A Cor Púrpura De Teus Cabelos escrita por Letícia


Capítulo 49
Ambiciosa




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Miranda permanecia de braços cruzados sob a mesa esperando uma resposta para a sua pergunta mas as alunas permaneceram caladas.
– Então, você podem me explicar isto? - ela balançou o papel no ar.
Anna desviou o olhar e brincava com um fiapo da calça jeans rasgada enquanto Lola roía as unhas descascadas de esmalte preto.
– Então você vão permanecer caladas? Me respondam! Quem escreveu isto? - a professora bateu com a palma da mão em cima da mesa e as meninas se alarmaram e pularam em suas cadeiras por tamanho susto.
– Eu não faço ideia do que seja isto. - declarou Anna.
– Ah, é mesmo? - debochou a professora.
– Como a senhora tem certeza que este bilhete é nosso?
– Ele estava grudado no verso do trabalho de vocês, que a propósito me agradou muito mas sobre este bilhete, eu supus que era de vocês e confirmei a tese pois até agora não me responderam nada e permaneceram caladas.
As meninas ficaram surpresas com tamanha convicção da professora, então Lola resolveu acabar logo com a inquisição.
– Okay, já chega disto. Quem escreveu isso aí foi a Anna.
Anna olhou para a colega de classe com os olhos arregalados e boquiaberta.
– Eu? Como você se atreve...
– É só comparar a letra com a sua no caderno. - interrompeu Lola solucionando a questão.
Anna abaixou a cabeça e ficou calada.
– E eu posso saber o porquê deste bilhete estar aqui?
As mãos de Lola suaram e ela se mexeu em seu lugar apreensiva, se Miranda ficasse sabendo que as duas se beijaram, ela ficaria com vergonha pois também havia beijado a professora e até mesmo guardava dentro de si uma afeição e respeito por ela.
Miranda continuava olhando para as duas esperando uma resposta decente do porquê este bilhete havia aparecido junto com o trabalho delas.
Então, para surpresa de Lola, Anna finalmente disse algo:
– A verdade, professora, é que eu escrevi isto para dar a um menino da turma que não posso dizer o nome mas eu tive um caso com ele. Um encontro.
Anna percebeu quando Lola respirou profundamente de alívio por terem escapado dessa.
– Então foi isto? - perguntou Miranda.
– Sim, foi apenas um encontro que tive com ele mas mesmo assim, mexeu muito comigo, daí resolvi mandar esse bilhete pra ele...
– Já entendi, Anna. - cortou a professora.

Lola desencostou da cadeira e algo iluminou-se em sua mente e então ela resolveu provocar a professora e questionar sobre seu posicionamento sobre o ocorrido.
– Eu só não entendi uma coisa...
– O que você não entendeu? - se meteu Anna.
– Não é com você, Anna. É com a professora.
Miranda estava olhando ainda para o bilhete e levantou os olhos quando ouvi a frase dita pela aluna.
– O que você não entendeu? - perguntou Miranda enquanto segurava os óculos com as mãos e ele estava na ponta de seu nariz.
– Eu não entendi o porquê da senhora querer saber sobre quem escreveu este bilhete. Por quê isto lhe incomoda tanto.
Miranda engoliu em seco. Anna olhou para as duas sem entender o que havia na atmosfera em sua volta mas sabia que algo estava acontecendo entre elas, alguma coisa que ela não sabia.
– Eu questionei, oras... porquê bilhetes em si, trocados no meio da minha aula não são bem vindos, obviamente.
–Ah, sim. Claro. - sorriu Lola cheia de maldade.
O celular de Anna emitiu um som e era uma mensagem nova em seu celular.
– Posso ir, professora? Tenho salão marcado agorinha e ainda preciso almoçar.
– Pode sim, Anna. - liberou a professora.
Anna se levantou mas antes lançou um olhar para Lola que permanecia sentada na cadeira entre a mesa e a cadeira da professora.
– Tchau, Lola. Até mais tarde! - deu tchau com as mãos.
Lola franziu a testa e torceu os lábios em desgosto.
Miranda estava fazendo suas anotações no diário da classe sobre a aula e matéria dada naquele dia quando percebeu que Lola continuava na sala.
– Já pode sair, Dolores. - disse secamente.
– Eu sei, só queria saber se a nossa aula amanhã ainda está de ''pé''.
– É claro que sim, por quê não estaria?
– Não, esquece. Bom, até amanhã.
Lola deixou a sala e foi embora deixando Miranda sozinha com seus pensamentos e naquele momento ela percebeu que algo crescia dentro dela, era semente do ciúme. Ciúmes em ver que talvez sua pequena garota poderia estar gostando de Anna, claro, a professora não era boba, ela não acreditou na conversa e explicação da loira, pois quando questionou ambas sobre o bilhete percebeu que elas estavam apreensivas e julgou na hora que talvez no dia para fazer o trabalho elas deveriam ter se beijada e pensar nisto fez doer o coração da pobre professora que ainda se encontrava dividida entre o fiel e controlador marido e sua pequena Dolores, dona dos cabelos mais diferentes e únicos que ela havia visto.

************

NARRAÇÃO DE ANNA

A sensação era gostosa. Alguém fazendo carinho em meus cabelos enquanto os lavava sempre me alegrava e me deixava confortante. Eu amava ir ao salão, afinal, qual menina de minha idade não gosta? Se arrumar, mudar o visual, se sentir bonita. Não tinha coisa que me agradava mais do que cuidar de mim mesma, então estava eu sentada no lavatório do salão mas conhecido e caro do shopping onde moro, cuidando como fazia quinzenalmente de minhas madeixas, quando meu pensamento se voltou para algo que havia acontecido e mexido comigo profundamente: ter beijada Lola.
É claro que nunca havia gostado de Lola nem como amiga, na verdade acontecia o oposto, eu confesso, não a suportava e éramos inimigas desde o... vejamos, desde o fundamental? Bom, desde que eu me lembre por gente eu não ia com a ''cara'' dela. Não sei explicar muito bem o porquê, talvez seja porque ela sempre roubava a cena por onde passava até mesmo quando não queria e eu, bom, eu sempre tinha que me esforçar para isso então desde nova alimentei e criei uma antipatia por ela. Vocês podem me perguntar: ''então, como de repente nutriu uma paixão por ela?''. Bom, para responder tal pergunta devo confessar que não era difícil se sentir atraída por ela, digo, na questão de se sentir hipnotizada por tamanha beleza, olhos lindos, rosto perfeito simetricamente e ainda por cima havia seus cabelos cor de roxo... digo, como ela mesma me corrigiria, cor de púrpura, chamava a atenção. Lola era como um o sol, ofuscava a todos em sua volta e havia algo que nos fazia sentir atraídos por ela, como um imã. Eu sempre tentava implicar com ela, talvez sentisse inveja de sua beleza e de seu brilho próprio, e então, olhem só, quem iria imaginar que eu iria fazer um trabalho com ela? Pois é, o destino muitas vezes nos surpreende. Então, naquele momento em que estávamos em meu quarto e após eu ter aberto meu coração para ela e dito tudo sobre a minha mãe, me encantei pelo seu interior e vi que não era uma pessoa má, vi que assim como eu ela criava espinhos e uma armadura e aparência dura para espantar as pessoas pois também havia sofrido a perda da mãe, então naquele momento em que estávamos comendo o bolo de cenoura com calda de chocolate, rindo por estarmos sujas, me senti atraída por ela e algo dentro de ansiava por beijá-la, então assim o fiz e não me arrependo. O beijo foi rápido mas só de ter provado pouco pude perceber o quanto me sentia atraída por ela.
Antes que me perguntem, eu nunca tive relações amorosas com pessoas do mesmos sexo que o meu. Pelo contrário, como na festa que houve eu sempre ficava com os meninos mais bonitos e fortes do colégio. Já tive até uns três namorados, pelos quais meu pai não gostava muito por achar que eles eram má influência para mim. Nunca passou em minha cabeça que algum dia eu beijaria uma mulher, ou até mesmo me apaixonaria por uma como estou neste momento por Lola e por mais que ela tente escapar de mim, eu iria atrás dela e farei de tudo para tê-la em meus braços, e quando quero algo eu vou até ao fim.



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