Olhos de Cobra escrita por Laura Salmon


Capítulo 36
Capítulo 35 - Karina


Notas iniciais do capítulo

Hoje! É hoje! É hoje! É hooooooje! Acordei totalmente inspirada! Hoje tem beijão Cobrina. Meu coração parece que vai explodir! Para culminar com esse momento, deixo esse capítulo fofo lindo acompanhado de uma música cuja tradução é perfeita para expressar o que o Cobra supostamente diria a Ka em qualquer momento:

http://letras.mus.br/jamie-scott/unbreakable/traducao.html



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Minha garganta ardia profundamente. Quando eu respirava era como sentir os meus pulmões queimando. Mas não deixei que Cobra me carregasse até a vila. Mesmo na escuridão eu conseguia ver a mancha terrível se espalhando por todo seu tronco. Ele se machucara ainda mais. Mas salvara a minha vida pela segunda vez. E salvara a de Pedro como bônus.

― Você entendeu as pistas?

― Entendi. ― Ele me puxou um pouco mais para perto enquanto caminhávamos rumo a vila. ― Eu pensei como você teria pensado.

Nós éramos mesmo faces de uma mesma moeda. Eu apostara naquilo. No quanto nos identificávamos. Cobra saberia ler meus pensamentos. E eu estava certa. Ele conseguiu.

― O que houve com aqueles caras?

― Definitivamente eu não sei. ― Ele me confessou. ― Aquele pescador que nos ameaçou apareceu e me deu cobertura.

― E o Pê?

― Ele correu para a vila. Eu não sei se ele se perdeu, Ka. Precisamos chegar lá. Se ele não estiver...

― A gente acha ele. ― O joelho dele cedeu, mas eu estava preparada para apoiá-lo. Caminhamos mais um pouco até eu parar. Ofegando. ― Ainda tem muito sal nos meus pulmões. ― Puxei o ar com dificuldade.

Cobra se endireitou com uma careta de dor, alcançando o meu rosto. Sua mão segurou ali com determinação. As luzes da vila, ao longe, refletiam a mesma coisa que estava me consumindo por dentro. Eu reconhecia. Eu conseguia ler seus olhos. Era amor. Os olhos de Cobra estavam dizendo que me amava.

― Me perdoa. ― Ele sussurrou. ― Por quase perder você.

― Você tem muito crédito comigo. ― Sorri, colocando a minha mão sobre a dele. A chuva pesada dera lugar a uma pequena garoa, mas nossos corpos ainda estavam frios. ― Uma vida vale cem anos de perdão. Você me salvou duas vezes.

A testa dele tocou a minha. Suas pálpebras se fecharam com dor. Seus dentes deslizaram por seus lábios secos enquanto ele reunia as palavras.

― Coloquei você em perigo duas vezes.

― Caramba, Cobra. ― Segurei seu rosto. ― Achei que você estivesse se esforçando para dizer o que está verdadeiramente sentindo. Isso que os seus olhos estão gritando.

Ele os abriu novamente, sorrindo daquela forma perigosa. Mesmo sentindo dor e exausto, ele ainda conseguia manter aquela pose terrivelmente irresistível.

― Foi um longo dia. ― Concordei. Meus olhos dançavam de um lado para o outro tentando pegar os olhos dele. ― E eu só conseguia imaginar o que eu faria da vida sem você. ― Cobra fez uma pausa. Deslizei minhas mãos até suas orelhas, entrelaçando meus dedos atrás de sua nuca. ― Estou com a cabeça a mil agora, sem brincadeira. Quando eu vi sua cabeça debaixo d’água quis que os meus pulmões respirassem por você. Você é louca. Eu quase sempre estou fora de controle. Mas tudo em mim ama absolutamente tudo em você, Karina. Amo as suas derrapadas e os seus limites. Quantas vezes eu quis te dizer que mesmo chorando você continua linda? ― Meus olhos estavam nadando em uma piscina profunda de lágrimas, mas continuei quieta, ouvindo cada palavra atingir meu coração. ― E eu estava ali por perto enquanto o mundo te massacrava e não podia fazer nada. Eu não podia de levar para outro mundo. Cheguei a um ponto em que você poderia ser tanto a minha ruína quanto a minha reconstrução. Você oscilou entre ser minha distração e a minha maior tristeza. E acabou se tornando a parte perfeita das minhas imperfeições. Estou colocando as cartas na mesa agora, Ka. Porque eu realmente amo você.

Fechei os olhos, sentindo as lágrimas se espalharem pelo meu rosto. Meu queixo jogado para frente levou meus lábios até os de Cobra. Ele os tocou delicadamente. Meu coração estava prestes a explodir. Em todo aquele gelo cercando nossos corpos, sua língua quente molhou o sal que começava a rachar os meus lábios. Retribuí o carinho, levando minha língua até a boca dele. As mãos de Cobra se apertaram ao meu redor, jogando nossos rostos para lados contrários enquanto nossas bocas se encaixavam em uma sintonia perfeita. E o que era salgado foi ficando doce. O que estava frio se aqueceu. E o que eu achei que havia morrido em mim, estava completamente vivo.

Eu também o amava.

Já estava pronta para me afastar e dizer aquilo quando vimos luzes de lanterna em nossa direção. Passos rápidos me fizeram abraçar Cobra com mais força.

― Esquentadinha!

Soltei um suspiro de alívio ao ouvir a voz de Pedro.

O resgate havia chegado.


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Notas finais do capítulo

Se querem que o Cobra mostrem um lado que ele insiste em esconder que seja esse: o lado apaixonado por Karina. Meu maior sonho! Obrigada por todos os comentários. Vocês são simplesmente maravilhosos. Até o beijão de hoje!