minhas narinas me obrigando a interromper minhas investidas. Eu pude reconhecer aquele cheiro. Queimava minha garganta a ponto de contrair meus músculos involuntariamente, me preparando para o ataque. Era um vampiro. Aquele odor fédito só poderia ser oriundo de um vampiro. Eu tentei me manter calmo e continuei inclinado sobre o balcão encarando os olhos de Beth, mas estava atento a qualquer movimento que indicasse algum ataque. Não queria expor mais uma humana à realidade assustadora que existia ao seu redor. Infelizmente, meus instintos me levavam a acreditar que um confronto seria inevitável. Uma voz suave me pegou de surpresa:

— Algum problema Beth?

— Não, doutor Carlisle, está tudo bem. O senhor... – Beth hesitou.

— Nathan. – eu completei.

— Sim... o senhor Nathan está procurando por um amigo e pensou que eu pudesse ajudá-lo. Mas como eu ia dizendo esse tipo de informação é confidencial e eu...

— Eu posso entender... me desculpe pelo incomodo – eu respondi antes que Beth pudesse terminar.

Eu me levantei e me posicionei para sair quando, o vampiro se dirigiu a mim:

— Talvez eu possa ajudá-lo, senhor Nathan. Por que não me acompanha até minha sala para que possamos conversar?

O confronto era eminente, era obvio.

— Sim. – eu respondi seco e o segui.

Quando viramos o corredor em direção às salas particulares - longe dos olhos curiosos de Beth - eu pude sentir meus músculos se contraindo causando uma onda de calor que irradiada pelos membros. Pequenas e leves convulsões atravessavam meu corpo. Eu estava prestes a me transformar quando o doutor vampiro se virou e disse:

— Fique calmo. Eu não procuro por um confronto com você! Particularmente aqui! Em meu local de trabalho. Relaxe criança e você ficará bem. Eu prometo.

Aquela voz. Aquele cheiro. Aquelas palavras. Eu o conhecia! Eu já havia encontrado aquele estranho vampiro antes. Minha mente retrocedeu séculos e cheguei na minha primeira memória, na noite de minha criação.

— Você! – eu disse em um tom de acusação – Foi você! Você é o motivo de tudo isso! Você permitiu que eu me transformasse nesse monstro que sou hoje! Você me condenou a essa tortura eterna! Tudo isso é culpa sua!

O vampiro não podia compreender minhas palavras, minhas acusações. E começou a se afastar em posição de defesa:

— Eu não compreendo criança! Eu não posso ter te transformado nisso! Nem mesmo por acidente! Você não sabe o que sou? Não sabe o que meu veneno faz?

— Sei! Eu sei muito bem o que o seu veneno pode criar! O seu veneno, como o meu, tem o poder de perpetuar nossa espécie! Mas não foi o seu veneno que me condenou! Foi sua crueldade que me tirou a vida!

O vampiro continuava estático em sua posição de defesa, mas pude ver a duvida em rosto. Então continuei a afrontá-lo.

— 1576, Romênia... Floresta de Gotland. Eu era aquele jovem moribundo que você deixou agonizando no chão! Você permitiu que o veneno em meu sangue se espalhasse pelo corpo. Sangue suga miserável! Você podia ter acabado com aquela dor e salvado minha alma, mas permitiu que o diabo levasse-a embora para sempre!

— Oh! – foi tudo que saiu da boca daquele maldito vampiro – Eu... eu não... eu não...

— Cale-se! – eu gritei, já nem me lembrava onde estávamos tudo que eu queria era matar aquele monstro. Me vingar por todas as desgraças que ele permitiu que me acontecessem. Foi quando Beth apareceu assustada.

— Está tudo bem, doutor Carlisle? O Senhor quer que eu chame os s...

— Não Beth, está tudo bem. Esse senhor aqui e eu estamos somente conversando. Obrigado. Por favor, volte para a recepção e eu lhe chamarei se for necessário – Carlisle disse, mas Beth continuou parada ainda preocupada com a aparente discussão.

— Ouça criança...

— Eu não sou criança! – eu o interrompi.

— Me desculpe, Nathan. Por que não terminamos essa conversa em meu escritório?

Sabendo que Beth não se afastaria, ambos recompomos nossa postura e eu o segui até a sala. Ele abriu a porta me convidando para entrar – aquele vampiro parecia educado demais – eu concordei e entrei. Antes de fechar a porta, Carlisle disse:

— Fique tranquila, Beth, pois está tudo bem. Obrigado.

Carlisle caminhou lentamente até a janela, como se tentasse enfatizar suas palavras:

— Nathan... – ele começou – Eu nunca quis lhe causar mal algum... mas se o fiz, tudo que posso lhe dizer agora, é que não foi intencional. Naquela noite, quando te deixei sozinho na floresta pensei que estivesse salvando sua vida. Eu não queria que meus... colegas terminassem com ela. Vejo agora que cometi um erro. Mas entenda, essa nunca foi minha intenção.

Aquele vampiro era realmente diferente. Eu pude ver a sinceridade de suas palavras em seus olhos. Eu senti que, mesmo que improvável, aquele vampiro – Carlisle - era... Carlisle era bom. Foi então que tomei consciência do que tinha falado. Da magoa que sentia. Eu estava transferindo a culpa que sentia para alguém que sequer conhecia. Eu entendi naquele momento, que eu era o único responsável por todos os erros que cometera, todos os crimes e mortes. Eu o culpava porque era mais fácil do que admitir que eu era o culpado. Eu havia feito as escolhas que me levaram até aquela situação. Eu havia feito as escolhas erradas desde o principio. E Carlisle não tinha nada a ver com isso. Então me lembrei de Angel. Eu jamais teria conhecido Angel. Ou Renée, se eu não fosse o que sou hoje. Eu jamais teria encontrado minha Angel e vivido os anos mais felizes e completos que tive em toda a minha existência. E agora, se Angel estava em perigo, eu era o único responsável! Eu não fui capaz de protegê-la. E ainda pior eu era o causador desse perigo. Eu havia causado todo esse pesadelo a ela. Eu não consegui encontrar Theodore e já estava desistindo de procurar quando um lampejo atingiu minha mente:

— Ouça, seu vam... Carlisle. Eu peço-lhe desculpas pela forma que agi. Eu posso entender porque você me deixou lá naquela noite. E acredito que se a situação fosse inversa, eu provavelmente teria feito o mesmo por você. Então, me desculpe e obrigado, eu acho.

Carlisle parecia mais relaxado com minhas palavras e se permitiu sentar. Ficamos frente a frente. Apenas alguns centímetros de distancia um do outro. Separados somente por uma pequena mesa. Eu, então, continuei:

— Mas você deve entender todo o inconveniente que me causou – Carlisle abaixou a cabeça como num gesto de vergonha o que me fez sentir um remorso imenso por me aproveitar da situação e de seu aparente bom coração – Acredito que hoje ambos nos encontramos em uma situação bastante improvável e posso dizer até embaraçosa. Mas devo lhe confessar que eu estou desesperado e assim me encontro obrigado a lhe pedir um favor...

Carlisle agora olhava diretamente em meus olhos e eu pude ver sua disposição em me compensar de alguma forma.


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