O rio de flores brancas (A viagem de chihiro) escrita por Spring001
Notas iniciais do capítulo
Oláaaa Eu decidi dividir essa parte em três capítulos para poder deixar as coisas mais claras, então hoje, amanhã e depois eu vou postar as partes referentes a cada personagem e depois volta a narração comum
Era uma vez, há muito tempo, um mundo mágico onde tudo era tão belo e radiante, que este mundo era considerado perfeito, seguro e inatingível. Foi um grande engano pensar assim, eu existo para que o mundo seja imperfeito, assim como eu, para que a escuridão prevaleça em suas entranhas e o mau em sua veias, assim como prevaleceu nas minhas. Como fazer com que o mundo seja obscuro? Entregando-lhe o terror, os quatro cavaleiros do apocalipse, trazem o que eu vejo tão belamente neste mundo. Guerra. Peste. Fome. Morte. E cada qual com sua função traz a alma de todos cada vez mais desespero, necessidade, voracidade e o mais importante o Medo. Tão controlador e tão energizante à mim e cada um com seu medo e sua incapacidade de combatê-lo me faz cada vez mais poderoso. Vocês nunca terão o que querem! Eu sou o mundo! O poder! Um Deus! O DEUS! Eu sou Ankoku!
Chihiro
Chihiro não queria abrir os olhos, a voz de Ankoku ainda ressoava em sua cabeça. Mórbida, fria, calculista, sem sentimento e aterrorizante. Sabia que ao abrir seus olhos algo muito ruim lhe aconteceria, ou algo ao qual não saberia como enfrentar. Precisou de muito tempo para conseguir abrir apenas um pouco e ver, inesperadamente, o céu estrelado, junto com isso começou a ouvir sons diferentes aos que vinha escutando há dias, mas era um som familiar e acolhedor, o som de buzinas dos carros. Conseguindo identificar o que era, ela se sentou, onde quer que estivesse, parecia muito com a cidade onde vivia.
Ela então se levantou e observou ao seu redor, estava em uma rua escura e vazia, mas era possível avistar algumas luzes, não muito fortes, como pequenas chamas. Então levantou-se e decidiu segui-las, até que chegou na avenida principal e realmente era sua cidade, mas apesar dos sons dos automóveis, não havia carro nenhum passando por ali, apesar de ser a cidade onde vivia há anos, não conseguia encontrar a casa das pessoas com quem convivia, nem mesmo a sua própria. Tentou se focar em algum lugar que lhe parecesse mais familiar, e começou a andar em direção à sua escola.
— O que? – Ela falou ao pisar em algo duro e olhar para baixo para deparar-se com uma linha de trem – Não passam trens aqui...
No mesmo instante uma luz muito forte surgiu em direção a garota em uma velocidade incrível, o trem estava vindo e iria acertá-la, jogou-se para trás por um impulso e sentiu a dor nas costas que era costumeira de uma queda, então as luzes a ultrapassaram e não havia nenhum trem, mas o seu coração havia acelerado com o medo. Enquanto levantava-se as poucas luzes que sobravam naquele lugar começaram, uma a uma, a se apagarem sozinhas.
— Chihiro...- Ela ouviu e um calafrio percorreu sua espinha deixando-a arrepiada, devagar a garota virou a cabeça procurando a origem da voz.
Não havia nada. Em lugar nenhum, mas a voz continuava, incomodando-a e amedrontando-a. Era familiar, mas não de alguma memória boa, e sim de sua infância. Era de um sonho, do qual se lembrava perfeitamente bem. Um dia na escola quando era bem pequena, suas amigas contaram-lhe sobre lendas que haviam percorrido pela cidade, estas lhe causavam pavor, e não haviam deixado de causar, então quando ouviu o som de metal tocando contra o asfalto, lembrou-se de todas as histórias, cada vez sentindo-a se aproximar. Era a menina dos trilhos, que andava com uma foice em busca de vingança por algo que ela mesma havia feito a si, perder as pernas ao ser atropelada por um trem, e morrer por isso.
— Tem medo de mim?! – Desta vez a voz estava em seu ouvido e por isso ela gritou e se encolheu como uma bola, como normalmente fazia quando estava assustada.
— SAIA! SAIA DAQUI! – Ela gritou várias vezes, também gritando por ajuda enquanto mantinha seus olhos fechados, com as mãos nas orelhas tentando por tudo evitar o som daqueles pesadelos – SUMAM! DESAPAREÇAM!
Não importava o quanto ela gritasse, os ruídos mórbidos, gritos e memórias das histórias com as quais tanto se apavorara quando criança, as vozes continuavam ecoando em sua mente, mas por um breve relance, Chihiro conseguiu abrir os olhos e observar, para sua surpresa um brilho arroxeado partindo de seu pulso, mesmo sentindo as lágrimas que começaram a cair devido ao pânico ela aproximou o elástico de cabelo do seu próprio e o amarrou, por um impulso incomum. Então houve uma resplandecência em sua mente, como uma criança que descobre que os monstros são invenções de sua mente, ela lembrou-se que não tinha mais medo daquilo, que eram apenas histórias.
— CHEGA! – Ela gritou abrindo os braços e como se estivesse empurrando o vento sentiu uma rajada circular formando-se em sua volta e destruindo o cenário onde estava, e tornando-se agora, um total breu.
Fosse o que estivesse acontecendo, não havia acabado, estava escuro, mas Chihiro era capaz de olhar para si mesma, sem dificuldades, como se uma luz saísse dela própria. Tentou forçar a vista a procura de qualquer coisa em sua volta, como não tinha muito o que fazer, começou a andar apenas para frente, olhando de um lado para o outro quando uma forma a fez parar, exercia um brilho, assim como ela, e se aproximava em sua direção, quando a figura se aproximou um pouco mais, Chihiro soube imediatamente quem era.
— Haku! – Ela gritou, mas sua voz saiu baixa, rouca e enfraquecida, sentiu as pernas tremerem e seu corpo cair no chão.
Incapaz de mover as pernas tentou erguer seus braços e esticá-los para Haku, enquanto pedia ajuda. Para sua surpresa, sentiu uma dor forte na mão quando ela se chocou contra o ar, tateou o lugar em sua frente com a mão que não machucara e sentiu, como se fosse uma parede invisível que a impedia de se aproximar, de sair do lugar ou de chamar alguém além dela, mas ele a enxergava. Estava olhando diretamente para ela, mesmo não podendo ajudar. Então, mais pessoas começaram a surgir, seus pais, suas amigas, Harumi, Hiro, e todos daquele mundo que de alguma forma lhe ajudaram, agora circulavam ela.
— Alguém!!! – Ela gritava enquanto batia com força contra o vidro – SOCORRO!!
Em meio aos gritos, a garota começou a sentir seus pés ficando úmidos, então olhou para eles e água começava a subir dentro de sua caixa, junto com ela folhas e sujeira que se colavam ao seu corpo, fazendo com que ela tentasse desesperadamente se levantar e sair dali, mas algo do lado de fora a preocupou, sua mãe estava chorando. Olhou fixamente para ela, que devolveu o olhar com a mesma intensidade, enquanto as lágrimas corriam por seu rosto, então Chihiro percebeu que a escuridão a engolia, sem consternação ou trégua, enquanto as sombras tomavam conta de seu corpo, a água em seu próprio ia cada vez mais alto, mas ao olhar para os lados percebeu que todos estavam se afastando.
“A escuridão sempre será mais forte menina, e dominará tudo aquilo o que você preza e ama”.
— Não! – Ela gritou com convicção depois de ouvir novamente a voz de Ankoku em sua cabeça, mas não iria se assustar – Não é verdade!
A água então tomou-lhe por inteira e ela não era mais capaz de ver as pessoas em sua volta, mas era capaz de ouvi-las, o que era pior, seus gritos informavam seu sofrimento, e pouco a pouco eles iam desaparecendo, sem deixar que Chihiro soubesse onde eles estavam e se estavam vivos. Então sua mente despertou, mesmo com os olhos fechados, a recordação que lhe veio a cabeça, fora quando o mundo se transformara naquilo, quando tentando fugir do mundo dos espíritos e entrou no rio das sombras, não deixando-se afundar nele daquela vez. E naquele momento disse a si mesma, “É apenas um sonho, é apenas um sonho”, daquela vez era real, mas desta vez não, então repetiu a si mesma.
“É apenas um sonho, apenas um sonho, Haku está aqui, Preciso salvá-lo, É apenas um sonho”.
Então os gritos cessaram completamente, a água se foi, ela podia sentir, e sabia que havia uma luz em frente a seus olhos. Então os abriu. Um brilho, semelhante a uma estrela encontrava-se estático a sua frente. E ela se aproximou dele cada vez mais, sabendo que ele seria a saída de seu sonho, ergueu seu braço naquela direção e sentiu-se sendo puxada. Uma luz branca muito forte tomou conta de sua vista, e quando, após um segundo, ela passou. Seus olhos se abriram, fora de seu pesadelo.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Espero que tenham gostado :3