Capítulo 4 – Cobaia

—Você me odeia! Como nunca percebi isso??? – Aiya gritava e esperneava enquanto tentava se desvencilhar das garras de Orochimaru, até que o mesmo a prende com uma enorme cobra e lhe dá a injeção. – Eu te odeio! – Disse a garota sensibilizada pelo ataque do próprio pai.

—Você acha que isso é brincadeira? – Ele cerrava os dentes enquanto seus olhos esbugalhavam. – Você literalmente jogou pelo ralo um trabalho de anos que tive para destruir aquela terra maldita!

—Maldita nada! Só encontrei pessoas boas lá! – Aiya dizia revoltada. Levou um susto quando ele se botou na grade que os separavam.

—Dentro de alguns dias você deixará de ser humana para compreender melhor o modo como eu penso! Aí sim, talvez você pare de me julgar!

—O que??? – Ela disse apavorada, mas era tarde demais, Orochimaru já a deixara sozinha com seus pensamentos e agora ela só pensava em fugir.

Se existe alguém que pode me ajudar, esse alguém é Jiraiya.

***

—O que faremos agora sensei? Não podemos ficar assim parados até Jiraiya voltar!

—Também não pretendo esperá-lo Lee! Vou pedir ajuda!

—Ajuda? – Ele o encarava confuso quando viu Gai invocar uma tartaruga.

—Fale Gai, precisa de mim? – Ningame aparece com um olhar entediado.

—Preciso que envie uma de suas pequenas amigas para encontrar uma garota que está ali dentro – Ele aponta para o esconderijo.

—Uma chega?

—Sim, ela não pode ser vista! – Gai lembra do importante detalhe.

—Está bem! – E assim Lee e Gai param para observar a pequena tartaruga que parece seguir o seu caminho.

—Só preciso avisá-los de um detalhe... – Ningame fala com o mesmo ar indiferente.

—O que foi?

—Aquela tartaruga é meio rebelde, mas está louca para ser útil e essa é sua primeira missão. Não sei o que esperar dela!

***

—Queria falar comigo? – Sakura aparece no campo de treinamento.

—Oi rosada... Achei que não viria... – Ele disse parando o que estava fazendo.

—E então o que você decidiu? – Ela olhava pra ele se aproximando, cheia de expectativas.

—Não é que eu não goste de você... – Ele disse se aproximando dela e vendo-a se frustrar. – Mas assumir um relacionamento não faz o meu estilo, talvez com mais tempo eu mude de ideia.

Ele parecia tão convencido que o coração de Sakura desceu para o estômago, transformando seu amor em frustração.

—Não sou boa o suficiente pra você? – Ela queria ser forte e mostrar frieza naquele momento, mas seus olhos a desobedeciam.

—Não é isso Sakura...não chora. – Era irritante o modo como seu nome na boca dele a fazia derreter. – É que eu acho algo desnecessário. – Quando ele a abraçou, ela se arrepiou. – Não está bom assim?

A voz rouca e sensual dele, tirava a concentração dela. Mas algo naquele discurso despreocupado não fechava. Sakura sabia que ele tinha algo em mente, só não entendia o que.

—Não, não está bom assim! – Ela o empurrou com tanta força que ele acabara por cair sentado no chão enquanto ela saiu chorando.

Ao longe Jiraiya observava a cena, acabara de chegar e estava cansado, se não fosse um assunto tão importante que tivesse que tratar com Tsunade, ele tentaria conversar com a menina. Ele continuou andando até o prédio da mãe de sua filha. Ao entrar na sala encontrou Kakashi e Asuma discutindo a missão de segurança do exame chuunin com a Hokage.

—Preciso falar com você agora! É urgente! – Jiraiya estava muito diferente, mas mesmo assim ela decidiu ralhar com ele.

—Agora nada é mais importante do que a segurança no exame chuunin!

—Nem Aiya? – Ainda ofegante o sennin pergunta causando choque em todos os presentes.

—Como ousa-

—Ela está viva! Eu a encontrei!

***

A tartaruguinha ia lentamente procurando pela garota indicada, foi de cômodo em cômodo procurando por ela, avistou Orochimaru e Kabuto, mas não conseguia encontrá-la. Até que desceu as escadas para o subsolo com dificuldade, chegando até a prisão. Lá encontrou-a se debatendo contra a grade.

—Você é a Aiya? – A tartaruga perguntou.

—Sou... Quem é você? – A garota pergunta curiosa com o pequeno ser.

—Sou kame! Fui chamada por Gai e Lee Sama para resgatá-la!

—Lee? – Ela ficou comovida e surpresa ao ouvir o nome do garoto, especialmente depois de tudo que ela dissera. – Ele nem é tão mal assim no final das contas... Tá certo que ele acabou com a minha vida, mas isso só serviu pra eu ver como meu pai me odeia... Ele não sabia de nada afinal...

A tristeza da garotinha comovia a pequena tartaruga.

—Diga a ele que é tarde demais! Já fui injetada pelo meu pai e provavelmente vou virar um monstro em poucos dias!

—Eu sinto muito... Mas a minha missão é resgatá-la e eu vou fazê-lo! – A tartaruga falou crescendo. – Entre no meu casco! Assim ficara protegida e ninguém perceberá que você saiu!

Aiya estava confusa. Mas se tinha alguém disposta a ajudar arriscando ser devorada por ela, ela devia agradecer. Afinal existiam pessoas boas no mundo e depois de tudo que vira e ouvira de seu pai, não havia mais nada a fazer lá. Assim que a tartaruga mordeu e estraçalhou a fechadura da cela, Aiya se escondeu dentro de seu grande casco.

—Vamos diminuir, a sensação é um pouco desconfortável, mas você vai ficar bem!

—Hai! – Ela pode sentir uma náusea incrível e a sensação de perder os sentidos, mas isso acabou passando e agora ela espiava pelo pescoço de Kame.

Podia ver tudo grande e isso lhe dava uma sensação estranha, o caminho foi longo e tortuoso, sentiu um arrepio muito grande quando de relance viu seu pai e Kabuto trabalhando no laboratório, mas não podia voltar atrás, afinal se ficasse era certo que morreria. Cruel do jeito que seu pai estava sendo com ela, isso não demoraria a acontecer.

Quando saíram do esconderijo podia avistar Lee e mais algumas pessoas sussurrando. Uma mulher loira chorava abraçada em Jiraiya. Ela não sabia explicar, mas uma sensação de extrema segurança tomou conta do seu peito quando o avistou com aquela mulher. Logo Kame ficou grande e a liberou para se juntar aos demais.

—Está pronta para o exame Chuunin? – Lee perguntou sem saber como expressar a felicidade que sentia. Mas logo que Aiya se aproximou dele com um sorriso no rosto, ela viu sua visão escurecer e desmaiou nos braços dele.

***

—Leve esses comprimidos para Aiya, isso vai ajudar com os efeitos colaterais. – Orochimaru falava sem tirar os olhos do microscópio que tinha em sua frente. Kabuto pegou os comprimidos e desceu.

Ficava imaginando como Aiya estaria e o que faria quando seu mestre descobrisse que ele trocou as injeções venenosas e de mutações agressivas por umas de dons espirituais. Estava preocupado com a pequena, mas não podia demonstrar, era melhor que ele fingisse não se importar, pois só assim ele poderia protegê-la. Ele avistou Gin farejando as escadas para a prisão, pegou a coelha no colo e a afagou com gentileza, assim que conversasse com Aiya, daria de comer para ela. Ele estranhou a forma como podia ouvir os monstros rindo e gargalhando.

—Quero só ver quando aquele desgraçado perceber... hihihihi... vai ser uma surpresa e tanto!

—Como você pode ficar feliz com isso? Quero mais que aquela garota se ferre! Não devia ter nos deixado aqui, afinal agora ela também é uma de nós!

Ao se dar conta do teor da conversa, Kabuto foi se aproximando devagar e assim que percebeu a jaula aberta e os monstros gargalhando entrou em choque.

—Uma tartaruguinha a levou, levou pra bem longe daqui! Hihihihihih!

—Droga! Do que vocês estão falando? – Ele respondia sentindo calafrios.

—Acha que sou idiota pra entregar informações assim? Vou negociar, isso sim! Sei pra onde ela foi, mas quero minha armadura e meu machado de volta! – Um homem grande e perigoso exigia.

—Se quiser saber pra onde ela foi, terá que libertar a todos nós! Não é à toa que ficamos calados até agora!

—Seus-

—O que está acontecendo aqui? – Orochimaru estava logo atrás de Kabuto.