Por algum motivo, Puck tinha resolvido assumir que tinha sido infantil e se desculpar com Quinn. Por um motivo obvio, Quinn o ignorou durante a semana inteira. No fim da semana o judeu já estava quase desistindo da loira.

As apresentações para a lição da semana do grupo inteiro haviam sido incríveis. A maioria se apresentou na sexta, e Will prometeu anunciar o ganhador até o começo da semana seguinte – ele estava realmente em duvida.

Na sexta Quinn finalmente fez seu exame para tirar a carteira de motorista, e não teve dificuldades para passar.

Na realidade, a única dificuldade que Quinn encontrou durante toda aquela semana foi Rachel e sua vontade repentina de leva-la a um encontro, ao invés do contrario – e, depois de uma quase discussão na quarta-feira, a judia levou a melhor.

No sábado de manha Quinn estava em frente ao espelho, terminando de se arrumar – e realmente ansiosa para descobrir os planos da namorada – quando Frannie entrou no quarto sorrindo.

– Hey, coringa. Demorou para chegar ontem. Onde estava?

– Sai.

– Por esse sorriso na cara, deduzo que estava com a corrida e só chegou hoje.

– Eu voltei ontem, mas você já estava dormindo.

– Então estava mesmo com o Cooper?

– Estava. – Quinn deu um sorriso malicioso e Frannie ficou vermelha – Ele só me levou para jantar.

– E o prato principal era o que? Filé de Cooper? – riu.

– Era pra ser engraçado? Por que não foi engraçado.

– Chata.

– Ele me pediu em namoro.

– Finalmente. – Quinn sorriu – Fico feliz por vocês.

– E você, aonde vai?

– Rachel não quis me contar.

– Espero que tenha escolhido uma lingerie bonita.

– Deixa de besteira Frannie. – Quinn revirou os olhos e voltou a se encarar no espelho – Você acha? – perguntou depois de algum tempo em silencio.

– Você quem tem que saber. Ela pareceu querer alguma coisa ultimamente?

– Não. Quero dizer... Só o de sempre.

– Não quero nem saber o que isso significa.

– Será, Fran? – Quinn virou para a irmã – Eu... Eu não... Sei se to pronta pra isso ainda.

– Bom, se ela tentar, diga a ela.

– Por garantia, acho melhor trocar. – a loira murmurou e correu até a gaveta, arrancando uma risada de Frannie.

– Quinn, não faça algo que vá se arrepender.

– Não vou, Fran. – a loira falou e virou para a mais velha – Qual das duas?

– Quinn, se você acha que vocês podem... – Frannie respirou fundo – Temos que conversar sobre isso.

– Eu já tive essa conversa com Judy, obrigada.

– É, mas foi sobre como seria dormir com um garoto, não com uma garota.

– É a mesma coisa.

– Não é não.

– Fran, você já...?

– Com uma garota nunca. – Frannie respondeu – Mas... Eu andei pesquisando sobre o assunto.

– Você o que?

– Não sobre como é, mas... Sobre como é.

– Isso não fez sentido.

– O que eu to dizendo, Quinn, é que... Não é por que você vai dormir com uma garota que não precisa usar camisinha, ou...

– Pelo amor de Deus Frannie, cala a boca.

– Você vai ter que falar com alguém Quinn!

– Não vou não. Eu não quero.

– E ai você pega uma doença, acaba...

– Por favor, Frannie, não tenta fazer isso.

– Vamos fazer um trato então, certo? Você vai pesquisar sobre isso e vai vim falar comigo depois, tá bem?

– Tá. – Quinn murmurou ficando vermelha.

– Ótimo. – Frannie suspirou – Que horas a Rachel vem?

– Ela disse que passava as onze.

– E por que você ainda não está pronta? Já são dez pras onze, Lucy!

– Puta merda! – Quinn jogou as peças que segurava de volta na gaveta e correu pra frente do espelho.

– Quinn... Você tem alguma amiga lesbica?

– Só Santana e Dani. Por quê?

– Nada. A gente se fala depois.

***

– Um dos três únicos lugares em Lima que vende comida vegan e a atrocidade que fazem com os porquinhos e você come. – Rachel disse quando pararam em frente a um restaurante e Quinn riu.

– Você sabe que eu não me importaria em comer comida vegan, certo?

– Eu sei.

Rachel desceu do carro e Quinn a seguiu.

Não demorou para ambas estarem sentadas, e Quinn com o cardápio na mão.

– Não vai escolher? – a loira arqueou a sobrancelha e Rachel sorriu, negando com a cabeça.

– Venho bastante aqui. Não preciso do cardápio.

– Tudo bem então. – Quinn fechou o cardápio e sorriu para a judia – Você sabe do que eu gosto. Me surpreenda.

Rachel riu, e chamou o garçom. Fez os pedidos e se virou para a namorada.

– E então, o que achou do lugar?

– É bonito e calmo. Gostei. Perfeito para um encontro.

– Sabia que ia gostar.

– E daqui vamos para onde? – Quinn perguntou pegando a mão da namorada por cima da mesa, e Rachel balançou a cabeça negativamente.

– Você só vai saber quando chegarmos lá.

– Poxa, Rae. – Quinn fez bico.

– Pode ficar tranquila. Eu sei que você vai gostar. – Rachel se inclinou para dar um selinho na namorada e Quinn ficou vermelha.

– E como você sabe?

– Conheço minha namorada. – deu um sorriso de lado e Rachel franziu a testa – Está tudo bem, Quinn?

– Claro. – a loira sorriu.

– Mesmo? Por que você tá meio estranha desde que saímos.

– Não é nada. É só... Uma conversa que eu tive com Frannie.

– Vocês brigaram?

– Não.

– Me fala o que aconteceu, Q.

– É só... Deixa pra lá, tá bem?

– Nos podemos falar sobre tudo, não e? – Rachel disse e Quinn suspirou.

– Frannie queria falar comigo sobre sexo. – Quinn disse e Rachel segurou a risada – Não ria Berry!

– Desculpa. O que foi que ela disse que te deixou assim?

– Nada, eu só... Acho desnecessário.

– Bom você vai ter que falar com alguém um dia. Mas não acho que seja preciso agora.

– Vamos aproveitar, sim? – Quinn sorriu e se inclinou para perto de Rachel – Me faça esquecer esse assunto, senhorita Berry. – Quinn deu um selinho na namorada e as duas voltaram a conversar sobre assuntos aleatórios.

A verdade é que Quinn tinha ficado nervosa com a possibilidade de Rachel querer algo a mais. Sabia que, se a morena tentasse, ela acabaria cedendo, mesmo que tivesse certeza que não estava pronta para aquilo.

Depois de almoçarem – e Rachel praticamente bater em Quinn quando ela falou em pagar a conta – as garotas voltaram para o carro enquanto Quinn tentava arrancar qualquer dica de Rachel sobre onde estavam indo.

– Eu não vou dizer nada, Quinn. – Rachel ria – Não adianta.

– Só uma dica?

– Tudo bem. Vamos fazer uma coisa que você nunca fez. Pelo menos eu acho que não. – Quinn cruzou os braços e encarou a judia, que riu – Já dei minha dica.

– Por que você não quer me contar?

– Por que é surpresa. Eu quero te surpreender, Quinn.

– Mas...

– Hey, não vamos demorar para chegar, tá bem? Só espere um pouco.

– Tudo bem. – Quinn resmungou e virou para frente, ainda com os braços cruzados.

– Você já me surpreendeu bastante na terça, Quinn. Quero retribuir. Mesmo que não vá nem chegar perto.

– Eu só quero aproveitar o dia com você, Rach.

– Eu sei meu amor. – Rachel sorriu.

Alguns minutos depois, as duas entraram em algo parecido com um clube, e Quinn franziu a testa.

– Ok. O que viemos fazer aqui?

– Brincar um pouco. – Rachel sorriu e Quinn engoliu em seco – Já jogou paintball?

A loira respirou fundo antes de sorrir para a namorada.

– Isso não se joga em times?

– Eu contra você hoje. – Rachel sorriu.

– Quem perder paga o jantar?

– Eu não vou te deixar ganhar, Fabray. E você não vai pagar nada. – Rachel deu um sorriso de lado – Nem vai ter o que pagar. – murmurou antes de descer do carro.

Quinn desceu logo depois, e foi ate a judia, que mexia no porta malas do carro.

– Você é tão viciada assim em paintball que já tem até o equipamento?

– Eu e meus pais jogamos bastante. – Rachel sorriu e fechou o porta malas, colocando a mochila no ombro e começou a guiar a loira – Vamos alugar o seu hoje, mas, se gostar, podemos comprar um quando estivermos saindo.

– E qual o objetivo?

– Bom, como só estamos nós duas, dois instrutores vão jogar com a gente. Um fica com você e o outro comigo. Mas eles só vão estar lá pra atrapalhar a gente, por assim dizer. Os tiros deles são de uma cor diferente e não valem nada. Estão lá só para desorientar uma e proteger a outra. Nós temos que atirar uma na outra. Quem estiver mais suja no final, perde. Pelo menos foi assim que eu e meu pai jogamos em um dia que viemos só os dois.

– E isso não machuca?

– Uma bolada com força na queimada dói mais.

Assim que chegaram ate a área do jogo, Quinn percebeu que Rachel realmente ia muito ali, afinal, conhecia a maior parte dos funcionários.

Ambas se trocaram e Quinn recebeu as instruções necessárias.

Quando ficaram prontas, ainda tinham dez minutos antes do horário reservado por isso, Quinn ainda teve que ouvir duas mil recomendações da judia também.

Assim que entraram no campo, cada uma foi para uma ponta dele.

– É a primeira vez dela. – Rachel avisou o instrutor que estava ao seu lado – Pega leve, tá bem?

– Vai deixar ela ganhar?

– Eu não disse isso.

O alarme soou logo depois, e o jogo começou.

***

– Eu te deixei ganhar. – Rachel reclamou algumas horas depois.

Depois de saírem do paintball, as duas ainda continuaram no local, aproveitando algumas das outras atividades que o lugar oferecia – o que passou desde uma caminhada ao ar livre ate uma descida de tirolesa, o que acabou fazendo com que Quinn descobrisse que Rachel adora uma aventura, e a morena que a loira tinha medo – pavor – de altura.

– Não deixou não. – Quinn ria – Venci honestamente.

– Tanto faz. Só não espalha por ai.

– Pode deixar.

Rachel fechou o porta malas, onde guardava o seu equipamento e se encostou nele, passando o braço pela cintura da loira, a puxando para perto de si.

– Você ficou com alguma marca?

– Você mal me acertou Rachel. – Quinn riu – Você ficou?

– Eu já estou acostumada. Vem, vamos para nossa ultima parada.

– E onde é?

– Outra surpresa. – a judia respondeu pegando o celular e mandando uma mensagem, o que fez Quinn arquear a sobrancelha para ela – Vamos. – a puxou para o carro guardando o aparelho.

***

– Sua casa? – Quinn perguntou meio desconfiada.

– Minha casa. – Rachel sorriu – Não se preocupe. Meus pais saíram.

Assim que chegaram na sala Quinn parou, olhando em volta.

– Uau.

– Gostou? – Rachel murmurou parada atrás dela.

– Isso é... Uau.

A loira mal podia identificar o lugar.

Os sofás haviam sido afastados e dado lugar a varias almofadas jogadas pelo chão do cômodo praticamente inteiro, porem, a uma distancia segura das velas tão estrategicamente colocadas que Quinn tinha certeza que, se prestasse atenção, ia encontra um padrão ou até um desenho ali.

A mesinha de centro tinha, ao invés dos quadros de costume, uma vela, duas taças e dois guardanapos com talheres em cima.

– Eu sei que e tudo muito clichê, mas... Eu acho que a maioria das melhores ideias é.

– Você é louca. – Quinn murmurou – Quero dizer, você deixou essas velas acessas o dia todo? Não teve medo de por fogo na casa?

– Eu não sou tão louca assim, Quinn. – Rachel riu – Meus pais acenderam as velas antes de sair. Na verdade, eles ficaram aqui até eu estacionar. Saíram pelos fundos depois. Pelo menos, foi o que a gente combinou. – Rachel confessou dando de ombros.

– Então foram seus pais que arrumaram tudo?

– Hey! Não tire meu mérito. Só o que eles tiveram que fazer foi acender as velas e esquentar o jantar. Eu já deixei tudo pronto. A sala está assim desde ontem, para ser honesta. – a judia disse e Quinn riu.

– Você não existe. – Quinn virou para a judia, a puxou para si e a beijou – Eu te amo.

– Eu também te amo Q. – Rachel sorriu – Agora, você fica sentada ai que eu vou buscar o jantar. Espero que não se importe, mas só sei fazer comida vegan.

– Tudo bem. – Quinn sorriu – Eu ate que gosto.

– Poderia aderir. O que acha?

– Que eu gosto muito de bacon.

Depois de comerem, as duas sentaram nas almofadas e Rachel sorriu para a loira.

– Tudo bem, hora do seu presente. – Rachel disse e tirou um embrulho – grande demais para estar escondido ali, por sinal – do meio das almofadas, o que fez Quinn rir.

– Você planejou tudo, não é mesmo?

– Cada detalhe. – Rachel sorriu – Abre.

A loira abriu o presente e encarou a caixa por alguns segundos.

– Rachel... Isso... Caramba.

– Você me disse uma vez que gosta e até tinha a maioria, mas acabou deixando na casa dos seus pais, então, eu pensei: por que não?

– Rachel... Eu não sei o que dizer.

– Que gostou estaria bom.

– Eu adorei Rach. Tudo bem, sua vez.

A loira deixou o box com as dez temporadas de Friends ao seu lado para tirar a caixinha do bolso.

– Eu... Espero que goste.

Assim que Quinn abriu a caixinha, Rachel abriu a boca em um perfeito “O”.

– Quinn, isso... Isso é... – gaguejou.

– Aliança de compromisso. Eu... Sei que pode ser cedo de mais, mas... Eu amo você, Rach. E eu quero que todos saibam que você é minha. E como eu não posso te fazer andar com uma placa dizendo isso por ai... – brincou fazendo a judia rir.

– São lindas Quinn.

Quinn sorriu, pegou a aliança de Rachel e estendeu a mão para ela.

– Posso?

A judia deixou que a loira colocasse o anel em seu dedo, e fez o mesmo com ela.

As garotas aproveitaram o que ainda restava do sábado conversando, assistindo um filme e – o que ambas elegeram como a melhor parte do dia, mesmo que não fossem falar isso em voz alta – perdendo a maior parte dele.

Por volta das onze da noite, Rachel levou Quinn para casa, e a loira riu quando a judia fez questão de leva-la até a porta.

– Você sabe que não precisava vir até aqui, certo?

– E perder meu beijo?

– Eu te beijaria no carro.

– E perder sua companhia?

Quinn sorriu para a judia, passou o braço sobre os ombros dela e a beijou.

– Vamos parar de pegação na frente da minha casa? – a voz de Frannie fez as duas se afastarem rápido de mais, e a mais velha riu – Boa noite Rachel.

– Boa noite Frannie.

– Isso é hora de trazer minha irmã pra casa? – brincou.

– Cala a boca Franciele! – Quinn rosnou.

– Eu vou indo. – Rachel deu um sorriso de lado – Daqui a pouco meus pais chegam em casa e eu quero chegar antes deles.

– Tá bem. – Quinn lhe deu um ultimo selinho antes de entrar, empurrando a irmã para dentro.

– Tchau Rachel! – Frannie gritou rindo.

– Tchau. – a judia suspirou antes de voltar para o carro.