Colorful escrita por Isabelle


Capítulo 7
Capítulo 6 - Noah


Notas iniciais do capítulo

E mesmo que eu saiba por tanto tempo
E todas as minhas esperanças
Todas as minhas palavras estão escritas em sinais
Mas você é o caminho que me leva para casa
Casa, casa
— Ed Sheeran



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O telefone tocou três vezes seguidas, e foi um som calmo e compassivo. Todos na delegacia estavam focados em seus próprios deveres, e ninguém nem imaginava o que estava preste por vir. O chefe Adriano, chegou todo sério com os olhos para fora do rosto, acompanhado de um pouco de tremedeira. Seus cabelos brancos estavam escondido por trás da boina, e ele estava usando o uniforme regular. Sua postura era ereta, e fazia jus a barba rala com aquele rosto.

Ele se sentou em uma cadeira na minha frente, e eu nunca imaginava que as próximas palavras que ele diria poderia mudar totalmente o rumo de minha vida. Tudo parecia tão calmo, para ser mudado apenas com poucas perguntas.

Ele olhou bem nos meus olhos e soltou um suspiro abafado.

― Sua família é de Uberaba, certo? ― Ele passou a mão na barba tentando esconder a tremedeira.

― Sim, vivi lá toda a minha vida, até passar na faculdade aqui. ― Parei de analisar os papéis em que estava focado. Nada muito importante. ― E olhei firmemente para ele.

Toda a sua aura era triste e apavorada. Eu sinceramente conhecia-o por um bom tempo, e nunca o tinha visto naquele desespero. Com os olhos submersos em magoas, e um temor que eu só tinha visto em um olhar. Em uma noite. Ele tinha o mesmo pavor nos olhos, que Sally tinha tido em seu ataque na noite em que nos conhecemos.

― Preciso que pegue a viatura, e vá para lá com um policial de confiança, não leve o Elliot, preze a vida do garoto. ― Ele se inclinou mais. ― Queria poder resolver isso por minha conta, Noah, mas não posso por conta do caso que aquela mulher me colocara, ― Há uns meses a filha de uma mulher tinha desaparecido, simples assim, sem mais nada a dizer. Ninguém sabia nada. Ninguém nem se lembrava da garota. Mas a mulher afirmava com toda sua fé que sua filha tinha sumido, e isso não era algo que a polícia poderia ignorar diante dos fatos que estavam acontecendo. ― Mas você é um dos únicos que confio dentro dessa delegacia para manter sigilo sobre esse caso, e preciso que mantenha.

Meu coração estava disparado, nunca tinha sentido tanta adrenalina correndo pro minhas veias, tudo rodava e meu estômago se revirava numa agitação diferente de tudo que eu já tinha visto.

― Você se lembra do arquivo do caso de dois mil e dois? ― Suas mãos ainda tremiam. ― Que pedi para você ler caso algum dia voltássemos aquele caso.

― O da família assassinada? ― Eu perguntei me lembrando casualmente, não tinha muita certeza.

― Sim, lembra-se? ― Ele tirou a boina revelando uma porcentagem bem maior de cabelos brancos. ― Duas mulheres, e um homem. Foi encontrado somente o corpo do pai e da mãe, não achamos a da garotinha.

― Sim, me recordo. Eles tinham marcas profundas nas pernas, e um corte vertical na garganta. ― Me lembrei das fotografias. Tinha sido um dos piores casos. O corte vertical na garganta parecia algo simples, mas na realidade ele conseguira causa um corte tão profundo que a cabeça não estava completamente ligada ao corpo.

― Achamos o corpo, ou o que deveria ser um corpo depois de todo esse tempo, num rio na zona norte de Uberaba, com mais catorze cadáveres juntos, todos com as mesmas características.

Meu estomago se revirou, e senti vontade de vomitar. Fiquei imaginando a pobre garotinha, sendo encontrada depois de muito tempo, com outras pessoas. Pessoas que não tinham feito nada. Apenas estavam cuidando de suas vidas em paz.

― Quer que eu vá para Uberaba para cobrir o caso?

― Confio em você, e sei que pode ficar na casa de seus pais, o que vai ser bem mais seguro, do que um policial daqui se arriscar em uma cidade não tão conhecida. ― A convicção em sua voz me fez sentir confiante. ― Sei que tinha seu caso, mas preciso que coloque este na frente.

― Não, sem problemas, só preciso das informações cruciais, e assim que possível, eu deixo a cidade.

― Espero que possa ser no máximo até esse fim de semana.

― Sábado estarei em Uberaba. ― Pensei na importunância que seria causado a mim. Preferia ficar em um hotel mil vezes do que ter que ficar na casa da minha mãe.

― Obrigada, e receio que terá que escolher com bastante restringência seu homem.

Teria soltado uma risada em uma situação normal ao ouvir aquilo, mas tudo a minha volta tinha sido modificado e eu não consegui nem ao menos esboçar um sorriso.

Aquela tarde fui direto ao meu apartamento. Encontrei Will parado fora da porta batendo inconstantemente, enquanto tentava se manter sério, mas era tão claro o sorriso no canto de sua boca, quanto o quão ele e Cely se amavam. Eu já estava acostumado com essas mini brigas que os dois tinham.

― Por que não arromba a porta? ― Olhei para ele, e me deslizei até o chão sentando encostado a minha porta.

― Porque eu trabalho tocando piano, e ela numa editora, e temos uma criança para alimentar. ― Ele sorriu de lado. ― Não estamos tendo muito dinheiro.

― Seus pais não são ricos ou coisa assim? ― A família deles me fez lembrar a do caso, e meu estômago revirou novamente, não conseguia imaginar o porquê alguém faria aquilo com pessoas como estas.

― Sim. ― Ele me acompanhou sentando no chão. ― Mas Cely e eu não queremos ficar dependendo deles, e tudo mais. Isso foi mais ideia dela do que minha, já quis pegar dinheiro emprestado, mas só fiquei próximo dos meus pais por causa dela, e não vou contradizer a mulher.

Olhei para seus olhos azuis que eram cobertos por uma franja de cabelos negros, e vi um passado reluzindo na íris dos seus olhos.

― Ela te mudou muito, não é? ― Eu passei a mão nos meus braços tentando ve-los alguns anos antes.

― Eu tinha um jogo de xadrez todo preparado, e ela bateu a mão com força em todas as peças quando entrou na minha vida. ― Ele sorriu de lado.

― É complicado. ― Eu disse e suspirei.

― Parece abatido, longo dia no trabalho? Precisa de uma stripper? ― Ele sorriu e começou a gritar. ― Porque a Celeste é uma ótima, você só precisa convencê-la.

― Não cara, obrigado, sua mulher me assusta muito. ― Dei um sorriso de lado gritando junto com ele. ― Mas, é um caso e vou ter que sair da cidade por alguns meses, e preciso de um ajudante e tudo mais.

― Se quiser posso ir com você. ― Ele se ofereceu todo disposto.

― Olha Will, não consigo te ver como policial.

― Ele fica uma delicia nesse uniforme. ― Celeste gritou do outro lado, e eu revirei os olhos.

― Fico mesmo. ― Will assentiu.

― Mas, ― Interrompi, ― O ponto é que não consigo te ver segurando uma arma.

― Cara minha esposa é a Celeste, acha mesmo que não consigo ser durão? ― Ele fez cara de bravo me assustando.

― Ele é durão. ― Celeste gritou novamente pela porta.

― Está vendo, essa relação de vocês, não me imagino assim por uma garota.

― Ah menino, ― Nós ouvimos a porta abrindo e de repente Cely parou olhando irritada para ele. Seus cabelos estavam presos em um coque, e ela usava um vestido verde. ― Um dia vai conhecer uma garota, e vai se apaixonar por ela, e assim que fizer isso ela vai fugir gravida com a sua filha, um dia depois de você tê-la pedido em casamento. ― Ela cutucou ele com o cotovelo por dizer aquilo.

Minha risada fora inevitável ao escutar aquilo.

― Você não fez isso. ― Eu olhei para ela de uma forma inacreditável.

― Claro que eu não fiz. Que tipo de pessoa faz isso? Subir em um ônibus gravida sem rumo para ir? Até parece. ― Ela olhou para o Will brava. ― Fofoqueiro. ― Se virou e tentou fechar a porta, mas Will a segurou.

― O ponto é, uma mulher ainda vai te deixar perdido.

― Espero que não. ― Sorri para ele, e forcei a porta a abrir para que pudesse entrar no meu apartamento.

Continuava a mesma zona de sempre, e acho que nunca mudaria. Estava ansioso para poder sair e poder voltar para Uberaba, longe um pouco daquele apartamento, mas não queria de jeito algum ter que conviver com minha mãe novamente. Ela me estressava de uma maneira em que não queria mas de jeito nenhum que ela pudesse colocar as mãos em minha vida.

Joguei todos esses pensamentos para o fundo da minha mente, e resolvi ir tomar um banho. Precisava de um tempo para analisar essa caso, e ir a fundo em toda essa bagunça.

Fiquei debaixo da água até todo meu corpo enrugar. Depois saí e resolvi colocar alguns trabalhos da faculdade em dia. Queria tanto que as aulas voltassem logo, mas sabia que agora todo o meu horário seria meio complicado para voltar ter aulas normais, e acabaria tendo que assistir somente as principais para poder pegar o diploma.

✿ ✿ ✿

Na sexta de manhã fui trabalhar normalmente, tive meu almoço, e tarde voltei para casa e tive que começar a arrumar minhas coisas. Me senti meio culpado por não falar com Sally por esses dias, mas ligaria para ela no caminho ou mesmo quando chegasse. Will e Elliot tinha ido algumas vezes no meu apartamento para verificar como eu estava, e até mesmo Cely, mas além disso, não tinha mantido muitos contatos. Tentei alugar um quarto em algum apartamento, mas achei infantil, então apenas liguei para minha mãe que surtou do outro lado da linha, gritando para todos que eu estava voltando para casa. Continuei trabalhando normalmente, sem olhar muito bem na cara dos outros, resolvi ir sozinho. Sabia que precisaria de alguém, mas achei melhor chamar algum policial da área de lá, que pudesse me manter informado.

Passei a tarde da sexta organizando minha mala, não escolhi muita coisa para levar. Fiquei olhando o violão no meu quarto e pensando se deveria levar, por fim achei que seria uma boa ideia, então joguei-o no porta-malas do carro também. Terminei de organizar tudo dentro de carro, e me senti aliviado por ter terminado metade de uma tarefa.

Fiquei encarando meu celular pensando em ligar para Sally, mas achei melhor contar quando já estivesse lá.

A primeira noite que nos conhecemos me veio na cabeça, e me senti incomodado por isso. Ela com aquela camisola transparente, e com aquele olhar convicto. Pensei no que Will tinha me dito, mas logo espantei a ideia da cabeça. Não queria, e não iria me apegar a Sally naquele sentido. Era minha melhor amiga, e só isso.

A porta do apartamento tremeu, e eu tive um pequeno susto por ser despertado daqueles pensamentos. Estralei as costas, e fui atendê-la.

A loira de algumas noites atrás estava parada ali, usando um vestido rosa grudado, olhando possessivamente para mim com aqueles olhos psicóticos. Minha garganta secou, mas eu apenas sorri, já estava acostumada com situações como aquela, era por isso que eu não devia trazer garotas com quem dormia para o meu apartamento.

― Oi, Noah. ― Ela sorriu, enquanto segurava uma bolsinha rosa combinando com o vestido.

― Oi, amor. ― Não me lembrava de seu nome, então segui o roteiro.

― Por que não me ligou? ― Ela fez um biquinho, que me fez entrar mais no personagem ainda, merecia ela no meu sofá aquela última noite ali. Não tinha ideia de quando poderia voltar.

― Fiquei ocupado com algumas coisas da polícia e vou precisar viajar amanhã. ― Fiz cara de desamparado. ― Pensei em te ligar, mas ia ficar com muitas saudades, porque não vou mais voltar.

― Não? ― Ela fez uma cara triste, e entrou no meu apartamento.― Mas, nós, como fica nós?

― Não, vou ter que ficar lá, fui transferido. ― Não sei dizer quantas vezes já tinha me dado bem contando mentiras usando alguma coisa da polícia, mas aquela fora a única que realmente tinha um fundo de verdade. ― Nós podemos aproveitar esse último momento aqui. ― Eu fiz uma cara triste e encostei na quina do sofá.

Ela sorriu de canto, e se entrelaçou em mim. Não entendia como podia ser tão fácil, era tão simples. Não deveria ser tão simples assim, deveria?

Passei aquele restinho de tarde ali com ela no sofá, e nós dois até mantemos um contato legal. Conversamos sobre tudo, uma coisa que eu só tinha chegado a fazer com Sally. Tinha sido algo legal, e acabei pegando seu telefone. Não sabia se iria ligar, mas, mesmo assim, peguei. Estávamos prestes a começar tudo de novo, quando meu telefone tocou. Não me importei em colocar roupa, apenas o coloquei no ouvido.

― Alô? ― O número tinha dado como sem ID.

― Noah, você pode vir me buscar? ― A voz de Sally parecia estar tumultuada de tristeza.

― Sally, onde você está? ― Eu perguntei em um tom compassivo, era policial, treinado para manter a calma.

― Eu não sei. ― As lágrimas pareciam brotar. ― Eu só sei que eu estava saindo da faculdade, e quando vi tava aqui. Parece um barracão, tá escuro, e to com medo.

― Como é esse barracão? ― Peguei minha cueca do chão e nem olhei para tras, apenas joguei a minha roupa toda mal colocada no corpo e sai desesperado.

― Eu não sei, é na frente de uma loja de doces, acho que é isso. ― Ela disse tão assustada, meu coração batia descompassado.

― Chego ai em dez minutos. ― Abri a porta da viatura, e me joguei la dentro. Todo o tempo sentia meu coração pulsar só de pensar em vê-la em perigo. Não podia aceitar isso. Não conseguiria perder justamente ela.

Cheguei no barracão em que pensava que ela podia estar, e vi a placa da loja de doce bem em frente. Rodeada de outras lojas que não era tão famosas. Peguei a arma que ficava embaixo do banco, e respirei lentamente. Tentei fazer meus passos não estralarem contra o chão, e manter a maior calma possível. Tinha sido treinado para aquilo. Não podia me desesperar.

Empurrei a porta com a maior força e ela estralou ao mesmo tempo em que uma multidão me gritava surpresa.

Sally estava logo a frente com os cabelos trançados com uma fita azul. Ela usava uma blusa azul bebê tomara que caia e uma calça preta. Seus olhos verdes estavam alegres, enquanto um sorriso estava estampado em seu rosto. Todos os meus outros colegas de trabalho estavam atrás, até mesmo alguns amigos da faculdade com quem eu não mantinha tanto contato.

O barracão todo estava decorado com umas faixas, e a havia uma mesa com todos os tipos de doce variados.

Revirei os olhos e sorri para todos, mostrando a arma. Todo mundo se calou amedrontados, e eu comecei a ter um ataque de risos. Abaixei a arma e me virei para colocá-la novamente na viatura.

― Então? ― A voz de Sally sussurrou para mim, enquanto ela me seguia.― Gostou da surpresa?

Coloquei a arma no carro, me virei, e encarei aqueles olhos. Me aproximei o tanto quanto podia dela, e passei a mão por seus braços fazendo com que ela ficasse com o corpo grudado ao meu. Seus olhos se assustaram, e senti seu corpo tremer, mas eu apenas olhei sério para ela.

― Você é louca? ― Eu meio que gritei sério. ― Sarah , eu quero te matar, o meu coração parou, pensei que tinha sido sequestrada, estuprada e estava a beira da morte largada numa vala escura esperando pelos meus cuidados. Mas você estava planejando uma festa?

Ela olhou para mim, e me deu um tapa de leve no rosto, que me fez ficar atônito e depois rir.

― Não me chame de Sarah. ― Ela sorriu de lado e se soltou de mim. ― E você não me contou que estava indo para Uberaba nenhuma vez.

― Fiquei sabendo esses dias.

― Faz uns três dias. ― Ela disse brava.

― Me desculpe, ia te contar quando chegasse lá não queria que ficasse preocupada.

― Se você tivesse ido e me ligasse lá, eu pegaria um ônibus só para te dar umas chineladas. ― Ela cruzou os braços.

― Tudo bem, mas isso é totalmente diferente de você me dizer que esta perdida num barracão escuro. ― Eu revirei os olhos e me sentei na calçada. ― Seria mais fácil você ter dito: “Oi Noah, então estou em um barracão com a minha camisola da noite que nos conhecemos, quer vir me observar?”

― Sim, porque eu super acho normal vir até um barracão usando aquela camisola…

― Você estava no terraço de um prédio usando ela, tudo bem, sabemos que é uma antena a cabo, mas por que aquela camisola? ― Não a deixei terminar de falar.

― Não sou uma antena a cabo. ― Ela revirou os olhos;

― Tudo bem, então um para-raio, mas, mesmo assim, você me preocupou. ― Disse ainda bravo.

― Okay, na próxima vez, se tiver uma, vou falar a história da camisola. ― Ela sorriu. ― Vai ficar menos bravo?

― Sim, eu vou.

― Ótimo, agora me diga porque esta saindo da cidade, dizem que você está prestes a ser transferido por muitas advertências.

― Não, é só um caso complicado de dois mil e dois.

― O que aconteceu em dois mil e dois? ― Ela parecia interessada.

― Uma família foi assassinada, e tivemos mais outros corpos com as mesmas sequelas. ― Eu olhei para o céu despido de estrelas.

― Complicado... ― Ela disse entendendo. Não tinha muita coisa a dizer sobre aquela situação. ― Tome cuidado tudo bem?

― Prometo que vou. ― Olhei direto para ela e ficamos trocando aquele olhar breve.

Resolvemos entrar e aproveitamos a noite. Não bebi muito porque teria que dirigir na outra manhã, mas passei o maior tempo com todos eles. Depois voltei para meu apartamento, onde Carol, já tinha ido. O número de seu telefone estava em cima do balcão, mas eu apenas amassei-o e joguei no lixo. Não queria me apegar a ninguém. Pessoas tinham costume de magoar umas as outras, por isso preferia me afastar, e somente seguir. Ficar e seguir. Nada de parar.

Deitei na cama, e fiquei pensando em todas as coisas que poderiam acontecer comigo. Parecia ser um assassino bem sério, e pensei em todos os riscos. Soltei um suspiro e peguei meu celular. Precisava tirar aquele peso do peito.

― Ei. ― Minha voz foi calma e impassiva.

― Ei. ― Ela disse meio sonolenta.

― Sally, só quero que saiba que você é uma grande amiga e só.

― Obrigada, eu acho. ― Ela bocejou. ― Me ligou as quatro da manhã para me dizer que sou uma boa amiga?

― Meio que sim, não sei o que pode acontecer, mas não estou te preocupando. Volte a dormir. ― E desliguei.

Fechei meus olhos e me forcei a dormir por duas horas.

Acordei, e já separei todas as minhas coisas restantes. Coloquei minha última mochila nas costas, e desci pelo elevador. Caminhei até a viatura, e vi os cabelos negros de uma pessoa sentada na minha viatura. Sorri de lado ao ver que ela tinha uma mochila nas costas.

― O que pensa que está fazendo?

― Um cara me ligou ontem as quatro da manhã, e me faz ficar pensando que ele pode morrer, então resolvi ir para defendê-lo e tals.

― Você não vai, você é louca? É muito perigoso.

― Eu sabia que você ia dizer isso, e ― Ela colocou a mão no bolso, ― fiz uma listinha de dez motivos do porque você tem que me deixar ir.

Peguei a lista e rabiscados nos dez motivos estava: Porque você vai morrer de saudades de mim.

― Entra no carro, mas vai ter que me pagar com um stripp. ― Eu me joguei no banco do motorista.

― Vai nessa. ― Ela disse entrando, e nós dois fomos para Uberaba, num ritmo calmo, que iria virar tudo de cabeça para baixo.


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