Do tamanho de uma colher de chá escrita por Alexandra Watson


Capítulo 1
Deve ser mal de Weasley, não é possível


Notas iniciais do capítulo

Bem, nem tenho muito o que dizer aqui, só que espero que gostem.
*Divirtam-se*



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- Por Merlin, Ronald, só esqueça isso! – era a terceira vez que ela dizia isso desde que recebera a mensagem. Havia uma coruja esperando por ela, batendo na janela com uma carta no bico. – Depois você reclama que eu digo que sua sensibilidade é tão grande quanto uma colher de chá – este último foi um pensamento alto.

A sala de estar, embora completamente arrumada, parecia dentro de uma guerra só pelo clima tenso e de constantes ataques. Estavam no apartamento de Hermione, um lugar que ganhara de seus pais assim que saiu de Hogwarts e começou os estudos para entrar no ministério da magia. Fazia quase três anos desde que morava ali e constantemente, se não sempre, o ruivo lhe fazia companhia.

- Não, Hermione! Como eu posso esquecer de uma coisas dessa sendo que me afeta profundamente?

- Isso não te afeta em nada, Ronald. É só um jantar de amigos – mesmo estando nesse dilema a duas horas – ou deveria dizer desde o quarto ano? – ele ainda via sim problema em ver sua namorada perto de um certo búlgaro.

- De novo? Vocês jantaram juntos mês passado, Hermione, por que precisa ver esse cara de novo?

- Pra conversar, você sabe disso. Nós somos amigos, só isso e ele acabou de chegar na cidade, pra ter um intervalo entre os jogos.

- Ele é totalmente afim de você, Hermione, você só não vê o que está na sua frente – ele olhou diretamente nos olhos dela e não mediu os efeitos de suas próximas palavras. – Ou talvez veja e só esteja comigo porque ele não pode ficar muito com você por aqui.

Ele queria não ter dito aquilo, se arrependeu assim que a última sílaba deixou sua boca. A expressão dela o cortou como mais de cem facas.

- O que? – ele andou até ela, mas uma mão ficou parada em seu peito, impedindo-o de chegar até ela. – Como pode dizer isso, Weasley? – pior do que chamá-lo de Ronald, era usar seu sobrenome que, quando não usado de uma forma sedutora pela morena, era porque estava a ponto de explodir com ele.

- Herm, desculpe, eu...

- Não, Ronald, eu não desculpo – ela lutou contra algumas lágrimas, não permitindo que estas escapassem. – Vai dizer o que? Que não teve a intenção de dizer isso? Que não acha que no fundo isso é verdade? – ela andava em direção a ele e o mesmo recuava. – Pois eu lhe digo uma coisa, Ronald Bilius Weasley, se fosse pra eu ficar com ele, já estaria a muito tempo porque, diferentemente de outras pessoas, ele não levou quatro anos só pra perceber que eu era uma garota.

Ela atingira seu ponto fraco em relação a insegurança e sabia disso. Sabia que, a única pessoa para quem ele tinha medo de perder era Victor Krum e que, quando ele ligava para ela convidando-a para um jantar para colocarem a conversa em dia, ele ficava extremamente inseguro em casa e depois extremamente aliviado quando ela lhe ligava avisando que chegou em casa. Mas ela não podia evitar, Victor se mostrara um ótimo amigo assim que deixou claro que estava com outra pessoa, sem tentar nenhuma vez dar em cima dela ou acabar com seu relacionamento, pelo contrário, perguntava como os dois estavam e parecia verdadeiramente satisfeito ao ver que ela estava feliz.

- Bem, então por que não está com ele, já que ele nota tão bem as coisas?

- Você sabe muito bem porque, Ronald – ela cruzou os braços e esperou uma resposta dele.

- Na verdade, não, não sei. Não vejo um só motivo pelo qual você esteja comigo ao invés dele.

- Quer saber? Talvez você deva ir pensar sobre isso, na sua casa – ela descruzou os braços. – Saia da minha casa, Weasley.

- Hermione – ele tentou, mas ela não se conteve e apontou para a porta.

- Saia da minha casa, Ronald! Agora! – as lágrimas vieram dessa vez, ele notou. Tentou novamente se aproximar, mas ela virou o rosto e ele desistiu, derrotado. Murmurou um “boa noite” e fechou a porta atrás de si.

Ela foi até a mesma e socou-a com a mão direita, antes de trancá-la e desabar no sofá. Sorte que era sexta-feira à noite, então não teria que se preocupar com acordar cedo para o trabalho na manhã seguinte. E nem com a péssima aparência que teria, com certeza. Ela odiava brigar com Ronald, ainda mais por motivos estúpidos como esse.

Era sempre a mesma coisa, ela marcava alguma coisa com Victor e ele lhe torrava a paciência até o momento de ela sair de casa. Mas ele nunca fora tão idiota e inseguro quanto hoje. E ela odiava essa insegurança nele, porque ele passava a duvidar dela por causa disso. Parecia que cada “eu te amo” que ela dissera antes não valeram de nada. Ele parecia não confiar nela o suficiente, não confiar em seus sentimentos o suficiente para deixar que ela fosse normalmente a um jantar com Victor. Claro, ele já tentara conquistá-la, mas isso foi a anos.

Foi pensando em tudo isso, com a cabeça girando a mil, que ela tomou um dos remédios trouxas para dor de cabeça que as mãe insistiu (e agora ela agradecia) para que continuasse a usar e esse, em especial, sempre lhe dava sono. Minutos depois de se deitar em sua cama, sem nem ao menos trocar de roupa, caiu no sono.

“Ela sabe que ele gosta dela”, ele pensava enquanto caminhava até um ponto estratégico para poder aparatar. “Um dia ele simplesmente vais e declarar pra ela e ...”, ele parou um instante. E o que? Ela iria deixá-lo? Troca-lo por um jogador famoso? Ele sabia que essa não era Hermione, sua Hermione. A menina que esperara pacientemente até que ele percebesse que ela era uma garota, que viu e sofreu assim que ele se deixou cair nas graças de uma outra menina qualquer, a Hermione que cansara de esperar e tomara a iniciativa mostrando, o que ele pensava não existir, que ela correspondia aos sentimentos dele. Ele não duvidava dela ou do que ela sentia, mas a ameaça que aquele búlgaro que ele tanto odiava lhe transmitia fazia com que pensasse em coisas horríveis, como duvidar dela.

Chegara ao beco perto do prédio onde ela morava e aparatou até a toca. Por sorte, todos estavam dormindo, já que dissera que iria passar a noite no apartamento de Hermione. Subiu as escadas com o maior cuidado possível para não acordar os pais e a irmã que dormia no quarto ao lado. Eram os únicos dois filhos que ainda moravam lá, mesmo que em praticamente todos os finais de semana ela estivesse lotada pelo restante da família. Não seria diferente no próximo domingo, ainda mais por ser aniversário de casamento de Gui e Fleur, no qual eles dariam um almoço.

Levou alguns minutos tomando banho e se trocando, antes de tirar algumas coisas de cima da cama e se jogar nela. Não dormiu até ter planejado completamente como iria pedir desculpas e uma certa morena no dia seguinte.

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Ela acordou com uma luz fraca em seus olhos. Levantou-se vagarosamente e ficou alguns segundos sentada na cama lembrando da noite anterior. Um barulho na janela despertou-a de seus devaneios e ela foi até ela. Uma coruja cinza esperava com uma carta no bico, a coruja de Krum. Ela abriu a janela e pegou a carta. Era uma confirmação, para saber se ela poderia sair para jantar com ele. Respondeu prontamente, indicando hora e lugar, alimentou a coruja e mandou-a de volta. Foi até o banheiro e se permitiu demorar um pouco mais por lá. O rosto marcado e as olheiras diminuíram depois do banho, mas ainda eram um pouco perceptíveis, porem ela não ligou.

Era cedo ainda, resolveu adiantar alguns trabalhos antes do almoço para que pudesse ficar livre à tarde. Saiu do banheiro, secou levemente os cabelos e vestiu um shorts jeans velho, um suéter velho de Ron e chinelos.

Sim, ela estava brava com ele, mas, por Merlin, sentia falta do ruivo. Pegou alguns papéis e livros e levou-os para a cozinha. Deixou-os em cima da mesa, preparou um rápido lanche e se sentou à mesa. Precisava fazer um pequeno relatório sobre os abusos a elfos domésticos, para terça-feira. Gostava de seu trabalho, estágio definiria melhor o que aquilo era. Recebia um bom salário do Ministério para ficar por lá e uma proposta não muito distante de emprego fixo, ouvira o ministro da magia comentando.

Estava terminando a última página quando ouviu batidas na porta.

- Já vou – gritou e escreveu o nome na capa do trabalho. Levantou-se, colocou o prato na pia e com um aceno de varinha ele começou a lavar-se sozinho. Foi até a porta e não se surpreendeu ao encontrar o ruivo do outro lado. Destrancou-a e abriu uma fresta grande o suficiente para que ele visse seu rosto. – Pois não?

- Está ocupada? – ele estava com as mãos nos bolsos e olhos baixos, sinais que entregavam seu nervosismo.

- Estava terminando algumas coisas, mas tenho alguns minutos – se apoiou na porta. – Pode falar.

- Será que eu posso entrar, Hermione? – então ele a olhou nos olhos e um suspiro quase saiu de seus lábios, mas ela o conteve. Ronald Weasley ficava – se possível – ainda mais fofo quando estava claramente arrependido. Ele também quase deixara escapar um suspiro assim que a viu com seu velho suéter Weasley. Ela nunca estivera mais bonita, ele pensara.

Ela não respondeu, só abriu mais a porta e ele passou por ela. O apartamento estava exatamente do jeito que ele se lembrava na noite anterior e isso o confortou. Aquele lugar exalava Hermione. Com um leve cheiro de chocolate e avelã (por causa de uma confeitaria em frente a seu prédio, a qual ela visitava com certa frequência), uma estante abarrotada de livros, outros espalhados por todas as mesas e móveis possíveis e a impecável organização no meio disso tudo. Foi até o sofá e fez sinal para que ela se sentasse ao seu lado.

Ele pediu todas as desculpas possíveis a ela. Ela só escutou e esperou ele terminar e ficar em silêncio. Haviam algumas lágrimas em seu rosto, as quais ela secou com a manga do suéter. Ele se aproximou dela, passando os braços ao seu redor e ela não fez nenhuma objeção. Ele puxou-a para seu colo e ela entrelaçou as pernas em sua cintura. Ela apertou seu pescoço e ele aproveitou para enterrar a cabeça entre seus cachos ainda um pouco úmidos.

Eles se separaram e ele enxugou seu rosto com a ponta dos dedos, beijando levemente seus lábios e testa. Depois de algum tempo, em que eles apenas se encararam e tiveram uma silenciosa conversa, ela sorriu e passou a mão por seu rosto.

- Quer ver um filme? – ela perguntou se levantando. Já passava da hora do almoço e sua barriga gritava por comida.

- Claro – ele se deitou no sofá enquanto ela ia até a cozinha. – Vai para a Toca amanhã?

- É verdade, Gui e Fleur fazem aniversário de casamento amanhã. É claro que vou.

- Ótimo. E onde nós vamos hoje?

- Bom, você eu não sei, mas eu tenho um jantar pra ir – ela não pode ver como ele reagiu, já que estava em outro cômodo, mas ele apareceu na porta da cozinha e se encostou lá.

- O que?

- Eu já combinei com ele, Ron – ela olhou pra ele. – Vamos num restaurante jantar e conversar um pouco, não irei voltar tarde.

- É claro que não vai, porque você não vai se encontrar com ele – a convicção em sua voz deu a ela uma extrema vontade de lhe dar um soco tão forte quanto o que dera em Malfoy anos atrás.

- Sim, eu vou me encontrar com ele e não vai ser você quem vai me impedir – ela cruzou os braços. – Achei que tivesse superado isso, depois de todas as coisas que me disse.

- E eu superei, só não esperava que fosse continuar com essa ideia. Hermione, por favor – ele chegou mais perto dela.

- Por favor digo eu, Ron. Ele é só meu amigo. Eu não vejo você tendo ciúmes assim de meus outros amigos homens.

- Talvez porque eles não estejam querendo tirar você de mim.

- E Victor também não está. Tente entender que isso é passado e ...

- Hermione, por que você não enxerga o que está bem na sua frente? Ele só está esperando a oportunidade perfeita pra se declarar pra você.

- Olha eu não quero ter que discutir isso com você de novo. Eu vou e ponto.

- Ok, se você insiste – ele virou as costas e começou a andar de volta a sala.

- Aonde você vai? – ela foi atrás dele, descruzando os braços.

- Pra Toca, Hermione. De onde eu não deveria ter saído, aliás – ele calçou os sapatos e foi até a porta.

- Não deveria mesmo. Pelo menos lá tem quem possa te mimar e fazer suas vontades – ela disse antes que ele pudesse fechar a porta.

- O que disse?

- Vai negar? Sendo que agora a casa é sua e de Gina?

- Pelo menos as pessoas de lá escutam o que eu tenho a dizer.

- E eu também escuto, mas ignoro o que é idiotice. Diga a eles o que acabou de me dizer e vai ver como eles concordam comigo – seus corpos estavam a centímetros um do outro agora, podia sentir o cheiro do perfume um do outro, embora não estivessem preocupados com isso no momento.

- Como se todas as suas ideias fossem geniais.

- Cite uma que deu errado – ela o desafiou e ele demorou um tempo para responder.

- Tipo tentar descobrir sozinha sobre o basilisco e acabar sendo transformada em pedra.

- Jura Ronald? Isso foi a o que? Oito anos atrás? E no final das contas, deu certo ou não? Se quer falar de erros do passado, eu posso começar com a ideia de quase se sacrificar numa partida de xadrez ou pegar o carro voador de seu pai pra ir pra escola.

- Não tente fugir só assunto – ele parecia envergonhado e ela internamente deu uma risadinha.

- Não estou. Você é quem tentou apontar um erro meu pra tentar provar a ideia absurda de quem Victor ainda está afim de mim.

- Pois bem, Hermione. Vá nesse encontro, saia com ele, vá ao parque, faça o que quiser – ele se virou de costas, mas ela puxou sua manga.

- Ron – ele se virou e teve tempo suficiente só para segurar a cintura da menina antes que ela agarrasse seu pescoço e o puxasse para um beijo. Começou calmo, mas foi ficando desesperado com o passar do tempo. Do lado de fora do apartamento, ele prensou-a na parede sem parar de beijá-la e ela segurou seus cachos ruivos firmemente. Ele beijou seu pescoço até o limite do suéter – que ficava bem abaixo da clavícula, já que seu antigo dono era maior do que Hermione – e deu um forte chupão numa parte bem visível. A morena não se importou, só conseguiu dar uma risada abafada, como sempre fazia quando ele chegava perto de seu pescoço. Estava quase puxando-o de volta para seu apartamento – e para dar um jeito de convencê-lo de que era uma boa ideia – quando escutou um pigarro vindo das escadas. Ronald, que estava ocupado demais marcando seu pescoço, se limitou a virar rapidamente a cabeça.

- Vocês dois deveriam entrar, se queriam mais privacidade – ela disse descendo o primeiro degrau.

- Desculpe, senhora Lincoln – ela disse tentando ao máximo se esconder atrás do namorado. – Não irá se repetir.

Quando ela olhou novamente, a viúva senhora Lincoln já havia desaparecido pelas escadas. Ela olhou para os olhos do namorado e este segurou seu rosto.

- Não vá, Herm. Por favor.

- Ron, é só um jantar entre amigos, eu juro – ela segurou suas mãos que estavam no próprio rosto. – Se quiser vir pra cá de noite, pode vir. Não devo demorar – aquilo pareceu animá-lo bastante.

- Ok, mas só porque você vai fazer aquele doce trouxa maravilhoso pra mim quando eu voltar.

- Eu vou é? – ela abriu um sorriso e ele retribuiu.

- Vai sim – ele se aproximou novamente dela e beijou-lhe levemente os lábios. – Quando pretende voltar?

- Acho que dez ou dez e meia já estou em casa.

- Estarei aqui então – ele abraçou a cintura dela e ela passou as mãos por suas costas. Ele apertou-a mais e alguns segundos depois soltou-a. – Até de noite – ele deu um beijo em sua testa e foi até as escadas. Ele nunca usava o elevador, dizia não confiar numa invenção que te prendia numa caixa e que poderia despencar a qualquer momento, mesmo que ela já tivesse lhe explicado diversas vezes o mecanismo seguro e tudo, ele se recusava.

Hermione voltou para dentro do apartamento e colocou o que sobrara de uma lasanha no forno. Colocou o despertador para tocar dali a quinze minutos e foi escolher uma roupa para usar no jantar daquela noite. Sabia que iria esfriar, se já estava fresco àquela hora, então pegou uma calça jeans, uma blusa regata, uma de frio mais leve e uma jaqueta. Ela separou um par de botas com um salto não muito grande e um gorro branco. O despertador tocou e ela pegou um pedaço de lasanha e foi assistir TV enquanto comia. Eram duas horas quando ela terminou de comer e arrumar tudo. Prendeu os cabelos, tomou outro banho e foi começar a se arrumar.

Não usou muita maquiagem, como sempre, e deixou os cabelos soltos, agora que eles estavam mais lisos na raiz era bem mais fácil cuidar deles. Se trocou e até dar o horário de sair, organizou os trabalhos e deixou as coisas para fazer o doce de Ron separadas. Sete horas ela aparatou para um lugar perto do restaurante. Foi até a recepção e perguntou por Victor.

O garçom a levou até uma mesa perto da janela, onde o búlgaro a esperava sentado e com um enorme sorriso no rosto. Ele se levantou para abraça-la e, depois de se sentarem e fazerem o pedido, tiveram uma longa conversa sobre tudo o que estava acontecendo na vida de ambos.

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Enquanto isso, na Toca, Ron e Harry disputavam uma partida de xadrez bruxo enquanto Gina brincava com o pequeno Teddy. Seus cabelos mudavam constantemente de cor, enquanto a tia fazia cosquinhas em sua barriga.

- Então, onde está Hermione? – o moreno perguntava enquanto pensava na próxima jogada.

- Foi jantar com o amiguinho búlgaro dela – Ron respondeu com certo – se não muito – sarcasmo na voz.

- E você tá aqui tranquilo? – Harry riu. – Bem, sempre há uma primeira vez pra tudo.

- Muito engraçadinho – Harry fez seu movimento e o ruivo sorriu. – Xeque mate. Perdeu, Potter.

- Merlin, por que não consigo ganhar de nenhum de você isso? – ele olhou para a própria namorada, a qual sorriu, parando de fazer cosquinhas em Teddy.

- Ora, meu querido Potter, é um dom que nós Weasley herdamos – Teddy desceu do colo da tia e correu até o padrinho. – Teddy! Volte aqui, não acabei de amar você – ela se levantou e ameaçou ir até ele, enquanto ele se encolhia nos braços do padrinho gritando alegremente, enquanto o mesmo só ria da cena. – Mas não se preocupe, Ron. Victor é uma ótima pessoa e eu sei que eles devem estar conversando sobre futilidades apenas – ela se sentou no braço da poltrona de Harry e acariciou seus cabelos. Teddy, vendo que a tia estava por perto, correu até Ron e pulou em seu colo.

- Ok, então, Teddy, o que acha? O que acha que sua tia Hermione está fazendo com o Victor?

- Tio Victor? – ele quase se esquecera de que Victor era amigo de Fleur e Harry, por causa do Torneio Tribruxo e que as vezes vinha visitá-los também, e isso incluía Teddy e ocasionalmente a pequena e doce Victorie. – Eles devem estar conversando sobre livros, é disso que a tia Mione gosta de falar, não é? – ele não conseguiu evitar sorrir para Teddy.

- É, é sim – então eles escutaram o familiar som de pessoas aparatando e logo depois um gritinho fino e delicado.

- Vovó, nós já chegamos – Teddy desceu do colo de Ron e correu em direção a voz. Ele sempre fazia isso quando escutava a voz de Victorie, Vick, como ele a chamava. Os outros se levantaram e foram recepcionar o casal aniversariante, o primeiro de muitos que ainda estariam por chegar ali.

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A risada de Hermione ecoava nas ruas cheias da praça.

- Eu não acredito que você fez isso – ela riu e o homem ao seu lado a acompanhou. – Merlin, já está tarde.

- Quer que eu a acompanhe? Seu apartamento não é tão longe e ainda tem uma coisa que eu gostaria de te contar – ele disse com seu forte sotaque.

- Claro – eles atravessaram a rua e viraram a direita, faltavam cerca de cinco quarteirões até a casa dela e, enquanto eles andavam conversando distraidamente até lá, alguém, um certo Weasley mais novo, aparatava ali por perto. Este andou até a entrada do edifício e de sentou as escadas, esperando pela namorada. Então, ele a viu, andando ao lado de seu – em sua cabeça pelo menos – eterno rival. Não teria problemas para ele, até o ponto em que ela pulou em seu pescoço quase que literalmente. Ele se levantou, não acreditando no que via, andou até o lado de fora e viu que seus olhos não mentiam. Ela soltou-o, mas continuou segurando suas mãos e pulando animadamente. Ela olhou em volta e encontrou seus olhos.

Ele não esperou que ela fizesse mais alguma coisa e saiu em disparada de volta para o beco. Escutou um grito ao longe chamando por seu nome, mas ele ignorou. Aparatou assim que virou a esquina e a garota que o perseguia parou de correr. Ela voltou um pouco decepcionada para perto do garoto búlgaro e ele lhe perguntou o que aconteceu.

- Eu não sei, ele só correu e deve ter aparatado para a Toca – eles andaram até a entrada onde o ruivo estivera antes. – Amanhã eu tento resolver isso, sabe como ele é.

- Bem, então, boa noite, Hermione – ele finalmente aprendera a pronunciar corretamente seu nome. Ela sorriu e eles se abraçaram alguns segundos antes de ele a soltar e continuar a caminhada pelo caminho oposto ao que vieram.

Hermione entrou no quarto praticamente no mesmo momento em que Ron o fez, só que em outra casa. Ela pensou em lhe mandar uma coruja ou ligar para a Toca – já que agora eles tinham um aparelho telefônico para conversar com seus filhos que moravam fora – mas não tinha muita certeza se ele atenderia. Com a cabeça cheia e praticamente implorando por uma boa soneca, não demorou muito a colocar o pijama, acertar o despertador e afundar em sua cama.

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A pior maneira, segundo Ronald Weasley, de ser acordado é com duas crianças hiperativas pulando em cima de suas costas.

- Vamos, tio Ron – a voz fina e adorável, em outros momentos, de Victorie gritava do lado direito de sua cabeça.

- Sim, todos já chegaram aqui, tio Ron. Vamos! – Teddy pulava ao seu lado enquanto Victorie desistiu de pular e se sentou nas costas do tio.

- Ok, ok, já entendi – ele se virou, tomando cuidado para não derrubar a sobrinha e se sentou, coçando os olhos e encarando os dois pequenos a sua frente. – Já estão todos mesmo lá embaixo? – era mais fácil perguntar isso do que quem estava lá. Pelo tamanho da família, não sairiam de lá tão cedo.

- Sim, só a tia Mione ainda não chegou – Teddy disse. – Ela vai vir, não vai tio Ron?

- Eu não sei, Teddy – ele se levantou e foi até o banheiro. – Avisem a avó de vocês que eu já estou descendo porque eu tenho certeza de que ela enviou vocês.

Eles sorriram um pro outro e desceram da cama, correndo até a porta. O ruivo fechou a porta do banheiro e tomou um rápido banho frio. Não estava com paciência e nem humor para festas, mas não iria estragar o dia para Gui e Fleur. Vestiu uma calça jeans quase nova e uma camiseta verde, arrumou os cabelos – ou pelo menos tentou – calçou um par de tênis e desceu as escadas. Cumprimentando a todos que via ali, conseguiu chegar ao lado de fora, onde George, Gui e Fleur terminavam de arrumar a gigantesca mesa do jardim e Angelina ajudava Teddy e Vick com a mesa dos pequenos (destinada apenas aos dois). Cumprimentou o irmão e parabenizou o casal antes de perguntar se precisavam de alguma ajuda. Eles não tiveram tempo de responder, já que escutaram o som indicando que alguém havia acabado de aparatar. Ele já sabia quem era, segundo relatos de seus dois pequenos espiões, e esperou algum tempo antes de ver a morena sair da casa, provavelmente depois de ter cumprimentado todo mundo também. Ela vestia um vestido azul claro curto e sem mangas, com um decote generoso e um cinto preso logo abaixo do busto. Prendera o cabelo num rabo de cavalo e usava sapatilhas da mesma cor do vestido. Não havia nenhuma maquiagem em si, com exceção, ele percebeu, de alguma coisa tentando (um pouco inutilmente) cobrir uma marca roxa no pescoço. Não conseguiu evitar sorrir satisfeito por saber quem havia feito aquela marca, mas então ele se lembrou da noite de ontem e deu as costas para ela, perguntando novamente se precisavam de ajuda.

Os irmãos, vendo que ele não estava muito afim de falar com a namorada, disseram para que terminasse de distribuir os pratos e ele o fez.

Hermione havia acordado até que animada para aquele dia. Sempre adorara os almoços de domingo na Toca, mas hoje se sentiu ainda mais disposta. Com preguiça de lavar novamente os cabelos e vendo que eles resolveram não colaborar, prendeu-os e teve de passar um pouco de maquiagem para minimizar os efeitos da marca roxa em seu pescoço. Mas deixou, propositalmente elas aparecerem levemente porque sabia o quão orgulhoso – ainda que de um jeito machista de se pensar – Ron ficaria. Nem se importou em sair de casa, simplesmente aparatou direto para a Toca.

A alegria e animação que sentia se dispersou assim que ele lhe virara as costas. Ficou alguns segundos parada, atordoada demais para sequer dar meia volta. Quando viu que a ida até ali fora em vão – para o principal motivo, depois do aniversário de casamento – pensou em voltar pra casa, mas escutou os dois sobrinhos, Teddy e Victorie gritando seu nome e correndo em sua direção. Não poderia ir embora sabendo que eles estavam tão animados por vê-la e amava os sobrinhos demais para que o ciúmes idiota de Ronald estragasse esse momento entre eles. Ela e Harry haviam aprendido que, mesmo que seus relacionamentos com os dois Weasley mais novos não dessem certo, sempre teriam um lugar ali naquela casa. E isso se provava verdade cada vez que Harry e Gina brigavam e ele sempre aparecia para uma visita – até pedirem desculpas um para o outro.

Eles chamaram-na para ver seus desenhos e brinquedos novos do lado de dentro, mas Molly apareceu e disse que o almoço já seria servido.

- Mas vovó – Teddy começou – nós íamos mostrar nossos desenhos pra tia Hermione.

- Vocês podem fazer isso depois, meus queridos. Agora vão se sentar.

Os dois fizeram Hermione se sentar com eles, assim como o tio Harry e a tia Gina. Aparentemente ninguém negava qualquer coisa a aqueles dois.

Harry tentara perguntar se estava tudo bem entre ela e Ron, mas ela desconversou. Gina ficou quieta e ela sabia que um interrogatório não estava distante por parte da ruiva mais nova. Depois do excelente banquete, alguns foram ajudar Molly na cozinha enquanto outros arrumavam as mesas e limpavam o local. Hermione se incumbiu de arrumar a pequena mesa onde estavam enquanto Harry e Gina davam banho nos pequenos – nem perguntem. Estava quase acabando quando escutou passos atrás de si e se virou, quase jogando uma porção de pratos em cima de Ron.

- Hey, calma, sou só eu – ele ergueu as mãos.

- Isso não diminui minha vontade de jogar esse pratos em você – ela tirou a varinha do bolso e fez os pratos voarem até o lado de dentro. Depois apontou para ele com ela. – O que quer?

- Eu? Só queria explicações – ele disse, embora se sentisse bem ameaçado ao ter uma varinha apontada em sua direção, ainda mais na mão de quem estava.

- Sobre o que exatamente eu lhe devo explicações?

- Primeiramente sobre quase ter agarrado um certo cara ontem à noite e por estar me evitando desde então.

- Evitando você? Foi você quem nem olhou na minha cara direito – ela encostou a varinha em seu peito e ele recuou. Deram uma olhada no local e viram que alguns Weasleys curiosos observavam a cena de longe. Ele pegou sua mão e começou a andar em direção aos fundos do lugar. Chegaram ao barracão de Arthur e entraram. Ele pegou a varinha de Hermione e trancou a porta magicamente. Quando ele se virou para ela, viu sua mão estendida e devolveu a varinha, a qual ela guardou e ele agradeceu silenciosamente por isso.

- E então? Pronta pra se desculpar?

- Não irei me desculpar, Ronald Weasley. Até porque não tenho razões para tal.

- Hermione, eu vi com os meus próprios olhos você pulando em cima daquele garoto!

- Eu não pulei em cima dele! Estava abraçando-o, seu idiota.

- E eu posso saber por qual motivo?

- Bem, além de ele ser meu amigo e tudo mais, ele vai se casar – ela cruzou os braços e manteve uma expressão vitoriosa no rosto.

- Espera, o que? – a confusão na cabeça dele era imensa. Talvez tenha julgado mal o búlgaro e a Hermione.

- Deveria ter aprendido em todos esses anos a me escutar e saber que eu estou sempre certa. Ele vai se casar, Ronald. E eu só estava feliz por um amigo naquela hora – cada palavra pronunciada por ela lhe doía. Sentiu o que ela sentia: decepção.

Decepção por ele não acreditar nela ou em seu julgamento.

- Herm, me desculpe – ele disse olhando em seus olhos. – Eu não devia ter dito aquelas coisas pra você e eu sei porque você está comigo – ele pegou sua mão. – Sabe que eu as vezes não consigo controlar esse meu ciúmes, mas é que ... toda vez que eu a vejo perto daquele garoto, eu me lembro de como quase perdi você. De como eu fui bobo ao ficar escondendo o que sentia por você e que eu quase me ferrei por causa disso. De como eu fiquei escondendo de mim mesmo que gostava de você só porque tinha medo de não ser correspondido. Eu sei que está comigo porque me ama e sabe que o sentimento é recíproco e deve saber também o quanto eu estou desesperado pedindo pelo seu perdão – ele olhou-a nos olhos. – Acha que pode me perdoar?

- Eu não sei, Ronald. Acha que pode parar de ter esse ciúmes completamente idiota? – eles já estavam mais próximos.

- Tecnicamente, ele vai se casar, então é certeza de que não gosta mais de você – ele resmungou e ela bateu em seu braço. – Ai, ok, eu prometo.

- Terei que fazer você cumprir um voto perpétuo ou vai mesmo levar isso a sério o máximo que puder?

- Hermione Jean Granger – ele segurou suas duas mãos ao lado do corpo. – Eu lhe dou minha palavra de que, não importa o que, eu sempre, sempre, vou confiar em você daqui em diante.

Aquilo pareceu convencê-la, já que ela sorriu e selou seus lábios rapidamente.

- Então eu perdoo você até segunda ordem. Obrigada – ele colocou a mão em sua bochecha e a puxou levemente em direção a ele. Antes que seus lábios se encostassem, escutaram diversas batidas fracas na porta.

- Tio Ron! Tia Mione! Eu sei que estão ai! – era a voz de Teddy gritando do outro lado. Eles escutaram uma risadinha feminina que com certeza pertencia a Victorie. – Vamos, nós ainda nem começamos a brincar direito! Saiam já daí ou eu vou chamar a vovó!

- Nós já vamos, podem ir na frente – o ruivo gritou e escutou um resmungo em concordância. Ele olhou para a namorada ao seu lado, a qual sorria abertamente. – É melhor nós irmos, sabe que ele vai fazer isso mesmo.

- E nenhum de nós quer ser flagrado junto do namorado pela senhora Molly Weasley – ela puxou seu rosto com as duas mãos e ele agarrou sua cintura. Após alguns momentos, se separaram e ela tirou a varinha das vestes. – Alohomora – apontou para a porta e está se destrancou sozinha. – Vamos, teremos mais tempo pra isso hoje à noite.

- Se não aparecerem jantares surpresas novamente – ele abriu a porta e olhou pra trás, esperando um olhar reprovador, mas um revirar de olhos junto com um sorriso bobo estava estampado no rosto da garota.


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Notas finais do capítulo

Bem, minha primeira one shot (que quase virou alguns captulos, mas eu me contive).
Beijinhos.
— A



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