Pov' Rebekah Mikaelson

Essa fogueira nos traz mais sentimentos do que gostaríamos de admitir. Amo Hope como se fosse minha filha e sendo ela filha dele não é difícil de fazê-lo. Árduo é acreditar em como tudo mudou, em todas nossas idas e vindas dentre séculos. O amei em cada instante, até mesmo quando o odiava. E ainda o amo. Klaus me tirou todos os homens que amei, com exceção dele mesmo, quem apesar de tudo eu não podia me entregar.

Ninguém nunca compreenderia e por mais que fôssemos hediondos vampiros cometendo todo tipo de crime, incesto parecia grave de mais até mesmo pra nós dois e o restante de nossa família. Nossos olhares se cruzam por alguns poucos segundos, desde da última vez que fui empalada que não ficamos juntos, mais de um ano se meus cálculos estão corretos.

Sinto falta dele, do cheiro dele impregnado no meu corpo e nas minhas roupas. Já estive com uma quantidade considerável de homens: Damon, Stefan, Matt, Marcel, Victor e por mais que cada um tenha me tocado de alguma maneira, com Klaus sempre foi diferente. Verdadeiro quero dizer. Eu cresci ao lado dele, sendo sua irmã mais nova estávamos sempre juntos. Eram os braços deles que me acalmavam nas noites de tempestade, foi com ele que aprendi a lutar e como me defender do restante da aldeia. Assisti o ódio de Mikael por ele, e o defendi até ele mesmo me impedir de fazê-lo.

Me apaixonei gradativamente e de uma única vez por aquele sorriso de lado e por seus atos impulsivos. Por mais que meu subconsciente me avisasse nunca acreditei na profundeza dos meus próprios sentimentos até os mesmos serem testados.

Elijah e Klaus vinham brigando pela atenção de Tatia há meses e quanto mais tempo passava mais raiva eu sentia dela. E mais desesperada ficavam minhas tentativas de chamar a atenção de Nik. Era ritual da fogueira, e tínhamos que escrever em pequenos pedaços de pergaminho os desejos que queríamos que se realizassem exatamente como o dia de hoje. Pedi naquela noite que Mikael amasse Nik como eu o amava. Foi um desejo puro não havia me dado conta de quanto o desejava.

Foi quando a vi: Tatia, Elijah e Nik a cercavam, os olhos de Klaus brilhavam quando de encontro ao dela. E eu simplesmente não conseguia conter a raiva que me tomava, odiava Tatia e odiava Nik por estar se submetendo a tão ridículo papel.

Mantive meus sentimentos trancados dentro de mim mesma, usando do único método de cura que nos conhecíamos por ali a bebida. Esther nunca permitiu que eu bebesse, contudo sua proibição não havia me impedido de sair algumas vezes com meus irmãos para me divertir. Mas sendo o rito da fogueira não foi difícil roubar uma quantidade considerável de bebida. Já tinha passado da conta quando vi Klaus se aproximar de mim com a jovem Tatia no seu encalço. A cena surge em minha mente, como se fosse uma espécie de filme.
—Irmã, eu, Elijah e Tatia vamos dar uma volta…. Quer ir conosco?
— Fazer o quê com vocês? Mamãe mandou que me convidassem, não foi? Pra ter certeza que nada impróprio aconteceria na floresta… como eu amo essa mulher.
—Você está bêbada, Bex? Quem te deu isso? —Falou ele ao ver minha garrafa de rum escondida num saco a tira colo.
— Eu me presentei com uma noite de felicidade, Nik. Algum problema? Cansou de me ignorar?
—Desde quando eu te ignoro, Bex? Vamos logo antes que alguém perceba seu estado. —Pensei em dizer algo, mas o seu braço contornou meu corpo e seu toque era tão quente e agradável que eu me deixei levar. Numa pequena clareira os três jovens conversavam animados, enquanto eu fingia que dormia com a cabeça encostada no ombro de Klaus. Não sei quando, mas em algum momento eu de fato adormeci, sendo acordada horas depois por meu irmão. Elijah e Tatia não estavam mais lá.
—Pra aonde eles foram?
—Elijah foi levar Tatia em casa.
—Por que não foi junto?
— Tinha que cuidar da minha irmãzinha que adormeceu nos meus braços.
— Na próxima vez não se incomode. Não preciso de ninguém, muito menos de você. Vá ficar com a vadia da Tatia e quando ela cansar de brincar com vocês dois. Não venha chorar nos meus ombros.- Disse me afastando dele o mais rápido que podia com uma raiva incontrolável.
— REBEKAH, VOLTE AQUI! TATIA NÃO É UMA VADIA, VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE OFENDÊ-LA DESSE MODO.QUANDO É VOCÊ QUE ESTÁ COMPORTANDO COMO UMA!— Sua mão apertou meu braço com força e eu simplesmente chorei, não entendia o que queria ou porque sentia tanta raiva de Tatia e Klaus o tempo todo.
—É só ela quem importa no final das contas, não é, Nik?- As mãos de Nik afrouxaram, contudo nossa proximidade não se extinguiu. Sua mão passou para meu rosto em um carinho delicado.
— Claro que não, Bex. Eu te amo, você é minha irmãzinha, sabe disso, né? —Em um impulso pus minhas mãos em sua nuca e o beijei. Klaus me correspondeu por um milésimo de segundo e me afastou.
—O que pensa que está fazendo?
—Não sei…. – Respondi e me entreguei as lágrimas. Não entendia porque tinha feito aquilo, sabia que era errado, mas sentia como se fosse certo, como se fosse a única coisa certa que eu já tinha feito um dia.

Minha mente desperta da lembrança de volta para a realidade, não somos mais as mesmas crianças de mil anos atrás, crescemos, nos amamos, nos odiamos, ás vezes um mais que o outro, ás vezes ao mesmo tempo.

O encaro mais uma vez, como sinto falta dos lábios deles nos meus, observo o restante das pessoas a nossa volta. Hayley está distraída demais com Hope em seus braços para perceber a intensidade do meu olhar para Nik, posso dizer o mesmo de Elijah e até mesmo de Klaus que hipnotizado pela filha mal me nota.

Hope mudou tudo com a sua chegada, não sei se existe algum espaço no coração de meu irmão para nossos velhos desejos e hábitos e impulsivamente escrevo isso num papel junto a um outro pedido também muito importante: a proteção da filha do homem que eu amo, a bebê que dentro do meu coração é minha filha também. A menina que me dá esperanças todos os dias de um futuro que nunca imaginei ser possível.