A Cor Púrpura De Teus Cabelos escrita por Letícia


Capítulo 11
Apenas Amigos?




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NARRAÇÃO DE LOLA

Que ótima hora para receber uma advertência! Ótimo, Lola! Brilhante! Realmente não sei como consigo fazer tanta besteira em tão pouco tempo. Fugir ontem à noite já tinha abalado o meu pai completamente, eu já até posso imaginar o que ele vai falar para mim. Agora tem mais essa de aulas extracurriculares e atividades. Ninguém merece! Isso tudo por eu ser eu mesma? Que professor mais mala! Não tinha outra coisa para fazer, não? Ao invés de encher a paciência dos outros...
Se eu fosse professora, eu nem iria ligar para os alunos que não quisessem prestar atenção na minha aula ou talvez seria tão boa que todos prestariam atenção de boa vontade. Como a aula da professora Miranda.
Falando nela, como eu pude fazer aquilo? Como pude beijá-la? No que eu estava pensando? Ela é a minha professora. P-R-O-F-E-S-S-O-R-A! Com todas as letras. Mas velha que eu e eu deveria ter respeito. E ela é mulher. Eu nunca tinha tido uma experiência homossexual com outra pessoal. Nunca tinha visto ninguém , do mesmo sexo que eu, com outros olhos.
Miranda mexe tanto comigo. Eu não consigo parar de pensar nela. Quando estou em sua presença, não consigo para de olhá-la. Ela mexe com cada centímetro do meu corpo. Aqueles olhos me hipnotizam e eu me encontro perdidamente neles. É como se fosse um daqueles labirintos de um jardim de uma casa no qual quanto mais adentro em seu interior mais me perco.
E agora me encontro perdidamente apaixonada por eles e pelo resto do corpo e essência de Miranda.

***********

Na volta para casa, Lola ficou perdida em seus pensamentos. Quando colocou a chave de casa na fechadura e abriu a porta, deu de cara com o seu pai sentado e com uma expressão bem brava em seu rosto.

— Você vai me dizer onde esteve ou vou ter que interrogá-la contra sua vontade?
— Pai, eu...
— Você não pode fugir de casa e aparecer no dia seguinte como se não tivesse acontecido nada. Onde esteve? Você acha certo fugir desse jeito? - disse esbravejante.
— Eu dormi na casa de uma amiga pois a festa acabou tarde, e de lá eu fui direto pra escola.
— Você está de castigo a partir de hoje! De casa para escola e da escola para casa! E não quero assunto com você, já que você não obedece por diálogo, talvez entenda por castigo.
— Pai eu tenho uma coisa pra te falar...
— Direto pro seu quarto! Vai tomar um banho e volte para a sala para jantar. Anda logo!
— Eu levei advertência do professor de química...
— Você oquê? - arregalou os olhos.
— Eu não fiz nada demais, ele é muito implicante comigo e com a minha maneira de ser...
— Cale-se! Vá para o banho e volte para jantar.
Lola tomou banhou e foi para a mesa de jantar como o seu pai tinha mandado.
— Pelo que percebi seu comportamento está realmente passando dos limites. Olhe, Dolores, eu não quero ser rude com você mas você pede. Eu tentei dialogar e até mesmo entender o seu lado, mas como você não entende o meu lado eu não vejo mais solução a não ser como esses pais que só eles estão certos e o filho não tem direito de opinar em nada. A partir de hoje quem manda em tudo aqui sou eu. Não quero que me interrompa e nem opine sobre nada!
— Mas pai, isso não é justo! - disse a menina, largando garfo que espetava a batata frita.
— Xiu! Você é surda por acaso? Cale-se! Não quero ouvir nenhuma palavra saindo de sua boca. Cadê o papel da advertência?
— Está aqui. - Lola pegou dentro de um bolso de sua mochila que estava em cima do sofá.
— Atividades extras... Gostei disso aqui. Vamos te colocar na linha! Eu vou ter que ir na escola?
— Sim, infelizmente.
— O quê você disse? - abaixou os olhos do papel e fixou-os no olhar de sua filha.
— Sim, o senhor deve ir à escola.
— Hum... Melhor assim. Olha como fala comigo!
Lola revirou os olhos.
— Lola, nesse fim de semana eu vou te levar para jantar fora e conhecer uma pessoa muito especial para mim...
— Sua namorada? Isso de novo?
— Sim! E como você está rebelde eu não estou te convidando estou ordenando.
— Isso não é justo! Você está passando dos limites! Isso é ridículo!
A menina levantou da mesa e pegou o papel que estava na mão do pai e saiu correndo para o quarto. O pai foi atrás , batendo na porta e chamando sua filha para terminar de jantar porém desistiu pois ouviu pela porta o choro alto da filha.
No quarto, Lola chorava desesperadamente. Socando o travesseiro e puxando seus próprios cabelos. Um barulho de mensagem vindo do seu celular a chamou atenção. Era Erick chamando-a para ir ver filme em sua casa.
Lola sentou na cama, limpou as lágrimas e leu a mensagem, respondendo que iria e que era para ele esperá-la dentro de quinze minutos.
Na cozinha o pai de Lola lavava a louça e com o barulho da água e da televisão da cozinha ligada, não conseguiu ouvir nenhum barulho da fuga da menina.
Lola em seu quarto, abriu a janela que dava para o jardim e pulou da sacada. Como era baixo Lola não se machucou. Limpou as mãos de terra, olhou para trás e saiu correndo em direção da casa do seu amigo.
Os dois moravam muito perto, então não demorou muito para que Lola chegasse na casa de Erick.
Lola bateu na porta da casa de Erick e ele olhou pelo olho mágico e percebeu que era Lola , pois a cor de seus cabelos eram chamativos o bastante.
— Que bom que você veio! - abraçou a amiga.
Os dois se abraçaram e entraram na casa.
— E então, como conseguiu convencer o seu pai de vim?
— Eu fugi!
— Como assim? Mas porquê?
— Uma história longa e que eu prometo que vou lhe contar mas primeiro me diga oque há de bom aí para comer? - disse com um sorriso forçado pois ainda estava no efeito do choro.
Eles assistirem o filme, comeram nachos com queijo, pipoca e muito chocolate com morango. Lola acabou pegando no sono e dormiu como estava: deitada no colo de Erick.
Ele por sua vez percebeu que sua amiga tinha pegado no sono então desligou a televisão e ficou admirando sua beleza sob a luz da lua.

NARRAÇÃO DE ERICK

Tão linda. Tão perfeita e não é minha e talvez nunca será. Essa pele macia e branca como a neve, esse cabelo tão único e esses lábios carnudos que me fazem querer beijá-la. Queria tanto poder dizer que a amo mas depois do que houve hoje de manhã não seria possível. Será que Lola e a professora tem um caso as escondidas? Nunca tinha passado pela minha cabeça que Lola gostava de mulheres... Será que ela realmente estava amando a professora ou era só um tempo de descobertas da juventude? Do jeito louco que Lola é talvez possa ser só por diversão, nada sério. Mas mesmo assim isso é muito estranho. Ela parou de me contar as coisas que acontecem em sua vida. Agora diz que vai contar depois mas nunca conta. Como aconteceu hoje, chegou com lágrimas nos olhos mas achei melhor nem questionar e quando perguntei porquê tinha fugido ela não quis me contar. Sempre cheia de segredos e com a chegada de Miranda em sua vida isso só agravou. Mas como eu a amo e não vou deixar ninguém roubá-la de mim. Não agora em que finalmente iria me declarar. Se Miranda realmente gosta dela é melhor se conter pois eu não deixarei que ela roube o coração de Lola. Vou lutar até o fim para tê-la para mim. Só para mim...

******

Erick beijou a testa de sua amiga enquanto passava a mão pelos seus cabelos cor de púrpura. Deslizou o dedão pela boca de Dolores, fechando o olho e imaginando os dois se beijando. Até que despertou de seu pequeno devaneio quando a menina se mexeu e abriu os olhos.
— O filme acabou? - disse a menina ainda sonolenta.
— Si-sim! -respondeu gaguejando.
Lola levantou, se esticou e deu um bocejo.
— Quer dormir aqui mesmo na sala?
— Pode ser... coitado de você, fiquei um tempão deitada no seu calo te impedindo de dormir - disse sorrindo.
— Por nada... eu ficaria daquele jeito para sempre se pudesse.
Lola olhou para ele surpresa e parou de se movimentar tentando entender tais palavras ditas por Erick.
Erick chegou mais perto da menina, colocou as mão em seu rosto puxando-a para perto e disse:
— Eu ficaria pela eternidade te admirando sob a luz das estrelas...
Quando Lola iria dizer algo, foi interrompida pois Erick encostou seus lábios nos dela. O menino beijou com força e ela deixou-se levar. Erick enfiou a língua e fez movimentos circulares. Lola soltou um gemido e puxou a cabeça de Erick para mais perto. Agora o ritmo do beijo estava acelerado. Os dois se deixando levar pelo momento e pela adrenalina correndo em seus corpos.
Erick se desvencilhou do beijo e tirou a camisa e jogou para o lado.
Os dois voltaram a se beijar. Então Lola escapou do beijo recuperando o fôlego.
Erick chegou perto de seu pescoço e deu beijinhos e perguntou:
— O que houve? Não está curtindo?
— Isso não é certo. - disse Lola empurrando de leve o seu amigo para o lado.
Erick ficou surpreso e perguntou o porquê e ela disse:
— Somos amigos. Não consigo nos ver como mais do que isso. É melhor eu voltar para casa antes que dê mais problema...
Lola se levantou e foi em direção pela porta. Erick a seguiu e a pegou pelo braço.
— Volta aqui! Me conta oque está havendo com você. Não saia desse jeito...
— Não. É melhor eu ir. Depois nos falamos...
Lola saiu correndo em direção a sua casa. Lágrimas brotaram de sua face e enquanto corria pensava em quanta coisa tinha acontecido em tão pouco tempo e em como a sua vida estava tão bagunçada.
Chegou na janela, abriu-a e entrou devagar para não fazer barulho para dentro de seu quarto. Abriu a porta do seu quarto e foi para a cozinha. Seu pai já estava dormindo obviamente. Abriu a geladeira e pegou uma jarra de água para matar a sede. Voltou para cama e ficou refletindo em tudo que tinha acontecido.
— Como posso ter cometido tantos erros em tão pouco tempo? - pensou alto.
E voltou a chorar lembrando da morte de sua mãe, do beijo em que tinha dado em sua professora e agora oque tinha ocorrido entre ela e seu melhor amigo. Pegou no sono depois de chorar em plenos pulmões novamente.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, estão gostando da história? Quem vocês querem que a Lola fique? Miranda ou Erick? Comentem pois quero saber a opinião de vocês. Beijos! ♥



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