– Não vai mesmo me dizer onde estamos indo? – Rachel perguntou, menos de cinco minutos depois de entrarem no carro, fazendo Quinn rir.

– Eu sabia que você não ia aguentar muito tempo.

– Ah! Vamos lá, Quinn. Toda a informação que eu consegui até agora é que vamos voltar no domingo.

– É tudo o que precisa saber por enquanto.

– Por favor, Q.

– Não.

– Quinn...

– Rae, me deixa te surpreender, tá bem?

– Você vive me surpreendendo, Fabray!

– Confia em mim, Rae.

Rachel cruzou os braços e Quinn riu.

– Uma dica serve?

– É melhor que nada. – a judia concordou.

– Eu quero fazer direito dessa vez.

– Você acaba de me deixar mais confusa do que antes. – Rachel reclamou.

Quinn parou em frente a um mercado e Rachel franziu a testa.

– Eu deveria perguntar?

– Vamos precisar comer esse fim de semana.

***

As garotas já estavam no carro há duas horas, e Rachel ainda não havia cansado de tentar descobrir para onde estavam indo.

– Rae, calma. Nós já estamos chegando. – Quinn disse.

– Você está me trazendo pro meio do nada e nem quer me dizer onde vamos, e ainda se acha no direito de me pedir calma?

– Você ainda não percebeu mesmo para onde estamos indo?

– Eu deveria?

– Eu pensei que já teria percebido. Mas se não, melhor ainda.

– Por favor, Quinn.

– Só mais alguns minutos, Rae.

Rachel respirou fundo e se inclinou para mexer no rádio.

Pouco mais de dez minutos depois Quinn parou o carro e Rachel franziu a testa para a loira.

– Eu vou abrir.

– Quinn... Onde estamos?

– Você vai saber quando entrarmos. Espera um pouco.

Quinn saiu do carro e foi até o portão, o abriu e voltou para o carro.

Rachel a encarava sem entender.

Assim que passou pelo portão, Quinn desceu do carro, o fechou, e voltou a dirigir para dentro da propriedade.

A loira estacionou em frente a uma cabana e sorriu para a namorada.

– Me espera aqui. Só vou deixar nossas coisas e vamos para o lugar onde realmente vamos ficar até a noite.

– Não é como se eu tivesse muitas opções. – a judia reclamou.

Quinn riu e se inclinou para dar um selinho na judia antes de descer do carro.

A Fabray deixou as malas dentro no quarto, encarando o espaço arrumado e respirou fundo.

– Kitty? – chamou.

– Capitã. – a loira apareceu e Quinn sorriu.

– Obrigada por ter arrumado tudo isso.

– Sem problemas. Vou guardar as malas e pôr as coisas na cozinha pra você.

– Muito obrigada. Vou ficar te devendo essa.

– Não é nada, capitã.

– Me chame de Quinn, tá bem?

– Claro.

– Você...

– Não se preocupe comigo. Daqui a pouco eu vou embora.

– Ótimo. Já está começando a escurecer e pode ser perigoso se você demorar muito. Vou ir antes que ela desconfie.

– Ok.

– Obrigada Kitty. – Quinn agradeceu já saindo do quarto.

Quinn desceu e encontrou Rachel já saindo do carro.

– Demorou.

– Eu estava arrumando algumas coisas. Vamos? Você vai finalmente se localizar.

– Até que enfim. – Rachel disse entrando novamente no carro e Quinn riu, entrando ao lado dela.

A loira não levou nem mais cinco minutos no volante antes de parar o carro novamente.

– Sabe onde estamos agora? – Quinn sorriu.

– Eu não acredito. Como você...?

– Eu tive uma ajuda. – Quinn sorriu – É claro que estamos do outro lado do rio. Você sabe, teríamos que atravessa-lo pra chegar até o acampamento. Não é exatamente o lugar do nosso primeiro beijo... Ou o primeiro de que eu me lembro, pelo menos. Mas é o mais próximo que eu consegui chegar.

– Quinn... – Rachel desceu do carro e a loira a seguiu, vendo o sorriso no rosto da namorada.

Rachel parou na beirada do lago, encarando o outro lado, e Quinn a abraçou por trás, dando um beijo de leve no pescoço da namorada.

– Tem um motivo especial para estarmos aqui?

– Estamos fazendo seis meses de namoro. Esse é o motivo especial. – Quinn sussurrou – Quando estivemos aqui há seis meses, nós falamos sobre como esse lugar é romântico. Eu lembro que me imaginei em um piquenique aqui...

– Com a Liz. – Rachel a interrompeu.

– Seis meses depois eu estou voltando com quem eu realmente devia ter me imaginado. – Quinn virou a judia de frente e Rachel passou os braços pelo pescoço da namorada – Seis ótimos meses, eu devo dizer. Menos aquela semana que a gente brigou. – disse fazendo Rachel rir.

– Eu amo você, Q.

– Eu também te amo. Muito. – Quinn sorriu – Queria fazer algo assim pra você quando fizéssemos um ano, mas até lá vamos estar em Nova York, então...

– E o que temos planejado?

– Algumas coisas que você ficara sabendo no decorrer do fim de semana.

– Poxa. – Rachel fez bico e Quinn lhe deu um selinho, se afastando da namorada.

– Trouxe umas lanternas. É melhor acender antes que fique muito escuro.

– Posso saber ao menos o que vamos fazer agora?

– Nesse exato momento, eu vou ligar para Frannie e você para os seus pais para avisar que chegamos. Depois a gente pensa no resto. – piscou.

As garotas ficaram ali, sentadas na grama, conversando e comendo os lanches que Quinn tinha levado, enquanto a loira parecia realmente determinada a mimar Rachel aquele dia, e a judia não estava achando ruim.

Por volta das onze e cinquenta Quinn já estava pensando que seu plano – ou parte dele – poderia ir por agua abaixo se Rachel dormisse ali, encostada nela enquanto as duas observavam o céu.

A loira desviou o olhar para a mão da namorada entrelaçada na sua e passou o polegar de leve pelo dedo da judia onde a aliança de namoro deveria estar.

– Sinto muito ter perdido. – Rachel disse – Eu realmente não sei o que aconteceu. Eu tirei ela para tomar banho e coloquei na cômoda, como sempre faço, mas quando eu fui pegar ela não estava mais lá. Eu procurei pela casa inteira e não achei.

– Tudo bem. – Quinn sorriu.

– Eu vi que você tirou a sua também. – Rachel murmurou e Quinn voltou a olhar para cima.

– Não tem um significado se só uma das duas usar, não é?

– Sinto muito.

– Tá tudo bem. – Quinn deu um beijo na cabeça da judia e Rachel suspirou.

– Você faz essas coisas todas por mim, e...

– Rachel, para com isso, tá bem? – pediu olhando para o relógio – Eu já disse que podemos comprar outra.

– Por que você não para de olhar para esse relógio? – Rachel perguntou, realmente curiosa. Quinn estava olhando esse relógio há quase uma hora, praticamente a cada dois minutos.

– Por que eu tenho uma surpresa pra você exatamente a meia noite.

– Surpresa, é?

– Bom, mais ou menos. – Quinn sorriu levantando e levando a judia com ela – Temos três minutos antes que eu comece. Tem alguma ideia do que podemos fazer nesses três minutos?

– Faltam três minutos pra meia noite? – Rachel franziu a testa.

– Oito, na verdade. Mas eu preciso de uns cinco minutos antes. – brincou.

– Hum... Eu tenho uma ideia. – Rachel sorriu e se aproximou ainda mais de Quinn, a beijando.

– Assim eu perco hora. – a loira brincou se afastando um pouco da judia.

– Eu não ligo.

– Mas eu sim. – Quinn murmurou.

O celular de Quinn começou a tocar e a loira se afastou de Rachel para pegar o aparelho.

– Santana é mesmo uma vaca. – reclamou vendo o nome da latina na tela.

– Não vai atender?

– Não. Eu sei o que ela quer, e seja o sim ou o não eu posso esperar até segunda para saber.

– Sim ou não? – Rachel a encarou confusa.

– Acho que Dani vai gostar de contar ela mesma pra você. – Quinn digitou uma mensagem rápida para a latina e se aproximou do carro, jogando o celular lá dentro.

– Santana vai...?

– Esquece ela, tá bem? Esse fim de semana é nosso. E meu tempo está acabando, então... – Quinn parou em frente a judia e respirou fundo – Primeiro de tudo, não me mate.

– O que?

– Rachel, eu amo você. E seis meses atrás, quando começamos a namorar... Eu estava bem confusa, por que tinha acabado de sair de um relacionamento e... Bem, eu não fiz isso do jeito certo. Então, Rachel. Rae. Você já é minha namorada. Minha garota. E eu sei que você merece mais que um “se vamos ter um relacionamento, vai ser um de verdade”. Eu deveria ter me ajoelhado e perguntado com todas as letras se você queria ser minha namorada. Devia ter feito isso no segundo em que nos beijamos sentadas aqui, para logo depois voltarmos para o acampamento e continuar com os beijos longe dos olhos daquelas garotas. – disse fazendo Rachel dar uma risada fraca – Eu deveria ter te pedido em namoro quando nos beijamos pela primeira vez. Eu queria que o beijo no lago tivesse sido nosso primeiro. Por que, serio, uma boate? Onde é que a gente tava com a cabeça aquele dia?

– No álcool?

– Seja como for – Quinn se segurou para não rir – você não teve um pedido descente.

– Quinn...

– Então – a loira não a deixou falar – Rachel Berry, eu demorei seis meses pra fazer isso, mas antes tarde do que nunca. – Quinn tirou uma caixinha do bolso e abriu em frente a Rachel, que a encarou com a testa franzida.

– Minha aliança.

– Rachel Barbara Berry. Minha Rae. Namora comigo?

– Quinn...

– Espera aí. – Quinn disse olhando o relógio.

– O que?

– Ainda não é meia noite e eu não quero mudar a data do nosso aniversario. E... Pode falar. – Quinn disse fazendo Rachel rir.

– Você pode me pedir um milhão de vezes Quinn. Minha resposta vai ser sempre sim.

Quinn abraçou a judia, ambas rindo.

– Quer sua aliança de volta? – Quinn sorriu.

– Como você pegou?

– Seu pai pegou pra mim. Mandei gravar nossos nomes.

A loira colocou o anel novamente no dedo de Rachel e a judia a beijou.

– Vamos voltar pra cabana? – Rachel pediu.

***

– Quinn, está tudo bem? – Rachel perguntou quando pararam em frente a cabana e Quinn respirou fundo duas vezes antes de largar o volante.

– Claro. Eu... Rae, eu quero conversar antes de entrarmos.

– O que houve?

– Tem mais... Uma surpresa pra você. Lá dentro.

– E por que você está nervosa desse jeito?

– Eu só não quero que você... Olha, só se sinta à vontade para... Dizer não ou... Se você não quiser...

– Quinn. – Rachel a interrompeu – Me leva pra dentro, e lá a gente conversa, tá bem?

– Tá. Claro.

Quando Quinn destrancou a porta, a loira praticamente tremia, e Rachel teve que se segurar para não rir.

Quinn a guiou até o quarto, onde suas coisas estavam e Rachel parou olhando tudo em volta.

– Quinn isso é... Uau.

– Gostou?

– É perfeito.

Rachel parou de encarar as rosas pelo quarto e o coração formado por elas na cama e puxou Quinn para si, a beijando.

– Você quer tomar um banho? – Quinn murmurou, se afastando um pouco da namorada.

– Não me faça disser em voz alta o que eu quero Quinn.

Como resposta, a loira voltou a beija-la.

***

– Bom dia. – Rachel murmurou ainda de olhos fechados e Quinn sorriu.

– Há quanto tempo está acordada?

– Há tempo o suficiente pra saber que faz tempo que você está me olhando.

– Você é perfeita, sabia?

– Você faz tudo o que faz, e eu que sou perfeita? – Rachel riu um pouco, abrindo os olhos para encarar a namorada.

– É sim.

– Você estava bem nervosa ontem à noite. – Rachel comentou e Quinn corou.

– Eu... Estava com medo de você não querer. – confessou.

– Quero isso há muito tempo, Q. – murmurou entrelaçando a mão na da loira.

– E você... Hum... O que você achou?

– Você foi perfeita.

– Bom. É... – Quinn suspirou e Rachel sorriu para a loira.

– Você não estava realmente preocupada com isso, estava?

– Eu estava preocupada com você não querer, não gostar, de acabar te machucando, de...

– Você estava preocupada com bastante coisa. – Rachel murmurou franzindo a testa e erguendo a cabeça apoiada no peito da loira para olha-la, e Quinn deu um sorriso nervoso – Quinn, você...

– Eu...?

– Você realmente... Queria também?

– É claro que sim! Eu só... Fiquei um pouco nervosa. Você sabe, eu acho que pensei muito sobre isso.

– Você precisava relaxar. – Rachel resmungou.

– Ah! Você me ajudou muito com isso. – Quinn deu um sorriso malicioso e Rachel riu.

– Fico feliz por isso.

Quinn se inclinou para dar um selinho na namorada e Rachel segurou a namorada pelo pescoço, aprofundando o beijo.

Quinn aproveitou a oportunidade para empurrar a namorada na cama, se aconchegando em cima dela enquanto a beijava.

– Nós vamos fazer de novo, não vamos? – Rachel murmurou.

– Só se você quiser.

A resposta da loira foram as pernas da namorada em volta da sua cintura, a puxando para mais perto.

***

Quinn estava na cozinha arrumando o café da manhã das duas, após tomar seu banho e deixar Rachel tomando o dela, quando seu celular tocou.

Ela colocou o suco da judia na mesa e pegou o aparelho, vendo a mensagem de Frannie.

Respondeu a mais velha rapidamente e voltou para o que fazia antes.

Não demorou para que Rachel descesse, abraçando a namorada por trás e ficando na ponta dos pés para apoiar o queixo em seu ombro.

– O que está fazendo?

– Bacon. Espero que não se importe, mas preciso... Repor as energias. – piscou para a menor que riu, indo para a mesa, onde o seu café da manhã já estava pronto.

– Não me importo. Não quero que você se sinta na obrigação de comer comida vegan, Quinn. Já disse isso.

– Eu sei, Rae. Só pra garantir.

Quinn colocou a carne em um prato e sentou ao lado de Rachel, dando um beijo na bochecha da garota antes de começar a comer.

– Então, vai me dizer o que vamos fazer hoje, ou é surpresa? – Rachel perguntou, arqueando a sobrancelha após comerem em silencio por algum tempo e Quinn riu.

– Bom, eu pensei em fazermos uma caminhada, nadarmos um pouco, e tem uma tirolesa da cachoeira pro rio. Eu também trouxe uns filmes, e podemos fazer pipoca e aproveitar o dia aqui. Você escolhe.

– Acho que vou ficar com a tirolesa. Por enquanto. – Rachel sorriu – Ainda bem que não tirei o biquíni que meu pai colocou na mala.

– Pedido meu. – Quinn sorriu.

– Se ele não tivesse colocado, eu não teria roupa pra entrar na agua... – Rachel arqueou a sobrancelha.

– Vou queimar seu biquíni. – Quinn avisou arrancando uma gargalhada da judia.

As duas se encararam por alguns segundos e Quinn se inclinou para a namorada, lhe dando um selinho.

– Eu amo você.

– Eu também amo você, Rae. Você não faz ideia do quanto eu te amo.

– Bom, se for tanto quanto eu te amo, a gente podia se mudar pra cá que o mundo lá fora não ia me interessar nunca mais.

– A gente só precisa se livrar dos celulares. – Quinn sorriu.

– Proposta tentadora. Falando em celular, alguém ligou? – Rachel se afastou da loira, terminando o que restava do seu café.

– Frannie me mandou uma mensagem agora a pouco. Mas é bom você checar seu celular, pra ter certeza que seus pais não ligaram.

– Vou ligar pra eles antes de irmos pro rio e avisar que não vou estar com o celular.

– Faça isso. – Quinn disse levantando e tirando os pratos da mesa.

– Q. – Rachel chamou e Quinn se virou para a namorada – Obrigada.

– Do que exatamente estamos falando?

– De tudo. Da noite de ontem, de todos os nossos outros aniversários. Por ser gentil, carinhosa, paciente quando eu tenho minhas crises. E não são poucas. Obrigada... Por me amar.

– Rae. – Quinn se aproximou de Rachel e estendeu a mão para a morena, a puxando para perto e a abraçando – Sou eu quem tenho que te agradecer. Eu não teria conseguido... Superar... Tudo o que aconteceu sem você.

– Eu te amo, Q.

– Eu também te amo, Rae.

As garotas se beijaram e Quinn, quando se afastou da morena, escondeu o rosto no pescoço da namorada.

– Vai ligar pros seus pais que eu vou limpar isso aqui, e a gente vai dar uma volta.

– Não quer ajuda?

– Não precisa. Tem pouca coisa.

– Tudo bem. Mas eu cuido da nossa janta, então.

– Feito.

As garotas deram um selinho e Rachel voltou para o quarto enquanto Quinn ficou encostada na pia, observando Rachel sumir no corredor.

– Se continuar assim, vou ser a próxima a propor casamento. – murmurou para si mesma, sorrindo.