The Swan Sisters Saga escrita por miaNKZW


Capítulo 28
Capítulo 27 - Fúria e Desespero (Primeira Parte)


Notas iniciais do capítulo

 



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A noite já começava em Forks ou talvez fosse apenas minha visão ficando cada vez mais fraca. Eu corria em meio às arvores e tentava desviar das pedras no caminho, mas minhas pernas não respondiam rápido o bastante. Eu queria poder voar e correr tão rápido quanto Jake costumava correr – quando toda essa dor não passava de medos e insegurança, quando tudo que fazíamos era passar as tardes juntos, todos nós juntos, conversando coisas bobas e sem sentido.

Eu estava descalça. Usava apenas meus velhos jeans e uma blusa branca, que eu tanto gostava. Eu sabia que alguma coisa estava errada, pois era não era normal eu estar correndo descalça pelo solo irregular da floresta sem sentir dor, mas adrenalina corria pelas minhas veias enquanto eu sentia o mundo passando por mim de uma forma surreal. O zumbir do vento, alto e claro em meus ouvidos. O cheiro da terra e do oceano próximo, como se eles tivessem entrado e se apossando de todas as minhas células. Uma nuvem negra de chuva se aproximava. Minha garganta estava seca. Meu coração batia forte, enquanto eu forçava meus limites, aumentando a força de meus pés no chão.

Eu percebi as arvores ficando cada vez menos numerosas, luzes começaram a vacilar por entre elas – a rodovia, eu pensei. Eu ainda conseguia sentir o cheiro do mar. Eu não devia estar muito longe de casa, mas as similaridades do interior da floresta me confundiam, já não tinha idéia onde estava. Eu levei minhas mãos até minha barriga e tentei sentir Nate, ele não se movia desde o momento em que Bella parou de se debater. “Está tudo bem, bebê” – eu sussurrei, uma lagrima escapou de meus olhos “Tia Bella vai ficar bem” – eu tentava convencer a mim mesma. Então tive uma sensação estranha, como se alguém estivesse me observando. Meus olhos percorreram o lugar, mas não havia ninguém. A chuva começou aos poucos. E eu ainda podia sentir o olhar cravado em mim. Estou imaginando coisas, pensei.

Uma silhueta fina se definiu por entre as arvores um pouco mais a minha frente, eu tentava focar aquela imagem, deixando meus olhos se acostumarem com a escuridão. Um pequeno ponto avermelhado piscou e uma linha de fumaça espessa subiu – cigarro, eu pensei. Havia um homem me observando. Os olhos fechados como se também duvidasse da visão. Ele era alto, e loiro. Não era tão grande como Jake ou Emmet, mas era esbelto e esguio, a pele bronzeada de sol. Mas apesar de não ser formando apenas por músculos, eu percebi que ele era forte. E ele era lindo, me lembrava o físico de Nathan. Seus músculos estavam tensos. Eu congelei, um calafrio percorreu toda a minha espinha. Ele fechou os olhos uma vez e então os abriu novamente, como se para se certificar que eu estava bem ali. Eu sentia meu estômago embrulhar, mas por algum instinto idiota, eu me aproximei dele. O olhar era maligno, gelado e de alguma forma não... vivo.

- Quem é você? - eu perguntei pateticamente.

Seus lábios se abriram em um sorriso que dizia: "Perigoso”.

- Você não se lembra de mim? - ele respondeu. Sua voz era enigmática, e parecia que me atraía cada vez mais para perto dele.  

Eu dei um passo mais para frente e ele levantou sua mão esquerda num piscar de olhos em minha direção. De repente ele agarrou o meu braço, me puxando para bem perto dele. Meu coração acelerou quase explodindo. Eu me senti tonta de repente e medo percorria cada centímetro de meu corpo. Minha visão ficou turva, e era como se eu visse apenas sombras por todos os lados. Eu queria correr, mas de alguma forma eu não tinha força, nem vontade de tentar puxar meu braço de novo e sair correndo de perto daquele homem.

- A filha... - ele disse, dando uma ênfase estranha a palavra - Eu senti seu cheiro, muito fraco, mas eu sabia que conseguiria te encontrar de novo.   

- Quem é você? – eu repeti e percebi minha voz trêmula.  

- Não se assuste menina. Posso cuidar muito bem de você - ele me puxou mais para perto, e eu vi que nossos rostos ficaram a apenas alguns centímetros – você realmente é muito bonita... acho que agora posso entender o fascínio dele.

- Fascínio? De quem? De quem você esta falando? Me solta, por favor, me solta - eu implorava - me solta, eu quero ir para casa.

- Casa? Oh não! Você não vai para casa, eu serei sua casa agora - ele riu novamente, seu risada maligna ecoou pela floresta fazendo o meu corpo inteiro se arrepiar, de medo e ansiedade – Humm... mas agora eu me pergunto o que devo fazer com você?

Eu consegui ficar mais desesperada do que antes. Eu queria minha casa, eu queria Jake. Eu queria um lugar seguro. Eu precisava de proteção.

- Por favor, me solte - eu implorei novamente levando minhas duas mãos até a barriga, como se tentasse proteger meu pequeno Nate.

A dele, por sua vez, se enroscou em minha nuca, com força em meus cabelos, tão forte que eu tinha certeza que ele arrancara alguns fios. Eu sentia que poderia desmaiar a qualquer momento. Eu estava ficando cada vez mais tonta.

- Não tente fugir de mim - ele me disse, com uma voz de comando – Ah! Como o destino pode ser tão bondoso comigo? Angel... um presente dos deuses!

- Não! - eu gritei - Não. Não. Não! - eu precisava de ajuda - por favor, alguém me ajude - eu comecei a gritar - Socorro. Jake?!

- Jake? – ele sorriu de novo – não tem nenhum Jake aqui... não tem ninguém aqui! Você é minha agora – o estranho inclinou a cabeça, seus lábios se abriram devagar num movimento malicioso – Oh, Nathan... o que você estaria pensando agora?

Ele conhecia Nathan, mas eu nunca tinha visto aquele homem... então só podia ser Jean ou... Giacomo... lágrimas rolavam pelo meu rosto, e eu estava desesperada. Fechei meus olhos com força, quando eu senti o aperto de suas mãos aumentar em meu braço e em meus cabelos. Ele era forte. Eu não conseguiria fugir dele nunca. Senti seu hálito quente na minha garganta, ele inspirou o ar mais uma vez.

- Humm... você tem um aroma fascinante... tão doce... irresistível!

Por favor, alguém me ajude. Eu implorei uma ultima vez em minha mente. Eu sabia que minha voz não saia mais. Eu estava fraca. Eu tentava me debater nos braços daquele estranho em uma tentativa fracassada de me soltar. Mas ele era forte. Eu estava perdida. Foi então que eu senti seus lábios duros tocando a pele do meu pescoço. No inicio me lembraram os doces beijos de Jake, mas logo veio a dor. A dor era aguda e violenta, senti seus dentes cravando varias e varias vezes em minha pele, causando dor acida que invadia meus sentidos. Sua cabeça se movia de um lado para o outro freneticamente enquanto meu corpo pendia inerte em seus braços, me lembravam um animal faminto tentando arrancar um pedaço de carne de sua presa já desfalecida. Não era como se ele estivesse mordendo, mas mastigando. O sangue quente escorria por meu peito. A dor queimava e se espalhava devagar por todo meu corpo, enrijecendo tudo em seu caminho.

Um ruído estrondoso precedeu o choque, senti meu corpo rolar pelo chão em um baque abafado, eu caí. Eu ainda tinha medo de abrir meus olhos e encontrar aquele estranho amedrontador. Mas já não sentia mais seu toque perigoso, somente o som estarrecedor de pancadas violentas, como metal contra pedra. Eu abri meus olhos e temendo me levantar, rolei meus olhos pelo ambiente, foi então que avistei Alice. Ela variava entre borrões e zumbidos enquanto tentava escapar dos golpes daquele estranho. Os dois se moviam tão rápido que pareceriam uma multidão, eles estavam em todos os lugares ao mesmo tempo. Ocasionalmente um choque e então uma arvore se partindo.

 

...

 

Uma suave mão tocou o meu braço. E eu gritei. Gritei até que meus pulmões começassem a doer, e perder o fôlego. Eu me debati e tentei escapar daquela mão que tentava me segurar. Eu queria correr e salvar meu bebê, eu queria chamar Jake, Emmet ou Edward, qualquer um que pudesse me ajudar. Eu vi chamas um pouco adiante de mim, o que me assustou, até eu perceber que era uma lareira, a lareira da casa dos Cullens. Foi neste exato momento que eu percebi que não estava sozinha, havia outra pessoa comigo lá, eu tentei limpar meus olhos e focalizar aquele rosto que foi ficando cada vez mais familiar. Jake! Eu levantei em um salto, mas minha cabeça girou e eu senti uma náusea aguda. Meu corpo todo latejava.

- Por favor, amor, cuidado. Não se levante ainda – Jake pediu numa baixa voz, seus olhos úmidos cheios de dor e medo.

Eu tentei respirar fundo, tentando fazer meu coração bater de uma forma que não me levasse a um enfarte. Eu senti uma dor lancinante, minha cabeça girava, meus pulmões ardiam.

- O veneno já se espalhou... – pude reconhecer a voz de Edward e Jake sumiu do alcance de minha vista.

Eu queria gritar, queria Jake de novo, perto de mim. Queria ver Bella, saber como ela estava. Queria saber se irmã ainda estava viva, se meus sobrinhos estavam vivos. Queria ver Theodore e Carlisle, queria Charlie. Mas meu corpo estava duro. Eu respirei profundamente, mais uma vez, sentindo o fogo rasgando pela minha garganta, queimando minhas entranhas. Eu não conseguia achar minha voz. Neste instante senti Nate se mover bruscamente, num movimento violento dentro de mim que ecoou por todo meu corpo em fortes convulsões. Meu bebê se debatia e sofria dentro de mim. Eu juntei tudo que ainda restava em mim e pronunciei as palavras.

- Tirem-no daqui!! - elas saíram fortes, como se aqueles últimos instantes derradeiros, eu fosse tomada pela força do fogo. O fogo que ainda existia em minha alma e que agora queimava meu corpo.

Imediatamente senti o frio da lamina cortando a pele do meu abdômen ao mesmo tempo em que mãos frias seguravam minha cabeça e meus ombros.

- Não! Morfina primeiro! Dê morfina Edward! – Jake gritou de algum lugar longe da minha visão.

Uma leve picada em meu braço direito. E o rosto de Rosalie ficou nítido bem próximo do meu.

- Fique tranquila Angel. Nós vamos salvar o pequeno Nate.

Mãos frias e duras invadiram meu ventre, vasculhando minhas entranhas. Depois uma pressão forte e logo um corpo quente e macio sobre meu peito me trouxeram de volta a consciência. Mas eu já não sentia nada, nem frio nem calor, nem mesmo a dor que queimava antes. E meu filho não se movia mais dentro de mim. A escuridão me cegou e eu fechei meus olhos em desespero, então deixei outra dor lancinante tomar minha alma. Esta seria a mais dolorida, a pior de todas as perdas. Pior do que a perda de minha própria vida, era a perda do meu filho. Um filho que nunca conheci que nunca vi, mas que já preenchia meu coração.

- Nate... - abri meus olhos mais uma vez e fitei seu pequenino corpo inerte sobre o meu. Envolto em sangue seu corpo sem vida me fitava de olhos abertos.

Em meu ultimo sopro de consciência, eu procurei o rosto de Edward na escuridão que se aproximava.

- Salve-o – eu disse forçando minhas mãos até seu rosto – faça qualquer coisa, mas salve-o!

E no momento em que aquelas palavras foram ditas, nossas almas foram interligadas eternamente. Em seus olhos eu pude ver a indecisão e o medo darem lugar a determinação e coragem, ele acenou somente uma vez.

Eu fitei o olhos de Edward e senti que olhava para minha salvação, através do desespero eu encontrei nos olhos de Edward o amor de um irmão. Um irmão que salvaria meu bebê e assim salvaria minha alma. Então eu soube que me uniria novamente a Nate. Em algum lugar, em algum momento eu me uniria novamente ao fruto de meu amor por Jake. Com a lembrança de seu corpo junto ao meu, eu deixei as chamas tomarem conta de mim e me tragarem em seu abismo sem fim.


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