A escolha certa escrita por Achyle Vieira


Capítulo 15
Capítulo 13.5 - Bônus Alex


Notas iniciais do capítulo

Olá! Bom dia meus amores! Como passaram a semana?
Espero que gostem do capítulo de hoje, estava muito ansiosa para postá-lo.
Cynthia, obrigada por escrever este capítulo. Todo crédito e dedicatória vai para você.
Vamos ao capítulo. Boa leitura!



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“E quando penso, no que vivemos, fecho os olhos, me perco no tempo.

Para mim, não acabou.”

(Malta - Memórias)

.

POV Alex

Naquele mesma noite Rennata ligou pra mim perguntando se eu podia buscar ela e Mel no shopping. Não pensei duas vezes e fui encontrá-las.

Quando cheguei fui diretamente para o lugar onde Rennata disse que elas estariam. Ver aquele segurança dando em cima da Mel me irritou e ver ela sorrir pra ele foi o suficiente para que eu deixasse o ciúmes falar mais alto.

Sabia que ela não vinha me dando muita atenção porque estava – novamente – namorando com Max, mas não me importei com isso. Fui até eles e tomei posse do que é meu, ou, pelo menos, do que um dia foi.

Fiquei feliz ao perceber que o corpo dela relaxou com minha presença, mas continuei encarando o fulaninho até ele sumir de vista. Só depois que relaxei percebi o quanto ela estava bonita. Tive vontade de dizer isso pra ela, mas achei que seria melhor se eu ficasse calado, ou o clima poderia acabar ficando estranho.

Após uma breve explicação a Mel do porque eu estar ali, ela e Rennata decidiram que já estavam prontas para ir para casa.

A pedido de Rennata fui andando na frente, enquanto as duas conversavam baixinho atrás, mas logo a louca começou a caminhar a passos rápidos – quase correndo. –, deixando a mim e a Melodie para trás. Era bom caminhar em silêncio ao lado de Mel. Lembrava-me de antes, quando não eram preciso palavras para preencher o silêncio, mas sim olhares e gestos cheios de significado. Eram boas lembranças, para as quais eu carregava a esperança de que um dia ela pudesse recordar.



~*~



– Onde devo parar primeiro? – perguntei a Rennata logo depois que saímos do estacionamento.

– Na minha casa! – Mel e ela responderam juntas fazendo-nos rir.

De repente os olhos de Rennata marejaram e ela olhou para Melodie dizendo:

– Não me leve a mal chiquita, mas não quero correr o risco de encontrar…

Ela não terminou a frase, mas já era bastante lógico o que diria: Nícolas. Apertei as mãos no volante, sentindo a raiva me tomar por um segundo. Eu odiava aquele canalha por tê-la machucado novamente. Rennata era como uma irmã para mim e não merecia sofrer por alguém como ele.

– Tudo bem. – concordou Melodie. – Paramos na sua casa primeiro.

Rennata assentiu e pareceu relaxar um pouco no assento do carro. Pelo espelho retrovisor, olhei para Melodie, algo pelo que nunca me canso. Seu olhar encontrou o meu e me vi perdido na escuridão de seus olhos castanhos por alguns segundos. Haviam segredos e memórias escondidos ali. Segredos dos quais ela não se lembrava. Memórias que ninguém tiraria de mim, ou me fariam esquecer.

Desviei o olhar e passei a mirar fixamente a estrada a minha frente.

Alguns minutos se passaram até que ouvi a voz de Rennata:

– Ela vai se lembrar, no se preocupe. – Melodie havia pego no sono recostada a seu ombro. A expressão dela era tão calma e pacífica quanto a de um anjo, diferentemente de como se parecia quando estava desperta.

Geralmente Mel parecia tensa e confusa, como se não soubesse o próximo passo a dar adiante, as palavras que devem ser ditas em certas ocasiões. Era perceptível que ela se esforçava para lembrar de seu passado e que aquilo era difícil para ela.

– Eu espero que sim. – confidenciei. – Depois de tanto receio em relação as reações de Max caso descobrisse sobre nós, eu jamais poderia imaginar que as memórias de Melodie, ou no caso a ausência delas, se tornariam uma barreira entre nós.

– Confie em mi. – me presenteou com um de seus belos sorrisos, embora ainda estivesse triste. – O que vocês tinham era especial. No era algo que poderia ser apagado em um estalar de dedos. – franziu a testa. – ou no caso, com uma cacetada na cabeça. – deu de ombro dispensando o fato. – De qualquer forma, como yo disse antes, ela vai se lembrar. E quando isso acontecer, mi amigo, Melodie ficará bem segura das escolhas a serem feitas, e o resto que se dane.

Conversamos mais um pouco e logo chegamos a sua casa. Rennata me encarava com um sorrisinho malicioso.

– Aproveite o tempo que terá sozinho com ela, chiquito, mas comporte-se.

Ergui as sobrancelhas e ela acenou em despedida, saindo do carro e batendo a porta.

Maluca.



~*~



Ao chegar na casa de Mel, o porteiro digitou a senha no teclado do portão deixando-nos entrar. Estacionei o carro no pátio e saí. Ao abrir a porta de trás vi que Mel ainda dormia. Suas mãos estavam sobre o colo e seu rosto inclinado para o lado, com parte de seus cabelos o encobrindo. Afastei suas mechas colocando-as carinhosamente atrás de sua orelha e a peguei no colo, temendo acordá-la, mas sabia que isso aconteceria inevitavelmente, por isso segui até uma das laterais da casa, onde ficava a piscina.

Passou-se pouco tempo até que senti Mel se mover de maneira diferente se aninhando mais a mim. Olhei sua face cuidadosamente e percebi a movimentação inquieta de seus olhos por baixo das pálpebras. Acordada. Me animou saber que ela estava consciente e não queria se afastar de mim. Beijei o topo de sua cabeça e sussurrei:

– Eu sei que você está acordada, Mel.

Ela imediatamente abriu os olhos e levantou a cabeça de meu peito. Diante daquele olhar sonolento ainda presente, não pude deixar de sorrir. Percebendo que seu olhar havia caído para meus lábios, falei:

– Você sabe que o que está olhando é seu, pode tê-los na hora que quiser.

Acho que não foi a coisa certa a se dizer, porque seus olhos saíram de foco como se estivesse guerreando com seus pensamentos – um de seus hábitos. –, mas não pude me conter, era a mais pura verdade.

Coloquei-a sobre uma das espreguiçadeiras, querendo dar-lhe espaço e sentei-me em outra, de frente para ela.

– Des-desculpe. Eu... – ela gaguejou e sua face tomou uma leve tonalidade de vermelho.

Isso era bom. Significava que eu ainda a afetava.

– Tudo bem, Mel. – eu sorria. – Não precisa ficar vermelha.

Embora você fique ainda mais linda corada, pensei.

Mel abaixou a cabeça envergonhada.

– Rennata descobriu o que Nícolas estava fazendo, da pior forma. – disse de repente e olhou para mim. – Você acredita que ele levou aquela loira azeda pra fazer compras no shopping?

Fiquei surpreso com sua repentina mudança de assunto, mas tentei não demonstrar.

– O que Rennata fez? – perguntei.

– Ela foi lá e socou a cara de Nícolas.

Sorri internamente com isso.

– Isso é bem típico dela. – Comentei.

– Eu amo a Rennata, ela é como uma irmã pra mim. Não quero que ela sofra por Nícolas.

Eu muito menos.

– E quem não ama aquela maluquinha? Ela é daquele jeito, mas é isso que a torna única e especial.

Sua expressão mudou em uma fração de segundo.

– Hã... Alex, posso te fazer uma pergunta? – Perguntou, mas logo reconsiderou. – Esquece, não é nada de mais.

– Pode perguntar, Mel. – a encorajei.

– Hã... Porque você... Hã... Porque você me chama de Mel?

Não foram exatamente suas palavras, mas sim seus gestos que a entregaram. No momento em que Mel colocou nervosamente uma mecha de seu cabelo atrás da orelha, eu soube que ela estava mentindo. Aquele era um outro hábito dela que eu conhecia muito bem.

Fiquei um pouco confuso por ela ter mudado de ideia em me fazer alguma pergunta que queria, mas decidi responder sinceramente:

– Porque você é uma garota doce como mel e também porque é uma abreviação do seu nome. Gosto de te chamar assim porque Mel se escreve de forma parecida com “meu” e aprecio a ideia de que posso ter alguma coisa sua só para mim. Te chamar assim me passa a ilusão de que você é minha e se tudo que posso ter é uma ilusão, para mim é o suficiente por enquanto.

E 'por enquanto' eram as duas palavras chaves nesta frase.

Não consigo lembrar exatamente de quando me apaixonei por Melodie, tudo que eu sei é que sempre a admirei. Sua voz. Sua doçura. Sua lealdade. Mel sempre me pareceu linda, tanto por dentro quanto por fora, e sim, sempre a achei atraente, mas admitir para mim mesmo que a amava foi um tanto novo e confuso. Saí com muitas garotas ao longo da adolescência e tive algumas namoradas, mas Mel virou meu mundo – e tudo em que eu acreditava. – de cabeça para baixo. Admitir que a amava significava aceitar o risco do que viria em conjunto, todas as consequências. O destino foi de certa forma cruel ao me fazer apaixonar pela garota de outro cara, mas eu não trocaria aquilo por nada, por isso, decidi encarar de frente aquele sentimento e aceitar todos os riscos. Por ela.

Desde o momento em que disse 'eu te amo' pela primeira vez, Melodie se tornou meu ar, e para mim seria inconcebível não tê-la comigo, onde era seu lugar.

Mel me fitava com um brilho diferente nos olhos, ainda sem palavras e num súbito estímulo de coragem aproximei-me lentamente tocando seu rosto levemente com as pontas dos dedos, sem querer assustá-la.

– Gosto de te chamar de Mel porque você me disse uma vez que amava ser chamada assim por mim. – falei, evocando uma lembrança não tão antiga.

Nossos olhos não se desviaram e tudo que eu precisava era de sua permissão.

– Alex, eu não posso. – disse pesarosamente. Aquelas palavras me quebraram em centenas de pedaços.

Mel levantou-se e se afastou de mim indo em direção a casa, mas logo parou e levou a mão a cabeça como se sentisse alguma dor. Aproximei-me estranhando e por sorte consegui segurá-la antes que ela desfalecesse.

Peguei-a nos braços e voltei para a espreguiçadeira, sentando-a em meu colo.

– Você está bem? Quer que eu te leve até seu quarto? – perguntei preocupado.

Melodie não respondeu, apenas continuou me fitando. Seu olhar voltou a cair para meus lábios e então ela simplesmente… me beijou.

Considerando o modo como tinha se afastado anteriormente, fiquei estático por uns dois segundos quando seus lábios roçaram os meus e ela tocou meu rosto suavemente, mas no momento em que pousou sua mão sobre meu peito eu já tinha um braço ao redor da sua cintura puxando-a para mais perto e uma mão em sua nuca, a acariciando. A medida que nosso beijo se aprofundava, me vi inebriado por seu sabor e perfume. Mel carregava consigo um suave cheiro de flores silvestres, não era um que pudesse vir de um frasco de perfume qualquer, mas uma coisa só dela, e seus lábios tinham um doce sabor ao qual eu jamais poderia descrever com exata perfeição, mas era algo pelo qual eu sempre ansiava. Tendo-a agora em meus braços, sentindo o seu calor e proximidade de uma maneira que não havia sentido por meses e com nossas línguas dançando em perfeita sincronia, tudo que eu queria era que ela se sentisse segura e percebesse não apenas que é importante para mim, mas também que a amo.

Separamo-nos por falta de ar e num átimo ela levantou do meu colo, tentando arrumar o cabelo da melhor maneira possível. Sob meu olhar confuso ela passou a caminhar de um lado para o outro, como se não soubesse o que fazer.

Mas o que poderia ter acontecido?

Levantando-me segurei sua mão, puxando-a para perto.

– O que fizemos foi muito errado, Alex. – ela disse. – Não podemos...

Interrompi-a com um beijo. Não havia sido Mel que me ensinara que regras não importam quando se ama alguém? Dane-se Max. Mel era minha e não seria o namoro já oficializado dos dois ou o fato de eu esconder um punhado de segredos que ela deveria saber, que fariam com que eu me afastasse dela.

– Não, não podemos. Mas queremos. – eu disse.

Ela parecia triste.

– Preciso ir, Alex.

Se afastou de mim e caminhou apressadamente em direção a casa, sumindo por uma das portas laterais, sem olhar para trás ao menos uma vez.



~*~



Agora, deitado em minha cama, eu revivia aqueles acontecimentos em minha mente, dividido entre o desanimo por ela ter me deixado, a felicidade por ela ainda sentir algo por mim mesmo que tenho perdido toda e qualquer lembrança do nosso passado e a raiva, por Max e tudo que vinha em conjunto com ele existirem.

Já havia enviado algumas mensagens para Mel, como:

Eu: Você está bem?

Eu: Desculpe-me, mas fiz algo errado? Não queria ofendê-la.

Eu: Mel, fale comigo.

Para as quais ela respondeu após algum tempo com:

Mel: Estou um pouco cansada, Alex. Tudo que aconteceu essa noite me deixou muito confusa. Preciso pensar e pôr meus pensamentos no lugar, espero que entenda.

Eu: Claro. Você tem o tempo que precisar.

E eu entendia, mas não podia deixar de me sentir ansioso e – mesmo que eu não goste de admitir isso – até mesmo um pouco inseguro. Será que ela tentaria me afastar de vez depois de tudo que aconteceu? Era certo que eu a conhecia mais que qualquer outro, mas essa nova Mel, a que surgiu sem memória alguma sobre mim, também era de certa forma uma novidade para mim. Eu não era mais alguém capaz de prever o que ela faria a seguir, o que me trazia também a frustração.

Mas pensando bem em suas palavras, no fato de ela ter se preocupado se eu entenderia ou não seus motivos e receios, me permiti sentir a esperança de que havia reavivado, ao menos que um pouco, seus sentimentos por mim.

Era óbvio que eu não desistiria e lutaria por Melodie. Restava apenas saber se ela seria minha aliada ou inimiga nessa batalha, porque com ela eu sabia que poderia conquistar tudo, mas do jeito que Mel é teimosa, se decidisse negar seus sentimentos, poderia se tornar uma pessoa bastante difícil de se convencer.

Infelizmente não era apenas isso que importava. Se voltássemos a ficar juntos, eu tinha a sensação – quase uma certeza – de que o passado voltaria com força para tentar destruir tudo que tivéssemos reconstruído. Como eu poderia protegê-la quando tudo aquilo desmoronasse?


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Espero que tenham gostado, e comentem para que eu possa saber a opinião de vocês.
Até semana que vem.
Kiss



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