A escolha certa escrita por Achyle Vieira


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o primeiro capítulo meus amores!
Espero que gostem!
Boa leitura,
A. Singer.



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“Conquistas sem riscos são sonhos sem méritos. Ninguém é digno dos sonhos se não usar suas derrotas para cultivá-los.”

(Augusto Cury)





ESTÁ TUDO ESCURO, só existe o silêncio ao meu redor. Tento me mexer, mas meu corpo não obedece aos meus comandos.

Ouço um sussurro ao longe. Não consigo entender o que a voz fala. Esforço-me para ouvir com mais clareza. É uma voz masculina, acho que conheço a voz:

Mel! volte pra mim. Tudo parece não ter vida sem você. A voz é melancólica e trêmula.

Logo depois o silêncio volta, não sei por quanto tempo ele permanece. Ouço outra voz, mas agora a voz é feminina.

Espera! Acho que conheço essa voz... Mamãe! É a voz da minha mãe:

Querida, você pode me ouvir? Pergunta esperançosaNão nos deixe. Sentimos tanta falta dos seus risos e gargalhadas. Choraminga Queria poder ver seus olhinhos cor de chocolate novamente...

Tento gritar, dizer que consigo ouvi-la, mas não consigo. Minha voz não quer sair. Por que não consigo me mexer? Por quê?

Começo a chorar em meio ao desespero e à escuridão. Não sei quanto tempo meu choro durou, mas quando paro de chorar vejo uma luz forte que me tira o foco dos olhos.

De repente, estou em quarto, deitada em uma cama. Sento-me na cama e vejo meus pais em frente à cama. Eles riem para mim e acenam. Fico de pé e corro até eles. Quanto mais corro, mais eles se afastam. Sinto uma mão tocar minhas costas e me viro para ver quem é. Um rapaz de cabelos castanhos e olhos azuis me olha misteriosamente e sorri, tento tocá-lo, mas minha mão atravessa o seu corpo e ele some. Novamente sinto uma mão tocar minhas costas, me viro e vejo outro rapaz. Ele tem cabelos claros e olhos verdes. Também tento tocá-lo e ele some do mesmo jeito que o outro rapaz.

O chão começa a tremer, as paredes vão derretendo aos poucos. Abaixo-me e sento no chão, coloco minha cabeça entre os joelhos e, em sussurros desejo voltar para casa.



Abro os olhos novamente e percebo que não estou mais sentada, estou deitada. Olho ao redor e vejo que estou em um quarto de hospital, com uma intravenosa no braço e aparelhos ligados a mim.

Vejo um homem sentado em uma cadeira no canto do quarto, cochilando. Ele está com olheiras e com os primeiros botões da camisa desabotoados, mas não deixaria de reconhecê-lo.

— Papai! — Chamo-o em um sussurro, ele abre os olhos imediatamente e corre até mim.

— Princesa, você está bem? Está sentindo alguma coisa? — Pergunta assustado.

— Só um pouco de dor na cabeça.

Tento me sentar na cama, mas ele não deixa.

— Não, princesa, não se mexa. Vou chamar uma enfermeira. — Ele sai às pressas do quarto, tirando o celular do bolso.

Eu fico deitada na cama, sem me mexer como ele pediu. Ele volta alguns minutos depois com uma mulher de roupa branca. Ela se aproxima com uma pequena bandeja na mão, onde tem um copo com água e dois comprimidos.

— Senhorita, preciso que me diga se está doendo ou não à medida que for tocando em alguns lugares na sua cabeça.

Concordo com a cabeça. Papai se aproxima e me dá um beijo na testa.

— Vou deixar vocês duas sozinhas enquanto eu ligo para sua mãe e Nícolas. — Sussurra e sai do quarto me deixando a sós com a enfermeira.

— Mãos à massa. — Ela fala com um sorriso tímido nos lábios.

Ela começa a tocar em vários lugares na minha cabeça, perguntando se eu sinto alguma dor além da que eu já estou sentindo. Eu nego todas as vezes, pois não sinto nada. Ela toca dois dedos entre minha nuca e minha orelha direita, pressiona me fazendo sentir uma dor fina e desconfortável.

Ai! — Exclamo ao sentir a dor — Pra quê isso? — Pergunto depois que ela tira os dedos da minha cabeça.

— Para saber qual desses dois comprimidos devo dar a você. — Responde apontando para os dois comprimidos que estão na pequena bandeja — Um tem efeito mais forte que o outro.

Meu pai entra no quarto e senta-se na cadeira onde estava sentado antes.

— E qual deles eu vou tomar?

— Você não sentiu nenhuma dor, só uma dor de cabeça normal e um pouco de dor em cima do ferimento. Então, só vai precisar de uma aspirina. — Ela pega um dos comprimidos e o copo d'água e me dá.

Examino o comprimido antes de colocá-lo na boca. Confusa, olho para a enfermeira que está esperando que eu o tome. Coloco o comprimido na boca e o engulo com um pouco de água. A enfermeira pega o copo e coloca-o novamente sobre a bandeja. Antes de sair ela me deixa somente com a intravenosa e então caminha em direção a porta.

— Espere! — Peço, antes que ela saia da sala e ela vira-se novamente para mim.

— Está sentindo algo? — pergunta alerta.

— Não! Não é isso. — Respondo para acalmá-la — Como eu vim parar aqui? Por que estou no hospital?

A expressão dela muda e ela arregala um pouco os olhos, olho para papai e ele está com a mesma expressão no rosto.

— Você não sabe porquê está aqui? — Ela pergunta.

— Não.

— Do que se lembra?

— Eu lembro de estar no escuro, antes de abrir os olhos aqui. Na verdade acho que estava sonhando...

— Não isso. — Me interrompe — Antes de bater a cabeça e desmaiar.

Penso por alguns segundos tentando lembrar, mas não consigo lembrar de nada. Só me lembro de papai me dando uma boneca e ao lado dele estava mamãe e um garoto loiro, que resmungava alguma coisa. Depois disso só lembro das vozes na escuridão, do sonho com meus pais e os dois rapazes.

— Nada... — Falo apavorada — Eu bati a cabeça?

— Sim, a pancada foi no local onde sentiu dor quando eu toquei.

Levei uma das mãos onde ela tinha tocado antes e sinto um galo, aperto um pouco e sinto dor novamente.

— Eu vou chamar a Dra. Greenfild. — Fala e sai em disparada pela porta equilibrando a pequena bandeja nas mãos. Foi até engraçado o jeito que ela saiu, se o motivo não fosse tão sério, eu teria rido da cena.

Papai se aproximou, pegou minha mão e vi seus olhos marejarem.

— Princesa, do quê se lembra? — Pergunta preocupado.

— Eu não sei bem... Lembro de você me dando uma boneca... Não sei bem. Depois vem o escuro, acho que um sonho. Não sei explicar.

A enfermeira entra no quarto seguida por uma mulher mais velha que ela, de jaleco branco, aparentando ter uns cinquenta anos. A mulher tem uma prancheta nas mãos.

— Conte a ela o que se lembra. — Pede a enfermeira.

Olho para papai e ele concorda com a cabeça, respondendo minha pergunta silenciosa de "tenho que contar?".

Conto para a médica o que contei para papai. Durante todo o tempo ela ficou fazendo anotações na prancheta.

— No sonho eu ouvi vozes. Alguém falando comigo. Um homem e... — Sou interrompida por um vulto loiro que entra no quarto, vem em minha direção e me abraça. Conheceria aquele cheiro em qualquer lugar — Mamãe!

— Meu amor! Você está bem? — Ela pergunta preocupada, enxugando as lágrimas do meu rosto que eu nem percebi que estavam saindo dos meus olhos.

— Estou com medo. Não me lembro mãe... Eu não me lembro... — Começo a chorar novamente.

— Calma meu amor... Não se lembra do quê? — Pergunta preocupada.

— Acho que Melodie precisa descansar. Enquanto isso Sr. e Sra. Alcântara, peço que me acompanhem.

Todos saem do quarto seguindo a Dra. Greenfild, menos o rapaz loiro, acho que ele veio com mamãe.

— Quem é você? — Pergunto para ele.

— Nícolas. Não se lembra de mim?

— Não... — Respondo arqueando as sobrancelhas.

— Então vai se preparando maninha — Caminhou até a cadeira onde papai estava e sentou-se —, porque liguei para Macielly e acho que ela vai chegar aqui fazendo aquele alvoroço. Liguei para Rennata também, mas...

— Quem é Macielly? — Pergunto interrompendo-o — Quem é Rennata?

— Suponho que você esteja perguntando porque também não se lembra delas, não é?

— Sim! — Sussurrei.

— Macielly é uma pirua que você chama de amiga — ele faz careta — e Rennata é sua amiga também. A Rennatinha está fazendo intercâmbio, chega daqui a uma semana.

— E você é meu... Irmão.

— Isso! — Ele sorri — Sou mais velho que você, três anos.

— legal. — bocejei.

— Acho que vou ver como a mamãe está pra você descansar.

Concordei com a cabeça e ele saiu do quarto. Bocejei novamente e fui pegando no sono aos poucos.

Sonhei com olhos azuis e verdes, com toques e abraços. "Amo como ama o amor..." Ouvi uma voz parecida com a minha dizer.




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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. O que vocês acharam do capítulo?
Não se esqueçam de favoritar, comentar, acompanhar, compartilhar, indicar etc.
Até o próximo capítulo!
Beijos,
A. Singer.



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