Broken escrita por allaboucamren


Capítulo 13
Capítulo 13




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POV EMILY

– Trauma.

– Estupro.

Por essa eu juro que não esperava. Não o fato do seu trauma ser esse, pois eu já desconfiava. Mas ela falar agora, sinceramente não passou pela minha cabeça. Pela primeira vez eu estava diante de Alison e não sabia o que falar. Sua expressão estava surpresa, denunciando que ela havia falado por total impulso.

Alison: Não. – choramingou. – Não faz essa cara.

Emily: Eu só.. não imaginei que você fosse me contar isso. Pelo menos não agora.

Alison: Eu não quero que você me olhe com pena. Não. – levantou-se e saiu andando.

Emily: Alison! Onde você vai?! Espera! – levantei e a segui.

Alison: Não sei.. eu.. – parou de repente colocando as mãos na cabeça. – estou tonta.

Emily: Calma, respira. – tentei tocá-la, mas ela recuou. – Vamos voltar pro carro, eu vou te deixar em casa.

Alison: Eu não quero ir pra casa.

Emily: Então eu vou dirigir.. quando você quiser que eu pare, me avise. – fitei seu rosto. - Qualquer lugar.

Alison assentiu e caminhamos de volta pro meu carro.

Eu estava dirigindo há quase meia hora. Um silêncio mortal dominava o ambiente. Às vezes eu olhava pra Alison e ela se mantinha na mesma posição, escorada na janela, com o olhar distante. Decidi pegar o caminho para a orla numa tentativa de distraí-la com a paisagem.

Mais 20 minutos e nada. Nenhuma palavra de Alison. Mas pelo menos ela olhava para a praia, pras pessoas. Dirigi por mais alguns minutos, a paisagem ficando cada vez mais deserta.
De repente ela se ajeita no banco e toma uma respiração forte.

Alison: Para aqui, por favor.

Emily: Claro.

Eu havia rodado bastante, estava a pelo menos 100 quilômetros da casa de Alison. A praia que estávamos era quase deserta, porém muito bonita. Não havia quiosques ou pontos de comércio. Apenas meia dúzia de casas, na verdade cabanas bem simples, pelo jeito ninguém morava ali, elas serviam apenas de abrigo para o material dos pescadores da região.

Eu caminhava devagar atrás de Alison, esperando-a fazer seus movimentos para apenas acompanhá-los. Eu sabia que ela precisava de espaço pra pensar, então fiquei numa distância considerável, vendo-a sentar-se na areia, há mais ou menos dez metros do mar.

Seu olhar era fixo nas ondas, os cabelos voando. Estava hipnotizada olhando pra ela.
O transe acabou quando senti meu celular vibrar. Rapidamente o tiro do bolso, vendo que era uma chamada do meu pai.

Emily: Oi pai..

Mr Fields: Onde você está? Cadê seu irmão? Ele não atende o celular! – resmungou.

Emily: Ele foi fazer trilha com uns amigos, acho que só volta ao anoitecer. E eu tou na praia, por que?

Mr Fields: Estão com uns problemas na filial, terei que viajar para Orlando ainda hoje, sem previsão de retorno. – suspirou. – vai ficar tudo bem?

Emily: Vai sim, fica tranquilo.

Mr Fields: Tudo bem. Diga ao seu irmão pra me ligar, tenho que falar com ele sobre uns assuntos da loja. E você se cuida. Ei, não esqueci da nossa conversinha viu, ela só foi adiada mais uma vez.

Emily: Ok Mr. Fields... ok. Faça uma boa viagem, te amo.

Mr Fields: Obrigada, meu amor. Também te amo.

Desliguei o telefone e retornei minha atenção para Alison. Ela não havia movido um dedinho sequer. Me aproximei com cautela e ao ver que ela não se incomodou com minha presença resolvi sentar ao seu lado.

Ficamos algum tempo em silêncio, apenas ouvindo o barulho das ondas, que ficavam cada vez mais fortes por conta da maré que subia, até que eu decidi falar.

Emily: Hoje é o aniversário de cinco anos da morte da minha mãe.

Alison finalmente esboçou alguma reação, virando o rosto me encarando profundamente.

Emily: E aquele parque foi o último lugar onde estivemos. Por isso eu quis ir pra lá hoje, pode ser estranho mas naquele lugar eu sinto a presença dela mais do que na minha própria casa. Não sei porque, apenas sinto isso.

Apesar de não falar nada, Alison não tirava os olhos de mim. Ela queria saber, queria saber de tudo.

Emily: Eu ia muito aquele parque porque era o único com marcação de softbol no gramado, e todas as meninas do time iam jogar lá no final de semana. Naquele dia minha mãe foi comigo e assistiu o jogo inteiro. Na volta ela queria passar no supermercado, mas eu disse que estava muito cansada e queria chegar logo em casa pra tomar banho. Mas eu nem tava tão cansada assim, era mais preguiça mesmo, pois eu sabia que ela ia demorar no mínimo duas horas lá.

– Bem...minha preguiça custou a vida dela. – uma lágrima corria pelo meu rosto. – Você lembra daquele assalto à banco, que acabou em tiroteio pelas ruas de Miami? – ela assentiu com a cabeça. – Você lembra que os bandidos durante a fuga saíram atirando em tudo e todos? – ela assentiu de novo. – Pois é.. foi bem naquele dia, logo depois de sairmos da praça, indo pra casa. Nós estávamos lá, bem no cruzamento em que o carro deles passava em alta velocidade. Uma bala perdida a acertou e... – não consegui terminar, o nó na garganta estava incontrolável, eu apenas deixei o choro sair forte e carregado de tristeza.

Senti a mão de Alison afagar meu ombro, engoli o choro e olhei ternamente pra ela, dando-lhe um obrigado silencioso.

Minha ideia era dividir algo com Alison, algo importante e doloroso que de alguma forma equalizasse a situação, pra que ela não se sentisse tão exposta comigo, e eu tão fechada com ela.

Emily: Você não precisa me contar nada. – comecei. – vou repetir, não se sinta pressionada, fale quando e se quiser. Eu não tive a intenção de fazer você falar algo que não queria com aquele jogo, me desculpe.

POV ALISON

Nunca imaginaria que a Emily tivesse passado por isso. Por um momento esqueci dos meu problemas, dos meus traumas e apenas me coloquei no lugar dela. Com certeza ela se sentiu ou ainda se sente culpada pela morte da mãe. É algo tão ou até mais horrível do que eu passei.

E apesar de ter feito essa "confissão', ela ainda fez questão de me confortar sobre o que havia acontecido horas atrás. Fiquei abalada e confusa, mas em nenhum momento fiquei com raiva dela, claro que não.

Voltamos a ficar em silêncio, mas dessa vez era confortável, bom, seguro. Nós apenas olhávamos as ondas, e sentíamos o vento em nossos rostos. Vento por sinal que estava ficando cada vez mais forte, o que em certo momento fez meus pelos eriçarem. Passei as mãos sobre os braços, esfregando, o que chamou a atenção de Emily.

Emily: Está com frio?!

A pergunta foi retórica, pois ela nem esperou eu responder, já tirou a camisa de flanela e me ofereceu. Peguei-a e vesti imediatamente, pois realmente estava com frio. Não pude deixar de sentir seu perfume me intoxicando. Era o aroma mais gostoso que eu sentira.

Continuávamos em silêncio, encarando o mar e apesar de ter vestido a camisa eu ainda estava com frio, mas não queria dizer a Emily senão ela iria querer que nós fôssemos embora e eu não quero isso.

Emily: Acho que é melhor nós irmos. Já vai escurecer e você está tremendo de frio. – nunca consigo esconder nada dessa garota.

Alison: Agora não, por favor.

Emily: Ali, se você pegar um resfriado eu não vou me perdoar. Espera, eu posso tentar uma coisa? – perguntou hesitante.

Fiz um som nasal dando-lhe permissão.

Emily se levantou e engatinhou para trás de mim, onde se sentou de modo que eu estava entre suas pernas, minhas costas sobre seu peito, e seus braços em volta de mim.

Meu corpo ficou tenso, mais duro que uma rocha. Agora eu estava na dúvida se o que incomodava era minha aversão ao toque, ou se era a sua proximidade que me deixava nervosa.

Emily: Hey, relaxa, sou eu... – disse com uma voz macia perto da minha orelha. – Fecha os olhos, respira.

Fiz o que ela mandou, e em poucos segundos meu corpo relaxou ao seu toque, sentindo-o ser aquecido, cuidado, protegido.


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Notas finais do capítulo

Oi amores, comecei uma nova fic emison, a história é mais pesada então capítulos maiores e explicações mais detalhadas: http://fanfiction.com.br/historia/604462/My_Biology/
Prometo que com o passar dos capítulos, vai prender mais.
SINOPSE:
O que fazer quando você se vê envolvida com sua professora de biologia, mas terrivelmente atraída por sua insuportável professora de laboratório? Emily não esperava pelas reviravoltas de seu último ano no colégio e nem que seus pensamentos seriam tomados por dois nomes: Spencer e Alison. Escolha um lado. #TeamEmison ou #TeamSpemily?



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