Broken escrita por allaboucamren


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Pediram capítulos maiores, então aumentei um pouco.



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POV EMILY

Depois da ligação da Alison eu dirigi feito uma louca pelas ruas de Miami. Nem sei quantas infrações de trânsito eu cometi, mas não importa. Alison estava sozinha, no escuro, e apavorada. E a cada segundo que passava, eu ficava mais apreensiva.

12 minutos depois de encerrar a chamada, eu finalmente estava de pé, na porta de sua casa. Numa cena digna de filme a porta se abriu, revelando uma garota assustada, chorando copiosamente. E num piscar de olhos, ela simplesmente desabou em meus braços desacordada.

Com certa dificuldade consegui deitá-la no sofá da sala. Estava escuro e agradeci por não ter tropeçado em nada. Voltei até a porta para trancá-la e fui na direção da cozinha em busca de lanternas e velas. Aproveitei e tirei minha jaqueta, que por sinal estava ensopada.

Depois de um tempo consegui encontrar apenas uma vela de aniversário no fundo de uma gaveta, era rosa e tinha o formato do número 6. Acendi a vela e retornei até a sala, a chuva ficava cada vez mais forte e os relâmpagos cada vez mais frequentes.

Sentei no braço do sofá e fiquei observando a Alison, deitada de barriga pra cima, com as mãos na altura do peito. Achei aquilo meio mórbido, então tratei de desvencilhar suas mãos. Ela mesma depois colocou uma na altura do estômago, e a outra ao lado do corpo.


Quando dei por mim já estava acariciando seus cabelos, ela parecia tão frágil, tão indefesa, tão ferida. Ela silenciosamente implorava por cuidados, por carinho. Só que parecia que ela mesma havia bloqueado isso, como se acreditasse que ela não merecia receber amor das pessoas.

Passei a mão levemente no seu rosto e notei que sua pele estava muito fria. Subi as escadas procurando o quarto da Alison e presumi que fosse o último do corredor, já que a porta estava aberta. Entrei, peguei o edredom em cima da cama e desci rapidamente.

Coloquei o edredom sobre seu corpo com o maior cuidado do mundo e soltei um longo suspiro vendo-a tão indefesa. Acabei não resistindo e sentei na ponta do sofá colocando sua cabeça no meu colo, e de novo acariciando seus cabelos.

Os minutos se passavam e eu não tinha certeza se deveria acordá-la. Ela finalmente parecia dormir tranquilamente, e eu estava com receio dela surtar quando acordar e me ver aqui dentro da sua casa. Porque tecnicamente eu não fui convidada para entrar e pior, estou sendo seu "travesseiro" e lhe fazendo cafuné. Mas ela parece tão à vontade que eu deixei isso pra lá.

O som de um celular tocando cortou o silêncio, e eu sabia que só podia ser o de Alison.
Tentei me levantar, com cuidado pra não acordá-la, mas ela se mexeu bruscamente.
Meu coração parou.


Fiquei esperando ela abrir os olhos, mas tudo o que ela fez foi se virar para o lado e aconchegar no meu corpo, passando os braços ao redor da minha cintura. Não pude deixar de sorrir com sua ação completamente inesperada.

Depois de chamar mais 3 vezes, o celular finalmente parou. O que me fez lembrar que meu pai deveria estar preocupado comigo, já que eu tinha avisado que sairia apenas pra comprar algumas coisas no supermercado, bem, isso foi há duas horas.

Tirei o celular do bolso, e enviei uma mensagem pra ele, dizendo que eu tive um imprevisto e iria demorar, mas que ele não se preocupasse pois estava tudo bem. Mr. Fields, como eu o chamo às vezes está longe de ser aqueles pais autoritários que criam os filhos em bolhas. Ele é super liberal e compreensivo comigo. Até um certo ponto, claro.

Numa ação sincronizada, as luzes se acendem e a porta da cozinha foi aberta.
Os pais da Alison chegaram! Não me levantei, pois sabia que se o fizesse iria acordá-la, e agora definitivamente não é uma boa hora de ela despertar. Continuei sentada, na mesma posição, tentando não entrar em pânico, mas seus pais provavelmente entrariam.

Xx: SANTO CRISTO! Quem é você? O que faz aqui? – uma senhora fala assustada com a mão no peito. Provavelmente a mãe de Alison.

Um homem chega na sala logo atrás dela. Ele estava com uma criança no colo, não deu pra ver direito mas acho que ela estava dormindo.

Emily: Meu nome é Emily, conheci a Alison no grupo de apoio, eu sou voluntária lá. – a expressão de ambos suavizou um pouco, mas continuavam preocupados.

Xx: Emily, este é Byron, eu sou Ella. – assenti com a cabeça.

Byron: Eu vou levar a Aria até o quarto, já volto. – disse o homem saindo rapidamente.

Ella: E como você veio parar aqui? – sentou-se no outro sofá.

Emily: A Alison me ligou mais cedo, estava assustada, chorando. – Sua expressão não era de surpresa. Então esses pequenos surtos da Alison devem ser frequentes. – No meio da ligação houve um blecaute, e ela parecia muito transtornada, então eu pedi seu endereço e vim até aqui.

Nesse momento o homem chegou na sala e sentou ao lado dela, com uma cara extremamente curiosa.

Ella: Como ela está? Ela está bem?

Emily: Então... assim que eu cheguei ela meio que apagou. Está dormindo aqui desde então. Mas ela me parece bem. – tentei tranquilizá-los.

A mãe de Alison se levantou e veio na minha direção, tentando ver seu rosto que estava praticamente enterrado no meu abdômen. O clima ficou estranho, nenhum dos dois falava nada, e eu não sabia o que falar, então foi a minha deixa.

Emily: Acho melhor eu ir embora.

Mais uma vez movimentei-me para tirar a Alison do meu colo, apoiando as duas mãos no sofá e levantando o tronco devagar. Mas de repente suas mãos, que ainda estavam ao redor da minha cintura, começam a puxar minha camiseta, me forçando a sentar novamente.

Seus pais assistiram a cena incrédulos.

Olhei pra mãe de Alison, que encarava as mãos da filha me apertando e não sabia o que fazer.

POV ALISON

Após desmaiar nos braços da Emily, eu acordei diversas vezes mas o motivo era diferente. Eu não acordei por conta do já conhecido pesadelo, lotado de lembranças daquele dia. Eu acordava porque não conseguia acreditar que ela estava ali comigo. Que eu estava ali, com a cabeça sobre seu colo, com suas mãos passeando pelos meus cabelos, acariciando-os com extrema delicadeza. E o mais incrível é que eu não me importava.

Nos últimos sete meses eu nunca havia ficado tão próximo a uma pessoa, como eu estou agora. Nunca havia baixado a guarda pra ninguém. Mas nesse momento eu sinceramente esqueci de tudo. Ela me proporcionava algo que eu nem sabia que poderia sentir de novo.
Ela fazia eu me sentir segura.

Ouvi toda a conversa entre ela e os meus pais, mas continuei na mesma posição, fingindo que estava dormindo. Meu coração se apertou quando Emily tentou se levantar, mas impedi agarrando-me em suas roupas com toda a força que eu tinha. Eu não quero que ela vá, mas não tenho coragem de abrir os olhos e falar isso pra ela.


Eu sei que agora meus pais devem estar completamente confusos sobre o que está acontecendo, mas também sei que eles estão dispostos a tudo pra me ver bem e claro que eles notaram que a presença da Emily estava me fazendo bem.

Ella: Está chovendo muito Emily, não gostaria de dormir aqui? Qualquer coisa eu ligo pros seus pais.

Emily: Não sei, acho melhor não. Não quero incomodar. – apesar de continuar com os olhos fechados eu pude sentir o seu olhar em cima de mim.

Byron: Incômodo algum. Ficaríamos muito felizes se você concordasse em passar a noite aqui, e pelo jeito nossa Ali também.

Emily: Então tudo bem. Vou ligar pro meu pai e avisar a ele.

Ella: Perfeito! Vou preparar o jantar pra nós.

POV EMILY

Liguei pro meu pai, e expliquei que por causa da tempestade, iria dormir na casa de uma amiga. Achei melhor não contar que era alguém do grupo. Pelo menos por enquanto.

Emily: Alison, tá me ouvindo? – passei a ponta do dedo sobre sua sobrancelha.

Ela não respondeu, mas eu sabia que ela estava acordada, ela só não tinha coragem de me encarar.

Emily: Eu sei que você tá acordada. Olha, eu vou me levantar, mas eu volto tá?! É que eu tou muito apertada, preciso ir ao banheiro.

Seu aperto na minha cintura suavizou, era o sinal de que ela havia entendido e concordado. Levantei devagar, substituindo o local onde eu estava por uma almofada, e me dirigi à cozinha.

Emily: Com licença, onde fica o banheiro?

Byron: Suba as escadas, primeira porta, lado esquerdo. – respondeu enquanto cortava alguns legumes.

Emily: Ok, obrigada.

Quando passei pela sala indo em direção às escadas tive uma surpresa.
Alison não estava mais deitada no sofá, nem em nenhum outro lugar da sala.
Subi as escadas e fui direto pro seu quarto, que era meu primeiro palpite.

Emily: Alison, você está aí? Tá tudo bem? – entrei devagar.

Alison estava procurando algo em suas gavetas, ao ouvir minha voz ela virou-se um pouco assustada, assustada não, envergonhada seria a palavra certa.

Alison: E-eu só achei q-que você gostaria de tomar um banho. – falou baixinho. – Então vim pegar uma roupa minha pra te emprestar. – fitou o chão.

Emily: Eu gostaria muito, Alison. Obrigada.

Andei calmamente em sua direção e peguei a roupa. Era um short azul marinho, e uma camiseta do bob esponja.

Alison: Tem toalhas limpas no banheiro.

Emily: Ok, obrigada. Eu já volto.

Não demorei no banho. Cerca de dez minutos depois eu já havia me trocado e estava de volta ao quarto de Alison. Percebi que ela estava em seu banheiro, então fiquei olhando seu quarto, tentando conhecê-la melhor. As paredes eram pintadas num tom de bege


Não havia muitos móveis, apenas uma estante repleta de livros, muitos mesmo. Um armário, uma escrivaninha, com um notebook e mais alguns livros espalhados em cima, uma cadeira giratória e sua cama, claro.

Não havia porta retratos, nem quadros nas paredes, nada, nada realmente pessoal ou sentimental estava à vista no seu quarto.

A porta do banheiro é destrancada e Alison aparece com os cabelos molhados, vestindo uma calça de moleton cinza, e uma camiseta branca, lisa.

Emily: Então, vamos comer? – sentei na sua cama e fiquei esperando ela se decidir.

Alison: Eu gosto de você. – ok, é bom saber disso, mas porque ela tá falando isso agora?

Alison: Mas não sei se isso é uma boa ideia. – ficou brincando com os dedos, sem olhar pra mim.

Emily: Isso o que?

Alison: Isso. – apontou pra nós duas. - Você.. aqui. Eu não sei o que está acontecendo, mas você de alguma forma me entende, mesmo sem precisar que eu fale, você consegue penetrar além das minhas defesas, e eu não sei se eu posso deixar isso acontecer.

Emily: Você tem medo? Medo de me deixar entrar e depois eu ir embora? – ela assentiu fracamente.

Emily: Pois não precisa, Alison, olha pra mim. – levantei e fiquei de frente pra ela, a meio metro de distância. – Eu também gosto de você, e eu quero te ver bem. Farei tudo o que estiver ao meu alcance pra te fazer sorrir.

Estiquei o braço, com o objetivo de pegar sua mão. No começo ela hesitou, mas depois deixou que eu a segurasse.

Emily: Eu não vou te deixar sozinha, eu prometo.


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