A Cortesã escrita por Ami Ideas


Capítulo 16
O Começo de Um Amor sem Fim - Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Agradecer a todos que estão aqui, as poquinhas que acompanham e comentam, e dizer que esta história é o meu maior xodó. Sendo James York de longe, o meu bebé favorito.

Esta é uma história de época, algo ao qual adoro escrever pela pesquisa que devo fazer e por aprender tanto sobre costumes. Tenho quase a certeza de ter vivido em algum período passado, tamanho é o meu reconhecimento.

Cortesã não aborda muito o racismo, pois era mais do que comum (Também descobri) a existêncida de Cortesãs negras. Talvez num futuro (O qual não será relatado) eles pudessem vir a ter complicações, mas na inglaterra em cidades maiores, não era algo assim tão incomum.

Filme recomendado: Belle Dido (Da capa da história) quando entrei em Hiatus, foi esse filme que me fez prosseguir com a escrita da Cortesã.

Ah! A história está no fim. Sim, está no fim. *Chora*


Eu ia postar um Casting dos personagens, mas só é permitido uma imagem por capítulo, então vou tentar hospedar e enviar um link para vocês.



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A chuva caía do lado de fora abafando qualquer outro som que não fosse o seu. Era suposto os dois estarem a dormir, mas nenhum parecia conseguir se aventurar pelo mundo dos sonhos. Mesmo de olhos fechados e respiração lenta, os braços de James envoltos a cintura delgada, fazia com que os dois reagissem ao leve contato.

Charlie sentia calor, não saberia dizer nem onde e nem como, apenas o corpo aquecia em medidas inquestionáveis por dentro e por fora. Pensou em se mexer, levantar para apanhar um pouco de ar, mas a verdade é que não queria correr riscos de perder os braços que a cercavam. Sim. Não queria.

Por muito que parecesse cedo demais para perdoar o homem que a bem ou a mal, a tinha abandonado por dez anos, havia algo dentro dela que pedia por paz. Tantos anos de tortura e sofrimento, não havia razão para querer guardar rancor e se prender a um orgulho descabido, privando-se de ser feliz. Não foi o que sempre buscou? Muitos homens a tinham amado, e ela fingira amar muitos, incontáveis se renderam a seus pés, abandonaram suas esposas, deram-lhe terras e fortunas. E nunca, nunca se sentira em concórdia como naquele exato momento. Com um simples abraço e o corpo amado ao lado. Pensou que tal feito jamais fosse acontecer.

Não o odiava. Para quê? Tinha errado com toda certeza, mas tentava se redimir e o aceitaria para o bem de seu coração.

Por sua vez, o jovem York não queria que o dia chegasse para poder permanecer enrolado a mulher que amava, cujo tempo maldito lhes levara dez anos de felicidade. Talvez tivesse sido melhor, estavam ambos a amadurecer o bastante para aprender a ouvir, a analisar, a respeitar, a não julgar e acima de tudo, confiar. Não fosse pela filha, pois não conseguia imaginar mais uma vida sem Ana, agora que sabia de sua existência.

James tivera várias mulheres, percorrera vários corpos com uma fome insaciável, e só parou ao conhecer a bela Irina, e se sentia mal por tê-la deixado para trás pois não merecia. Mas quem manda no coração? Ele correu atrás das respostas que não quis ouvir no passado, correu em busca de uma mentira que sossegasse o seu pobre coração. E mesmo que o que tivesse visto naquela vivenda fosse uma verdade exímia, ainda assim não conseguiria suprir o amor abalroado em seu peito. Não só por nunca ter feito amor como fizera com Charlotte, mas também por nunca ter amado, nem antes e nem depois.

— Quero que sejas minha mulher — sussurrou. Acreditava estar a falar para o silêncio da noite. Era para ser mais um desabafo, mas quando ouviu a voz melodiosa o responder, sentiu o coração gelar.

— Que baboseira, James! Como desposaria uma mulher que já terá dormido com meio mundo, onde seus amigos com títulos nobres rir-se-iam de sua coragem? Não suportaria ver tudo o que alcançou ser atirado pela lama por se unir a mim. E os nossos descendentes? Serão sempre taxados como o filho da prostituta e do idiota que se deixou enganar. Não faça nada com a qual se arrependa depois, não quero arcar com culpas. Poderei ser aquilo que sou, uma cortesã. Case-se com uma mulher de honra e assim honrarás a todos nós. — Tentou sair dos seus braços ao dizer aquilo, mas sentiu o aperto firme do homem atrás de si.

— Nossa filha não será bastarda, e títulos não valem mais que o desejo de honra-la a si, serás minha cortesã, amada e esposa. E não voltaremos a falar dos homens que estiveram no meio, pois fui o seu primeiro e pretendo ser o último. — Virou-se para cima dela, com os olhos azuis brilhantes naquele escuro. James era dono de uma beleza asfixiante, e tinha sempre aquele ar sincero.

Beijou os lábios carnudos com muito carinho, procurando sentir o sabor daquela boca macia, molhada e ansiada. Por um momento cogitou que Charlotte o fosse empurrar pelo atrevimento, mas não, pelo contrário o abraçou em resposta. Todo o corpo reagiu naquele gesto, sendo ligado a uma corrente elétrica que emitiu entusiamos para o membro, este que se retesou num piscar, agradecendo a oportunidade de regressar a tão desejado leito. James gemeu enquanto beijava aqueles lábios carnudos, tamanha era a paixão com a qual o fazia, e deixou as mãos descobrirem o corpo feminino. Os seios eram grandes e firmes com mamilos pontiagudos, os quais passou a beijar um e depois outro, sem pressa. Lambia devagar e depois chupava, com as mãos a apertarem-nos com certa força, mas sem magoar.

O corpo da cortesã vibrava a cada sensação causada pelos toques firmes, muito acostumada a dar prazer, parecia-lhe distante o tempo em que algum homem se concentrasse com avidez em relação a agrada-la.

A língua deslizou pelo espaço entre os seios, molhando o trajeto e parou no umbigo redondo e fundo, onde se afundou por alguns segundos, causando o estremecimento da barriga lisa da bela mulher deitada em baixo de si.

— James — chamou com a voz entrecortada, e segurou sua cabeça quando percebeu que o mesmo pretendia descer mais abaixo a fim de encontrar sua intimidade que pulsava. — Aí não.

— Relaxe, e confie em mim. — Pediu com a voz quase muda, e deixou sua boca escorregar para lá. Não quis pensar o quanto podia ter sido maltratada ou abusada, apenas queria dar um prazer inesquecível. Não só beijar sua boca, como amar sua genitália. Deixou os lábios repousarem sobre o centro e sentiu o cheiro perfumado que dali exalava, e passou-os ao de leve de encontro à vulva. Toda a pele daquele corpo negro era aveludada e exalava um aroma doce, por isso a língua não hesitou em brincar com o clítoris, subindo e descendo com precisão antes de se introduzir dentro da fenda, sair, chupar ao redor e repetir todo o processo.

Charlotte arranhou os braços sem conseguir se segurar, a professora do deleite parecia desconhecer uma parte sobre si própria, mordendo o lábio inferior e a se contorcer de prazer, arqueando as costas a cada avanço da língua experiente. Não estava habituada a perder o controlo de tal jeito nas mãos de um homem, mas todo o corpo pareceu receber corrente elétrica pela maneira como tremia e pelos gemidos descomedidos.

O Duque parou quando sentiu que estava perto do ápice, e levantou a vista e viu o rosto de olhos semicerrados, e cabelos molhados pelo suor.

— Quero fazer amor com você. — Começou a tirar a camisa, e em seguida as ceroulas, sentindo o membro agradecer por estar livre, pois estava duro e inchado. — Aceita?

A jovem não foi capaz de responder, apenas confirmou com a cabeça se sentindo a mesma virgem de dez anos atrás, apaixonada e a acreditar no amor. Sentiu de novo os lábios quentes sobre seus, e desta vez conduziu o beijo com uma sede voraz. Queria beija-lo com toda paixão que reprimira nos últimos anos. Não pensaria no amanhã, apenas naquele momento eloquente.

O membro se encaixou na sua entrada, e os olhos azuis encontraram os seus, como se para certificar que era mesmo ela, e então a penetrou devagar dilatando todo o canal até estar todo dentro. As paredes internas o apertaram em boas vindas, e a boca carnuda de Charlie ficou entreaberta, soltando desesperados sopros de ar, a medida em que o sentia entrar e sair, devagar e a explorar cada centímetro interno do calor interior.

— Eu a amo mais do que o meu coração poderá suportar. E se tivesse a oportunidade de eternizar um momento, seria agora. — A frase saiu a meio de gemidos impacientes, pois em nenhum momento parou de se aprofundar dentro dela, e sentir sabor tão maravilhoso e almejado.

— Pois eu sempre o amei, mesmo quando o odiei, eu o amei. E rendo-me neste momento a si com todo o esplendor que me habita o coração. — Enroscou os braços ao redor do corpo masculino e transpirado, encarando a perfeição que era os traços faciais de James York, e então sorriu para ele.

— Serás minha senhora? — Perguntou e a beijou mais uma vez, encostando a testa na dela.

— Serás meu senhor. — A resposta veio em aflição, pois o ritmo tinha aumentado, e por isso enrolou as pernas na cintura para o comportar e rebolar melhor, e então poder gemer sem pudor ao sentir o membro firme, penetrá-la até ao limite, e sair. Vezes sem conta.

Quando os corpos pegaram fogo entrando em sintonia com a fricção exercida, ela foi a primeira a atingir um ponto alto, gritando sem fingimento e libertando todo prazer sentido por tê-lo dentro de si. Algo incomparável. Por sua vez James também não demorou mais, expelindo todo o líquido e deixando o corpo entrar em espasmos.

Adormeceram abraçados, cansados pelo amor exercido.

 

 

— James?

O Duque acordou ao ouvir o chamado, sentia frio e falta do corpo ao lado. Levantou a cabeça vendo a sua amada nua, parada na janela com os olhos lacrimejantes. Passou o dedo polegar pelos lábios com sensualidade.

— O que aconteceu? — Levantou num salto, se prostrando por trás do corpo esbelto e perseguindo a visão que roubava a atenção dela.

— Fitzadam cumpriu sua promessa. — A mão pequena e delicada encostou-se a janela, e a voz tolhida revelava o choro que se alojara em sua garganta. Lá em baixo a figura do Infante em cima de um cavalo e a segurar uma menina no colo, era nítida, mesmo a meio a neblina da manhã.

— Ana. — Ele se afastou com rapidez, abriu o guarda-roupa e procurou o que vestir, uma camisa branca, o casaco e calças escuras de couro. Calçou as botas, e não resistiu a sorrir ao ver a sua futura mulher, começar a procura dos trajes masculinos.

O herdeiro York não tinha tempo a esperar, abandonou o quarto e desceu as escadas saltando os degraus, até abrir a porta de entrada e gritar para os guardas abrirem os portões. O Infante vinha a cavalgar com pressa e cruzou o perímetro que logo foi fechado. Saltou do cavalo e ajudou a menina alta e magra a descer. Tinha a pele pálida, e longos cabelos escuros encaracolados, mas o olho azul era o que mais se destacava naquela face esculpida como a do pai. Tirando os lábios carnudos, nada mais lembrava a mãe.

— ANA! — Charlotte veio a correr de braços abertos e lágrimas que lambiam seu rosto.

Maman! Maman! — Correu com uma alegria desmedida em seus olhos, e se enroscou nos braços da sua mãe. Era um pouco grande para ser levada ao colo. — Cet étranger n'a pas menti quando il a dit qui m'a amené à vous. (Esse estranho não mentiu quando  disse que me levaria a ti).

Il est un ami. Vous etês en securité. — (Ele é um amigo. Tu estás segura agora) Garantiu e depois virou-a para olharem para James parado a observar a cena. — Ana, ceci est votre père. (Ana, este é o teu pai).

Mon père? Alors il vit! (Meu pai? Então ele vive!) Constatou e virou-se para o Duque que a encarava, estacado. — Prazer, sou a Ana Dumont.

— Então falas inglês?

— E Português, Latim e Italiano também. — Respondeu embora seu sotaque francês acirrado estivesse em evidência, e fez uma vénia educada.

— Meu prazer. James York II, Duque de Mountbatten e seu fiel escravo. — Ajoelhou-se diante da menina de nove anos, e lhe deu um beijo na testa. Antes de a abraçar em seu peito. — Serás Ana York Filha.

— Muito obrigada, Fitz. Não tenho como lhe agradecer, James, dê o livro para ele. — A Cortesã correu até ao cavalo da realeza, mas arregalou os olhos ao ver o homem daquele tamanho cambalear na sua direção. — Estou a ser seguido, fui atingido. Se as minhas suposições estiverem corretas, a esta altura a tropa do rei já foi avisada. Temos que nos preparar.

James sentiu seu coração falhar mas não demonstrou medo, apenas encaminharam o ensanguentado homem e chamaram por Isobel e Lídia.

— Isobel trate do nosso convidado o mais rápido e melhor possível. Lídia arrume cestos de provisões, alimentos práticos e água potável. Vamos fugir pelo túnel. — Gritou e saiu a correr porta a fora para dar ordens aos homens armados e arrumar seu grupo de guardas de Mountbatten.

Price gemia enquanto sua ferida era lavada e suturada, e Charlotte estava preocupada com Ana que mal fora resgatada e já tinha que passar por mais um problema. Não sabia o que fazer.

— Uma arma para levarem convosco. Ficarás encarregada Charlotte, Isobel deve segurar nossa filha e Lídia os mantimentos. Infante conseguirá caminhar? — Perguntou o Duque afoito, tudo o que queria era proteger a sua família.

— A bala saiu do outro lado, não se alojou. — Disse a mais velha que enfaixava o peito amplo, e em seguida lavou as mãos e se apressou para ajudar Lídia.

— Como assim connosco? Não virás? — O sobrolho de sua amada se ergueu em desespero. — Deixe que lutem, não precisarás ficar.

— Eu sou um homem, e dono destas terras. A minha honra não me permite fugir e deixar os meus à morte. Está fora de questão essa possibilidade.

— James!

— Charlotte! — O tom de voz endureceu. — Protegerei cada vida aqui ou morrerei a tentar.

— E... nós? — Os olhos escuros se encheram de lágrimas. — É um absurdo!

— No fim do túnel tem uma carruagem, poderão seguir ao norte em direção a minha vivenda em Hampshire. Vos encontrarei assim que puder. — Segurou o rosto da mulher amada com as duas mãos. — Tudo o que lhe disse é tamanha verdade. Nenhuma outra seria dona de meus sentimentos, mas por ora, deverás partir.

— James. — Ela chorou e recebeu o beijo apaixonado e o abraço dado, sem querer larga-lo.

— Não temos tempo a perder. — O Duque se afastou e andou até a bela Ana. — És igualmente dona de meu amor incondicional. Cuide de sua mãe, que te criou com tanto esmero para meu orgulho. Prometo vê-la em breve, senhorita de York.

— James, a Lizzie. — A voz de Price estava arrastada, e pela primeira vez ao se dar conta do perigo, não se importou com o maldito livro e sim com a sua mulher presa no palácio do seu irmão, o rei.

— Não se preocupe, caro Infante. Fui mais astuto do que poderás pensar. A esta altura, milhares de exemplares do livro a que chamei "Devassos" escrito por um autor anônimo, já está a ser publicado. A Igreja deve cair na Corte a qualquer altura — garantiu e viu o brilho de agradecimento estampado nos olhos do seu cunhado.

Guiou-os até a grande sala onde estava o retrato ampliado de Charlotte Dumont, e logo em seguida afastou uma das majestosas estantes, revelando um caminho escuro e que parecia não ter fim. Isobel acendeu tochas e entregou as mulheres, uma vez que Fitzadam parecia debilitado.

— Volta para mim — pediu a Cortesã.

— Prometo. — Beijou mais uma vez seus lábios, antes de empurrar a estante de volta para o lugar.

O túnel tinha o ar rarefeito e as paredes rugosas cheias de musgo, e Charlie ajudava o único homem ali presente, ao deixa-lo apoiar-se nela. Ana estava assustada de mãos dadas com a criada mais velha, e todos andavam em passos ritmados em direção a saída. Podia-se ouvir barulho de passos e de cavalos lá no alto, uma trombeta ao longe anunciava a chegada das tropas do rei. Tiros e gritos começaram a ecoar por todos lados, arrancando alguns bramidos de medo das mulheres.

— Não. — Charlie parou com o peito a doer. Trazia a arma e a entregou ao possível futuro rei. — Confio em si mais uma vez para as conduzir para fora deste túnel em segurança.

Maman!

— Ana. Segue com Isobel, cuidarão de ti até que eu volte. Mas não me esperem! — Ordenou a encarar as expressões incrédulas, e sem hesitar virou as costas e fez o caminho de volta pelo túnel.

Sua respiração arfava a medida em que corria e tentou ignorar a dor que sentia por se afastar mais uma vez da sua amada filha. Limpou as lágrimas e conseguiu alcançar a estante de madeira, afastando-a para o lado e adentrando no castelo de Mountbatten.

Lá fora estrondos, som de espadas a se chocarem umas com as outras e tiros ao ar, tanto quanto berros e relinchar dos cavalos, podiam-se ouvir. Procurou uma arma de fogo nas gavetas e não demorou a encontrar, destravou-a e saiu devagar espreitando pelo corredor.

— [...] Você não foi amigo. Humilhou o nome da minha família e deixou minha irmã ser mal falada pelas ruas da Corte. Antes viúva que abandonada! — William era maior e mais forte que James, mas os dois pareciam lutar em pé de igualdade, conseguindo o segundo se esquivar com rapidez.

— Peço perdão por Irina, prometo ressarcir perante os demais. Não poderei oferecer nada mais que meu apoio financeiro. — Recebeu um punho certeiro do rosto e caiu ao chão, sangue escorreu pelo nariz.

— Nada pagará a amargura deixada em seu peito, e nem a vergonha pela qual nos cobres. Trocando uma mulher de família por uma prostituta. — Harris desembainhou a arma e apontou-a para James caído no chão. — Serás enterrado e Irina vestirá seu luto.

— Não! — Charlotte saiu do seu esconderijo com a mão a tremer e a arma apontada para o inimigo. Tentou disparar uma, duas, três vezes mas descobriu ali que não estava carregada. James se levantou mas não foi a tempo de impedir a bala que seguiu certeira para sua amada, apenas reagiu desferindo socos certeiros no rosto de William e fazer com que este caísse e perdesse a arma de fogo que foi ao chão, e bem a tempo do Duque apanhar e atirar contra uma perna, apenas para o deixar imóvel.

— Charlotte! — Correu até a bela Cortesã, e encontrou-a de joelhos a cuspir sangue e com os olhos cheios de lágrimas. — Por que voltou?

Ela tentou responder mas não conseguiu, e resmungou de dor quando foi içada pelo amor de sua vida, pelo colo. Tudo ficou preto, apenas conseguia agonizar de dor e ouvir por alto os estrondos vindos de todos os lados do castelo. Conseguia reconhecer a respiração acelerada do jovem York, e as botas a baterem secamente contra o chão de concreto.

— Fica comigo, Charlotte. Por favor — implorava, mas sua voz estava muito distante e o escuro não soube se era do lugar ou dos seus olhos, e sentia aos poucos a dor se afastar e leva-la para um aconchego. — Aguenta!

Não soube dizer quanto tempo demorou até ouvir outras vozes, murmuravam e balbuciavam alguma coisa.

— Não podíamos partir sem a senhora. — Isobel disse. — Ela não está bem!

— Usem um objeto quente para queimar a ferida, não teremos tempo! — Price aconselhou na sua voz potente.

— Queimar? Irá ficar marcas! — Lídia contestou.

— O que serão marcas por conta de uma vida? Vá ficar na carruagem com Ana, não temos tempo. — James refutou de forma impaciente.

A mulher ferida sentiu a água fria lhe lavar a barriga, e em seguida a deitarem contra o chão. Alguém segurou seus braços, e em alguns segundos algo quente demais lhe recobrou à razão, arrancando gritos ensurdecedores de sua boca e mordeu a própria língua sentindo gosto de sangue.

— Vamos. Não temos tempo a perder! — James queria voltar para o seu condado, mas não iria mais deixar sua futura mulher correr riscos de vida. Deixou-a desacordada junto de Fitzadam Price que também não estava bem, e tomou rédeas da carruagem para longe dali.

 

 

Epílogo

Adam Price I foi excomungado pela Igreja Anglicana e pelo Papa João, sendo acusado de pecado pela luxúria, e abominado pelas relações sexuais homossexuais condenadas pela Bíblia. O ataque cometido contra o condado de Mountbatten também foi analisado, e por ser uma figura real, foi exilado para uma pequena casa em terras frias, passando lá a viver até os seus últimos dias.

Sua família foi convidada para voltar ao convívio da corte, tendo negado e se afastado por outros países, até a filha Vitória ter idade para ocupar o trono.

Sendo Fitzadam Price o sucessor com idade  a representar o seu reino, teve a coroa por direito, ao lado de Elizabeth York – Price. Rainha que logo alcançou a simpatia não só pela gravidez esperada, mas também pela humildade e simpatia ao povo.

William Harris foi preso por conspiração, e sua irmã Irina breve retomou a vida do lado de um jovem advogado que não demorou a marcar a data do casamento. Por sua vez, a Marquesa de Rothandberg, viu a exposição do nome de sua filha como uma Cortesã famosa na Itália, não conseguindo preservar a honra do seu falecido marido.

O livro "Devassos" conta a história das maiores cortesãs de toda a europa, tendo até hoje um anônimo como autor. Vários contos e detalhes descritos sobre os mais conhecidos homens poderosos, suas depravações e infortúnios. Não foi apenas o antigo rei a cair de seu trono.

***

— Senhora Charlotte Dumont aceita James York II como seu legítimo esposo, na riqueza e na pobreza, na felicidade e na tristeza, na saúde e na doença por todos os seus dias, até que a morte lhes separe?

— Sim. — Os olhos dela brilhavam, na capela do vilarejo de Mountbatten.

Assim que se recuperara, não quiser ficar na Vivenda York, na verdade quisera se desfazer da mesma pelas lembranças más que tinham acontecido, mas James a convencera de que também coisas boas tinham sucedido naquele lugar. E que a vivenda pertenceria a filha deles e a mais ninguém.

— [...] Eu James York, prometo ama-la e honra-la como minha mulher, sangue do meu sangue, em todos os aspetos de nossas vidas. — Os olhos azuis também estavam marejados, por vê-la ali de véu e grinalda, e com uma alegria inimaginável.

Maribelle e Adrian Gilleston vieram ao casamento, e a velha Powell apenas se dignou a comparecer ao que considerava um ultraje por conta de ter-se encantado com a pequena Ana, mas fez de tudo para se sentar bem longe das cortesãs que tinham comparecido a cerimônia, e não poupou impropérios durante todo o processo.

Os novos reis também não se fizeram de rogados, e se dignaram a abençoar o novo casal, mesmo contra todas alegações dos seus conselheiros que contrariavam tal decisão, ambos sabiam o que o mais novo casal teria contribuído em suas vidas.

Edith, Lídia e Isobel saltaram de alegria quando as alianças foram trocadas, e os apaixonados seguiram com a filha para fora da capela. Podia-se notar que Charlie ainda não estava recuperada na totalidade, mas nem a cicatriz grotesca que ficaria em sua barriga, serviria para estragar todo o amor e felicidade que a vida lhe preparava.

A festa foi feita no jardim dos castelos, e mesmo se tratando da antiga famosa Cortesã, os convidados não paravam de chegar com presentes e palavras de conforto. Junto, a primavera também trazia a elegância das flores e dos aromas maravilhosos para ajudar na ornamentação da festa. Valsas, Quadras e Quartetos foram tocados. Ana York Filha como tinha sido recém batizada, exibiu seus dotes no piano, tocando canções como uma profissional e mostrando para todos que tinha sido muito bem preparada pela mãe.

— Quando me perguntaram a razão de te escolher como minha legítima esposa, poderia ter respondido milhares de coisas, mas a pergunta era sempre tão repetitiva.— James confessou abraçado a sua mulher, senhora de York, enquanto a conduzia pela pista de dança.

— Qual era a pergunta? — Charlotte quis saber, curiosa.

— "O que você viu nela"? — Disse, com um meio sorriso lateral.

— E qual foi a resposta? — A bela negra estreitou os olhos em desconfiança.

— "O que faltava em mim".

Em seus braços, a nova Duquesa abriu um sorriso que veio acompanhado de gargalhadas, girando ao som da música e reencontrando sempre o corpo quente e apaixonado de James para a amparar.

"Lembre-se: Jamais neguei o meu amor pela senhora"

Fim.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada a quem chegou aqui. É certo que a história teve que ser encurtada, mas eu já andava a muito tempo com ela na manga, e achei de bem termina-la para que os personagens me deixassem dormir em paz.

Fantasmas? Apareçam para dizer apenas o que acharam de toda história.
Agradeceria por isso.

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