NARRAÇÃO DE LOLA

Eu estava sentada no sofá comendo macarrão com queijo e tinha acabado de chegar do colégio.

Na televisão estava passando um programa de perguntas e respostas mas a minha mente vagava por outras coisas.

Meu pai já deveria ter chegado, pois à tarde ele iria trabalhar. O que será que ele havia conversado com Miranda? Será que ela havia confessado sobre o nosso beijo? Não! Isto ela jamais faria. Mas porquê será que estava demorando tanto? Será que meu pai estava interessado na Miranda?

Estava em outra dimensão, perdida em meus pensamentos quando o barulho da chave na fechadura, abrindo a porta me despertou d emei devaneio.

- Pai! Por que demorou tanto?

- Estava na casa de um amigo que eue não via há tempos.

– E o lanche com a minha professora?

– Ah, sim. Bom... Você está preparada?

– Preparada para oque?

– Para ter aulas particulares com a Miranda?

Meu queixo caiu, minhas pernas ficaram bambas, minha mão suava e as palavras fugiram de minha boca.

Miranda vai dar aulas particulares para mim? Como assim? Isto era incompreensível pois o que ela mais queria de mim era manter distância. Certamente deve ter sido meu pai que propôs tal acordo.

- Não gostou da notícia?

– Eu... Você que teve essa ideia?

– Sim e ela demorou a aceitar.

– E quanto ficou a aula?

– Ela não quer ganhar nada em troca.

– Então você não vai pagá-la?

– Eu tentei persuadi-la e convencê-lá mas é cabeça dura e disse que se eu pagasse ela desistiria de dar aula para você.

Minha cabeça girou e levei minhas mãos às têmporas fazendo uma leve massagem. Estava tentando processar o fato de Miranda não só ter aceitado me dar aulas como também não ter aceito ser remunerada. Estava completamente chocada e perplexa.

– As aulas serão duas vezes na semana, na terça e na sexta. Não ficou feliz?

– Fiquei.

– Eu a escolhi pois sei que você tem um apresso por ela e ela também têm por você.

Tais palavras ditas por meu pai me atingiram em cheio. Será que ela ainda sentia algo por mim? Será que ainda havia resquícios de afeto dentro dela? Será que havia uma fagulha do fogo do desejo entre as cinzas restantes? Eu não sei bem se aquilo era uma notícia boa ou não mas eu poderia colocar o que ela sentia por mim em prova.

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O dia terminou. Na hora de dormir eu me peguei pensando em Miranda e caí em um sono profundo com um sorriso estampado no rosto. Somente ao saber que teria mais tempo ao lado dela me fazia a pessoa mais feliz do mundo.

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Em uma manhã de uma terça-feira podia-se ouvir uma jovem cantarolar na cozinha enquanto preparava bolinhos de maçã.

- Que cheiro maravilhoso. O que está preparando?

– Bom dia,pai. São muffins de maçã e canela.

– Não sabia que você pudesse cozinhar isto.

– Achei uma receita na internet e tentei fazer.

– Mais incrível que isso é o fato de você acordar mais cedo que eu e alegre.

– Acordei feliz.

– Saiba que fico feliz em te ver assim.

Lúcio já estava indo trabalhar quando lembrou de algo e voltou.

– Lola, lembre-se que hoje vai ser a primeira aula com a Miranda. Na casa dela às 16:30 da tarde em ponto. O endereço dela está embaixo daquele vaso perto do telefone. Não se atrase e não se esqueça!

– Claro, pai.

"Como eu poderia me esquecer?" Lola pensou com seus próprios botões.

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Na sala de aula o TIC - TAC do relógio anunciava que faltava apenas meia hora para o término da aula mas o professor de história usava até os últimos milésimos de segundo possíveis antes de despensar os alunos.

– Então, para casa, vocês devem ler as páginas 87,88,89 até a 93 e responder o questionário de folhas que irei entregar.

O professor levantou de sua mesa e começou a distribuir as folhas de exercício enquanto isso, os alunos afobados já guardavam seus materiais.

– Lola, que tal assistirmos aquele série na minha casa hoje à tarde? Podemos aproveitar e fazer esse trabalho de história juntos. - perguntou Erick.

– Não posso, mas valeu pelo convite.

Erick franziu o cenho.

– Não pode? Vai sair?

– Na verdade não. É que uma tia vai me visitar. - mentiu Lola.

Erick achou estranho pois nunca soube de uma existência de alguma tia dela mas balançou a cabeça de acordo.

– Então podemos deixar para outro dia...

– Sim. Vou indo, não posso me atrasar.

Assim que Lola recebeu sua folha de questões, se despediu do amigo com um beijo na bochecha e foi embora.

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Chegando em casa, por volta de uma hora da tarde, Lola almoçou, tomou banho e ficou navegando na internet até dar a hora de se aprontar para aula de Miranda.

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Por volta das 15:00 da tarde, ela começou a se arrumar. Na hora de escolher a roupa, ficou indecisa mas por fim escolhei um macaquinho cor azul turquesa que não usava há tempos e junto, uma blusa branca.

Antes de partir, ela teve a ideia de levar alguns muffins para comer com Miranda. Arrumou o material na mochila e foi em direção à porta.

Ela pegou um ônibus que a deixava bem perto da rua do condomínio de Miranda.

Ao descer do ônibus , visualizou o grande prédio e respirou fundo antes de dar o primeiro passo em direção à porta de entrada.

Dentro do prédio, ela se apresentou ao porteiro e o mesmo interfonou para o apartamento da prpfessora e a autorizou à subir.

Lola agradeceu e aguardou a chegada do elevador. Ao subir no elevador ela se deparou com a própria imagem no espelho e arrumou o cabelo apreensiva.

O elevador abriu a porta automaticamente no andar em que Miranda morava.

A menina abandonou o elevador e foi em direção ao apartamento e não foi nada difícil achar o número, nem precisou verificar no papel pois ela já sabia onde Miranda morava e guardou na memória.

Ao se deparar com a porta, ela levou o dedo em direção à campanha e anunciou sua chegada.

Lola balançava as mãos apreensiva e ansiosa.

Um sorriso largo tomava conta de sua face mas ele foi desmanchado após perceber quem era a pessoa que abriu a porta.

– Amor, sua aluna já chegou! - Henrique anunciou para sua esposa.

Lola engoliu em seco e compreendeu quem era aquele homem.

–Pode entrar, querida. Ela está te esperando.