Sofia P.O.V

Tive muitas coisas para fazer depois do almoço.

Mesmo que eu estivesse de férias, eu ainda teria alguns dos meus treinamentos básicos de princesa.

Primeiro foi o de etiqueta, depois treinei dança com meu irmão James no salão do palácio flutuante, e por fim o treino de canto, na qual minha mãe me ajudou tocando minha melodia preferida no piano enquanto eu cantava a canção.

Quando pensei que poderia voltar para a água e rever meus amigos, fui impedida por Amber e suas amiguinhas que me puxaram pelo braço e me forçaram a pintar as unhas, mesmo que eu me recusasse. Mas ainda bem que elas pintaram minhas unhas de lilás e não de rosa, afinal eu odeio rosa nas unhas! Me faz parecer uma princesinha mimada!

Somente ao entardecer é que pude voltar para o fundo do mar. E parecia que algo havia acontecido. Assim que me encontrei com Oona, ela me contou que havia visto o pai de Omnicka e sobre a tentativa fracassada de tentar falar com ele.

—Eu vi quando Sven e Omnicka subiram até a superfície, e no exato momento em que ela ia conseguir falar com aquela criatura misteriosa com orelhas de lobo sentada sobre uma pedra, um grupo constituído por três lobos iguais a ele surgiu; e um deles, com o pelo dourado falou que a Omnicka havia morrido afogada!

Como eles puderam fazer isso? pensei comigo mesma. Cara como eu odeio essas pessoas que criam cada mentira ou historia pra nos deixar tristes!

Minha mente começou a pensar em alguma solução que pudesse desmentir aquela historia falsa e provar que Omnicka ainda estava viva.

—Temos que arranjar um jeito de dizer a ele que Omnicka não esta morta, mas sim conosco aqui em Merroway! Mas o que faremos?- pergunto a Oona com a esperança de que poderíamos fazer algo.

—bem, Sofia, tecnicamente você é a única que poderia, com esse seu poder de virar sereia e humana.- diz Oona apontando para o meu colar.

—quer dizer que eu teria que ir até aonde aquela criatura misteriosa vive e contar a ele sobre a Omicka!- pergunto enquanto apontava para mim mesma.

Exatamente, Sofia!- diz Oona empolgada

—M-m-mas, Oona, eu, não posso!-disse eu enquanto comecei a suar frio, mesmo debaixo da água, e tremer de medo.

—por que Sofia? Você não quer dizer a verdade o pai da Omnicka! Pense na imensa tristeza que ele possa estar sentindo nesse exato momento!- ela pergunta enquanto me encarava com um olhar encorajador.

—Eu penso Oona! E quer muito dizer a verdade a ele, e eu ate iria la resolver isso com a maior facilidade, se eu não estivesse com medo!

—Medo? Do que? Da noite e da escuridão?

—Nao! De lobos!

Oona me encarou por alguns segundos e expliquei tudo a ela.

—La em Encanthia estão sempre me dizendo que lobos são ferozes e carnívoros, principalmente nos livros de historia! Nunca pensei que iria me aproximar de um lobo, sabe? Mas já pensou nessa hipótese dele querer me devorar?

—Sofia, se todos os humanos não são perigosos nem pretendem fazer o mal, então acredite que boa parte dos lobos também não são ferozes e carnívoros! Apenas acredite em você mesma e tudo ira dar certo!- disse Oona enquanto ela pegou minha mão e subimos ate a superfície.

Assim que em sentei na areia da praia, naquela ilha distante, minha cauda voltou a ser um par de pernas.

Olhei atentamente para aquela parte distante da ilha, procurando ver onde estaria a tribo, me levantei e comecei a andar.

Depois de atravessar um arbusto, vi um monte de cabanas e avistei a população daquela aldeia, que constituía de uma espécie que eu nunca tinha visto ou ouvido falar, nem nos livros ou pelos viajantes que passavam em Encanthia.

Eram pessoas com orelhas e caudas de lobos. E cada um com a pelagem de cor diferente.

Acabei avistando o líder deles, que tinha a pelagem negra e olhos de um vermelho bem profundo e brilhante entrar e sua cabana depois de conversar com um delas, uma fêmea de pelagem branca e olhos azuis.

—o que eu vou fazer? Eu quero muito explicar pra ele que Omnicka esta viva, mas como eu poderia se ele pode me devorar viva, como na historia da chapeuzinho vermelho?- pergunto a mim mesma enquanto continuei pensando no quer fazer.

Depois de alguns segundos, não conseguia ter nenhuma idéia ou noção do que poderia fazer, mas ai vi meu colar começar a brilhar, e estava brilhando mais forte que as outras vezes.

Para meu espanto,vi Pocahontas sair por trás dos arbustos.

—Pocahontas? O que faz aqui em Merroway?- perguntei totalmente chocada ao ve-la.

—Foi o seu amuleto, Sofia! Ele me mandou aqui para ajudá-la!- respondeu Pocahontas.

Não consegui evitar e olhei atentamente para ela.

Uma linda índia de longos cabelos negros esvoaçantes com o vento marinho e os pés descalços na areia da praia.

—O que houve Sofia?

—Bem, eu não sei explicar, Pocahontas mas...Voce acredita nas historias de pessoas que acabaram se transformando em animais por ironia de algum destino ou magia?

—Claro que acredito! O meu povo sempre acreditou nessas lendas, e muitas delas aconteceram de verdade.

—É serio- eu pergunto enquanto ela me e eu começávamos a andar pela ilha,

—Pode acreditar! Sabe, Sofia, as lendas não são so historias para nos entreter, também servem para nos ensinar muitas lições e nos alertar das coisas ruins que são possíveis de acontecer conosco.-explicou Pocahontas

Por acaso você acreditaria numa historia em que eu estou vendo acontecer?- perguntei enquanto ela e eu começávamos a dar uma volta pela ilha.

—Claro que sim!- respondeu Pocahontas com um sorriso._Afinal , boa parte da minha família também testemunhou certos acontecimentos que depois viraram lendas!

Sentindo me encorajada, contei a Pocahontas sobre Omnicka e sua historia toda

ela e eu sabíamos que havia um motivo para Omnicka ter se transformado em um cavalo marinho e caído no fundo do mar para o reino da rainha Emmaline, mas não conseguia achar a resposta para isso.

Mas Pocahontas me disse que logo eu encontraria a resposta para isso.

Nos continuamos a caminhada enquanto eu contei a ela sobre a profunda amizade entre Omnicka e Sven, e eu ainda estava exultante ao saber que os dois estavam juntos.

Mas assim que contei a ela a respeito dela ter tentado falar com o pai, mas fora impedida por causa de uma noticia falsa a respeito de sua morte, ela me encoraja a ir ate o pai dela e contar-lhe a verdade, mas eu não me sentia capaz para isso por causa de meu medo de ser devorada por um lobo

—Mas quem disse a você que lobos devoram humanos?- perguntou Pocahontas enquanto olhava atentamente para mim.

—Foram alguns viajantes de Encanthia, e os livros de historias que estão sempre me obrigando a ler!

Naquele momento, Pocahontas olhou fundo em meus olhos e me contou um fato inacreditável.

—Sofia, nem todas essas historias em que lobos são carnívoros e ferozes são verdade! Na minha tribo os lobos são sempre pacíficos, símbolos de sabedoria e até mensageiros para os xamas e os chefes das tribos.

O vento movimentou o longo cabelo de Pocahontas e as folhas soltas das arvores, que me rodearam como se me dissessem algo para mim naquele momento. Era como ser abraçada por minha mãe.

Percebi que teria que falar a verdade ao pai de Omnicka, mesmo que tivesse morrer tentando.

Pocahontas e eu ficamos olhando para a cabana do líder da tribo.

Vai la e conte a ela a verdade! Tenho certeza que ele ira acreditar!- disse ela enquanto me virou de frente para a entrada da cabana,com suas mãos em meus ombros.

Enquanto o vento continuava a nos rodear,me aproximei da cabana determinada a falar com aquela criatura misteriosa toda a verdade a respeito de sua filha.

—Obrigada, Pocahontas, agora sei exatamente o que fazer- eu sussurro,mas assim que me virei, ela havia sumido, e da mesma forma das outras princesas que haviam me ajudado, uma nuvem de estrelas havia se formado em seu lugar.

Criei coragem e me adentrei na cabana.

Havia uma cama feita de palha e feno, com cobertores de peles, uma pedra que servia de mesa, com um porta incenso fumegante que exalava uma aroma de sândalo, uma tigela com arroz e na parede estavam pendurados dois retratos, em preto e branco. Aquilo era bem semelhante a um oratório em um templo japonês.

Olhei atentamente para eles, o homem com uma aparência que dava a impressão de sabedoria e serenidade, e a mulher com determinação e esperança nos olhos.

Continuei olhando para eles ate que vi uma sombra surgir na porta da cabana, me virei e la estava o homem-lobo, segurando um cajado com uma pedra verde brilhante na ponta.

—Oi,Sofia!Tudo bem contigo?-disse ele se aproximando de mim.

—hã, oi!- eu disse meio sem jeito._Perai, como sabe meu nome?

—Eu sei tudo sobre você só de olhar pros seus olhos,!-respondeu ele me encarando e com os olhos vermelhos brilhantes como dois rubis.-Meu nome é Moonshadow, e por favor,não fique com medo, eu nao irei te matar! Eu e minha filha Kailani não somos canibais!

—Sua filha?- pergunto atônita.

Logo vejo entrar uma mulher com o pelo branco e olhos azuis como duas safiras, e carregando uma bola de cristal, nela pude ver refletido o palácio de Emalline.

—Sim! Eu e minha tribo não nos alimentamos de carne dos humanos, nos sobrevivemos com as frutas e vegetais que cultivamos.-ele se sentou em uma pedra e pude ouvir ele dizer;-Ainda não acredito no que aconteceu com a minha linda filha!

Acabei percebendo como eu poderia contar a ele a verdade a respeito de Omnicka. Se aquela bola estava refletindo o fundo do mar em Merroway, então haveria um jeito de provar tudo a ele.

Olhei para a bola de cristal de novo e decidida me aproximei dela pedindo para que me emprestasse.

Isso que te contaram a respeito da Omnicka é mentira, meu bom senhor- eu digo enquanto me aproximo dele segurando a bola de cristal firmemente, que se eu por acaso me descuidasse , iria se quebrar.- Eu a vi la no fundo do mar com minha amiga sereia, a princesa Oona e o Sven.

—O que?- ele pergunta enquanto se levantou e se aproximou de mim me olhando atentamente com aqueles olhos vibrantes _ Ela ainda está viva?

Acenei um sim com a cabeça e lhe contei de como ela o mencionara nas historias contando o seu passado e o fato de ela estar profundamente arrependida por não o ter escutado e do modo como agia para com ele e sua Irma mais velha.

—Ela se transformou em um cavalo marinho, meu caro mestre.

Ele e a filha me olham como se dizesse "Não acredito no que esta dizendo!", aí então a bola de cristal começou a brilhar forte e se levitou para o teto da cabana, onde pudemos ver Omnicka no exato momento da queda e depois se transformando em um cavalo marinho.

Mesmo com toda aquela claridade, pude ver que MoonShadow agora acreditava no que eu havia dito.

Ele olhava atentamente para a bola de cristal e se emocionou ao ver Omnicka ali junto de Oona e Sven.

MoonShadow se aproximam de mim e me abraçaram.

Fiquei perplexa, afinal eu nunca pensei que seria abraçada por lobos um dia.

—Muito obrigado,princesa de Encantia!- disseram os dois ao mesmo tempo.

Como eles sabiam que eu era... Acorda! Meu vestido e tiara!

A bola de cristal foi diminuindo o brilho e foi descendo ate chegar ao alcance de Kailani.

—Sofia! Conte a minha filha que eu a perdoei e lhe desejo tudo de bom!- pediu MoonShadow enquanto eu saia e fazia o caminho de volta para o fundo do mar._Mas diga a ela pra não me procura ou voltar para a nossa tribo, por que eu acharei um jeito de falar com ela -pediu ele assim que olhei para tras

—Sim mestre eu farei isso!- corri com o vento balançando meu cabelo e as folhas das arvores soltas me rodeando.

Pude ouvir um uivo, que mesmo com uma certa melancolia, representava sua mais pura alegria.

Uma sensação de felicidade me invadiu de imediato,dei um salto e cai no mar,voltando a ser uma sereia e agitei minha nadadeira enquanto me sentia plenamente feliz por ajudar Omnicka de novo, mas essa havia sido uma causa nobre!

Mas quando ouvi minha mãe me chamando do convés do palácio flutuante, me apressei para voltar, assim que cheguei ela e o mordomo estavam me esperando.

Pensei que levaria um baita sermão por estar nadando naquela hora, mas ainda bem que nada disso aconteceu.

Eles me secaram e me levaram para o meu quarto.

Depois de eu vestir meu pijama , meus pais me darem o beijo de boa noite , apagarem a luz do meu quarto, fechar a porta e sair, pude ouvir Oona me chamando pela janela

—Sofia? Você já esta dormindo?-pergunta ela.

—Ainda não Oona! O que houve? Algum problema?- perguntei receando que algo poderia ter acontecido a eles. Seria possível que aquele monstro do mar tinha voltado?

—Não! Nada aconteceu ate agora! Mas conseguiu falar com o pai da Omnicka?

—Consegui sim! Pude provar pra ele que Omnicka ainda esta viva!

—Maravilha! Quer que eu diga isso a ela?-perguntou Oona determinada.

—E claro- mas então pensei na terrivel hipotese de Omnicka querer voltar a subir, a acabei me lembrando daquele aviso"Diga a ela pra não voltar a nossa tribo," entao decidi explicar de uma vez

— Não Oona, é melhor so dizermos que alguem provou a ele a verdade e que Omnicka não está morta! Não diga que fui eu,por favor!

—Mas porque isso tudo, Sofia?-perguntou Oona. _Por que Omnicka não deve saber quem foi a pessoa que desmentiu um fato horrivel ao pai?

—Por que não quero que ela abandone sua nova vida em Merroway para voltar a viver em um lugar em que ela nao pertence!_ respondo a Oona que me encarava com expressao de duvida.

—Tudo bem,Sofia! Pode deixar-disse Oona sorrindo e voltou para o fundo do oceano se despendido com um aceno me dando boa noite.

—Nos vemos amanhã!- retribuo o aceno enquanto ela se afastava.

Me deitei em minha cama e apos alguns minutos adormeci completamente entregue em meus sonhos.