A Cor Púrpura De Teus Cabelos escrita por Letícia


Capítulo 58
Castigo Vantajoso




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A aula de geografia sobre biodiversidade e formações geológicas da Terra estavam deixando Lola sonolenta. Seu amigo, Erick ao lado, também havia desistido de entender a matéria e estava brincando com um jogo no celular enquanto o escondia embaixo da mesa. Anna, sentada em umas carteiras mais a frente, retocava o gloss labial sem se importar com o professor. Lola tentou não dormir na aula, mas quando o professor começou a explicar as variações e tipos de rochas, ela não se conteve e fechou os olhos enquanto deitava em cima do caderno.
Não sabia ao certo se dormiu por muitos minutos mas sentiu algo pontudo em sua cintura e quando abriu os olhos percebeu que foi o lápis de Erick.
– Acorda, dorminhoca! - disse baixinho- O professor perguntou algo para você.
Lola levantou a cabeça da mesa e esfregou as mãos nos olhos sem saber ao certo onde estava e por quanto tempo havia dormido.
– Quê? - perguntou desnorteada.
– Então, Dolores, poderia me dizer que tipo de formação rochosa seria está? - o professor questionou enquanto apontava com a régua o slide no quadro e com a outra mão apoiava na cintura, e sua feição era de desagrado.
– Eu não faço ideia!
– Por que será, não é mesmo? Não estava prestando atenção na aula!
– Mas eu não era a única!
– Mas no momento eu estava me referindo à senhorita.
– Isso é injusto!
Lola continuava a ser a aluna rebelde que fazia questão de discordar dos professores, por mais que estivesse errada.
– Injustiça é o que vocês fazem conosco, os professores! Não prestam atenção nas aulas e ainda acham que estão certos. Mas a vingança, é um prato que se come frio e no meu caso no meu menu tem o nome de ''provas'', que é melhor vocês se prepararem pois as minhas serão as mais difíceis possíveis!
– Ah, que isso! - reclamou um menino ao lado.
– Obrigada, Lola! Valeu mesmo! - gritou Anna com cara feia.
Lola abriu a boca incrédula.
– Ora vejam só, agora a culpa é minha do professor ser um carrasco! - lamentou alto a menina rebelde dos cabelos coloridos.
– Agora chega! Venha em minha mesa!
Lola levantou como de costume e foi em direção ao professor.
– Prontinho, qual vai ser a minha punição? - cruzou os braços e franziu a boca.
– Eu iria lhe castigar mas, como as provas estão próximas como eu havia dito, minha vingança será coletiva.
Lola revirou os olhos e bateu o pé no chão.
– Então, o que o senhor fará comigo?
O professor de geografia esboçou um sorriso maldoso e soltou uma risadinha.
– Eu poderia lhe dar uma advertência, suspensão ou algo pior mas como estou de bom humor hoje, quero apenas que leve este documento para a professora de inglês na sala dos professores, por favor. Se ela não estiver lá, apenas deixe sobre o armário dela que irá ver.
Lola abriu a boca sem acreditar naquilo. Nunca havia se safado de algo tão facilmente.
– Só isso? - perguntou incrédula.
– Ora, se quiseres posso aplicar um castigo particular para a senhorita.
– Não, não, que isso. Isto já é o bastante. - declarou Lola levantando as mãos para o alto.
– Compreendo ... Então, tome este documento e faça o que lhe pedi.
Lola pegou o envelope de papel pardo com papéis dentro e saiu da sala. Enquanto o professor levantou de sua cadeira e foi dar continuidade para a aula.
– Eu havia parado... Ah, isto mesmo, na classificação das rochas - professor olhou para os alunos e escolheu alguém para respondera a pergunta - Você, Anna!
– Eu? Ah, que injustiça! A Lola responde mal e ganha um passe para fora da sala de aula e eu, que estou calada tenho que responder?
– O que eu mando meus alunos fazerem só desrespeita à mim, e a senhorita deve me responder agora mesmo sem me questionar.
Felipe, o aluno inteligente da classe, já farto de toda discussão resolveu intervir;
– Rochas magmáticas! - todos olharam para ele- A resposta é essa.
O silêncio se fez na sala e dava para ouvir o tic-tac do relógio ao lado.
– Muito bem, Felipe! Acertou.
– Ganharei ponto extra?
O professor levou a mão à face e balançou a cabeça.
– Até você, meu caro? Francamente...
Todos riram na sala de aula enquanto o professor passava exercícios para fazerem em casa.

**************

Enquanto isso, Lola estava na porta da sala dos professores sem saber se batia na porta ao entrava direto.
Respirou fundo e bateu na porta. Ninguém a atendeu, então resolveu entrar.
A sala dos professores era ampla, com suas paredes pintadas de branco com uma mesa no centro com diversas cadeiras e em uma das paredes havia armários que ela percebeu que havia os nomes de cada professor. Em outra parede havia uma mesa com café da manhã, ou melhor, com o que havia sobrado do café da manhã, tinha metade de um bolo de baunilha, uma torta salgada e uma cafeteira ao lado vasilhas com migalhas dentro. Ao fundo, havia dois banheiros para os professores.
Lola não quis demorar, então foi direto ao seu rumo, segurou o pacote entre as mãos e colocou dentro do armário da professora de inglês. Verificou seu nome no armário e letras de metal nas cores pretas indicavam que era o armário certo pois o nome ''Luciana Alcântara'' estava disposta no armário. Quando finalmente colocou o pacote no devido lugar, Lola resolveu correr os olhos pelos armários e percebeu que alguns tinha figurinhas ou ímãs de metais grudados na porta dos armários e ela sorriu ao ver que havia borboletinhas, emojis em forma de ímã e até mesmo frases bíblicas em alguns e ela esboçou um sorriso ao perceber que professores também era pessoas normais como as outras. Lola não se conteve e foi em busca do armário de Miranda e viu que não havia nada grudado em sua porta mas algo se ascendeu em sua mente.
Lola pegou um pedaço de papel qualquer que estava em cima da mesa dos professores e pegou uma caneta emprestada também. E foi audaciosa ao escrever algo no papel, dobrá-lo e colocá-lo dentro do armário da professora e antes de ir embora, tocou nas letras do nome de Miranda e deu um beijo leve na letra ''M''. Lola deu um salto quando ouviu alguém dizer atrás dela.
– Ora, oque está aprontando?
Mas antes de se virar e ver quem era, percebeu de cara e reconheceu a voz. Afinal, como não iria reconhecer a bela voz familiar de Miranda?
– Que susto! - disse Lola levando a mão ao coração.
– Desculpa, não quis assusta-la. Estava no banheiro e nem ouvi você aqui. - Miranda prendeu uma risada pois achou engraçado a reação de Lola.
– Ah, então achou engraçado?
Miranda se aproximou de Lola.
– Só um pouquinho. - disse rindo.
– Engraçadinha... Isso é feio, tá?
– Feio, não seria a senhorita bisbilhotar as coisas alheias?
– Eu? Que isso, só estava...
– Estava...? - Miranda estava muito próxima de Lola, e a menina se apoiou as costas no armário da professora.
– O professor de geografia me pediu para entregar um documento para a professora Luciana. Então, por isso estava aqui nos armários.
– Sim mas o armário da Luciana é aquele lá, bem distante de onde você estava...
– É que... Tudo bem, fui ver o seu de perto.
– Menina curiosa, não? - levantou uma sobrancelha.
O olhar de Miranda tirava o fôlego da aluna.
– Desculpa se lhe incomodei, eu não...
– Shiu, não precisa se desculpar...
Miranda levou o dedo indicador aos lábios de Lola e ela por sua vez fechou os olhos ao sentir o toque da amada.
Quando abriu os olhos novamente, sentiu seu coração bater forte e lembrou das palavras de seu pai sobre o amor e o sentiu um desejo fugaz de beijá-la, então assim o fez. Puxou Miranda para perto e levou seus lábios de encontro aos de Miranda. A professora ficou parada, mas quando sentiu os doces lábios de Lola nos seus não se conteve e correspondeu ao beijo. As duas se beijaram e Lola ficou pressionada no armário atrás de si. As mãos da jovem percorreram as costas da professora. Quando as duas estavam prestes a se entregar ao desejo da paixão que seus corpos emanavam o barulho da maçaneta da porta as despertou à realidade e ambas se afastaram.
Lola arfava com falta de ar e Miranda arrumava a camisa social branca que vestia enquanto corria atrás de um copo d'água para beber.
A porta se abriu e revelou a presença da professora Luciana de inglês.
– Olá, Miranda! Lola, você por aqui?
– Oi, professora. Vim justamente em sua procura. O professor de geografia pediu que lhe entregasse algo, então coloquei em seu armário.
– Obrigada, querida. Tudo bem, Miranda? - perguntou a professora estranhando o modo em que Miranda ficou calada.
– Tudo bem, sim. E com você? - disse Miranda enquanto bebia a água ainda afoita com o que havia acontecido.
– Tudo ótimo.
– Bom, vou indo. Tchau, professoras! - se despediu Lola.
– Tchau! - disse Luciana.
– Até mai rs... - disse Miranda.

– Ah, quase ia me esquecendo... Professora Miranda, também tenho um recado para a senhora. Deixei em seu armário.
Lola disse isto e foi embora da sala dos professores exibindo um sorrisinho maldoso nos lábios.
Miranda abriu o armário e viu o pedaço de papel que antes não estava dentro dele. Abriu-o e leu em sua mente, pois a presença de Luciana a impedia de ler em voz alta o que havia escrito: '' Te amo com todo o meu coração.''
Miranda engoliu em seco e dobrou o papel e o colocou em seu bolso sem saber como agir enquanto Luciana abria seu pacote.
– Nossa, quanta burocracia! Não acredito que tenho que assinar tudo isso... - a professora percebeu o desconforto e o sorriso bobo estampado noosto de Miranda - E você, recebeu algum documento tedioso ou algo bom?
– Algo, muito bom na verdade.
– Hum, percebi pelo seu rosto.
Miranda sorriu e sentiu seu coração bater mais forte ao ler pela segunda vez a frase escrita por Lola. Depois do beijo de hoje ela sentiu que não haveria como conter o que sentia pela aluna. E se sentiu feliz pelo resto do dia com o que havia acontecido.


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