Back into the forest of the fireflies light! escrita por Lolli Anne


Capítulo 1
Looking for the fireflies light...


Notas iniciais do capítulo

Olá! Espero que gostem do primeiro capítulo!



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Alguns costumam dizer que o tempo pode curar qualquer coisa, porém há coisas que nem mesmo o tempo é capaz de curar. O que seria mais doloroso? Perder meu melhor amigo ou meu único verdadeiro amor? Talvez perder os dois ao mesmo tempo.

Impossível é esquecer nosso primeiro verão com tão belos raios de sol e o choro de uma garotinha perdida. Você me salvou, mas eu o destruí. Não deveria me culpar por um acidente, entretanto se eu nunca tivesse aparecido naquela floresta talvez o descuido não tivesse acontecido e você ainda estaria vivo. Um pequeno erro, um descuido por estar distraído comigo? Será que você se arrependeu?

“Gin... É tão injusto que eu esteja vendo o verão chegando de novo.”, pensei olhando pela janela do trem.

Três longos anos haviam se passado desde aquele verão, não conseguia mais sorrir quando o sol tocava meu rosto e esquentava minha pele. Eu imaginava se você tinha sentido esse calor alguma vez ou, pelo menos, na vez em que nos abraçamos pela primeira e última vez.

Já fazia um ano que eu havia terminado a escola e decidi que era hora de cumprir minha promessa, então estou indo trabalhar e estudar na cidade próxima à floresta. Infelizmente, você não cumpriu sua parte de me ver todos os dias, mas ainda me sinto mais próxima do que nunca. Minha mãe, mesmo preocupada, não discutiu muito sobre os motivos para essa decisão, talvez seja instinto materno e ela sentiu que eu precisava dessa mudança. Ela iria me visitar sempre que possível e sabia que eu ficaria bem sozinha, ainda mais com meu tio tão próximo.

Formei um rápido sorriso ao observar as malas que ela mesma havia arrumado para mim e também a pontinha do chapéu saindo da bolsa, mas logo senti a tristeza voltar ao ver a máscara branca dentro da mesma sacola. Nunca duvidei da minha decisão, contudo, agora me perguntava se meu coração conseguiria aguentar tão bem quanto meu corpo.

– Gin...– sussurei. Meus olhos se encheram de lágrimas ao agarrar a máscara. – Gin...– sussurrei novamente sentindo um bolo na garganta. Algumas lágrimas escaparam de meus olhos e funguei abraçando a máscara. – G-Gin...–gaguejei chorando baixinho com a cabeça apoiada na janela do trem.

“Gin... Eu te amo.”, pensei observando a paisagem passar conforme o trem se movia.

Algumas horas se passaram quando finalmente cheguei à estação e meu tio já estava me esperando com um sorriso. Ele me ajudou com minha bagagem enquanto comentava sobre minha nova casa, como eu iria adorar, pois ficava próxima da floresta e também apenas alguns minutos de distância da casa dele, assim qualquer problema eu poderia chegar até meus tios sem problemas.

– Você poderia ter ficado conosco, Hotaru!– disse meu tio enquanto dirigia. – Eu e sua tia ficaríamos mais calmos se você ficasse conosco.

– Eu só iria causar problemas, tio. Além disso, estou bem próxima e pretendo visitá-los com frequência!– respondi sorrindo.

– Mudanças como essa não são tão simples, Hotaru...– ele parecia preocupado. –É difícil se adaptar a lugares novos e você apenas nos visitava, então a cidade é algo novo para você. Além disso, você deve conhecer melhor aquela floresta do que a cidade...

– Tio, eu realmente gostava de brincar por lá! Aquele lugar é muito especial para mim.

– Eu entendo, mas tente não ficar perambulando pela floresta de novo. Sua tia fica nervosa com você sozinha lá e também já está crescida demais para brincar, não acha?

Ninguém entenderia uma adulta caminhando por uma floresta, eu já sabia disso, e meus tios ficando preocupados comigo também não seria novidade. Eles aceitavam quando eu pedia para ir até a floresta, afinal que lugar melhor eu teria para brincar? Minha mãe estava sempre fazendo compras com a minha tia e meu tio tinha suas atividades, então não iriam impedir que eu tivesse meu tempo livre na floresta desde que eu voltasse na hora combinada. Entretanto, não os culpo por ficarem preocupados, eu havia me perdido uma vez e isso com certeza havia gerado um grande impacto, mas depois daquele dia Gin sempre esteve comigo.

– Não se preocupe, tio.– falei baixinho sentindo o coração apertado.– Eu nem mesmo me lembro o caminho, talvez eu acabe perdida, então não vou arriscar.

Observei rapidamente sua expressão e foi o suficiente para saber que eu era uma péssima mentirosa. Meu tio não parecia nem um pouco convencido que eu não me lembraria do caminho que percorri tantas vezes sozinha e realmente eu também não acreditaria se estivesse no lugar dele, porém, fingindo acreditar em minha resposta, ele disse:

– É melhor assim, Hotaru. Um dia podemos visitar juntos a floresta dos espíritos...– ele fez uma pausa e vi seu nervosismo.– Se quiser, claro.

Respirei fundo para acalmar o aperto no peito antes de conseguir sorrir e responder: – Claro, tio.

– Nós marcamos um dia, primeiro você deve se acomodar...

Evitei responder e deixei a conversa morrer, eu não conseguiria esconder nada dele, então por que continuar enrolando? Meu tio sabia que alguma coisa estava errada quando me encontrou chorando agarrada em uma máscara, ele não fez perguntas por mais que estivesse cheio delas e apenas me levou para casa. Aquele foi o dia que Gin desapareceu desse mundo, do meu mundo.

Desde aquele dia não fui mais até a floresta, não ansiei pelo verão e não demonstrei alegria com a viagem no ano seguinte. Minha mãe passou por um tempo difícil comigo, ela não sabia o motivo da minha tristeza e chorava conversando com meu pai sobre o que fazer comigo. Todos os dias ela me levava para a escola, também me acompanhou durante toda a cerimônia de graduação e tentou a todo custo me convencer a abandonar meus planos de mudança. Sou uma filha horrível por tê-la feito passar por tanta coisa e a mudança acabou sendo minha chance de recompensá-la dando a ela um novo começo, um começo sem mim.

– Chegamos, Hotaru! Está é a sua casa e lá está a nossa, consegue ver?

Meu tio puxou-me para fora dos devaneios e também me lembrou que eu deveria estar recomeçando sem pensar no passado. Conhecer minha nova casa seria o primeiro passo para continuar minha vida e ela era encantadora, simples e pequena de uma cor bege e aparência aconchegante. Eu conseguia ver os fundos que levavam para dentro da enorme floresta que seguia vasta para o horizonte.

– É linda!– exclamei alegre e desci do carro correndo pelo jardim da frente.

O jardim decorado com algumas miniaturas tinha um guarda-sol montado sobre uma mesinha de madeira com duas cadeiras, provavelmente um ótimo lugar para tomar um chá, e também havia uma casa para cachorro, talvez o antigo dono tivesse um cachorro e deixou para caso o próximo também precisasse do espaço. Não importava, dei algumas voltas e observei a caixinha do correio feita de madeira escura com detalhes esculpidos.

– O que está esperando, Hotaru? Abra a porta! Eu vou tirar suas coisas do porta-malas, então aproveite para conhecer a casa. – disse meu tio sorrindo com minha alegria.

– Não, tio! Eu mesma posso fazer isso!– exclamei agarrando algumas bolsas antes que ele o fizesse.

– Que bobagem! Vá logo conhecer a casa e me dizer onde devo deixar isso tudo!

Continuei segurando as bolsas que já havia pegado e corri até a porta da casinha, porém precisei largar algumas para pegar a chave e abrir a porta. Empurrando as malas para dentro deixei meu queixo cair com a delicadeza dos móveis, não havia muita coisa, mas o pouco presente era bonito e suficiente. Além disso, a sala possuía uma grande janela que permitia uma vista ampla da floresta nos fundos.

A cozinha estava à direita da porta de entrada e havia o básico já montado, além de uma mesinha com duas cadeiras. Duas portas estavam localizadas pouco depois da entrada da cozinha, elas deveriam levar para o quarto e o banheiro, mas não me apressei para abri-las e voltei até o carro para ajudar meu tio que ainda estava retirando a bagagem.

– É incrível!– exclamei quase o derrubando com meu abraço.

– Fico feliz que tenha gostado, Hotaru. – disse meu tio. – Admito que fiquei nervoso ao escolher, pois era a única na vizinhança, mas se você está contente isso deve ser um bom sinal para o futuro!

Sorrindo agarrei mais algumas bolsas e corri de volta para casa, no entanto durante o caminho senti um arrepio percorrer meu corpo e parei olhando ao redor. Não havia ninguém, mas a sensação de ser observada aumentava conforme o tempo passava e de repente sumiu. Fui rápida o suficiente para notar um leve movimento entre as árvores da floresta, alguma coisa com forma humana.

Meus olhos se arregalaram e soltei todas as malas correndo na direção do vulto ignorando o chamado do meu tio. Minha mente gritava que só poderia ser minha imaginação, que eu estava sensível demais, contudo meu corpo e coração diziam que eu devia seguir aquela figura a todo custo.

– Gin! – gritei ao localizar uma figura fugindo por entre as árvores. – Espere! Por favor!

Meu coração estava agitado e meus pulmões queimavam de tanto correr, mas consegui agarrar o pulso da figura apenas para minha decepção e surpresa ao não encontrar Gin. Eu sabia que não poderia ser ele, todavia não imaginava que poderia ser outra pessoa. O jovem alto de cabelos negros me encarava nervoso.

O tempo foi passando conforme continuávamos com nosso olhar fixado um no outro sem dizer nenhuma palavra, apenas observando e esperando que o outro fizesse o primeiro movimento. Senti quando o garoto soltou seu pulso do aperto de minha mão, mas ele não desviou seu olhar do meu nem mesmo por um segundo.

Algumas folhas caíam do topo das árvores acertando meu corpo vez ou outra, mas não me atrevi a mover um único músculo. Eu ficava cada vez mais tensa ao perceber que o garoto parecia relaxar enquanto me encarava.

– Hotaru! – uma voz distante chamou.

O garoto desviou seu olhar procurando a fonte um pouco assustado e virou-se para correr novamente antes que eu pudesse tomar qualquer medida para impedir sua fuga. Não havia como chamar seu nome sendo que eu não o conhecia, então apenas deixei o menino misterioso desaparecer por entre as árvores da floresta.

Floresta.

Foi então que percebi o quão longe eu havia perseguido o menino, eu estava quase na trilha que, no passado, levaria ao meu ponto de encontro com Gin. Aquela súbita sensação de tristeza inundou meu corpo com lembranças da infância.

– Hotaru! – chamou a voz agora mais próxima e meu tio surgiu por entre as árvores. – Procurei você por todo o lugar!

Permaneci silenciosa apenas observando as marcas do caminho não muito longe de onde eu permanecia parada. Meu tio não demorou para perceber o que havia de errado e apenas passou o braço por meus ombros dizendo:

– Venha, vamos para casa, Hotaru.

Deixei-me ser levada de volta, porém ouvi ao longe uma voz sussurrar uma frase simples e com uma voz desconhecida. Foi como se uma brisa houvesse passado batendo nas árvores formando os sussurros do vento.

Isso mesmo... Volte para casa, Hotaru.


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Notas finais do capítulo

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