Meu Único Pecado escrita por Juliet Ainsworth


Capítulo 1
Meu Único Pecado


Notas iniciais do capítulo

Yo! Bem, esta é minha primeira fanfic original.
No princípio, tinha pensado em fazer uma fanfic com mais de 1 capítulo, mas achei que teria uma atmosfera melhor - mais dramática e intensa - se fosse uma última declaração.
Bem, aproveitem queridos!



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Datado em 23 de novembro de 1970.

Aqui, em meu leito de morte, hei de confessar-me perante a Deus meus pecados.

Sou um homem justo, honesto e bondoso, que dedicara sua vida para levar a palavra e os ensinamentos de Nosso Pai.

Eu confesso-Lhe todos os dias de minha vida, Senhor.

Sabeis que sou mais puro e correto que a plebe fraca, vulgar e licenciosa.

Mas não mentirei à Vossa presença.

Pequei.

Uma única vez.

Um único pecado.

Tudo ocorrera tão rápido. Eu era jovem e inconsequente.

Eu estava no local errado e na hora errada. Mas não é a mim que a culpa deve ser dirigida.

Ela seduziu-me.

Apaixonei-me...

Tudo acontecera há 59 anos atrás.

Não lembro-me dos motivos, tudo que me lembro foi que entrei em um bar durante um raro momento de fraqueza.

Eu enojava estes lugares, sempre cheios de marginais.

Mas eu precisava me esquecer da cena lastimável que fui obrigado a presenciar pela manhã.

O matrimônio entre uma mulher e um homem que a engravidara antes do casamento.

Relembrar desta cena deplorável causa-me repulsa.

Sem rodeios, pedi ao garçom que estava na bancada uma bebida sem álcool.

Simultaneamente, um outro homem foi ao pequeno palco e anunciou o número da noite.

–Senhoras e senhores, - ele começou - aqui estás a mulher que todos vocês vieram ver. Por favor, deem uma salva de palmas para Scarlett!

Uma mulher de aparentemente 19 anos subiu ao palco. Ela possuía olhos verdes, lábios rosa cereja, pele branca e longos cabelos ruivos, flamejantes como o fogo. Ela usava um vestido curto branco e brilhante, sombra escura e sapatos de salto prateados.

Tal como uma sereia a cantar para enfeitiçar um marinheiro, ela seduziu todos e cada um dos homens daquele estabelecimento.

Incluindo eu.

No meio de sua performance, ela envolveu-me com sua echarpe de plumas e deu-me um beijo na bochecha.

Eu precisava me controlar. Não podia dar o braço a torcer.

Esperei-a sair do bar para devolver sua echarpe, mas ela não aceitou. Disse-me que era um presente, e foi ainda mais além, questionou-me onde poderia me encontrar. Estranhei, mas por fim, cedi.

Nós começamos a nos encontrar com frequência numa ponte em um lugar pouco movimentado da cidade. Durante esses encontros, acabei por descobrir que ela não era a mulher atroz e vulgar que pensei ser.

Ela contou-me a história de sua vida. Contou-me de suas lutas, contou-me de suas mágoas, contou-me de seus arrependimentos.

Mal notei, comecei a cair no abismo do amor.

Tais noites a sós com ela acabaram por desvirtuar-me.

E na última noite que a encontrei, ela contou-me que me amava. Propôs que fugíssemos da cidade, seríamos ela e eu contra o mundo.

Eu, é claro, recusei.

Na manhã seguinte, encontrei uma carta dela nas escadarias da catedral junto à uma rosa - rubra, como seus cabelos.

Lembro-me claramente do que ela escrevera.

"Querido Miguel,

Bem sei que venho sendo inconveniente nos últimos meses. E quero agradecer-lhe pelos momentos que passamos juntos.

Eu gostaria de poder desculpar-me pelo que fiz você passar.

Por vezes, tive a impressão de que todas as pessoas próximas a mim saíam de minha vida da pior maneira possível. Meu irmão gêmeo que mal viera a nascer por culpa minha, minha mãe que morrera no meu parto e meu pai, que morrera num incêndio tentando me salvar.

Quando conheci você, logo afastei esse pensamento de minha cabeça. Porém, na noite de ontem, as últimas esperanças que me sobraram despencaram gota por gota de meus olhos. Ali, sozinha naquela ponte, eu percebi que o problema sempre foi eu.

A culpa de tantas tragédias é minha.

Portanto, ao menos aceite essa rosa, a única coisa pura que me sobrou.

Eu não perturbarei-te mais.

Deixei-lhe este bilhete aqui, na escada, às oito horas, e quando a lua alcançar seu ponto mais alto - à meia-noite - eu sessarei essa terrível mágoa que ronda minha alma.

Tornarei-me pura novamente nesta noite. Lavarei minha alma com a água cristalina do lago.

Não me incomoda sofrer no inferno pela eternidade, tudo que me importa é que não machucarei ninguém mais.

Ass.: Scarlett.

P.S.: Sinto muito."

E aqui, agora, confesso meu único pecado.

Mas não refiro-me a ter me apaixonado.

Me refiro a ter quebrado o coração de uma das poucas, talvez a única pessoa que me amou.

Mesmo minha própria mãe abandonou-me quando nasci.

Mas Scarlett era uma pessoa diferente.

Seu exterior era completamente desvirtuado, sim. Mas sua alma era pura e clara.

Meu pecado foi desvalorizar a única pessoa que me amou.

A pessoa que se sacrificou por mim.

Ela levou-me aos céus, enquanto eu queimava no inferno.


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso!
Obrigada por ler!

T-E-CHAU!