– Vamos pra casa? – Frannie chamou entrando no quarto, e Quinn marcou a página do livro que lia antes de sorrir para a irmã.
– Finalmente.
– Como se sente?
– Bem.
– Bom. – Frannie sorriu.
– Então, como eu saio daqui?
– Ah! Claro. Cooper já está vindo resolver isso. – a mais velha disse colocando a bolsa que carregava ao lado de Quinn – Cooper passou em casa e pegou essas roupas pra você se trocar. Não se preocupe, foi Rachel quem separou. – brincou – Quer ajuda pra tomar banho e se trocar?
– Querer eu não quero, mas acho que vou precisar. – a loira resmungou e Frannie bagunçou o cabelo da irmã.
Quando Frannie carregou Quinn já trocada para fora do banheiro, Cooper estava sentado no sofá com o livro da mais nova da mão.
– Quinn, você vai ter que me emprestar esse livro. – falou o colocando de volta no lugar e fazendo a mais nova rir.
– Depois que eu acabar. – respondeu quando Frannie a sentou na cama.
– Certo. Aqui. – o rapaz empurrou uma cadeira de rodas até perto da loira, que suspirou, enquanto Frannie guardava as coisas de Quinn.
– É. Acho que vou passar muito tempo sentada nisso ai.
– Veja pelo lado bom. Você não vai mais se cansar de andar. – Cooper brincou e Frannie o encarou – Cedo demais?
– Não corrida, você tá certo. – Quinn sorriu – Se eu não fizer piada disso, tentar levar numa boa, vou enlouquecer.
– Com licença. – o médico entrou no quarto chamando a atenção dos três – Senhorita Fabray, como se sente?
– Melhor do que deveria, eu acho.
– Isso é bom. – sorriu – Bem, sua irmã já tem suas receitas. Você volta em dez dias para tirar os pontos, se eles não tiverem caído.
– Certo.
– Bem, está liberada. Espero não te ver por aqui tão cedo.
– Digo o mesmo. – Quinn sorriu.
O médico saiu da sala, e Cooper se aproximou de Quinn.
– Segura. – falou pegando a loira no colo e a ajeitando na cadeira logo em seguida – Confortável?
– Posso me acostumar.
– Então vamos. – Frannie disse pegando a bolsa com as coisas da irmã e abrindo a porta,
Cooper empurrou a loira mais nova até o carro e a colocou no banco de trás, a ajudando a prender o cinto.
Ele e Frannie entraram logo em seguida.
– Casa? – o rapaz sorriu.
– Nada disso. Frannie prometeu me levar no McDonald’s. – Quinn reclamou.
– Certo, criança. Passamos lá. – Cooper riu, dando partida.
– Temos que parar em uma farmácia também. – Frannie disse – Tenho alguns remédios pra comprar.
– Pensei que ela estivesse bem.
– De maneira geral, ela tá. É mais pra dor.
– Hey, eu to aqui atrás. – Quinn reclamou fazendo os outros dois rirem.
– Eu te deixo na farmácia e vou comprar os lanches com Quinn então? Depois voltamos pra te buscar.
– Por mim tudo bem. Quinn?
– Desde que eu coma, não sou contra. – brincou.
Alguns minutos depois, Quinn e Cooper estavam arados na pequena fila de carros no delivery do fast food preferido da loira.
– Então, eu sei que não é a hora ideal, mas... – Cooper respirou fundo e mexeu nos bolsos, estendendo algo para Quinn, que pegou sem hesitar – O que você acha?
Quinn abriu a caixinha e encarou o anel, franzindo a testa.
– Você vai...? Não acha que é muito cedo, Cooper?
– Eu amo sua irmã, Quinn.
A loira devolveu o anel para o mais velho e deu um tapa de leve no ombro dele.
– Seja romântico. – piscou e Cooper sorriu.
A verdade é que Quinn sabia que aquilo ia acabar acontecendo – mesmo que ela achasse que fosse demorar mais – e que sua irmã era feliz com Cooper. Além disso, Quinn não queria empacar a vida da irmã mais do que já fazia – ou achava que fazia.
Pouco mais de meia hora depois, Frannie empurrava a cadeira de Quinn para dentro de casa.
– Então... Desde quando a gente tem uma rampa aqui, mesmo? – Quinn perguntou fazendo Frannie rir.
– Não tínhamos. Mas quarenta e oito horas e os profissionais certos podem fazer mágica.
– O que quer dizer?
– Não ficou perfeito, mas mandei adaptar as principais partes da casa pra você. E o seu quarto.
– Frannie... Eu nem sei o que dizer.
– Eu prometi cuidar de você, Q. E é o que eu vou fazer.
– Eu amo você.
– Eu também amo você, loirinha. – Frannie sorriu.
A porta da frente foi aberta e Rachel praticamente pulou em cima da namorada, a abraçando.
– Q! Vocês demoraram.
– Sua namorada quis parar pra trazer um lanche. – Cooper disse aparecendo na porta com as mãos cheias, e Rachel assumiu o lugar de Frannie, empurrando a loira até a sala, onde os amigos a esperavam.

***

Rachel e Quinn estavam deitadas em um dos sofás da Fabray, quando a loira apertou de leve a mão da morena, tirando sua atenção da televisão que assistiam com Frannie, Cooper, Wes, Nick, Harmony e Elizabeth.
– Me ajuda a ir pra cadeira? – pediu.
– Claro.
Rachel levantou, chamando a atenção de todos, e pegou a cadeira da loira, o que fez Cooper sentar, pronto para ir ajudar as garotas.
– Pode deixar, Cooper. – Rachel sorriu.
Rachel estava pronta para pegar – ou tentar pegar – Quinn no colo, quando a loira balançou a cabeça negativamente, a fazendo parar.
Quinn puxou a cadeira para mais perto de si, e respirou fundo antes de apoiar as mãos no sofá, e impulsionar o corpo para cima, praticamente se jogando sobre a cadeira.
Apesar do esforço, Quinn tinha um sorriso no rosto quando conseguiu se arrumar e virar a cadeira de frente para os outros, e respirou fundo.
– Não foi tão ruim. – brincou fazendo os outros sorrirem – Vem comigo, Rae? Quero conversar com você.
Antes que alguém falasse alguma coisa, Quinn forçou as rodas da cadeira frente, indo em direção ao seu quarto. Rachel simplesmente a seguiu sem falar nada.
Quando a judia entrou e encostou a porta, Quinn virou para ela e cruzou os braços.
– De acordo com os médicos, eu já estou bem.
– Eu sei. E isso é ótimo.
– E significa que você já pode me disser o que Charlie te falou.
Rachel suspirou e sentou na nova cama de casal da loira, passando a mão pelo rosto.
– Vamos lá, Rae. Você diz que vai me ajudar a passar por... Isso – disse apontando as próprias pernas – mas não vai me deixar te ajudar?
– Tá bem. – Rachel suspirou – Finn me dopou aquela noite.
– O que?
– Ele colocou alguma coisa na minha bebida e... Me tirou de lá no colo, como se eu tivesse dormido de tão bêbada. Me levou pra um hotel e...
– Desgraçado! – Quinn gritou – Eu sabia que tinha alguma coisa errada. Eu... Eu vou matar esse desgraçado!
– Seu amigo levou todos os papeis para que eu assinasse e Finn fosse do hospital direto pra cadeia.
– Espero que façam o mesmo com ele lá. – Quinn rosnou.
– Ele pegou uma arma de um dos policiais, Quinn, e apontou pra gente. Ameaçou matar quem fosse atrás dele.
– Ele está solto? – Quinn a encarou – E que merda de policial estupido é esse?
– Charles também estava armado. – Rachel ignorou a interrupção – Mandou que ele abaixasse a arma, mas... Ele não ouviu. E Charles teve que atirar. Um tiro certeiro.
– O que quer dizer?
– Finn está morto.
Quinn a encarou por alguns segundos.
Não sabia se se sentia aliviada por se livrar do Hudson, ou triste pelo colega de glee.
– Ele não estava arrependido, Q. E pretendia me fazer perder o bebê. – Rachel disse e Quinn se decidiu. Aliviada.
– Finn não pensaria nisso sozinho. – Quinn murmurou.
– Eu duvido que ele tenha tido ajuda.
– Eu não. – Quinn falou e empurrou sua cadeira para fora do quarto.
Rachel a seguiu, sem entender.
– Você! – Quinn gritou parando em frente a Elizabeth e a segurando pela gola da camiseta, para que ela não levantasse – Foi você quem ajudou ele, não foi?
– Do que você tá falando? – Liz gaguejou.
– Quinn, você tá fazendo uma acusação muito séria. – Rachel falou.
– Eu to falando do Hudson, Elizabeth. Foi você, não foi?
– Quinn? – Frannie levantou e parou atrás da irmã – O que você quer dizer com isso?
– Parece meio obvio. Finn não era esperto o suficiente pra pensar em um plano assim. Você deixou claro que queria voltar comigo, Elizabeth. Vocês nos separavam e cada um ficava com uma de nós. Mas Rachel não quis o Finn, e eu e você... Nunca demos certo.
– Eu só... Eu só te beijei, Quinn. Era tudo o que eu tinha que fazer. Eu não sabia o que ele ia fazer. Eu... Eu realmente sinto muito. Eu nunca quis que isso acontecesse. Eu só queria você!
– Eu não acredito nisso. – Wes murmurou.
– Você ajudou aquele cara a abusar da minha namorada. Você me pôs nessa merda dessa cadeira!
Quinn estava pronta para dar um soco em Liz quando Frannie a afastou da garota.
– O que você tá fazendo? – Quinn reclamou.
– Resolvendo o assunto. – Frannie disse – Você e Rachel decidem. Eu chamo a policia ou só chuto ela daqui?
– Chama a polícia, é claro! – Quinn rosnou.
– Não. – Rachel disse chamando a atenção de todos – Ela não sabia, Quinn...
– Você vai acreditar nisso? – Quinn a encarou.
– Nós já temos problemas de mais, não acha? – Rachel murmurou e sentou no colo da loira, que suspirou – Vamos só deixar ela ir embora.
– Mas...
– Quinn, eu não quero ter que lidar com isso. Com o que eles fizeram. Eu prefiro pensar que bebi muito naquela noite e fiz besteira.
– Rae...
– É mais fácil lidar com isso, Q. No final, eu não lembro de nenhuma das duas situações. Se... Se eu não tivesse engravidado, eu poderia tentar esquecer isso.
– Rachel...
– Quinn, eu só... Não consigo, tá bem? – Rachel suspirou – Só deixa ela ir. – a judia pediu escondendo o rosto no pescoço da namorada.
– Some daqui. – Quinn rosnou para Liz, que, sem pensar duas vezes, correu até o quarto da loira, pegou suas coisas e saiu da casa.

***

– Certo, povo, hora de dormir. – Frannie disse, horas depois, chamando a atenção dos mais novos – Os últimos dias foram agitados e todos precisamos descansar. Principalmente você, Rachel. Toda essa situação pode fazer mal pro meu sobrinho. – falou fazendo Quinn e Rachel sorrirem.
– É isso ai. Saiam das nossas camas! – Nick brincou.
Quinn passou para a cadeira com um pouco menos de dificuldade do que da primeira vez.
Todos desejaram boa noite e foram deitar.
Rachel e Cooper passariam a noite ali, para alguma emergência – de acordo com os dois.
Quinn não demorou a dormir.
Mas Rachel velou o sono da namorada por horas antes de conseguir pegar no sono.

***

Quinn acordou sozinha na cama no dia seguinte.
Sentou, se apoiando na cama e passou a mão pelo rosto.
A cadeira de rodas parada ao seu lado a fez respirar fundo.
Jogou a pernas para fora da cama e se ajeitou, sentando na beirada da mesma. O esforço fez suas costas machucadas doerem um pouco, mas ela ignorou.
Usando as mãos para se impulsionar, Quinn tentou se forçar a ficar em pé.
O resultado foi um tombo, que fez o corpo todo da loira doer e um barulho alto.
Rachel saiu do banheiro no segundo seguinte, e encontrou a loira chorando no chão.
– Quinn! – gritou se abaixando do lado da loira – O que aconteceu? Você se machucou? – perguntou sentando a loira em seu colo.
– Eu não consegui. – a loira disse entre soluços – Eu tentei ficar em pé. Eu queria...
– Tá tudo bem. Tudo bem, Q. Nós vamos ficar bem. Você vai ficar bem.
Frannie abriu a porta do quarto e respirou fundo ao ver a cena.
Rachel a viu e fiz um gesto com a mão para que ela saísse. Sabia que a última coisa que Quinn precisava era de mais alguém ali.
Do lado de fora do quarto, Frannie também desabou.