O rio de flores brancas (A viagem de chihiro) escrita por Spring001


Capítulo 20
Capítulo 20 – Labirinto - Chihiro


Notas iniciais do capítulo

Oláaaa Eu decidi dividir essa parte em três capítulos para poder deixar as coisas mais claras, então hoje, amanhã e depois eu vou postar as partes referentes a cada personagem e depois volta a narração comum



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Era uma vez, há muito tempo, um mundo mágico onde tudo era tão belo e radiante, que este mundo era considerado perfeito, seguro e inatingível. Foi um grande engano pensar assim, eu existo para que o mundo seja imperfeito, assim como eu, para que a escuridão prevaleça em suas entranhas e o mau em sua veias, assim como prevaleceu nas minhas. Como fazer com que o mundo seja obscuro? Entregando-lhe o terror, os quatro cavaleiros do apocalipse, trazem o que eu vejo tão belamente neste mundo. Guerra. Peste. Fome. Morte. E cada qual com sua função traz a alma de todos cada vez mais desespero, necessidade, voracidade e o mais importante o Medo. Tão controlador e tão energizante à mim e cada um com seu medo e sua incapacidade de combatê-lo me faz cada vez mais poderoso. Vocês nunca terão o que querem! Eu sou o mundo! O poder! Um Deus! O DEUS! Eu sou Ankoku!

Chihiro

Chihiro não queria abrir os olhos, a voz de Ankoku ainda ressoava em sua cabeça. Mórbida, fria, calculista, sem sentimento e aterrorizante. Sabia que ao abrir seus olhos algo muito ruim lhe aconteceria, ou algo ao qual não saberia como enfrentar. Precisou de muito tempo para conseguir abrir apenas um pouco e ver, inesperadamente, o céu estrelado, junto com isso começou a ouvir sons diferentes aos que vinha escutando há dias, mas era um som familiar e acolhedor, o som de buzinas dos carros. Conseguindo identificar o que era, ela se sentou, onde quer que estivesse, parecia muito com a cidade onde vivia.

Ela então se levantou e observou ao seu redor, estava em uma rua escura e vazia, mas era possível avistar algumas luzes, não muito fortes, como pequenas chamas. Então levantou-se e decidiu segui-las, até que chegou na avenida principal e realmente era sua cidade, mas apesar dos sons dos automóveis, não havia carro nenhum passando por ali, apesar de ser a cidade onde vivia há anos, não conseguia encontrar a casa das pessoas com quem convivia, nem mesmo a sua própria. Tentou se focar em algum lugar que lhe parecesse mais familiar, e começou a andar em direção à sua escola.

— O que? – Ela falou ao pisar em algo duro e olhar para baixo para deparar-se com uma linha de trem – Não passam trens aqui...

No mesmo instante uma luz muito forte surgiu em direção a garota em uma velocidade incrível, o trem estava vindo e iria acertá-la, jogou-se para trás por um impulso e sentiu a dor nas costas que era costumeira de uma queda, então as luzes a ultrapassaram e não havia nenhum trem, mas o seu coração havia acelerado com o medo. Enquanto levantava-se as poucas luzes que sobravam naquele lugar começaram, uma a uma, a se apagarem sozinhas.

— Chihiro...- Ela ouviu e um calafrio percorreu sua espinha deixando-a arrepiada, devagar a garota virou a cabeça procurando a origem da voz.

Não havia nada. Em lugar nenhum, mas a voz continuava, incomodando-a e amedrontando-a. Era familiar, mas não de alguma memória boa, e sim de sua infância. Era de um sonho, do qual se lembrava perfeitamente bem. Um dia na escola quando era bem pequena, suas amigas contaram-lhe sobre lendas que haviam percorrido pela cidade, estas lhe causavam pavor, e não haviam deixado de causar, então quando ouviu o som de metal tocando contra o asfalto, lembrou-se de todas as histórias, cada vez sentindo-a se aproximar. Era a menina dos trilhos, que andava com uma foice em busca de vingança por algo que ela mesma havia feito a si, perder as pernas ao ser atropelada por um trem, e morrer por isso.

— Tem medo de mim?! – Desta vez a voz estava em seu ouvido e por isso ela gritou e se encolheu como uma bola, como normalmente fazia quando estava assustada.

— SAIA! SAIA DAQUI! – Ela gritou várias vezes, também gritando por ajuda enquanto mantinha seus olhos fechados, com as mãos nas orelhas tentando por tudo evitar o som daqueles pesadelos – SUMAM! DESAPAREÇAM!

Não importava o quanto ela gritasse, os ruídos mórbidos, gritos e memórias das histórias com as quais tanto se apavorara quando criança, as vozes continuavam ecoando em sua mente, mas por um breve relance, Chihiro conseguiu abrir os olhos e observar, para sua surpresa um brilho arroxeado partindo de seu pulso, mesmo sentindo as lágrimas que começaram a cair devido ao pânico ela aproximou o elástico de cabelo do seu próprio e o amarrou, por um impulso incomum. Então houve uma resplandecência em sua mente, como uma criança que descobre que os monstros são invenções de sua mente, ela lembrou-se que não tinha mais medo daquilo, que eram apenas histórias.

— CHEGA! – Ela gritou abrindo os braços e como se estivesse empurrando o vento sentiu uma rajada circular formando-se em sua volta e destruindo o cenário onde estava, e tornando-se agora, um total breu.

Fosse o que estivesse acontecendo, não havia acabado, estava escuro, mas Chihiro era capaz de olhar para si mesma, sem dificuldades, como se uma luz saísse dela própria. Tentou forçar a vista a procura de qualquer coisa em sua volta, como não tinha muito o que fazer, começou a andar apenas para frente, olhando de um lado para o outro quando uma forma a fez parar, exercia um brilho, assim como ela, e se aproximava em sua direção, quando a figura se aproximou um pouco mais, Chihiro soube imediatamente quem era.

— Haku! – Ela gritou, mas sua voz saiu baixa, rouca e enfraquecida, sentiu as pernas tremerem e seu corpo cair no chão.

Incapaz de mover as pernas tentou erguer seus braços e esticá-los para Haku, enquanto pedia ajuda. Para sua surpresa, sentiu uma dor forte na mão quando ela se chocou contra o ar, tateou o lugar em sua frente com a mão que não machucara e sentiu, como se fosse uma parede invisível que a impedia de se aproximar, de sair do lugar ou de chamar alguém além dela, mas ele a enxergava. Estava olhando diretamente para ela, mesmo não podendo ajudar. Então, mais pessoas começaram a surgir, seus pais, suas amigas, Harumi, Hiro, e todos daquele mundo que de alguma forma lhe ajudaram, agora circulavam ela.

— Alguém!!! – Ela gritava enquanto batia com força contra o vidro – SOCORRO!!

Em meio aos gritos, a garota começou a sentir seus pés ficando úmidos, então olhou para eles e água começava a subir dentro de sua caixa, junto com ela folhas e sujeira que se colavam ao seu corpo, fazendo com que ela tentasse desesperadamente se levantar e sair dali, mas algo do lado de fora a preocupou, sua mãe estava chorando. Olhou fixamente para ela, que devolveu o olhar com a mesma intensidade, enquanto as lágrimas corriam por seu rosto, então Chihiro percebeu que a escuridão a engolia, sem consternação ou trégua, enquanto as sombras tomavam conta de seu corpo, a água em seu próprio ia cada vez mais alto, mas ao olhar para os lados percebeu que todos estavam se afastando.

“A escuridão sempre será mais forte menina, e dominará tudo aquilo o que você preza e ama”.

— Não! – Ela gritou com convicção depois de ouvir novamente a voz de Ankoku em sua cabeça, mas não iria se assustar – Não é verdade!

A água então tomou-lhe por inteira e ela não era mais capaz de ver as pessoas em sua volta, mas era capaz de ouvi-las, o que era pior, seus gritos informavam seu sofrimento, e pouco a pouco eles iam desaparecendo, sem deixar que Chihiro soubesse onde eles estavam e se estavam vivos. Então sua mente despertou, mesmo com os olhos fechados, a recordação que lhe veio a cabeça, fora quando o mundo se transformara naquilo, quando tentando fugir do mundo dos espíritos e entrou no rio das sombras, não deixando-se afundar nele daquela vez. E naquele momento disse a si mesma, “É apenas um sonho, é apenas um sonho”, daquela vez era real, mas desta vez não, então repetiu a si mesma.

“É apenas um sonho, apenas um sonho, Haku está aqui, Preciso salvá-lo, É apenas um sonho”.

Então os gritos cessaram completamente, a água se foi, ela podia sentir, e sabia que havia uma luz em frente a seus olhos. Então os abriu. Um brilho, semelhante a uma estrela encontrava-se estático a sua frente. E ela se aproximou dele cada vez mais, sabendo que ele seria a saída de seu sonho, ergueu seu braço naquela direção e sentiu-se sendo puxada. Uma luz branca muito forte tomou conta de sua vista, e quando, após um segundo, ela passou. Seus olhos se abriram, fora de seu pesadelo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :3



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