Just, loving you! escrita por Kunimitsu


Capítulo 3
Capítulo II




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Capítulo II

Conhecendo-me um pouco agora, venha a me conhecer melhor depois.

— As Crônicas de Nárnia

Se me perguntassem algum dia eu negaria com veemência que eu não estava no vestiário feminino após duas aulas seguidas de educação física enrolando para estar pronta e ir de encontro a biblioteca; local onde marcara com Castiel para fazer o trabalho de história. Não, nunca fizera tal coisa, apenas estava me certificando que estava com todas as minhas coisas e principalmente que eu não estava com cheiro de suor – morreria de vergonha se isso acontecesse –.

Suspirei.

Isso é parcialmente mentira.

Realmente não queria estar fedendo ao me encontrar com o objeto de minha fascinação, porém, é claro, eu ainda não sabia como iria me comportar em frente ao falso ruivo. Eu estava nervosa, principalmente depois que conversei com Rosalya na hora do intervalo. A amiga que eu pensava que me acalmaria e daria bons conselhos, apenas deu-me mais questões para pensar. Era tão frustrante! Por que eu não poderia ser mais espontânea como Rosalya ou mais direta como Kim?

Estava tão profunda em minha mente, me remoendo, que não percebi a aproximação de Violette até a mesma pousar a mão em meu ombro de forma delicada. Mas não fora o suficiente para eu não me assustar e fazendo a mais baixa recuar com um olhar de desculpas estampado no rosto corado.

— Oh! Oi Violette, desculpa, estava com a cabeça meio longe. - Lhe disse sorrindo e esperando que fosse o suficiente para apaziguar a outra. Violette assentiu sorrindo pequeno, tímida. Ela era um amor de pessoa em minha opinião. - Tudo bem?

— S-sim. Só queria saber se você está bem. - Remexeu-se inquieta, desviando o olhar. - Você está encarando o armário por um bom tempo e todos já foram. Pensei... - deu de ombros como se não soubesse como continuar a falar.

Corei. Olhei ao nosso arredor e era verdade, o vestiário já estava vazio só sobrando eu e a arroxeada. Suspirei, surpresa. Peguei rapidamente o meu celular de dentro da mochila para verificar a hora e vi que já tinha passado quase meia hora desde que a minha última aula do dia terminara. Arregalei os olhos pensando em Castiel me esperando na biblioteca todo esse tempo. Ele deve estar uma fera! Se é que ele ainda esteja lá. Pus os meus tênis num instante, arrumando o cabelo em um coque desajeitado e estava pronta para correr até a biblioteca quando me lembrei da garota ao meu lado. Violette encarava-me num misto de preocupada e espantada com as minhas ações urgentes.

Sorri, encabulada.

— Desculpe Violette, eu esqueci de algo importante. - disse meio apressada. - Mas obrigada por estar aqui.

— Ah, tudo bem. - Assentiu compreensiva. - Boa sorte pra você!

— Merci!! - gritei já saindo ligeira do vestiário.

Praticamente corria para atravessar toda a quadra coberta de Sweet Amoris, meus tênis fazendo um barulho oco irritante. Não conseguia assimilar que eu havia perdido tanto tempo em encontrar uma forma de encarar Castiel sem me fazer de tola em sua frente e no fim para estar atrasada. Todos sabiam como era o temperamento do guitarrista e ninguém gostava de vê-lo irritado por aí. E agora eu seria o alvo de todo essa ira. Ótimo, maravilhoso!

Patética.

Simplesmente, patética.

Parei para tomar fôlego, nunca fui a mais atlética. Estava pronta para seguir em frente quando algo me chamou a atenção pelo canto do meu olho. Virei-me e para a minha total surpresa ninguém menos que Castiel estava ‘sentado’ no banco que havia em frente a quadra. Ainda meio desnorteada, aproximei-me dele notando que estava com fones de ouvidos ligados a um MP3, seus olhos fechados apreciando a música e um dos seus pés batia no assento (porque sim, ele estava sentado especificamente em cima do encosto do banco e apoiando os pés no assento de uma forma totalmente rebelde) no ritmo.

Ele parecia relaxado, o rosto sereno tão diferente da habitual carranca. Havia até um sorrisinho despontando nos cantos de seus lábios finos e rosados. Corei. Não me perguntem o que me apossou naquele momento para chegar mais perto ao ponto de tocar as pontas dos meus dedos em sua face; numa carícia de quem estava muito enfeitiçada pela plenitude da situação e pela oportunidade apresentada.

Olhos cinéreos encontraram-se com os meus acarminados.

Um silêncio se estendeu entre nós dois, nenhum ousando falar algo. Meu coração disparava vertiginoso, zumbindo nos meus ouvidos, sentia o meu sangue pulsando inquieto. Nem queria imaginar como a minha tez deveria estar rúbea. Queria fugir, porém não conseguia me mover, paralisada num misto de espavento e anseio – para o que não fazia ideia, apenas que ele reagisse, fizesse algo. Deus, somente faça alguma coisa! Não fique a me olhar dessa forma, como se estivesse decifrando tudo sobre mim. Não era justo você poder me encarar assim... Tão intenso.

Desde quando você possui olhos tão profundos? E lábios tão convidativos?

E quando nossos rostos se aproximaram tanto que sentia sua respiração tocar a minha pele?!

Talvez fosse a súbita percepção de tal fato que me fez sair do meu torpor e recuar alguns passos, meio cambaleando e trêmula. Castiel também parecia ter saído do transe que nos unia, inclinando-se para trás e por instante pensei que cairia do banco, seus olhos estavam arregalados e espelhando os meus – ambos estavam estupefatos por nossas ações subconscientes.

Um silêncio constrangedor se estendeu sobre nós. Era óbvio que nenhum de nós dois sabíamos como reagir. Desviei meu olhar para o concreto que cobria todo a área do pátio, sentia minhas mãos tremerem e meu coração disparar loucamente. Coloquei uma mão sobre o peito, apertando a blusa vermelha que usava e respirando fundo. Fechei os olhos por uns instantes antes de reabri-los e dar uma olhada de soslaio para o garoto a minha frente. Castiel havia descido do banco e se encontrava apoiado no encosto, de costas para mim e com a cabeça semi abaixada era impossível que eu visse sua expressão. Isso me deixava nervosa. No que você está pensando agora?

O som de passos e vozes chamaram a nossa atenção. Era o time de basquete de uma universidade que realizava alguns treinos em nossa quadra. Observei-os até passarem por nós, pareciam animados e cheios de energia. Não conseguia entender como tinham tanta disposição em pleno outono, os ventos gélidos eram uma premissa para o forte inverno que chegaria em poucas semanas. Afinal, já era dezembro.

O som de um pigarro fez com que eu virasse na direção de Castiel que, para a minha surpresa, estava ao menos três passos de distância nos separando. Engoli em seco, surpresa por não ter notado sua aproximação. Meu sangue fluía rápido tentando acompanhar as frenéticas batidas do meu coração. O ruivo mantinha uma expressão séria, impossibilitando que eu soubesse qual seria suas próximas ações em decorrência dos acontecimentos anteriores. Eu estava muito nervosa.

Castiel murmurou alguma coisa que não consegui entender e devo ter estampado isso na minha cara pois, o mesmo suspirara, dizendo em um tom mais alto:

— Você... Você está atrasada. – ele disse desviando o olhar, braços cruzados e um leve rubor colorindo as maçãs de seu rosto.

Não posso negar que fiquei sem fala, não era isso que eu esperava que ele dissesse. Ele não estava irritado? Sempre percebi que Castiel desgostava profundamente quem ultrapassasse os limites de seu espaço pessoal. Eu obviamente tinha o ultrapassado, porém ele pareceu não se importar com isso.

Mas eu não devia ficar surpresa. É claro que isso era irrelevante para o outro, só fora um toque inocente. Possivelmente deve achar que eu o fiz para chamar sua atenção em virtude de estar usando fones de ouvidos. Sem importância. Não era nada.

Contudo, por que pensar assim fazia meu peito doer e um mal-estar apossava meu estômago?

— Victorie? – assustei-me. Era a primeira vez que eu escutava meu nome sair de seus lábios num tom tão profundo. Não, a verdade era que ele nunca havia me chamado pelo nome, era sempre por ‘você’ e, às vezes, por ‘petite’. Este último era o que me deixava mais desconcertada, um sentimento bom aquecendo meu peito. Difícil de explicar.

Engoli em seco, sentindo uma gota de suor escorrer por minha têmpora. Limpe-a, desajeitada.

— Humm... Désolé. Eu... Eu acabei me enrolando nas minhas coisas e... - não sabia mais o que dizer, mudava o peso do pé em nervosismo, inquieta demais para ficar parada. Suspirei. - Désolé d’être em retard.

Não sabia de onde havia surgido a determinação de encará-lo diretamente, mas sabia que deveria me desculpar adequadamente. Ele merecia por estar me esperando todo aquele tempo. Não era a sua obrigação, afinal. Contudo, me sentia incrivelmente aquecida com sua atitude. Uma vontade meio boba de sorrir me apossou, porém me contive a tempo. Não queria que Castiel pensasse que sou uma maluca que sorri por nada em particular. Observei-o.

Sua expressão ficou inalterada. As sobrancelhas compridas estavam enrugadas do mesmo jeito de sempre, olhos estreitos e os lábios franzidos para baixo me fizeram lembrar do meu primo – quando algo não sai como ele planejava, ele faz um ‘beicinho’ muito parecido com o que o ruivo estava. Até mesmo a pose me lembrava disso! –.

Ri. Sem querer soltei uma risadinha que rapidamente tentei encobrir com uma das minhas mãos. Ele me olhou com uma sobrancelha arqueada, duvidoso da minha ação repentina. Ri novamente, não conseguindo conter as risadas que saiam meio contidas, meio altas. Um som muito estranho, parecia mais que eu estava sufocando. Mas minha barriga doía a medida que mais e mais risos fugiam de mim.

Castiel bufou, balançado a cabeça cheia de fios vermelhos até os ombros largos. Revirou os olhos, andando até mim – que estava meio curvada para o lado, sentindo uma dorzinha nas costelas – e pegou a minha mochila que em algum momento havia escorregado do meu ombro, ficando presa no meu cotovelo. Sua carranca pior que antes.

— Vamos logo, petite. – disse agarrando de repente o meu pulso e me puxando em direção ao prédio escolar.

Engasguei. A vontade de rir sumiu num instante e meu rosto enrubesceu em um segundo. Era certo que seu comportamento havia me pego no susto, fora inesperado. Castiel não me parecia o tipo que fazia tal coisa, como puxar alguém – praticamente – pela mão. Estava completamente acanhada enquanto seguíamos pelos corredores quase desertos, mas aquela meia dúzia de pessoas ainda me faziam encolher, tentando me esconder atrás da figura bem maior do outro. Todos nos encaravam à medida que passávamos, algumas garotas até mesmo surpresas e irritadas. Sabia que Castiel era popular, principalmente entre as meninas, mesmo que não quisesse ou gostasse. Talvez os dois seria mais adequado a si.

Meu coração apenas disparava, zumbindo em meus ouvidos. Temia que o outro escutasse e soltasse o aperto em volta do meu pulso. Não era forte ao ponto de machucar, mas era firme com certeza. Sua mão grande de dedos largos conseguia envolver completamente meu punho. Era quente, meio calejada e me trazia um sentimento acalentador que crescia em meu peito sem permissão. Não queria que aquilo acabasse.

No entanto, já estávamos perto do final do corredor, conseguia enxergar as escadarias quando eu a vi. Ambre. Ela estava descendo as escadas, mexendo em seu celular com um sorriso meio presunçoso em minha opinião. Quando ela guardou o objeto em sua bolsa e ergueu a cabeça seus olhos verde-turquesas deram de frente conosco. Eu podia ver sua expressão de surpresa gravada em seu rosto pequeno. A boca meio aberta, estagnada no último degrau, como se não pudesse prosseguir. Paralisada.

Nossos os olhos se encontraram e em um segundo tudo mudou. Seu rosto estava contorcido em fúria. Nada bonito. Engoli em seco, suspirando pesadamente. Olhei de esgueira para Castiel, ele parecia ignorar que Ambre estava vindo em nossa direção como um touro desgovernado. Ela parou a nossa frente, bloqueando o caminho. Com as mãos na cintura estava preste a dizer algo, no mínimo, maldoso ou simplesmente uma das observações cheia de ironia que ela destilava gratuitamente.

Todavia, Castiel fora mais rápido:

— Me poupe de suas implicâncias, Ambre. – disse de forma ríspida, sem nem mesmo a poupar um olhar.

Desviamos dela. Seu rosto era pura surpresa e indignação. Vermelho de raiva. Involuntariamente acabei rindo, baixo o suficiente para apenas o outro ouvir, o mesmo que me olhou pelo canto do olho. Seus lábios finos também se mantinham curvados para cima. Não era a única a apreciar Ambre sendo posta lado. Estranhamente, isso me deixava aliviada, relaxada o suficiente para que quando entramos na biblioteca eu não me importasse que alguns estudantes me olhassem de forma torta.

— Devemos reservar um computador? - indagou Castiel, olhando em volta por um instante de forma aborrecida de sempre antes de me olhar.

Respirei fundo antes de responder:

— Sim, isso faria as coisas mais rápido. - olhei na direção onde ficavam os monitores, franzindo o cenho. - Mas acho que todos estão ocupados.

Seus olhos cinzentos seguiram na mesma direção, observando. Bufou irritado ao constar as mesmas coisas que eu havia. Teríamos que nos contentar com nossos livros e os da biblioteca. O que me fez olhar para o ruivo tingido. Castiel não trazia nenhuma mochila normalmente, hoje não era diferente. Possivelmente suas coisas estavam em seu armário. Parecia que seria a minha responsabilidade trazer os livros, cadernos e folhas – professor Faraize era um dos poucos que ainda pedia seus trabalhos redigidos a mão, para desespero de alguns.

— Reservamos um para depois então. - falou tirando-me das minhas reflexões e andando até a recepção.

Ainda estávamos interligados, acabei andando meio desajeitada até o balcão devido a surpresa. Corei. A bibliotecária era uma mulher de meia idade, cabelos pintados em loiro-platina e com as raízes escuras aparecendo – me lembrei de minha mãe. Ela sempre detestava quando via algo do tipo. Achava deselegante -. Nos cumprimentou com um sorriso amigável enquanto ajeitava os livros em uma caixa. Levantou-se da cadeira estufada e andou até nós.

— Em que posso ajudar? - sua voz era baixa e calma. Nunca havia falado com ela já que frequentava bem pouco esse lugar.

Eu apreciava uma boa leitura, mas em um ambiente mais arejado por assim dizer.

— Há algum computador disponível? - Castiel perguntou.

A mulher olhou para o seu próprio monitor, digitando algo antes de balançar a cabeça em negação. Era o esperado.

— Não no momento. Querem solicitar para mais tarde? - voltou a indagar, sorrido em simpatia.

— Sim, por favor. - concordei, assentindo.

— Sua carteira de identificação, por favor. - pediu.

Castiel soltou meu pulso quando foi pegar sua carteira. Nossos olhos se encontraram momentaneamente antes que eu os desviar. Sentia o típico rubor tomando conta da minha face. Acabei enfrentando a mirada inquisitória da bibliotecária, seu sorriso cordial ainda no rosto começava a me enervar. Deixei meus olhos serpentearem pelo local, o ruído de Castiel conversando com a outra como plano de fundo. Consegui visualizar a inconfundível cabeleira azul de Alexy antes de desaparecer entre o mar de estantes mais ao leste da biblioteca.

Não estava cheio de estudantes como eu esperava que fosse, é claro que havia um número considerável. Eles preenchiam o ambiente com os singulares ruídos de vozes baixas e sussurros intermináveis ou então, o som de páginas sendo viradas e o lápis passando pelas linhas de um caderno. Isso era diferente para mim. Nunca realmente tive a oportunidade de reparar tais coisas quando ia a biblioteca pública da minha antiga cidade. Raramente a visitava já que a biblioteca particular de casa sempre tinha os mais diversos livros e quando eu precisava ou queria algum que não constava na vasta coleção acabava recendo em poucos dias.

Mas isso era diferente de tudo que eu já experimentei, era novo. E para a minha surpresa, eu adorava isso. Adorava poder fazer e descobrir novas coisas todos os dias, experimentar o que me foi negado por tanto tempo. Sentia sempre um gosto de liberdade me inundando. Sorri sem perceber.

— Vocês são os terceiros na fila. Chamarei quando estiver acessível. - ouvi a voz da mais velha e senti Castiel se remexer ao meu lado.

Virei-me para eles que pareciam que estavam concluindo todo o processo de registro.

— Certo. - ele guardou sua carteira, devolveu minha mochila e olhou para mim. - Vamos achar um lugar para se sentar primeiro. - disse seguindo até as mesas mais ao fundo.

Segui sem questionar, minha mochila já doendo em meu ombro devido ao peso. Seguimos mais ao fundo já que as mesas da frente já estavam ocupadas e eram mais ruidosos. Passamos pela área de computadores e por entre um par de estantes, desviando de ocasionais alunos. Nos encaminhamos até o lado oeste onde as grandes janelas estavam. Acabamos por estabelecer-nos em uma mesa comprida que se encontrava entre uma estante e outra.

Sentei-me na cadeira de madeira desconfortável um pouco surpresa por tal fato, pois, eu tinha a ideia de como muitos passavam horas aqui estudando, no mínimo seriam mais cômodos. No final relevei esses pensamentos e me concentrei em pegar meu livro didático e meu caderno de anotações, além de uma agenda para algum planejamento. Olhei o outro, estava sentado de forma bem relaxada mexendo em seu celular.

Franzi as sobrancelhas um pouco irritada com seu desinteresse. Pigarrei.

— Então, por onde começamos? - perguntei quando tive a certeza que estava prestando atenção. Ele deu de ombros, pegando de forma brusca meu livro e o folheando.

— Talvez marcar os pontos importantes e depois desenvolve-los. - disse de um jeito meio distante, decerto com a mente focando no que lia.

Se eu fiquei um pouco admirada por sua sugestão objetiva? Sim e não. Parando para pensar melhor, realmente nunca vi professor algum reclamar sobre suas notas, apenas sua indiferença quanto as aulas e suas faltas ou por desrespeito. Quem sabe fosse um indicativo que suas notas estavam, no mínimo, nas médias apesar de tudo que aprontava de vez em quando.

— Tudo bem, parece um bom começo. - concordei pegando meu caderno e o folheando até minhas últimas anotações. Peguei um lápis e frisei o que achei mais relevante.

Não sei quanto tempo ficamos nisso, acredito que não muito, mas em algum momento Castiel se levantou fazendo a cadeira deslizar no piso escuro num barulho agudo. Murmurou sobre pegar mais livros e sumiu por entre as estantes. Contemplei sua figura antes de desaparecer, havia tirado sua jaqueta de couro e as mangas estavam arregaçadas. Tinha colocado um pouco das mechas vermelhas atrás de uma das orelhas. Estava bonito.

Balancei a cabeça no intuito de voltar para o que eu estava fazendo. Mordia meus lábios no intuito de conter o sorriso bobo que ameaçava surgir. Pelo canto do olho percebi a forma de uma garota andar até a ponta da estante a minha frente. Nossos olhos se enfrentaram por um instante antes das órbitas heterocromáticas desviarem. Pegou um livro e saiu, mas não antes de me mandar um olhar duro. Eu já a vi antes, compartilhávamos algumas aulas e ela sempre me olhou dessa maneira. Nunca entendi o motivo e por tal, resolvi manter distância. Não valia a pena dar uma de brigona, apenas evitá-la estava bom. Parecia ser recíproco.

Voltei minha atenção para meu caderno, notando a jaqueta de couro em cima da mesa, largada de qualquer jeito. Não resiste e acabei pegando-a. Estava quentinha por ter estado no sol, macia e posso nunca admitir, mas tinha um cheiro agradável. Sorri sem me conter. Era óbvio que Castiel apreciava a roupa e por isso desamassei ela e coloquei pendurada atrás de sua cadeira.

Ouvi passos se aproximando e virei-me para ver o dono de meus pensamentos voltando com uns cincos livros em mãos. Ruborizei, tentando limpar a mente me concentrando nos títulos que o outro trouxera. Havia muita coisa a ser feita e duvidava que conseguíssemos terminar tudo hoje, então teríamos que dividir o trabalho em outros dias. A perspectiva de passar mais tempo com o outro embrulhava meu estômago e me deixava nervosa. Porém, os poucos minutos que já passamos juntos me deixa cheia de expectativa, ansiosa. Não havia acontecido nada de errado até agora, então, o que poderia acontecer mais?


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