Nós estamos juntos escrita por Joana Guerra


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Estou a tentar compensar o fato de a musa me ter abandonado na semana passada para postar mais nesta. A música para este capítulo é Yours, da Ella Henderson: “and if I be feeling heavy/you take me from the dark/your arms they keep me steady/so nothing could fall apart/and I would fight my strength to untape my mouth/when I used to be afraid of the words/but with you I've learnt just to let it out/now my heart is ready to burst/'cause I, I feel like I'm ready for love”. O capítulo é dedicado a quem ainda vai tendo paciência para continuar a acompanhar. Posto isto com os dedos cruzados, esperando a reação. Here we go!



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Barcelona, 2012

Sentada num banco num ponto alto do Parque Guëll, Megan tinha uma visão privilegiada da cidade de Barcelona. Apesar de ainda ser cedo, o lugar já estava cheio de turistas, mas graças a um disfarce inteligente seria difícil alguém conseguir reconhecer Megan Marra debaixo daqueles enormes óculos escuros.

O sol continuava a brilhar, incidindo nos edifícios emblemáticos da cidade que, ao longe, pareciam pequenas jóias arquitetônicas.

Já se tinham passado três dias deste a sua necessária fuga de Ibiza e agora, mais calma, ela se arrependia de algumas das atitudes que tinha tido. Colocando a cabeça no lugar e arrumando ideias, ela estava mais centrada, mais senhora de si e mais assertiva na resolução dos seus problemas.

Perdida nos seus pensamentos, a americana não deu por ela quando alguém se sentou do lado dela.

– Te peguei, fujona. – disse Davi, olhando para ela.

Who told you que eu queria que alguém me encontrasse?- perguntou ela, continuando a olhar para a paisagem.

– Se você não quisesse que eu te encontrasse, você não deveria ter feito a reserva do hotel no nome de Megan Reis.- respondeu ele.

Uma série de crianças despreocupadas passaram correndo por eles, sendo seguidas pelos pais que se apressavam no seu encalço e Davi acabou prosseguindo:

– Você só tem dezassete anos. Se o Jonas quiser, ele pode te obrigar a voltar para casa.

He won´t. – respondeu ela com segurança – Dad tem demasiado medo de outro escândalo.

Um pouco de vento fez a vegetação atrás deles se agitar e Davi tirou os óculos escuros dela, de modo a conseguir olhar diretamente nos olhos da loira.

– Megan, vem comigo. A gente precisa conversar e eu tenho que te mostrar uma coisa.- pediu ele, pegando na mão dela.

Ela deixou que ele a conduzisse e desceram os dois para a rua, apanhando um táxi para os levar para Barceloneta. Durante o caminho Megan ia olhando pela janela em silêncio e conciliando ideias, não ignorando que Davi continuava a apertar a mão dela.

Quando chegaram no hotel W, seguiram para o quarto do nerd. Nada surpreendida, Megan constatou que ele tinha conseguido ficar no quarto do lado do quarto dela.

So, o que é que você me quer mostrar?- perguntou ela, sentando na cama.

Ele pegou no computador e se sentou do lado dela.

– Eu não quero que existam mais segredos entre a gente, por isso eu tenho que te mostrar uma coisa, mas você não vai gostar. – disse ele.

Ele abriu o computador e os ficheiros que o interessavam e pousou o aparelho no colo de Megan. Ela achou que não podia estar a ver o que estava vendo na frente dela:

What is this? – perguntou a loira.

– Isso é a verdadeira razão da minha briga com o Jonas. São as provas das falcatruas dele.- respondeu ele.

Ela abanou a cabeça em sinal de negação.

No, Davi. Isto são much more que falcatruas. Jesus, se isso fosse verdade seria like a ruína de dad.

Ele não compreendeu a linha de raciocínio dela.

– Se isso fosse verdade? Megan, isso é verdade! – disse ele, olhando para ela.

No way. Dad tem lots of defeitos, mas ele não faria uma coisa dessas.- disse ela, preferindo acreditar que o seu dad não era um estranho.

Davi colocou uma mão na perna dela e tentou explicar:

– Megan, esses documentos são válidos e mais, você não sabe, mas ele fez outras coisas.

Like what? – perguntou ela.

O seu baby boy suspirou e continuou:

– Ele subornou um monte de gente para eu entrar no MIT. Ele próprio o confirmou!

Estava finalmente explicada a razão pela qual Davi tinha desistido da faculdade. Nessa informação a americana acreditava. O seu dad já tinha provado mais do que uma vez que, pelos filhos, ele era capaz de tudo.

– E ele like, confirmou o resto?- questionou ela.

– Não, mas o grande Jonas Marra não ia confirmar ser um criminoso da pior espécie, nem para o próprio filho.- respondeu ele.

Ela ficou um minuto a refletir.

Listen, eu sei que dad nunca foi um santo e acredito que ele faria um big mistake se ele achasse que seria o melhor para mim ou para você, mas ele não faria isto. Hell to the no, Davi. – disse ela apontando para o ecrã.

–Mas ele fez- disse Davi.

Ela pousou o computador querendo mudar de conversa e pegou na mão de Davi.

– E você já sabia disso… since a year ago… e você não me disse nada. Why?

– Eu queria te proteger, queria evitar que você se magoasse.- respondeu o nerd.

– Eu me magoei do mesmo jeito, silly.

Megan queria tentar entender o lado dele, mas não podia aceitar facilmente que Davi lhe tivesse mentido, logo ele que ela havia colocado num pedestal de moralidade.

– Preciso que você acredite que a última coisa que eu queria era te magoar. Então é isso. Agora você já sabe de tudo. Você vai me convidar para ir embora?- perguntou ele resignado, mas com a consciência finalmente limpa.

No.- respondeu ela, ensaiando um sorriso - Vou te convidar para almoçar. Let´s go.

Saíram para La Rambla e acabaram num pequeno e agradável restaurante na Praça Real. Recuperando o à vontade que só se consegue ter quando se partilha uma refeição com quem se ama, Davi já se permitia sentir que Megan começava a deixar cair momentaneamente as defesas que a tinham isolado dele.

Num jogo de toque e foge, ela se aproximava e se retraía simultaneamente na presença dele.

Sabendo que era a primeira vez que ele estava na cidade ela resolveu servir de guia turística e levá-lo a um lugar a dois passos dali.

– O que é isso? – perguntou ele no portão do edifício, de mão dada com Megan.

– This is La boqueria. Vamos buscar a nossa dessert. C´mon.- disse ela já o puxando pelo braço.

O mercado de Sant Josep de la Boqueria era famoso pelo caleidoscópio de cores das frutas expostas, do mais variado género e da mais variada forma de preparação, que enchiam os olhos gulosos de uma massa de turistas.

Arriscando enlaçar a americana pela cintura, Davi e Megan furaram pela multidão até a uma banca e Megan pediu à vendedora para separar alguns preparados de morango e laranja, dando algumas amostras na boca de Davi.

It´s good, right? - perguntou ela, aproveitando a confusão para estar praticamente colada no nerd.

– Acho que não quero outra coisa. – respondeu ele sorrindo.

Com uma pequena sacola com sobremesas de fruta na mão saíram do mercado para a rua. Descendo La Rambla, vieram se sentar num banco à beira-mar. Descarado, Davi já roubava com a colher parte da sobremesa de morango dela e Megan fingia protestar, enquanto fazia o mesmo com a sobremesa de laranja dele. E não é que a mistura das duas era mesmo uma coisa muito boa?

Passaram a tarde na praia brincando feito crianças e jantaram por ali mesmo. Mesmo escurecendo cedo caminharam pela marginal, mais atentos um ao outro do que às centenas de pessoas que se dirigiam para as baladas de Barcelona.

As noites de final de Outubro na cidade já eram frias e Davi tirou o casaco para o dar a Megan, que o rejeitou. Não se dando por vencido, ele envolveu com o braço os ombros dela, tentando mantê-la quente e se dirigiram abraçados para o hotel, que não era longe.

Deixando Megan na porta do quarto e com aquela proximidade física, Davi sentia uma vontade irresistível de a beijar e de entrar no quarto com ela, mas sabia que tinha de se controlar, porque ainda a sentia retraída, apesar de ela não tirar os olhos da boca dele. A beijando de um modo casto, mas desnecessariamente prolongado, na bochecha, ele desejou boa noite e seguiu para o seu quarto.

Entre os quartos existia uma porta de comunicação e, antes de se deitar, o que Davi fez foi destrancar a porta do lado dele. Era um gesto de esperança, mas também o colocar a decisão de reaproximação nas mãos da sua bad girl.

Quando já estava quase a pegar no sono, ele ouviu o som de um trinco e de uma porta a serem abertas. Como num sonho, iluminada pela luz prata da lua cheia Megan, de camisola, avançou até ele. Davi se soergueu nos cotovelos e Megan se sentou na borda na cama.

Colocando um dedo nos lábios dele, para o impedir de dizer o que quer que fosse, ela começou a dizer, sem coragem para o olhar nos olhos:

– Um dia Clint me disse que super-heróis não existem. Só que era too late porque eu achava que já tinha encontrado o meu : você. Quando eu era uma little girl eu achava que eu era invisível, porque ninguém me achava suficientemente importante but then you came along… e todos os fantasmas do passado deixaram de importar. – disse ela sorrindo, mas com lágrimas nos olhos.

Davi a puxou para o colo dele e ela continuou, escondendo a cara na curva do pescoço dele:

– Você me salvou again and again e me mostrou que eu podia sim ser importante. E todos os problems que vieram depois não me podiam magoar, porque eu ia ter sempre você e você ia ser sempre true comigo.

A loira levantou a cabeça e segurou a face de Davi com as duas mãos, prosseguindo:

– Por isso me magoou tanto quando descobri que o meu superhero me tinha mentido. I was wrong, Davi. We both were. Eu não podia ter exigido tanto de você, mas no meio da confusão que é a vida dos Marra eu só queria sentir que something na minha vida era real, you know?

Davi a apertou forte contra o corpo dele.

– Meu amor, a gente é real. Aconteça o que acontecer essa é a nossa única verdade, a nossa única certeza.- disse ele.

– Davi, eu quero muito ficar com você, mas para isso acontecer não podem existir mais mentiras, my love. Never again.

– Nunca mais.- assegurou ele.

Vagarosamente e sem perder o contato visual foram aproximando os lábios um do outro e aquilo que começou como um beijo suave de reconciliação estourou num beijo sôfrego. Ambos ansiavam em se afogar um no outro como se não houvesse amanhã.

Davi agarrou nela e os virou na cama, ficando por cima de Megan. Agora eles eram um emaranhado de braços e pernas que percorriam incessantemente o corpo um do outro.

Com uma mão na nuca dela e cravando a outra na coxa de Megan, Davi não queria deixar um centímetro de pele visível dela por beijar. A boca dele percorria a pele macia dela se detendo no lóbulo da orelha da bad girl que ele mordiscou e no pescoço da loira que ele lambeu antes de soprar.

Debaixo dele Megan gemeu e enlaçou as pernas em volta do seu baby boy como se disso dependesse a sua vida, sem se importar com mais nada. Enfiando as mãos debaixo da camiseta dele ela arranhou as costas do nerd o imprensando ainda mais contra ela, enquanto ouvia um gemido grave dele.

Atirando lógica e convenção pela janela, eles queriam ceder a instintos primordiais e se entregarem um para o outro.

Resfolegando, Davi deixou momentaneamente de a beijar, pairando sobre ela como um animal ferido, pedindo:

– Megan, eu não quero parar. – disse ele, num tom rouco.

Ela sorriu ofegante, com os olhos negros de desejo, e disse o puxando para ela:

Please don´t stop. Davi, eu quero tanto…

Ele cobriu os lábios dela com os dele e não a deixou terminar a frase. Com urgência Megan puxou a camiseta dele e a arrancou pela cabeça de Davi em menos de nada.

Ele riu com a pressa dela e atirou a camiseta para longe e, estando ele de joelhos entre as pernas dela, procedeu a levantar devagar a camisola de Megan, beijando vagarosamente os centímetros de pele que ia expondo.

Tomada pelo desejo, Megan ardia em antecipação com os beijos dele no ventre dela. Quando ele finalmente tirou a camisola dela e expôs os seus seios, Megan mordeu o lábio inferior vendo a cara de anseio do seu baby boy.

What?– perguntou ela, sorrindo com os seus lábios vermelhos.

Davi parecia hipnotizado.

– Você é tão linda…a visão mais bonita que eu já tive em toda a minha vida.- respondeu ele embasbacado.

Ele se deitou sobre ela e ela sentia como se ele fosse uma armadura a protegê-la. O contato dos abdómens nus se tocando enviou um choque delicioso para o cérebro de ambos, antecipando uma descarga de dopamina.

Davi a beijou profundamente, explorando a sua boca como se conhecesse todos os seus segredos, mas não resistiu a perguntar uma última vez rouco de paixão:

– Megan… é a sua primeira vez… você tem certeza que quer?

– Oh Davi… você é demasiado bom moço! – respondeu ela de modo ofegante, rindo e arrancando o resto da roupa deles, para que não existissem mais barreiras entre ambos.

Se entregaram um para o outro sem reserva, sem pudor, com a certeza que eles já eram um do outro muito antes de o serem.

Juntos, experimentavam a ligação cósmica mais poderosa que tinham sentido. Se a felicidade matasse então eles já estavam condenados e se aquela fosse a morte deles, então morriam felizes.

Muitas horas depois, extenuados, adormeceram nos braços um do outro.

Durante a madrugada Davi acordou com medo que tudo tivesse sido um sonho. Não tinha sido um sonho. Finalmente não havia sido apenas um dos muitos sonhos que ele tinha tido.

Davi abriu os olhos e Megan estava ao seu lado na cama. Ela já tinha estado na mesma cama que ele muitas vezes antes, quando eram crianças e ela tinha um pesadelo, quando lá fora havia uma grande tempestade ou pura e simplesmente quando ela se sentia sozinha no seu enorme quarto.

Contudo, era a primeira vez que ela estava nua na mesma cama que ele, com uma leve camada de suor das atividades de horas antes fazendo a sua pele brilhar e com os seus cabelos dourados despenteados e esparramados pela fronha da almofada.

Não resistindo ao impulso, Davi afastou o cabelo da face dela e beijou o seu pescoço. Megan abriu um olho e sorriu satisfeita e preguiçosamente.

– Feliz? – perguntou ele, a puxando para ela colocar a cabeça no peito dele.

Very.- respondeu ela com a sua voz rouca, passando a mão no peitoral dele.

Não existiam palavras nas seis línguas que Megan dominava que lhe permitissem expressar o quão feliz ela estava naquele exato momento. Ela estava tão leve que até se admirara em ainda não ter saindo voando daquele quarto. A bad girl se deitou em cima do seu baby boy, constatando o óbvio:

– Não vai ser fácil tirar esse sorriso da sua cara pois não, baby? – perguntou ela beijando o peito dele.

– Não.- respondeu ele com um sorriso de orelha a orelha - Porque a minha vontade é sair para aquela varanda e gritar para toda a Barcelona que eu amo a mulher mais linda, mais maravilhosa que o mundo já viu!

Ela riu com a declaração:

– Não precisa gritar para toda a city, my love. Fala só aqui no meu ouvidinho.

Davi rolou com ela na cama ficando por cima e, entrelaçando os dedos de uma mão com os dedos de uma das mãos dela os elevou à altura das suas cabeças, colando os seus lábios no ouvido dela do outro lado:

– Eu te amo Megan Lily…. eu te amo Megan Lily… eu te amo e vou te amar até ao dia em que eu morrer.

Ele não se importava nada de adotar aquilo como o novo mantra da vida dele.

Megan grudou os lábios no ouvido dele e segredou com a sua voz em murmúrio:

– Eu também te amo Davi… tanto… tanto que até me assusto, baby.

Ele a beijou sofregamente e recomeçaram a dança de horas antes.

Quando o sol nasceu veio encontrá-los a dormir profundamente, enrolados um no outro, com as suas respirações sincronizadas.

Davi havia esquecido a porta-janela um pouco aberta, o que permitiu que entrasse um pouco de brisa com cheiro a mar que fez ondular levemente os cortinados brancos.

O celular de Davi começou a vibrar numa mesa de apoio, mas tanto ele como Megan estavam num sono demasiado profundo e não ouviram nada.

No visor da chamada insistente apenas cinco letras que compunham um nome: Jonas.


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Notas finais do capítulo

Não sei se é porque eu estou a cair de sono (já é madrugada aqui em Portugal), mas estas personagens dão cabo do meu estado emocional. Damn you two! Como a fanfic está quase a fazer 3 meses queria fazer um pequeno ponto da situação . Tivesse eu sonhado a trabalheira que iria ser reescrever uma história com este tipo de pormenor e entrançando tantas personagens não me teria metido nisto. Como não sou do tipo de desistir quero levar este barco a bom porto. Nesse sentido quero agradecer mais uma vez a quem tem acompanhado e particularmente a quem comenta, porque volta e meia bate mesmo a vontade de desistir. As palavras voltam a surgir quando me lembro que não seria justo deixar a fanfic pelo meio porque existe gente à espera para ler. Então já que estamos em Espanha: Gracias guapos y guapas!