Hoje amanheceu nublado, o céu estava me transmitindo tédio e sossego. Senti que hoje poderia ser um dia calmo e contemplativo.

Andei o caminho para a escola, lentamente e distraída e quando me dei conta já estava na sala de aula: faminta,sonolenta e em péssimo humor.

- Hey Natália. – Chamou uma das minhas amigas: Manu

- Oi? – Falei

- Que história é essa de me deixar no vácuo ontem de noite? – Perguntou

- Hm? Pera, do que você está falando? – Perguntei

- Não se lembra? Ontem eu fiquei que nem uma maluca gritando... ou melhor berrando seu nome quando você passou perto da papelaria dos meus pais. – Disse ela

- Haha, essa foi boa. Ontem de noite eu fiquei ajudando minha mãe com o jantar e depois fui estudar um pouco, ou seja: Eu nem saí, e nem botei o pé no quintal da minha casa ontem de noite.

- Deixa de ser mentirosa Nátalia, eu te vi lá.

- Olha Manu, essa sua brincadeirinha é de muito mal gosto se for para falar merda, vai falar para outra pessoa na boa.

- Se não era você, era alguém bem parecida.

- Por que só pensou nisso agora? Affe Manu

- Estava de noite não deu para ver direito, mas a garota era igualzinha a você.

- Era parecida, ou talvez foi impressão sua. Está esclarecido agora? – Perguntei

- Está sim. – Disse ela

***

Duas semanas se passaram e estou tendo várias dores de cabeça, não posso nem ao menos sair um pouco com as minhas amigas para relaxar, tenho que ficar sentada em frente a escrivaninha estudando e estudando.

Minha mãe entrou no meu quarto do nada, com uma expressão espantada na cara.

- Ué voltou tão rápida assim?

- Do que está falando? Voltei da onde? – Perguntei

- Jurei que te vi um tempinho atrás andando no quarteirão

- Impressão sua, eu nem levantei daqui durante esse tempo todo

- Impossível, o jeito de andar era idêntico

- Mãe, minhas amigas também andam do mesmo jeito, você pode ter visto uma delas e se confundiu comigo. – Falei

- É talvez tenha sido, estou um pouco mal de visão ultimamente, posso ter me confundido por esse motivo. – Disse ela

- Rs, agora vou voltar a estudar.

Minha mãe logo saiu mais aliviada, eu não posso me distrair muito pois tenho que estudar. Tenho muitas faltas pelo motivo de sempre estar doente.

Tenho a saúde um pouco frágil e por qualquer coisinha, já fico doente.

Bem,só sei que agora tenho que me dedicar nessas provas, superar todas as minhas forças e estudar como uma condenada para ser aprovada.

- Que sono ! – Pensava enquanto estudava

***

Enfim, não demorou muito tempo para as provas chegarem. E hoje finalmente chegou o dia.

Eu não tive muita dificuldade pois de tanto tempo que fiquei trancada no quarto estudando teria que dar em bom resultado.

- E como acha que foi Manu? – Perguntei

- Eu não sei Natália, só sei que deveria ter estudado mais. Por algum motivo nem me preocupei em estudar... estranho ! – Disse ela

- Fica tranks, nas próximas provas tenho certeza de que você conseguirá se sair melhor.

- Obrigada, eu espero que sim. – Disse ela

***

Hoje eu não fui á aula, estava com febre e dor de cabeça.

Mas entre os corredor da escola... andava lentamente uma garota.

***

O dia então finalmente amanheceu ensolarado,e eu já estava bem melhor,e finalmente poderia sair para curtir um pouco e me divertir com as amigas.

Só de pensar que foram quase dois meses se dedicando para essas provas, que estou até sabendo das próximas matérias.

Liguei para Manuela ( Manu) e perguntei se ela poderia sair para passear.

- Agora você quer falar comigo não é? – Disse ela irritada

- Como assim Manu? – Perguntei

- Ontem, eu a Ingrid e a Stefani fomos falar com você na aula e no recreio e você nem ao menos respondeu. – Disse ela

- Espera um pouco, ontem eu não fui na aula. Eu estava com febre e dor de cabeça. – Falei

- Você não foi na aula ontem? – Perguntou ela

- Já disse que não, vocês devem ter se confundido com outra garota. – Falei

- Natália, aquela garota era você. – Disse ela

- Não, não era. – Falei

- Então... quem era ? – Disse ela

- EU NÃO SEI, eu não estava lá para saber. – Falei

- Te encontro na sorveteria aqui perto daqui á duas horas. – Disse Manu

- Ok – Falei

***

- Então, por que quis vim na sorveteria tão de repente? – Perguntei

- Eu como sou uma mestre em desvendar mistérios eu pesquisei um pouco sobre a falsa você. – Disse ela

- Falsa eu? Como assim? – Perguntei

- Não é a primeira vez que isso acontece, já a encontrei duas vezes e você me disse que não estava no local em ambas vezes. – Disse ela

- Estranho, minha mãe também me disse que viu uma garota igual a mim andando por aí. – Falei

- Eu pesquisei e finalmente descobri o que é. – Disse ela

- Fala logo, fala,fala. – Falei

- Se chama doppelgänger, ele tem a capacidade de se converter em um clone idêntico da pessoa, e a cópia dos mínimos detalhes desde o jeito de andar até as emoções.

- Como é que é? – Perguntei

- Dizem que doppelgänger representa o lado negativo da pessoa,e pelo que pesquisei, se um parente ou amigo ver um doppelgänger, a pessoa terá má sorte e problemas emocionais. – Disse ela

Fui para casa correndo,pois minha mãe tinha que saber disso, essa minha sósia poderia ser perigosa demais.

Quando cheguei em casa senti um cheiro de queimado e gritos vindo de seu quarto

Corri em disparada á seu quarto e quando vi, a cortina pegava fogo e minha mãe dizia que não conseguia ver nada no olho direito.

- M-meu D-deus, o que é isso tudo? – Falei

Eu jogava baldes e baldes de água para fazer o fogo parar, e minha mãe continuava gritando

- NÃO CONSIGO VER NADA NESSE OLHO DIREITO.

Ela não parava de se mexer, e ficava gritando bem alto. Seu olho direito estava roxo e inchado, e eu não poderia fazer nada, eu só poderia levá-la ao hospital, eu estava chorando e com medo de tudo que estava acontecendo

- O que eu fiz? Por que justo comigo? Eu que sempre estudei para ter um futuro brilhante, mesmo tão doente. – Pensei

***

Dias depois quando minha mãe melhorou, ela me disse que “eu” tinha entrado em seu quarto oferecendo ajuda para limpar a janela e a cortina.

Mas que acendi com um isqueiro uma vela perto da janela o que fez a cortina incendiar, logo em seguida dei um soco em seu rosto o que a fez ficar inconsciente, e quando se deu conta não conseguia ver mais nada nesse olho.

Eu expliquei então, que a garota que estava com ela no quarto, naquele dia não era eu, mas uma falsa eu.

- Ela não era eu, ela não sou eu. – Dizia para ela

Tenho certeza de que ela não acreditou, e depois disso nunca mais teríamos nossa relação de mãe e filha normal de novo.

Tenho medo só de pensar dela me enviar para um colégio interno rigoroso ou algo assim.

Minha mãe teria que ficar mais alguns dias em repouso no hospital.

Logo dois dias depois, fiquei sabendo do resultado das provas. Eu como esperava me saí bem em todas elas, o que me deixa mais aliviada, não precisaria estudar tantos nas próximas, e isso já encobriria minhas faltas.

Já Manu não foi nada bem nas provas e para ficar com bom boletim teria que estudar o dobro nas próximas provas que seriam as últimas e isso seria bem complicado.

Ela não ficou nada feliz e teve alguns problemas com sua família.

Minha mãe não ficou cega no olho que foi socado mas a visão não vai ser a mesma como era antes.

E tudo isso graças á aquela clone desgraçada que estava destruindo minha vida aos poucos.

***

Daqui alguns dias minha mãe poderá tomar alta do hospital, enquanto isso tenho me virado tomando conta da casa.

Estava cansada e precisava tomar um banho, fui até o banheiro e coloquei música alta no celular, escutei alguns barulhos de passos no corredor.

- Que barulho é esse? – Pensei

Saí do banheiro e fui dar uma checada no corredor mas não havia ninguém, ignorei e voltei para o banheiro.

Logo depois eu estava com fome e não havia nenhum alimento em casa, deveria ser melhor comprar algo na rua.

Fui até um mercadinho próximo e logo depois de comprar um macarrão instantâneo passei em frente á papelaria dos pais de Manu para saber se ela estava bem

- E como ela está? – Perguntei

- Ela está um pouco depressiva e irritada em saber das notas baixas já que sempre foi uma aluna com facilidades para estudar, mas já está melhorando. – Disse a mãe de Manu

- Que bom ! Quando ela estiver melhor peça para ela me ligar – Falei

- Sim, pode deixar. – Disse ela

Voltando para casa, senti um mal estar repentino. Estava me sentindo tonta e estava me dando dor de cabeça.

Eu estava prestes a atravessar a rua normalmente, quando do nada, uma garota, do outro lado da rua estava.

Ela era... igual a mim.

Flashback on :

- O que acontecerá, se eu a encontrar? – Perguntei

- Se a encontrar, será o fim para você, pois dizem que você está vendo sua própria alma saindo do corpo e indo para o mundo astral. – Disse Manu

- ...

Flashback Off

Ela apenas me encarou, mas com os carros passando rapidamente ,ela desapareceu.

- E-ela e-era o-outra e-eu – Falei

Eu estava impressionada, se alguém estivesse me contando toda essa história eu não nunca teria acreditado

Eu atravessei a rua sem perceber e nem estar consciente de mais nada

E essa é a última coisa que me lembro. Se a minha alma estava saindo do meu corpo e indo para outro mundo eu não sei

Só sei que aquela garota que estava do outro lado da rua não era eu